Gastrologia Flashcards
(48 cards)
DISFAGIA POR DISTÚRBIOS MOTORES
Acalásia - mecanismo | clínica | diagnóstico (3) | manejo
Mecanismo: destruição do plexo de Auerbach (redução da peristalse)
Clínica: disfagia, perda de peso (evolução lenta)
Diagnóstico
- Primeiro exame: EDA
- Padrão-ouro: manometria esofágica
- Estadiamento: esofagografia baritada (bico pássaro)
Tratamento → classificação de Mascarenhas e Rezende
- I (< 4 cm): nitratos ou BCC
- II (4-7 cm): EDA com dilatação pneumática e botox
- III (7-10 cm): cardiomiotomia a Heller-Pinotti
- IV (dolicomegaesófago): esofagectomia trans-hiatal
DISFAGIA POR DISTÚRBIOS MOTORES
Espasmo esofagiano difuso - mecanismo | clínica | diagnóstico | manejo
Mecanismo: anormalidade neuromuscular idiopática
Clínica: disfagia e precordialgia
Diagnóstico: manometria esofágica, EDA e esofagografia baritada (sinal do saca-rolhas)
Manejo: TCC, ansiolíticos, nitrato nas crises; miotomia longitudinal
DISFAGIA
Ca de esôfago - FR | clínica | diagnóstico | estadiamento | manejo
FR: tabagismo, etilismo, HPV e acalásia (CEC) e DRGE e esôfago de Barret (adenocarcinoma)
Clínica: disfagia, perda de peso (evolução rápida)
Diagnóstico: EDA + biópsia
- Esofagografia baritada (sinal da maça mordida)
Estadiamento: USG endoscópica para T e N
- TC de tórax: se LFN aumentado → PAAF
Manejo
- T1a (restrito a mucosa): mucosectomia por EDA
- Resto: esofagectomia +/- QT+RT neo
- T4b ou M1: paliação
QUEIMAÇÃO/PIROSE
DRGE - mecanismo | clínica | sinais de alarme | diagnóstico | manejo | esôfago de Barret
Mecanismo: relaxamento transitório ou hipotonia do EEI
Clínica: pirose + regurgitação; tosse, rouquidão, broncoespasmo, PNM
Sinais de alarme: > 40 anos, disfagia ou sangramento, perda de peso
Diagnóstico: prova terapêutica
- Se negativa ou sintomas atípicos: pHmetria de 24h
- Se sinais de alarme, EDA
Manejo:
- IBP por 4-8 semanas → se falha após 2 semanas, dobrar a dose → se falhar de novo, refratário
- Fundoplicatura se refratário, DRGE recorrente ou complicações
* Pré-ops: pHmetria ou EDA para confirmar; manometria para escolher técnica cirurgia
Esôfago de Barret (metaplasia intestinal)
- Quadro: pcte tinha sintomas de DRGE e melhora
- Diagnóstico: EDA + biópsia
- Manejo: IBP + seguimento com EDA +/- cx
- Biópsia
* Sem displasia: EDA 3-5 anos
* Displasia de baixo grau: EDA de 6-12 meses
* Displasia de alto grau: ablação endoscópica OU esofagectomia
* Ca de esôfago: esofagectomia
DISPEPSIA
Doença ulcerosa péptica - mecanismo | classificação de Johnson |clínica | sinais de alarme | diagnóstico
Mecanismo: h. pylori (hiper ou hipocloridria) OU AINEs (menos PG → menos barreira)
Classificação de Johson
- Hipercloridria: duodenal, corpo gástrico + duodenal (II) ou pré-pilórica (III)
- Hipocloridria: pequena curvatura baixa (I) ou pequena curvatura alta (IV)
- Outras regiões ou pcte em uso de AINE (V)
Clínica: dispepsia, dor relacionada a alimentação (gástrica: precoce; duodenal: 2-3h após)
Sinais de alarme: > 45 anos, HF de Ca, sangramento digestivo, vômitos, perda de peso → EDA
Diagnóstico
- Jovem, sem sinais de alarme: diagnóstico de presunção
- > 45 anos OU sinais de alarme: EDA
- SEMPRE investigar h. pylori: urease na biópsia, histologia, cultura (invasivos) OU ureia respiratória, sorologia, Ag fecal
DISPEPSIA
Doença ulcerosa péptica - manejo
Clínico: suspender AINE + IBP por 4-8 semanas
- Erradicar h. pylori (claritromicina, amoxicilina e omeprazol por 14 dias) se úlcera péptica, dispepsia ou linfoma MALT → controle de cura após 4 semanas
Cirúrgico
- Se hipercloridria: vagotomia + antrectomia + BII
- Se hipocloridria: antrectomia + BI OU gastrectomia subtotal + Y de Rou
- Se úlcera gástrica: algum tipo de gastrectomia
Reconstrução do trânsito
- Billroth I: gastroduodenostomia
- Billroth II: gastrojejunostomia + alça aferente
