Maturação das gónadas Flashcards
(9 cards)
Anatomia do Sistema Reprodutor
Peixes Teleósteos:
Fêmeas: Possuem um par de ovários na cavidade abdominal. Em algumas espécies, apenas um ovário se desenvolve. Os ovários do tipo fechado possuem uma cavidade para armazenamento de oócitos após a ovulação. A parte terminal dos ovários transforma-se em ovidutos, que se unem antes de chegar ao poro genital. Este arranjo é comum na maioria dos peixes teleósteos.
Machos: O sistema genital engloba um par de testículos. O canal urinário junta-se com o espermiduto para formar uma abertura do canal para o poro urogenital. São definidos dois tipos de testículos com base na posição dos canais testiculares e espermiduto:
-ciprinoides (forma oval) e -percoides (forma triangular).
O tecido germinal das gónadas consiste em oogónia (fêmeas) e espermatogónia (machos).
Bivalves:
O aparelho reprodutor forma uma estrutura difusa que ocupa os tecidos conjuntivos e em repouso quase desaparece por completo.
A gónada envolve normalmente a glândula digestiva e outros órgãos, preenchendo os espaços livres.
Os bivalves geralmente apresentam sexos separados, embora casos de hermafroditismo tenham sido observados.
Gametogénese
Espermatogénese (Machos)
Em peixes, segue o desenvolvimento do ovócito das fêmeas. Consiste em 4 fases: (I) divisão, (II) crescimento, (III) maturação, (IV) formação de espermatozóides.
Em bivalves, as espermatogónias primárias dividem-se por mitose originando as espermatogónias secundárias. Estas, através da meiose, formam os espermatócitos secundários, que se transformam rapidamente em espermátidas. As espermátidas transformam-se em espermatozóides que forram a parede do folículo, com o flagelo na direção do lúmen e unidos às paredes pela cabeça.
Gametogénese
Ovogénese (Fêmeas)
Em bivalves, as ovogónias primárias e secundárias dividem-se por mitose. Algumas ovogónias primárias podem permanecer em repouso. As ovogónias secundárias dão lugar aos ovócitos. O desenvolvimento dos ovócitos tem duas etapas: pré-vitelogénese (aumento de tamanho e primeira divisão meiótica) e vitelogénese (aumento considerável de tamanho por acumulação de matéria no citoplasma, formando ovócitos maduros). Ovócitos maduros aparecem com aspeto piriforme, unidos às paredes do folículo por um pedúnculo, e a acumulação de reservas pode fazê-los apresentar uma forma poligonal devido ao contacto.
As células germinais (gonócitos) constituem a primeira etapa do desenvolvimento gonadal em bivalves, unidas ao tecido conjuntivo e não se distinguindo entre machos e fêmeas nesta fase inicial. Dão origem a ovogónias e espermatogónias primárias.
Modos de Desova e Ciclos Reprodutivos
Peixes:
Existem 3 modos de desova: sincronia, sincronia de grupo e sincronia múltipla do grupo (assíncronos).
A época de postura pode ocorrer uma ou várias vezes por ano, dependendo da espécie. Exemplos: Postura única (enguia, salmão do pacífico), Multiple-batch (várias vezes na época – robalo, mero), Postura diária ou cíclica (dourada, sargo).
A desova ocorre quando as condições ambientais adequadas coincidem com a maturação dos órgãos sexuais.
Bivalves:
O ciclo reprodutivo pode ser dividido em fases: acumulação de nutrientes, crescimento da gónada, gametogénese, maturação de gâmetas, desova e período de repouso.
Os ciclos gaméticos podem ser anuais, semi-anuais ou contínuos.
A época de desova depende da espécie e das latitudes. Exemplos: R. decussatus (Primavera e Outono), R. philippinarum (Primavera, Verão e Outono).
O período de repouso pode ser inexistente ou prolongar-se no tempo.
Fecundação
Peixes: A libertação de espermatozóides e ovócitos ocorre na maior parte das espécies diretamente para a água, sendo a fecundação externa.
