Infectologia Flashcards
(143 cards)
SINAIS DE ALARME na dengue e conduta nesses casos.
Extravasamento de plasma:
- Hemoconcentração (aumento do Ht);
- Hipotensão postural;
- Derrames cavitários (pleural, pericárdico, ascite).
Disfunção orgânica leve:
- Dor abdominal;
- Vômitos;
- Hepatomegalia (> 2 cm);
- Letargia ou irritabilidade.
Plaquetopenia:
- Sangramento de mucosas
CONDUTA (plano C): Internação + reposição volêmica IV, 10 mL/Kg/h em 2 horas (até 3x)
Sinais de DENGUE GRAVE e conduta nesses casos.
Choque:
- Hipotensão
- Pressão convergente
- Pulso fino e rápido
- Extremidades frias e perfusão capilar > 2 seg
Disfunção orgânica grave:
- Encefalite
- Hepatite
- Miocardite
Sangramento grave:
- Sangramento no SNC
- Sangramento no TGI (hematêmese ou melena)
CONDUTA (plano D): UTI + reposição volêmica 20 mL/Kg em bólus (até 3x)
Definição de suspeita de dengue.
Quais exames podem ser solicitados para o diagnóstico?
Febre por 2-7 dias + 2 PROBLEMAS:
- Petéquias;
- Rash;
- OrBital (dor retroorbitária);
- LEUCOPENIA;
- Emese;
- Mialgia;
- Artralgia;
- Sefaléia.
Nos PRIMEIROS 5 DIAS de doença, o exame de escolha é a pesquisa do ANTÍGENO NS1 (lembre-se que a sensibilidade é decrescente, e deve idealmente ser realizado nos primeiros 3 dias).
A PARTIR DE 6 DIAS de doença, o teste de escolha é SOROLÓGICO.
📌 Só solicitamos os exames de diagnóstico etiológico fora de situações epidêmicas ou para grupos C e D durante a epidemia.
Diagnóstico diferencial: dengue x Zika x Chikungunya.
1) Dengue → LEUCOPENIA, MIALGIA, CEFALEIA (com dor retro-orbital), febre e as ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS mais graves, com maior MORTALIDADE.
2) Chikungunya → LINFOPENIA, FEBRE MAIS ALTA, RASH MAIS PRECOCE e ARTRALGIA mais intensa, que pode cronificar.
3) Zika → FEBRE BAIXA (ou até afebril), RASH maculopapular PRURIGINOSO, hiperemia CONJUNTIVAL, LINFONODOMEGALIA → está relacionada a complicações NEUROLÓGICAS como microcefalia fetal, síndrome de Guillain-Barré e lesões do nervo óptico.
Agora, vamos dividir por sintomas:
- Artrite: CHIK > Z > D;
- Conjuntivite: ZIKA > C > D;
- Precocidade do rash: CHIK > Z > D;
- Linfonodomegalia: ZIKA > C > D;
- Leucopenia: DENGUE > Z e C;
- Linfopenia: CHIK > D e Z;
- Mialgia: DENGUE > Z e C;
- Febre: CHIK > D > Z;
- Cefaleia: DENGUE > Z e C;
- Acometimento neurológico: ZIKA > C > D;
- Hemorragias e plaquetopenia: DENGUE > C > Z.
📌 Não confundir leucopenia (mais comum na dengue) com linfopenia (mais comum na Chikungunya).
📌 O Zika pode ter transmissão vertical, SEXUAL e transfusional, além da picada do mosquito.
GRUPO DE RISCO na dengue e conduta nesses casos.
Grupos de risco:
- Lactentes (< 2 anos);
- Idosos (> 65 anos);
- Gestantes;
- Comorbidades;
- Vulnerabilidade social;
- Prova do laço positiva.
📌 A prova do laço é feita traçando um quadrado de 2,5x2,5cm na área que tenha maior concentração de petéquias após 5min em adultos (3min em crianças) de manguito inflado no valor intermediário entre PAS e PAD. O resultado será positivo se > 20 petéquias (ou > 10 em crianças).
CONDUTA (plano B): → realização de hemograma no serviço de saúde:
- Se Ht com alteração < 10% e plaquetas > 50.000, liberar para casa com SRO e retornos diários;
- Se alterações hematológicas mantidas em 2 hemogramas (4-6h de intervalo), tratar como plano C (hidratação venosa).
