Figuras de Linguagem Flashcards
(43 cards)
Antítese e Paradoxo
Antítese é a aproximação de ideias contrárias.
Ex.: Ela não odeia, ela ama.
Paradoxo consiste na exposição de palavras contrárias.
Ex.: Já estou cheio de me sentir vazio.
Fica evidente a diferença entre estas duas figuras de linguagem frequentemente confundidas:
“Como podemos ver, na antítese, apresentam-se ideias contrárias em oposição. No paradoxo, as ideias aparentam ser contraditórias, mas podem ter explicação que transcende os limites da expressão verbal.”
Catacrese
É a figura de linguagem que consiste na utilização de uma palavra ou expressão que não descreve com exatidão o que se quer expressar, mas é adotada por não haver outra palavra apropriada - ou a palavra apropriada não ser de uso comum.
Ex.: Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida.
Sinestesia
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes.
Ex.: Aquela criança tem um olhar tão doce.
Comparação
Como o próprio nome diz, essa figura de linguagem é uma comparação feita entre dois termos com o uso de um conectivo.
Ex.: O Amor queima como o fogo.
Ex.: Carcará / Lá no sertão / É um bicho que voa que nem avião (…)
Metáfora
É a figura de palavra em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam
Ex.: (…) se ela é um morango aqui do Nordeste (…)
Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora.
Disfemismo
É uma figura de estilo (figura de linguagem) que consiste em empregar deliberadamente termos ou expressões depreciativas, sarcásticas ou chulas para fazer referência a um determinado tema, coisa ou pessoa, opondo-se assim, ao eufemismo. Expressões disfêmicas são frequentemente usadas para criar situações de humor.
Ex.: Comer capim pela raiz.
Hipérbole
É a figura de linguagem que consiste no exagero.
Ex.: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!”
Ex.: (…) E pro inferno ele foi pela primeira vez (…)
Metonímia
É a figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. Definição básica: Figura retórica que consiste no emprego de uma palavra por outra que a recorda.
Ex.: Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na verdade, lê o autor, mas as obras dele em geral.)
Personificação ou Prosopopeia
É uma figura de estilo que consiste em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações próprias dos seres humanos.[3]
Ex.: (…) Eu vi a Estrela Polar / Chorando em cima do mar (…)
Antonomásia ou Perífrase
Consiste no emprego de palavras para indicar o ser através de algumas de suas características ou qualidades.
Ex.: O rei dos animais (Leão)
Ex.: Visitamos a cidade-luz (Paris)
Sarcasmo
Consiste em apresentar um termo em sentido oposto.
Ex.: Meu irmão é um santinho (malcriado).
Eufemismo
Consiste em suavizar um contexto.
Ex.: Você faltou com a verdade (Em lugar de mentiu).
Alusão
A alusão é uma figura de linguagem caracterizada pelo uso de uma referência ou citação a um fato ou pessoa[1] (real ou fictícia), necessariamente conhecido pelo interlocutor.[2] Faz parte da intertextualidade, só que sua principal diferença está na claridade.[3] É uma comunicação sutil entre os textos, em que se nota apenas uma leve menção de outro texto ou a um componente seu. Na alusão, não se aponta diretamente o fato em questão; apenas o sugere através de características secundárias ou metafóricas.[4]
Alegoria
Uma alegoria (do grego αλλος, allos, “outro”, e αγορευειν, agoreuein, “falar em público”, pelo latim allegoria) é uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos além do literal. Diz-se b para significar a. Uma alegoria não precisa ser expressa no texto escrito: pode dirigir-se aos olhos e, com frequência, encontra-se na pintura, escultura ou noutras formas de linguagem. Embora opere de maneira semelhante a outras figuras retóricas, a alegoria vai da simples comparação da metáfora à sátira, passando pelo símbolo, a fábula, o apólogo, a prosopopeia, o oximoro, o Adynaton, ou implicando a ironia, oscilando entre a polissemia e a antífrase. A fábula, o apólogo, o mito e a parábola são exemplos genéricos (isto é, de gêneros textuais) de aplicação da alegoria, às vezes acompanhados de uma moral que deixa claro a relação entre o sentido literal e o sentido figurado. [1]
Anfibologia
A anfibologia (do grego amphibolia) é considerada um vício de linguagem[1] que vem a ser, na lógica e na linguística moderna, um sinônimo de ambiguidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação[2]. É a falta de clareza que acarreta duplo sentido; em suma, significado duvidoso
Na lógica aristotélica, designa uma falácia baseada no dúbio sentido - proposital ou não - da estrutura gramatical da sentença de modo a distorcer o raciocínio lógico ou a torná-lo obscuro, incerto ou equivocado.