SÍNDROMES PÓS-GASTRECTOMIA - Dumping | gastrite alcalina | alça aferente
Dumping: ausênica de piloro (após BI ou BII) → diminuir carbos, fracionar dieta e deitar após refeições
- Precoce: 15-30 min após alimentação → dor e náusea, sintomas vasomotores
- Tardia: hiperinsulinemia e hipoglicemia 1-3h após alimentação
Gastrite alcalina: ausência de piloro (após BI ou BII) → transformar BII em Y de Roux
- Dor contínua que não passa com vômito
Sd. da alça aferente: só após BII → transformar BII em Y de Roux
- Dor que piora com a alimentação e alivia com vômitos em jato
ADENOCARCINOMA GÁSTRICO
FR | classificação Bormann X Lauren | clínica | diagnóstico
FR: h. pylori, anemia perniciosa, HF+, tabagismo, gastrectomia parcial, tipo sanguíneo A
Bormann
- I: polipoide
- II: úlcera com bordos nítidos
- III: úlcera com bordos não nítidos
- IV: infiltrante (linite plástica)
Lauren (intestinal X difuso)
- Difuso: cél. em anel de sinete, pior prognóstico, disseminação linfática
- Intestinal: associado com gastrite atrófica/ h. pylori, disseminação hematogênica
Clínica: dispepsia + sinais de alarme
- Doença avançada: ascite, massa palpável, LFN a distância (Virchow, Maria José, Irish, Blumer e Klukemberg)
Diagnóstico: EDA + biópsia
ADENOCARCINOMA GÁSTRICO
Estadiamento | Ca gástrico precoce | manejo
Estadiamento: TNM
- TC abdômen, pelve e tórax
- USG endoscópica
- Videolaparoscopia
Ca gástrico precoce
- T1 (invade mucosa e submucosa, independe do acometimento LFN)
- Ressecção endoscópica desde que: limitado a mucosa, não ulcerado, < 2 cm, bem diferenciado, sem invasão linfovascular
Manejo: cx (para pctes sem MTX)
- Ressecção com margem + linfadenectomia a D2
* Se distal, gastrectomia subtotal + Y de Roux
* Se proximal, gastrectomia total + Y de Roux
DIARREIA
Aguda X crônica | alta X baixa | invasiva X não invasiva
Aguda: < 2 semanas → infecção
Crônica: > 4 semanas → infecção, DII, SII, intolerâncias
Alta: grande volume, 3-5 evac/dia, restos alimentares
Baixa: pequeno volume, 8-10 evac/dia, tenesmo e urgência
Não invasiva: sem muco/pus/sangue
Invasiva: muco, pus e/ou sangue → se febre associada = disenteria
SD. DE MÁ ABSORÇÃO
Avaliação inicial
1) Confirmar disabsorção
- Teste quantitativo de gordura fecal > 7g/dia OU teste qualitativo de gordura fecal
2) Definir problema na absorção ou digestão → teste da d-xilose urinária
- > 5g indica que mucosa absorveu, mas não houve digestão
- < 5g indica que mucosa não absorveu
SD. DE MÁ ABSORÇÃO
Doença de Whipple - agente | perfil | clínica | diagnóstico | manejo
Agente: tropheryma whipplei
Perfil: homens 30-60 anos com exposição ao solo ou animais
Clínica: sd. disabsortiva + artralgia, miorritmia oculomastigatória
Diagnóstico: biópsia de duodeno com macrófagos PAS
Manejo: ceftriaxone IV 2 semanas + bactrim 1 ano
SD. DE MÁ ABSORÇÃO
Doença celíaca - fisiopatologia | clínica | doenças associadas | diagnóstico | manejo | complicação
Fisiopatologia: contato com fração tóxica do gluten (gliadina) → inflamação imune da mucosa do delgado
Clínica: diarreia alta, esteatorreia, def. de vit. D, osteopenia, emagrecimento, menarca tardia e menopausa precoce
Doenças associadas: DM1, Hashimoto, hepatite autoimune, dermatite herpetiforme
Diagnóstico: anti-transglutaminase IgA ou anti-endomísio positivos → EDA + biópsia
Manejo: dieta sem glúten
Complicação: linfoma T intestinal
SD. DE MÁ ABSORÇÃO
Sd. do intestino irritável - clínica | manejo
Colite pseudomembranosa - agente | clínica | diagnóstico | manejo
Tumor/sd. carcinoide - definição | clínica | diagnóstico | complicação
Sd. do intestino irritável
- Clínica: dor abdominal 1x/semana por 3 meses + alteração do hábito intestinal; sintomas não acordam
- Manejo: suporte psicológico e dietético + antiespasmódicos
Colite pseudomembranosa
- Agente: clostridium difficile
- Clínica: diarreia após uso de ATB
- Diagnóstico: toxinas A e B nas fezes