Quais são as características e a conduta no grupo A na dengue?
Pacientes que não apresentam sinais de alarme, não pertencem a grupo de risco e tem prova do laço negativa.
CONDUTA: Hidratação domiciliar com 60 mL/Kg/dia, sendo 1/3 de SRO. Retorno 48h após baixar a febre.
📌 Não precisamos de pedir hemograma para o grupo A. Ele só entra a partir do grupo B.
Quadro clínico e laboratorial da LEPTOSPIROSE.
Lembre-se que a transmissão ocorre pela urina de ratos, sobretudo em contexto de enchentes 🐀
A leptospirose se apresenta como uma VASCULITE INFECCIOSA:
- A forma anictérica é mais comum: febre + SUFUSÃO CONJUNTIVAL + MIALGIA nas panturrilhas (por onde a bactéria penetrou).
- Na forma íctero-hemorrágica (doença de WEIL) ocorre piora do quadro febril entre 4-9 dias de evolução: ICTERÍCIA rubínica, HEMOPTISE e NEFRITE INTERSTICIAL ALÉRGICA (que pode ser hipocalêmica!).
📌 A forma grave da leptospirose é uma SÍNDROME PULMÃO-RIM!
Achados laboratoriais incluem: PLAQUETOPENIA e elevação de CPK.
O tratamento é feito com PENICILINA CRISTALINA ou com CEFTRIAXONA.
Quadro clínico e laboratorial da FEBRE TIFÓIDE.
A febre tifóide possui algumas fases clínicas clássicas:
1) Na 1º semana, é um quadro febril (tipo dengue) com ALTERAÇÃO DO HÁBITO INTESTINAL.
2) Na 2ª e 3ª semanas, ocorre a fase hiperreativa, com piora da febre, quadro semelhante à APENDICITE, ROSÉOLAS tifoidicas e ENCEFALOPATIA séptica (por isso o nome typhi, que significa “nebuloso”).
📌 Complicações: mais comum é o sangramento de TGI, mas o mais grave é a PERFURAÇÃO INTESTINAL (“febre que te fode”).
3) A última fase, na 4ª semana, é de convalescença.
Do ponto de vista laboratorial, ocorre LEUCOPENIA PARADOXAL e LINFOMONOCITOSE REATIVA. Também chama atenção VHS normal.
O exame para diagnóstico etiológico mais sensível, em qualquer momento, é a mielocultura. Entretanto, por ser invasivo, não é o exame de escolha. Na PRIMEIRA SEMANA prefere-se HEMOCULTURA, e, na SEGUNDA SEMANA, a COPROCULTURA
📌 Primeira opção de tratamento do MS é o CLORANFENICOL. Outras opções são ceftriaxona e ciprofloxacino.
Quadro clínico e laboratorial da LEISHMANIOSE VISCERAL.
O leishmania infecta os macrófagos do sistema retículo-endotelial, causando febre arrastada, HEPATOESPLENOMEGALIA importante e PANCITOPENIA.
Laboratorialmente, é característica a HIPERGAMAGLOBULINEMIA policlonal e HIPOALBUMINEMIA (inversão da relação albumina/globulina).
Sobre os exames de diagnóstico etiológico, guarde alguns conceitos:
- A IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA é o método recomendado pelo MS;
- O rK39 mede o grau de atividade da doença;
- A reação de Montenegro (tipo PPD) está negativa nos doentes, pois eles apresentam baixa imunidade celular.
📌 Há também os métodos parasitológicos, que são invasivos. Embora a punção esplênica seja o método mais sensível, também é mais arriscado. Por isso, prefere-se o aspirado de medula óssea.
Indicações de anfotericina B lipossomal na leishmaniose
📌 A 1ª escolha do MS para o tratamento de Leishmaniose é o GLUCANTIME (antimonial pentavalente), que pode ser feito de forma AMBULATORIAL. Porém, é muito CARDIOTÓXICO e NEFROTÓXICO.