A ambigüidade pode ser proposital ou inconsciente (ato falho) ou, ainda, dar-se por mero descuido do falante ou do escritor ao organizar as palavras do enunciado. [1]
Além disso pode ser usada como recurso falacioso de argumentação ou como recurso estilístico.[1] O uso estilístico da ambiguidade é comum na poesia (licença poética) e também na linguagem informal, sobretudo no cotidiano do registro falado de uma língua (em brincadeiras, insinuações, por meio de trocadilhos e jogos de palavras). Neste caso, a utilização da ambigüidade se vale da polissemia das palavras ou da semelhança fonética, fenômenos lingüísticos presentes em praticamente todas as línguas.
De um modo geral, a ambiguidade é considerada um vício de linguagem ou recurso estilístico, e a anfibologia, uma falácia.
Uma vez que a anfibologia ou a ambiguidade está estreitamente associada à sintaxe, isto é, à posição e organização das palavras dentro de um enunciado, à relação delas entre si e, de um modo geral, à construção das frases, a ocorrência dessa falácia ou desse vício de linguagem assumirá diferentes formas de acordo com a língua de que se trate, pois cada idioma possui sua própria estrutura e sua sintaxe.
1) Uso de sujeito posposto a verbo que seja transitivo direto:
Venceu o Brasil a Alemanha - Quem foi o vencedor: o Brasil ou a Alemanha?
2) Uso de pronome possessivo na terceira pessoa - “seu” e flexões: “sua”, “seus”, “suas” - (é um uso que, se o escritor não estiver atento, frequentemente produz ambiguidade):
Meu pai(Caio) foi à casa de Vitor Alexsandro em seu carro. - No carro de quem, de Vitor, do pai ou da pessoa com quem se fala? Oi, Macedo , Lindomar lavou seu carro sujo hoje. - O carro de quem, de Macedo ou da segunda pessoa (você)? 3) Uso de certas comparações:
Na década de 70, os jogadores do Vasco não levavam os treinos a sério, como acontecia no Cruzeiro. - O que acontecia no Cruzeiro? O autor da frase quis equiparar os jogadores do Cruzeiro aos do Vasco ou, ao contrário, quis fazer uma oposição, afirmando que os cruzeirenses levavam os treinos a sério, diferentemente dos vascaínos?
4) Uso da preposição “de” em certos casos entre dois substantivos - as preposições também são frequentemente fonte de ambiguidade:
Onde está a cadela da Karine? - Está-se referindo à cadela que pertence à Karine ou está-se insultando-a?
5) Uso do pronome relativo quando há substantivos num adjunto adnominal:
O Rafael roubou o carro do homem que estava perto da árvore. - O que estava perto da árvore, o carro ou o homem?
6) Uso de certos adjuntos adverbiais entre duas orações:
Pessoas que desobedecem as leis de trânsito frequentemente são multadas. - Desobedecem as leis de trânsito frequentemente ou são multadas frequentemente?
7) Confusão com o que um termo se refere
Alexandro conversou com Rayanne sentado no muro. - Quem estava sentado no muro?
8) Uso do verbo deixar:
Agostinho deixou as pessoas felizes. - Agostinho fez as pessoas ficarem felizes ou saiu de onde estão as pessoas que eram felizes?
9) Uso do verbo ficar:
Após o leilão, a empresa brasileira ficou com a empresa de Duque de Caxias. - A empresa brasileira foi vendida ficando com a de Duque ou a brasileira comprou a de Duque e por isso ficou com ela?
Antífrase
A antífrase é uma figura de linguagem, facilmente confundida com as figuras da ironia, sarcasmo, eufemismo e sátira, e consiste na utilização de uma palavra com o sentido contrário àquele que tem normalmente. Camões refere este recurso estilístico de forma explícita na sua Canção IX: “Junto a um seco, fero e estéril monte, (…) Cujo nome do vulgo introduzido, / É Felix, por antífrase infelice.” O seu uso pode justificar-se como forma de atenuação de uma ideia negativa, como quando se chamavam de Euménides (“benévolas”) às Fúrias, na Grécia Antiga; ou quando D. João II decidiu renomear o Cabo das Tormentas como Cabo da Boa Esperança. Pode-se considerar, por vezes, a antífrase como um eufemismo levado ao extremo - quando o sentido original das palavras é invertido.
Apóstrofe
Disambig grey.svg Nota: Não confundir com apóstrofo.