- Manejo: suspender ATB, iniciar metronidazol ou vanco
Tumor carcinoide (cél. neuroendócrinas e cromafins)
- Clínica = sd. carcinoide
* Flushing, taquicardia, hipotensão, diarreia, asma, insuficiência tricúspide, estenose pulmonar
- Diagnóstico: ácido-5-hidroxi-indolacético (urina), cromogranina A (sangue)
- Complicação: pelagra (def. B3)
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
Características e clínica - RCU X DC X extra-intestinais
RCU
- Retocólon, poupa o ânus
- Superficial, contínua
- Erosões → sangramento
- Perda de haustrações
- Pseudopólipos
- Biópsia: criptite, microabcessos
- Cigarro é protetor
DC
- Boca ao ânus, poupa o reto
- Transmural, descontínua
- Úlceras aftoides
- Estenoses → obstrução intestinal
- Lesões em pedra de calçamento
- Fístulas
- Fissura perianal
- Biópsia: granuloma não caseoso
- Cigarro é fator de risco
Extra-intestinais → “RCU E DC”
- Resposta imune (febre, leucocitose)
- Colangite esclerosante (RCU)
- Uveíte
- Eritema nodoso e pioderma gangrenoso
- Dor articular/espondilite
- Cálculos renais e biliares (DC)
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
RCU e DC - diagnóstico | manejo
Diagnóstico: EDA + biópsia
- Imagem: enteroTC ou RM
- AutoAc: ASCA (DC) e p-ANCA (RCU)
- Calprotectina fecal: diag. diferencial com sd. do intestino irritável
Manejo clínico
- Ataque: corticoide (não fazer pulso), anti-TNF alfa (avaliar e tratar TB latente antes de usar)
- Manutenção: mesalazina ou sulfassalazina (melhores para RCU) e imunomoduladores (azatioprina, MTX)
Manejo cx
- Indicações: fístulas ou fissuras, obstrução intestinal, déficit de crescimento, displasia de alto grau/câncer, hemorragia ou megacólon
- Técnica
* DC: estricturoplasia + infliximab
* RCU: (procto)colectomia + ileoanastomose com o ânus ou reto
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
RCU e DC - complicações
Megacólon tóxico
- Distensão, dor, febre, taquicardia, hipotesão, rebaixamento do sensório, leucocitose, anemia
- Diagnóstico: RX
- Manejo: suporte + corticoide IV → se refratário, infliximab → se refratário, colectomia com ileostomia
Câncer colorretal
- Risco aumenta conforme duração e extensão da doença
- Após 8 anos de doença: ileocolonoscopia e biópsia anual
- Manejo: proctocolectomia
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Localização | manejo
Localização: RX
- Delgado: distensão central, pregas coniventes (empilhamento de moedas)
- Cólon: distensão periférica, haustrações
Manejo
- NPO, hidratação venosa, SNG
- Obstrução mecânica: conservador 24-48h (se peritonite: cx)
- Obstrução funcional: conservador
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Causas mecânicas - brida ou aderência | íleo biliar | volvo | intussuscepção
Brida/aderência: causa mais comum
- Requer cx abdominal prévia
- Manejo: suporte (24-48h) + gastrografina → se refratário, lise das aderências
Íleo biliar: colecistite + fístula + obstrução do delgado por cálculo
- Localização mais comum: íleo distal; no piloro = sd. de Bouveret
- Diagnóstico: TC ou RX → tríade de Rigler (aerobilia, distensão central, cálculo ectópico)
- Manejo: suporte + retirada do cálculo + CVL
Volvo: torção sobre o próprio eixo
- Obstrução em alça fechada tende a ter complicação mais rapidamente
- Diagnóstico
* RX: grão de café ou U invertido
* Enema baritado: bico de pássaro
- Manejo: descompressão endoscópica + sigmoidectomia eletiva → se complicado, cx urgência
Intussuscepção: causa mais comum na infância (3 meses a 6 anos)
- Se em adultos, sempre secundária (investigar)
- Clínica: dor abdominal, massa em salsicha, fezes em geleia de framboesa
- Diagnóstico
* USG: sinal do alvo
* Enema opaco: diagnóstico e tto
- Manejo: enema → se refratário ou adulto, cx
OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Causas funcionais - íleo paralítico | sd. de Ogilve
Íleo paralítico: ID e IG paralisados