Por isso, para alguns grupos indica-se a ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL (parenteral), que requer INTERNAÇÃO:
- < 1 ou > 50 anos;
- Gestantes;
- Insuficiência cardíaca, hepática ou renal;
- Imunodeprimidos;
- Pacientes graves → esplenomegalia > 10 cm, hepatomegalia > 8 cm, Hb < 8, plaquetopenia < 40.000 e leucopenia < 3.000.
📌 Errei o FC diversas vezes imaginando que seria “leucocitose”… mas é fácil lembrar: a leishmaniose causa é pancitopenia.
Qual é o vetor da:
- Malária?
- Leishmaniose?
- Febre amarela?
Malária → Anopheles → transmite o plasmodium.
Leishmaniose → Lutzomyia (mosquito palha, birigui ou tatuquira). → transmite a leishmania.
Febre amarela → Aedes aegypti (forma urbana) ou pelo Haemagogus (silvestre).
Quadro clínico e laboratorial da MALÁRIA
Crises febris, ANEMIA HEMOLÍTICA SEM RETICULOCITOSE (porque os reticulócitos são parasitados) e HEPATOESPLENOMEGALIA.
O exame de escolha é o da GOTA ESPESSA, mas requer treinamento específico. Também há teste rápido.
📌 O P. VIVAX é mais COMUM e o P. FALCIPARUM gera os quadros mais GRAVES, relacionados à complicações. Ele causa maior parasitemia, deforma as hemácias (que podem obstruir a microcirculação) e induz metabolismo anaeróbio pelas células (HIPOGLICEMIA + ACIDOSE METABÓLICA).
Qual é o tratamento da malária por P. vivax?
E da malária por P. falciparum?
1) P. vivax → CLOROQUINA por 3 dias + PRIMAQUINA por 7 dias
📌 Apenas P. VIVAX e P. OVALE possuem HIPNOZOÍTOS (formas latentes no fígado). Por isso, devem receber PRIMAQUINA, que é responsável pela eliminação dessa forma. Porém, ela não pode ser utilizada em gestantes pelo risco de induzir anemia hemolítica no feto, caso ele seja portador de deficiência de G6PD.
2) P. falciparum → ARTESUNATO + MEFLOQUINA (por 3 dias), fazendo também PRIMAQUINA no 1º dia.
- Para as FORMAS GRAVES = artesunato (6 dias) + clindamicina (7 dias).
📌 Embora menos comum, o P. falciparum causa as formas mais graves.
Quadro clínico e laboratorial da FEBRE AMARELA.
A forma LEVE da febre amarela é igual à DENGUE, sendo que o SINAL DE FAGET (febre sem taquicardia) pode direcionar para o diagnóstico.
Já a forma GRAVE cursa com disfunção HEPATORRENAL → elevação de transaminases, ICTERÍCIA, HEMORRAGIAS, OLIGÚRIA.
📌 O sinal de Faget também pode ocorrer na febre tifoide.
Qual é a definição de sepse e os parâmetros avaliados pelo SOFA e pelo qSOFA?
Segundo o Sepsis 3, sepse é caracterizada pela presença de disfunção de órgãos ameaçadora à vida, ocasionada por resposta inflamatória desregulada do hospedeiro a uma infecção.
A disfunção é determinada por uma elevação aguda no escore SOFA ≥ 2. São 6 parâmetros considerados, cada qual pontuado de 0 a 4:
- PaO2/FiO2;
- PAM ou necessidade de aminas;
- Escala de coma de Glasgow;
- Bilirrubina total;
- Contagem de plaquetas;
- Creatinina ou débito urinário.
📌 Outros parâmetros incluem hipoperfusão tissular, taquicardia e taquipneia.
Como são muitos parâmetros, inicialmente lançamos mão do qSOFA. Uma pontuação também ≥ 2 indica pior prognóstico e necessidade de realizar o SOFA. Os parâmetros são:
- Alteração do estado mental (ECG < 15);
- FR > 22;
- PAS < 100.
Qual é a definição de CHOQUE SÉPTICO e a conduta inicial?
Choque séptico é definido por sepse com persistência de instabilidade hemodinâmica (PAM < 65) E hiperlactatemia (> 18 mg/dL ou > 2 mmol/L) APESAR da reposição inicial adequada de volume.
A conduta inicial é o uso de aminas vasoativas, sendo a NORADRENALINA a primeira escolha.
