Esôfago Flashcards
(99 cards)
Deglutição
- Composto pela língua, palato mole, faringe, laringe (glote), EES, corpo do esôfago, EEI
- Parte superior, EES e 1/3 superior do esôfago possuem musculatura esquelética
- 2/3 inferior e EEI do esôfago possuem musculatura lisa
- Reflexo da deglutição: glossofaringeo (IX), nervos vago (X) e hipoglosso (XII par)
- Deglutição faz relaxamento fisiológico do EEI que permite passagem do bolo alimentar e depois se contrai para impedir refluxo do alimento
- A distensão gástrica também faz relaxamento transitório do EEI permitindo eructação
Funções do Esôfago
- Conduzir alimentos da faringe ao estômago (peristalse anormal, relaxamento dos esfíncteres)
- Evitar a deglutição de ar, ou aerofagia, durante a respiração (tônus do EES)
- Evitar que o alimento retorne do estômago (tônus do EEI)
Principais sinais e sintomas “esofagianos”
- Disfagia: dificuldade na deglutição
- Odinofagia: dor à deglutição
- Pirose: sensação de queimação retroesternal (Dispepsia no esôfago)
- Regurgitação: retorno do alimento através do esôfago ate a boca
- Cólica esofagiana: dor retroesternal “em aperto”
- Hematêmese: vomito de sangue (vivo ou coagulado)
- Sialose: hipersalivação
Disfagia
- Dificuldade de engolir alimentos. Pode ser de transferência ou condução
- Disfagia de transferência (ou orofaríngea): ocorre no início da deglutição, da transferência da boca para faringe (fase orofaríngea), no 1/3 superior na musculatura estriada esquelética com ENGASGO, maioria de causa neurológica e reumatológica
- Disfagia de condução (ou esofagiana): do alimento até estômago, no 2/3 inferior na musculatura lisa com ENTALO, maioria de causa gástrica (distúrbios no motor)
- Disfagia mecânica: estreitamento anatômico do conduto ou volume de bolo alimentar
- Disfagia motora: coordenação da motilidade do conduto
Disfagia de Transferência (ou orofaríngea)
- Dificuldade em iniciar deglutição ocorrendo engasgo*, sialorreia e disfonia
- Porção de músculo estriado esquelético com controle voluntário (fase oral) e involuntário (reflexo) da deglutição
- Causas anatômica: Sd. Plummer-Vinson, soda cáustica, lesões inflamatórias/infecciosas, diverticulos de Zenker, aumento tireoide
- Causas neurológicas: EM, AVC, ELA, Parkinsonismo, Síndrome de Wallernberg (isquêmico dorsolateral do bulbo)
- Causas musculares: miastenia gravis, dermatopolimiosite
Disfagia de Transferência (ou orofaríngea)
- Melhor exame para avaliar é videofluroscopia baritada (videoesofagografia) testando a deglutição de vários alimentos de consistência diferente
- Tratamento geralmente cirúrgico com esofagotomia cervical
Pseudodisfagia (globus hystericus):
- Sensação de bolo na garganta
- Relacionada ao estresse emocional
- Ocorre uma vez na vida em cerca de 45% das pessoas (mais mulheres)
- Diferenciado da verdadeira por: sensação presente entre as refeições e não sente entalamento com exames todos normais
Acalásia
- Cardioespasmo, aperistalse esofágica, megaesôfago
- Significa não relaxamento
- Distúrbio primário do esôfago mais comum
- Maior frequência entre 25 a 60 anos (antes de 40 anos)
- Déficit de relaxamento fisiológico do EEI durante deglutição (principal característica)
- Graus variados de hipertonia do EEI (incluindo tônus normal em alguns casos)
- Substituição total (100%) da peristalse normal do corpo esofagiano por contrações anormais (fracas, pequena amplitude na acalásia clássica ou extremamente vigorosa na acalásia vigorosa)
Acalásia
- Principal fisiopatologia é o não relaxamento do EEI
- Possui distúrbio motor (doenças da peristalse)
- Degeneração do plexo de Auerbach (destruição dos corpos celulares do neurônio) principal responsável pela coordenação motora do esôfago
- Se causa chagásica pode haver também degeneração do plexo de Meissener (produtor de mucina)
- Perda de interneurônios inibitórios que secretam óxido nítrico
- Disfagia de condução para alimentos sólidos e líquidos que desenvolve ao longo de meses ou ANOS (diferencial com câncer que é meses)
- É uma lesão pré-maligna que evolui tardiamente em 1-10% para carcinoma escamoso/epidermóide (em 15-25 anos) devido lesões/irritação da mucosa formando metaplasia
Acalásia
- Suspeitar quando tiver disfagia, perda de peso em meses ou anos, associados à regurgitação e tosse crônica (noturna)
- Comem devagar, bebem grandes quantidade de água e contorcem o corpo (inclina tronco, eleva queixo e estende pescoço)
- A água aumenta coluna liquida do esôfago e forca EEI a abrir
- Alimento não é digerido corretamente levando a dilatação do esôfago
- Apresentam halitose, broncoaspiração, regurgitação, pneumonia de repetição, bronquiectasia e abscesso pulmonar
- Perda de peso insidiosa, disfagia, tosse crônica noturna
- Principal dxx com câncer
Acalásia - Diagnóstico
- Esofagomanometria (PADRÃO-OURO):