- Causas: pós-op, medicamentoso, DHE (K+), inflamação
- Clínica: dor contínua, distensão, peristalse ausente
- Conduta: excluir causas mecânicas e suporte
Sd. de Ogilve: só cólon paralisado
- Paciente grave (sepse)
- Clínica: dor, distensão colônica, peristalse presente
- Conduta: excluir causas mecânicas e suporte → se não responder em 72h ou ceco > 12 cm, neoestigmina ou descompressão colonoscópica → se refratário, cecostomia
ISQUEMIA MESENTÉRICA - Aguda X crônica (causas | clínica | diagnóstico | manejo)
Aguda
- Causas: embolia, vasoconstrição, trombose arterial, trombose venosa
- Clínica: dor abdominal desproporcional ao EF, temp retal < temp axilar, taquipneia (acidose metabólica inexplicável), irritação peritoneal (tardio)
- Diagnóstico
* AngioTC: falha no enchimento de contraste
* Angiografia mesentérica seletiva → padrão-ouro
- Manejo
* Suporte: dieta zero, hidratação IV, ATB
* Embolia ou trombose arterial: heparinização plena e laparotomia
* Trombose venosa: heparinização
* Vasoconstrição: papaverina intra-arterial por cateterismo
Crônica
- Causa: DAC
- Clínica: angina mesentérica e emagrecimento
- Diagnóstico: angiografia mesentérica
- Manejo: revascularização (cx se jovem; stent se idoso ou comorbidades)
COLITE ISQUÊMICA - epidemio | clínica | localização mais comum | diagnóstico | manejo
Epidemio: idosos com hipoperfusão
Clínica: dor, diarreia muco-sanguinolenta, febre, distensão
Localização mais comum: flexura esplênica e junção retossigmoide
Diagnóstico: colono → mucosa inflamada
* Enema ou clister opaco com “impressões digitais”
Manejo: suporte (manter perfusão)
* Colectomia se peritonite, hemorragia, colite fulminante ou refratário ao tto
APENDICITE AGUDA - fisiopato | clínica | diagnóstico | manejo | escore de Alvarado
Fisiopato: obstrução do apêndice → fecalito, hiperplasia linfoide…
Clínica
- Distensão abdominal → dor periumbilical por 12-24h
- Isquemia → dor em FID
- Náuseas, vômitos, anorexia, febre
- Blumberg: descompressão súbita dolorosa em McBurney
- Rovsing: pressão em FIE com dor em FID
- Dunphy: dor FID que piora com a tosse
- Lenander: temperatura retal > axilar em pelo menos 1ºC
Diagnóstico
- Se alta probabilidade (história clássica, homem) → clínico
- Se probabilidade média (criança, idoso ou mulher) OU se complicação OU se > 48h de evolução → imagem
* Criança ou gestante: USG
* Homem ou não gestante: TC (padrão-ouro)
Manejo
- Simples e precoce → apendicectomia + ATB profilático
- Complicada ou tardia (> 48h) → imagem
* Não complicada → apendicectomia + ATB profilático
* Abcesso → drenagem + ATB + colono em 4-6 semanas + SN, apendicectomia tardia
* Fleimão → ATB + colono em 4-6 semanas + SN, apendicectomia tardia
* Peritonite difusa → cx de urgência + ATB-terapia
Escore de Alvarado → > 7 = cx
- Dor que migra para FID (1 ponto)
- Anorexia (1 ponto)
- Náuseas ou vômitos (1 ponto)
- Dor a palpação em FID (2 pontos)
- Descompressão + em FID (1 ponto)
- Temp > 37,5ºC (1 ponto)
- Leucocitose (2 pontos)
- Desvio para a esquerda (1 ponto)
DIVERTICULITE AGUDA - fisiopato | clínica | diagnóstico | Hinchey |
Fisiopato: obstrução da luz do divertículo → distensão → isquemia → microperfurações → abcesso pericólico
Clínica: apendicite do lado esquerdo em idoso
Diagnóstico: TC
- Evitar colono e enema durante a inflamação, apenas após 4-6 semanas para afastar Ca
Classificação de Hinchey
- 0 = ausência de complicações
- 1 = abcesso pericólico
* 1a = fleimão
* 1b = abcesso pericólico
- 2 = abcesso pélvico
- 3 = peritonite purulenta
- 4 = peritonite fecal
Manejo: sempre ATB-terapia
- Sem complicações: ATB VO ou IV e colono após resolução
* Indicação de cx: imunodeprimido, incapaz de excluir Ca, fístula
- Abcesso > 4 cm: drenagem + ATB + colono + cx eletiva
- Peritonite: ATB + cx de urgência (Hartmann)
* Se tipo III: lavagem laparoscópica