📌 Se um paciente com sepse começou mas ainda não terminou a reposição de cristalóides e tem PAM < 65, não precisa esperar terminar a infusão total para chegar à conclusão de que necessita de vasopressor. Salva esse cara logo e depois tira a amina, porra!
Qual é a conduta inicial em paciente com SEPSE?
Reposição volêmica com CRISTALÓIDES (SF 0,9% ou RL) em bolus, visando a 30mL/Kg nas primeiras 3h.
Deve-se também colher HMC (preferencialmente antes do ATB), lactato, demais exames do SOFA e iniciar ATB DE AMPLO ESPECTRO na PRIMEIRA HORA hora (ou até 3h se o diagnóstico for possível e não provável).
Um paciente de 30 anos com pneumonia desenvolve icterícia às custas de bilirrubina indireta.
Trata-se provavelmente de qual agente etiológico?
Quais são as outras manifestações extrapulmonares que podem ocorrer?
Trata-se provavelmente de hemólise causada por MYCOPLASMA, às custas de IgM.
Outras manifestações podem incluir:
- MIRINGITE BOLHOSA;
- Guillain-Barré;
- Stevens-Johnson.
Tratamento da PAC em paciente hígido
Amoxicilina OU azitromicina/claritromicina
Paciente com DPOC e quadro clínico-radiológico de pneumonia adquirida na comunidade.
Qual deve ser o tratamento?
📌 O principal agente de pneumonia no paciente com DPOC é o HAEMOPHILUS INFLUENZAE.
Nos pacientes com COMORBIDADES, o tratamento da PAC deve ser feito com:
- ASSOCIAÇÃO de beta-lactâmico E macrolídeo;
OU
- QUINOLONA RESPIRATÓRIA (moxi ou levofloxacino).
Paciente de 62 anos internada para tratamento de DM descompensado. No D7, evoluiu com tosse produtiva, febre alta e prostração. RX mostrou consolidação em base direita.
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Trata-se de PNEUMONIA NOSOCOMIAL (iniciada após 48h de internação).
O tratamento deve incluir cobertura anti-pseudomonas (no mínimo 1 dos seguintes) → CEFEPIME, PIPE-TAZO ou CARBAPENÊMICO.
Outros antibióticos podem ser acrescentados se houver risco de organismos resistentes (Pseudomonas ou MRSA) ou alto risco de mortalidade (choque séptico, necessidade de suporte ventilatório ou uso de ATB EV nos últimos 90 dias).
📌 Dentre os carbapenêmicos, podemos usar imipenem ou meropenem (ertapenem não cobre peseudomonas).
Descreva os critérios do CURB-65 e a conduta com base neles.
- Confusão mental;
- Ureia > 43-50;
- fR ≥ 30;
- Baixa PA → PAS < 90 e/ou PAD ≤ 60;
- ≥ 65 anos.
Cada variável soma 1 ponto → CURB ≥ 2 indica INTERNAÇÃO.
📌 Indicamos também CTI se houver choque séptico ou necessidade de suporte respiratório (normalmente compatível com um CURB ≥ 4).
Quais são os fatores de risco para pseudomonas resistente na pneumonia nosocomial?
Quais antibióticos devem ser incluídos ao esquema terapêutico?
Fatores de risco = bronquiectasias, fibrose cística ou grande quantidade de gram-negativos à bacterioscopia.
Deve-se acrescentar: AMINOGLICOSÍDEO ou CIPROFLOXACINO ou LEVOFLOXACINO.
Em quais grupos é mais frequente a pneumonia por S.aureus?
Quais são os fatores de risco para MRSA na pneumonia nosocomial?
Quais antibióticos devem ser incluídos ao esquema terapêutico?
S.aureus está associado a quadros graves de pneumonia em lactentes, usuários de drogas, pacientes com fibrose cística ou bronquiectasia.
Está frequentemente associado a complicações como pneumatocele e abscesso pulmonar.
Fatores de risco para MRSA na pneumonia nosocomial dependem da prevalência na unidade de internação: desconhecida ou > 20%.
O tratamento deverá incluir VANCOMICINA, sendo teicoplanina outra opção.
OBS: Linezolida será melhor indicada se S. aureus resistente à vancomicina ou em caso de VRE. Daptomocina não pode ser usada em infeccção pulmonar.