Endocardite Infecciosa Flashcards
(19 cards)
O que é a endocardite infecciosa?
Processo infeccioso geralmente bacteriano (mas tb pode ser fúngico) que acontece na superfície endotelial do coração, principalmente sobre as válvulas cardíacas, embora também possa envolver outras estruturas (como septo interventricular e cordoalhas tendíneas).
Quais são a classificações da endocardite infecciosa?
EI em valvas nativas: possui fatores predisponentes comuns, a principal entre eles a cardiopatia reumática. Mas muitos pacientes não tem lesões cardíacas estruturais identificáveis, mas sim fatores de risco associados.
EI em valvas protéticas: pior prognóstico; precoce x tardia (12 meses antes ou pós cirurgia); maior risco nos 3 primeiros meses.
Qual bactéria tem predomínio em acometimento das valvas, sejam elas nativas ou protéticas?
Staphylococcus aureos.
Qual particularidade da infecção por bacilos gram negativos?
Em valvas cardíacas a maioria é do grupo HACEK e são considerados fastidiosos, isto é, bactérias de difícil crescimento em cultura.
O que é síndrome de Austrian?
Paciente acometido por uma endocardite infecciosa por Streptococcus pneumoniae associada a pneumonia e meningite.
Qual lesão mais típica de endocardite infecciosa?
Vegetações valvares. Tende se localizar próximo à alterações estruturais, se existente, do lado de menor pressão da válvula.
Quais fatores compõe a patogenia da EI?
Fluxo de câmara de alta para baixa pressão; fluxo de alta velocidade por orifício estreito; corpos estranhos; fluxo intenso turbilhonado;
Isso gera lesão endotelial na superfície valvar.
Qual a patogenia da EI?
Formação de lesão endotelial na superfície valvar no lado de menor pressão -> deposição de fibrina e adesão plaquetária -> vegetação estéril -> bacteremia ou fungemia -> adesão de microrganismos à vegetação estéril, com subsequente colonização e multiplicação -> endocardite.
Quais são as condições clínicas de risco para desenvolvimento de EI?
Alterações estruturais cardíacas (febre reumática, prolapso de válvula, deformação genética); presença de válvula protética; endocardite infecciosa prévia; transplante cardíaco com valvulopatia; diabetes; imunodepressão; pacientes que fazem diálise; usuários de drogas; pacientes com cateter intravascular.
Quais situações clínicas associadas á bacteremia podem levar a EI?
Procedimentos dentários com manipulação de gengivas e procedimentos do trato respiratório que envolvam incisão ou biópsia da mucosa.
Quais são as complicações possíveis de EI?
Efeitos destrutivos locais da infecção; embolização sistêmica; infecção de outros sítios devido à bacteremia persistente; resposta imune humoral (pode levar a glomerulonefrite); produção de citocinas.
Quais manifestações clínicas da EI?
Aguda: tempo de evolução rápido (menos q 2 semanas); quadro toxêmico; febre alta; destruição valvar (causa regurgitação, a vegetação se for muito grande pode levar a estenose funcional); embolia sistêmica; alta letalidade.
Subaguda: mais de 6 semanas de evolução; sintomas constitucionais comuns inespecíficos; sudorese noturna; febre baixa vespertina; emagrecimento; esplenomegalia; baqueteamento digital.
Mas as manifestações cardíacas são as mais comuns.
Quais são as manifestações clínicas cardíacas da EI?
- sopros em 85% dos casos, sendo novos em 40% dos casos
- IC em até 30%: principal causa de óbito.
- abscesso perivalvar em ate 20% dos casos: febre persistente e bloqueios AV avançados, o que é uma indicação cirúgica.
- dor torácica.
Quais são as manifestações clínicas extra-cardíacas da EI?
Hemorragias em lascas subungueais; nódulos de osler; petéquias subconjuntivais; manchas de Janeway (equimoses) em plantas de pés e palmas das mãos; manchas de roth (vasculite de retina); esplenomegalia; embolização. Fora isso alterações neurológicas renais, hematológicas, musculoesqueléticas e pulmonares (em pct usuários de drogas endovenosas que tem a válvula tricúspide como a mais acometida e ao embolizar causam alterações pulmonares).
Quais são os critérios diagnósticos da EI?
Maiores:
- hemoculturas persistentemente positivas
- evidência de envolvimento endocárdico (ECO, TC cardíaco, PET/TC, cintilo)
- infecção por Coxiella burnetti por hemocultura ou anticorpos.
Menores:
- condição predisponente cardíaca ou uso de drogas IV)
- fenômeno vasculares (janeway, conjuntiva)
- fenômenos imunológicos (nefrite, osler, roth)
- evidencias microbiológica sem preencher critérios maiores
Quais exames diagnósticos para EI?
Hemograma; PCR e VHS elevados; função renal alterada; EAS; hemoculturas de 3 pares com 10ml (aeróbios e anaeróbios) antes de iniciar antibiótico (mas na prática se inicia o tratamento mesmo sem hemocultura prévia).
Ecocardiograma; TC cardíaco; PET/TC e cintilografia; TC, ressonância ou USG para rastreamento de fenômenos embólicos (não é de rotina, feito apenas para pré-cirúrgico valvar e diagnóstico incerto).
Em paciente com endocardite com culturas negativas, se deve fazer sorologia de quais patógenos?
CALMA BB
C: Coxiella burnetii
A: Aspergillus spp.
L: Legionella pneuphila
M: Mycoplasma spp.
A: para lembra que o paciente fez Antibiótico antes da sorologia
B: Bartonella spp.
B: Brucella spp.
Mais comuns: Coxiella e Bartonella.
Qual tratamento da EI?
Internação hospitalar sempre para antibioticoterapia venosa, pois a letalidade é de 100% sem antibiótico. Monitorização de sinais vitais e nível de consciência para determinar medidas de suporte mais avançadas.
Tratamento empírico:
Válvulas nativas ou próteses > 12 meses: uso de vancomicina (amplo espectro) + oxacilina + gentamicina
Prótese valvar < 12 meses: rifampicina para cobrir formação de biofilme.
Usuários de drogas IV: vancomicina + gentamicina + oxacilina.
Tempo de tratamento:
Nativas: mínimo de 4 semanas
Prótese: 6 semanas
Usuários de drogas IV: varia pelo agente etiológico, sendo enterococo/staphylococo mínimo de 6 e estreptococo mínimo de 4
Quais indicações cirúrgicas da EI?
De forma geral paciente com descompensação hemodinâmica com destruição valvar ou infecção não controlada (incluindo infecção fúngica).