Apóstrofe é uma figura de linguagem caracterizada pela evocação de determinadas entidades, consoante o objetivo do discurso. Caracteriza-se pelo chamamento do receptor, imaginário ou não, da mensagem. Nas orações religiosas é muito frequente (“Pai Nosso, que estais no céu”, “Ave Maria” ou mesmo “Ó meu querido Santo António” são exemplos de apóstrofes). Em síntese, é a colocação de um vocativo numa oração. Ex.:”Ó Leonor, não tombes!”. É uma característica do discurso direto, pois no discurso indireto toma a posição de complemento indireto: “Ele disse a Leonor que não caísse”.[1]
No discurso político é também muito utilizado (“Povo de Araguari!!!”), já que cria a impressão, entre o público, de que o orador está a dirigir-se diretamente a eles, o que aumenta a receptividade. Um professor ao dizer “Meninos!” está também a utilizar a apóstrofe. A apóstrofe é também utilizada frequentemente, tanto na poesia épica quanto na poesia lírica. No primeiro caso, podemos citar Luís de Camões (“E vós, Tágides minhas…”); na poesia lírica podemos citar Bocage (“Olha, Marília, as flautas dos pastores…”). Existe, graças a esta figura de estilo, uma aproximação entre o emissor e o receptor da mensagem, mesmo que o receptor não se identifique com o receptor ideal explicitado pela mensagem.[2]
Cacofonia
Cacofonia, cacófato ou cacófaton são sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação do final de uma palavra com o início da seguinte, que ao ser pronunciadas podem dar um sentido ridículo, ou apenas serem indístinguiveis entre si.
A cacofonia pode constituir-se em um dos chamados vícios de linguagem.
Exemplos vários podem ser coletados na Literatura de cacófatos que, entretanto, podem ser justificáveis.
Em Camões, no soneto “Alma Minha…”, a própria expressão-título é criticada por formar o cacófaton “maminha”.
O historiador José Marques da Cruz[1], porém, justifica a expressão como:
“própria do século XVI, em que vários clássicos empregaram frases assim: amigo meu, amiga minha. alma minha (…) É que toda gente estudava o latim puro, onde se diz amicus meus (e não meus amicus), anima mea (e não mea anima), mostrando sempre os escritores da época, nos seus escritos, a profunda influência da sintaxe latina.”
Hipálage
A hipálage é uma figura de linguagem que se caracteriza pelo desajustamento entre a função gramatical e a função lógica das palavras, quanto à semântica, de forma a criar uma transposição de sentidos. Uma das formas mais frequentes consiste na atribuição, a um substantivo, de uma qualidade (adjetivo) que, em termos lógicos, pertence a outro. É um dos recursos estilísticos mais frequentes na obra de Paulo Coelho e Eça de Queirós (como em “Fumar um cigarro pensativo.” - claro que quem está pensativo é o fumante, subentendido na frase). Outro exemplo vem de Ovídio: Os meus punhos tristes feriram o meu peito nu. É frequente, nesta ra dentendidos conforme o contexto. Esta figura está intimamente ligada à alusão, à metonímia e à sinestesia e foi abundantemente utilizada no Classicismo, no Renascimento, no Barroco, mas também em movimentos historicamente mais recentes (o “Realismo” de Eça de Queirós comprova-o, bem como diversos poemas de representantes do Simbolismo).
Usa-se frequentemente em textos de apreciação crítica.
A vaca sonolenta me dava belos sonhos.
As tias fazendo meias sonolentas.
Crianças brincando em jardins alegres e verdes.
Rasguei uma raivosa folha de papel
Calçar as luvas nas mãos (em vez de calçar as mãos nas luvas)
Fumei um pensativo cigarro.
A moça dormia transparente (Chico Buarque)
Hipérbato
Hipérbato (do grego hyperbaton, que ultrapassa) também conhecido como inversão, é uma figura de linguagem que consiste na troca da ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes e seus determinantes[1]. Incide quando há demasia propositada num conceito. Assim expressando de forma muito dramática tudo aquilo que se ambiciona o vocabular.
“ Aquela triste e leda madrugada ”
—Luís Vaz de Camões
“ Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores ”
—Osório Duque Estrada, em Hino Nacional Brasileiro
“ Não é que o meu o teu sangue / Sangue de maior primor. ”
—Alexandre Herculano
“ Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante. ”
—Osório Duque Estrada, em Hino Nacional Brasileiro
“ O caso triste e dino da memória / Que do sepulcro os homens desenterra, ”
—Camões, em Os Lusíadas no episódio de Inês De Castro (Canto III))
Outros exemplos:
Dança, à noite, o casal de apaixonados no clube.
Aves, desisti de as ter!
Das minhas coisas cuido eu!
Escura, sombria e assustadora noite.
acompanhando o som da torcida, dançava com a boca o atleta
Brincavam antigamente na rua as crianças.