Bivalves: A fecundação é externa, com cada sexo a expulsar os gâmetas através do sifão exalante. Uma exceção é o género Ostrea, onde as fêmeas retêm os ovócitos na cavidade paleal e posteriormente expulsam larvas desenvolvidas.
Regulação Ambiental e Hormonal da Reprodução
A reprodução dos peixes é rítmica e regulada por fatores ambientais cíclicos como o fotoperíodo e a temperatura. Estas variações periódicas são sinais para os peixes selecionarem a época favorável para a reprodução.
O cérebro atua como centro integrativo, processando informação ambiental (fotoperíodo, temperatura) e sinais hormonais (esteroides sexuais, estado nutricional). Em resposta, controla o sistema endócrino, especialmente a pituitária, libertando neuro hormonas.
A glândula pineal desempenha um papel na perceção da informação do fotoperíodo e da temperatura, codificando-a em sinais nervosos (neurotransmissores) e neuro endócrinos (melatonina), que sincronizam a reprodução com o ambiente.
A melatonina parece mediar a maioria das atividades rítmicas circadianas e sazonais dos vertebrados. Os seus níveis plasmáticos aumentam durante a noite e diminuem durante o dia.
Neuro hormonas estimulam ou inibem a síntese e secreção de gonadotrofinas hipofisárias (homólogas da FSH e LH – GTH1 e GTH2 em teleósteos) que regulam a gametogénese e a esteroidogénese.
A GnRH é o principal fator cerebral estimulador da secreção de gonadotrofinas e da reprodução nos peixes. A dopamina é o seu antagonista funcional, inibindo a secreção destas hormonas e bloqueando o processo reprodutivo.
As hormonas gonadotróficas controlam as gónadas para que sintetizem esteroides gonadais, responsáveis pela produção de gametas.
Em bivalves, o tamanho, temperatura, qualidade e quantidade de alimento são importantes para despoletar o processo de gametogénese.
Determinação e Diferenciação Sexual
Desenvolvimento em testículo ou ovário.
Peixes: Podem ter:
Determinação sexual genotípica (GSD): Sexo estabelecido na conceção ou pouco depois, com diferenças genéticas entre sexos.
Determinação ambiental do sexo (ESD): Sem diferenças genéticas consistentes entre sexos, determinado algum tempo após a fertilização. Exemplos incluem Sexo regulado pela temperatura (TSD) e Sexo regulado por fatores sociais (BSD).
Esteroides sexuais estão envolvidos na determinação sexual. Em espécies protogínicas (fêmea-para-macho), os níveis de 11-ketotestosterone (KT) aumentam e as concentrações de estradiol diminuem. Em peixes protândricos (macho-para-fêmea), ocorre a mudança oposta.
Hermafroditismo em Bivalves
Funcional simultâneo: Liberação indistinta dos dois tipos de gâmetas durante a mesma desova (ex: espécies de pectínideos).
Consecutivo: Uma única mudança de sexo ao longo da vida, geralmente de macho para fêmea em indivíduos jovens (ex: Mercenaria mercenaria).
Rítmico consecutivo: Mudança de sexo durante um período de desova (hermafroditismo funcional simultâneo) (ex: género Ostrea).
Alternativo: Mudanças de sexo em diferentes anos, de ocorrência imprevisível.
Controlo e Avaliação da Maturidade Reprodutiva (Bivalves)
Em bivalves, a maturidade sexual depende mais do tamanho do que da idade, e o tamanho na maturidade varia com a espécie e distribuição geográfica.
Vários métodos podem ser usados para verificar a maturidade dos bivalves:
Cortes histológicos da gónada (demorado).
Esfregaços da gónada ou amostras examinadas microscopicamente (técnica mais utilizada).
Índice gonadal em vieiras (peso da gónada / peso total das partes moles * 100).
O acondicionamento de reprodutores em aquacultura pretende simular as condições ambientais adequadas para obter a reprodução na época desejada.
A ablação (remoção de pedúnculos oculares) em alguns organismos pode inibir o desenvolvimento gonadal. No entanto, a qualidade dos reprodutores e das suas crias pode declinar gradualmente após este procedimento.