- 1.NÃO relaxamento do EEI em resposta à deglutição (principal)*
- Graus variados de hipertonia do EEI
- Aperistalse (ou ausência de contrações eficazes)
- Presença de refluxo gastroesofágico fala contra acalásia
Acalásia - Diagnóstico
- Esofagografia baritada: dilatação do corpo esofágico (mesaesôfago)
- Imagem de estreitamento em “bico de pássaro” no EEI
- Atraso no esvaziamento esofagiano
- Presença de contrações esofagianas não peristálticas
- Rx simples de tórax: ausência da bolha gástrica (ar no estômago); massa mediastínica tubular ao lado da aorta, nível hidroaéreo no mediastino na posição eretra, representado material estagnado no esôfago
- Endoscopia alta: exclui carcinoma estenosante distal (pseudoacalásia) e estenose péptica
Classificação de Rezende- Mascarenhas (Acalásia)
- Com base na Esofagografia Baritada, criada para estadiar megaesôfago chagásico
- ” Mascarenha 4, 7 e 10”
- Esôfago normal (forma anectásica): calibre NORMAL até 4 cm
- Megaesôfago leve (discinético): calibre entre 4-7 cm
- Megaesôfago clássico (francamente dilatado): calibre entre 7-10 cm com atividade motora reduzida e grande retenção de constraste
- Dolicomegaesôfago (dólico = alongado): calibre >10 cm ou tortuoso
Etiologia da Acalásia
- Primária ou idiopática: forma mais comum*
2. Secundária por doença de Chagas*, amiloidose, sarcoidose e gastroenterite eosinofílica
Esofagopatia chagásica (“mal do engasgo”)
- Invasão no plexo mioentérico (Auerbach e Meissner), disfunção e necrose interneurônios do relaxamento do EEI
- Protozoário flagelado Trypanosoma Cruzi (endêmica no interior de MG)
- Acomete mais homebs
- Apresenta mesma clínica e laboratorial da acalásia idiopática
- Acalásia ocorre na fase crônica da doença
- Diagnóstico de Chagas crônica com sorologia ELISA* ou reação Machado-Guerreiro
Tratamento da acalásia
- Objetivo de promover relaxamento do EEI, mas não há método que normalize contratilidade, então é paliativo
- Com base na classificação de Mascarenhas
- Esôfago normal (≤ 4): Nitrato SL, Nifedipina (BCC) ↓ pressão do EEI/ Botox por EDA a cada 3-6 meses (quando ↑ risco cx)
- Megaesôfado leve (4-7): Botox / Dilatação pneumática por balão EDA (alívio sintomas 60-85%) risco de perfuração e recidiva
- Megaesófago clássico (7-10): Miotomia de Heller (melhor tto curativo) +/- fundoaplicatura (esse ↓ DRGE)
- Dolicomegaesôfago (>10): esofagectomia subtotal cérvico-abdominal /transhiatal (devido ↑ risco câncer escamoso)
Espasmo Esofagiano Difuso ou Pseudodiverticulose espástica ou Esôfago em “contas de rosário”
- Patogenia: várias contrações simultâneas, vigorosas e longas de todo esôfago
- Ocorre mais em mulheres
- Clínica: disfagia e precordialgia (diferencial com IAM)
- Esofagomanometria + teste provocativo
- Esofagografia baritada: esôfago em saca-rolhas
Espasmo Esofagiano Difuso
*Possui distúrbio motor (doenças da peristalse)
- Distúrbio da motilidade esofágica de origem neurogênica com ↑ contrações nos 2/3 inferiores
- Degeneração dos axônios do plexo de Auerbach (acalásia é nos corpos celulares)
- Pode evoluir para acalásia
- Principal onda peristáltica responsável é a terciária (1a e 2a são progressivas)
Espasmo Esofagiano Difuso - Clínica
*Principal diferencial é com IAM
- DOR retroesternal (cólica esofagiana) com irradiação e
associada à DISFAGIA para líquido e sólidos - Mais em mulheres
- Associação com distúrbios psicossomáticos (ansiedae, depressão em 80%), chocolate, farofa, estresse/ nervoso e DRGE*
Espasmo Esofagiano Difuso - Diagnóstico
Se P> 400mmHg é esôfago em quebra-nozes e não EED
- Esofagomanometria + teste provocativo (bitanecol): melhor exame
- Contrações simultâneas >30%
- Contrações Vigorosas de grande amplitude (P > 120 mmHg e <400 mmHg) e repetitivas que iniciam de forma simultânea nos 2/3 inferiores
- Contrações longas/ prolongadas (t >2,5 seg)
- Esofagograma Baritado: esôfago em saca-rolha ou “contas de rosário”
- EDA e ECG: normal
Espasmo Esofagiano Difuso - Tratamento
- Ansiolítico/ Farmacológicos são preferíveis: Nitrato SL, Nifedipina e antidepressivos tricíclicos (amitriptilina)
- Refratários à medicamentos: dilatação com balão ou botox EDA
- Refratáios e sintomas incapacitantes com divertículos de pulsão: Miotomia longitudinal
Esôfago em Quebra- Nozes
- Variante do Espasmo esofagiano difuso
2. Grande contração generalizada com níveis pressóricos à manometria >180 mmHg (geralmente >400 mmHg)
Esôfago Hipertensivo
- Variante da acalásia
2. EEI hipertônico, mas mantém relaxamento fisiológico pós-deglutição
Obstrução extrínseca do esôfago
- Devido órgãos adjacentes (mediastinais)
- Dx com Rx e/ou TC de tórax
- Aumento do átrio E (estenose mitral : Sd de Ortner)
- Aneurisma de aorta
- Tireoide retroesternal
- Exostose óssea
- Tumores extrínsecos (pulmonares)
- Artéria subclávia direita ou pulmonar esquerda anômala