Exemplo de hipérbato com paráfrase
Original:
“ Ó gente ousada mais que quantas/ no mundo cometeram grandes cousas/, tu, que por guerras cruas tais e tantas/ e por trabalhos vãos nunca repousas:/ pois os vedados términos quebrantas/ e navegar meus longos mares ousas/ (que tanto tempo há já que guardo e tenho/ nunca arados d’estranho ou próprio lenho)/ – pois vens ver os segredos escondidos/ da natureza e do húmido elemento/ (a nenhum grande humano concedidos/ de nobre ou de imortal merecimento) –;/ ouve os danos de mi, que apercebidos/ estão a teu sobejo atrevimento/ por todo o largo mar e pola terra/ que inda hás de sojugar com dura guerra. ”
—Os Lusíadas, Canto Quinto (episódio do Gigante Adamastor)
Em ordem directa:
Ó gente mais ousada que quantas cometeram grandes cousas no mundo, tu, que nunca repousas por tais e tantas guerras cruas e por trabalhos vãos: ouve os danos de mi, que estão apercebidos a teu sobejo atrevimento por todo o largo mar e pola terra que inda hás de sojugar com dura guerra; pois quebrantas os vedados términos e ousas navegar meus longos mares (que já há tanto tempo que guardo e tenho nunca arados de lenho estranho ou próprio) – pois vens ver os segredos escondidos da natureza e do húmido elemento (concedidos a nenhum humano de merecimento nobre ou imortal).
Ironia
A ironia (do grego antigo εἰρωνεία, transl. eironēia, ‘dissimulação’) é uma forma de expressão literária ou uma figura de retórica que consiste em dizer o contrário daquilo que se quer expressar. Na Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com um ponto de vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser activo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição. O conceito de ironia socrática, introduzido por Aristóteles, refere-se a uma técnica integrante do método socrático. Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da palavra. A técnica de Sócrates, demonstrada nos diálogos platônicos, consistia em simular ignorância, fazendo perguntas e fingindo aceitar as respostas do interlocutor (oponente), até que este chegasse a uma contradição e percebesse assim os erros do próprio raciocínio
Tipos de ironia
A maior parte das teorias de retórica distingue três tipos de ironia: oral, dramática e de situação.[carece de fontes]
A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a intenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende expressar outra, ou quando o significado literal da fala é contrário ao pretendido.
A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre a expressão e a compreensão/cognição: uma palavra ou ação põe uma questão em jogo e a plateia entende o significado da situação, mas a personagem não.
A ironia de situação é a disparidade existente entre a intenção e o resultado: o resultado da ação é contrário ao desejado ou ao efeito esperado. Da mesma maneira, a ironia infinita (cosmic irony) é a disparidade entre o desejo humano e as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas afirmam que a ironia de situação e a ironia infinita, não são ironias de todo.
Exemplos:
“Acho que é um urso polar albino” (para causar um efeito humorístico)
“Meu marido é um santo. Só me traiu três vezes!”
A ironia é também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se de uma forma de linguagem preestabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la.
Lítotes
Lítotes (substantivo feminino de dois números) é uma figura de linguagem que combina, frequentemente num eufemismo, a ênfase retórica com a ironia, em geral sugerindo uma ideia pela negação do seu contrário (por exemplo: “não ser dos melhores” por “ser ruim”; “não ser dos mais bonitos” por “ser feio”). A lítotes pode ser tanto depreciativa como laudatória. Dizer que um indivíduo não é dos mais espertos corresponde a dizer que ele é tolo ou ingênuo; dizer que o indivíduo não é nada tolo, corresponde a dizer que ele é esperto ou perspicaz.
Metalepse
Metalepse é uma figura de linguagem em que se toma o antecedente pelo consequente e vice-versa.
Ex: Sonorosas trombetas incitavam, os ânimos alegres ressoando.
Eles viveram (por “eles estão mortos”)
Pode também ser expressada por meio de ‘coisa significada’ por um sinal. Exemplo: “o suor do teu rosto” em lugar de “teu esforço”; “em sinal de respeito a teus cabelos brancos” em lugar de: “tua idade” ou “tua velhice”.
Sinédoque
Sinédoque consiste em exprimir o todo pela parte ou a parte pelo todo. É de certo modo um dos casos de metonimia. (A metonímia é uma figura de estilo do nível semântico que consiste em designar uma realidade por meio de outra realidade relacionada com a primeira, por contiguidade ou proximidade.)
Exemplo 1 (Raul Brandão, Os Pescadores):
«Só tendo a morte quase certa é que o poveiro não vai ao mar. Aqui o homem é acima de tudo pescador.»
[Emprego do singular pelo plural: poveiro – poveiros; homem – homens]
Exemplo 2 (Luís de Camões, Os Lusíadas, VII, 73):
«Manda equipar batéis, que ir ver queria/
Os lenhos em que o Gama navegava.»
[A parte representando o todo: lenho ou madeira, de que eram feitos os navios – lenhos, em vez de navios]