neuro Flashcards
(129 cards)
Um jovem de 23 anos, estudante universitário vivendo em república, é levado ao pronto-socorro com história de febre alta (39,2°C) há 18 horas, cefaleia intensa, fotofobia e vômitos em jato. Ao exame, apresenta-se confuso, com rigidez de nuca e petéquias discretas nos membros inferiores.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a principal hipótese diagnóstica e o agente etiológico mais provável considerando o quadro clínico e epidemiológico?
* Descreva o tratamento empírico inicial para este paciente antes da confirmação laboratorial.
* Quais medidas de controle são necessárias para os contatos próximos deste paciente?
Principal Hipótese e Agente: A principal hipótese é meningite bacteriana aguda, e o agente etiológico mais provável é Neisseria meningitidis (meningococo). Isso se baseia na apresentação clássica de febre, cefaleia, sinais meníngeos, alteração do estado mental e a presença de petéquias, que são características da doença meningocócica invasiva. O ambiente de república também é um fator de risco para surtos.
* Tratamento Empírico Inicial: Para um paciente menor de 50 anos com suspeita de meningite bacteriana, o tratamento empírico recomendado é Ceftriaxona 2g, EV, 12/12h + Vancomicina 500mg, EV, 8/8h.
* Medidas de Controle para Contatos: É indicada a quimioprofilaxia para contatos próximos, como moradores do mesmo domicílio e indivíduos que compartilham o mesmo dormitório (alojamento). As opções de quimioprofilaxia incluem Ceftriaxona 250mg IM dose única, Rifampicina 10 mg/Kg/dose de 12/12h por 2 dias, ou Ciprofloxacino 500mg dose única. O paciente também deve ficar em isolamento respiratório até 24 horas após o início da antibioticoterapia eficaz.
Um lactente de 7 meses, com calendário vacinal incompleto para a idade, é levado à emergência com febre, irritabilidade e abaulamento de fontanela há 24 horas. A mãe refere que a criança tem recusado as mamadas.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual agente etiológico de meningite bacteriana deve ser fortemente considerado dada a faixa etária e a possível falha vacinal?
* Qual o tratamento antibiótico específico para este agente?
* É necessário isolamento e quimioprofilaxia para os contatos neste caso?
Resposta Abrangente e Elucidação:
* Agente Etiológico: Haemophilus influenzae tipo B (Hib) deve ser fortemente considerado. Embora a vacinação tenha reduzido drasticamente sua incidência, em crianças não vacinadas ou com esquema incompleto, especialmente menores de 1 ano, o Hib continua sendo uma causa importante de meningite bacteriana.
* Tratamento Antibiótico: O tratamento recomendado para meningite por Haemophilus influenzae tipo B é Ceftriaxona 2g, EV, 12/12h por 7 dias (ajustar dose para peso pediátrico).
* Isolamento e Quimioprofilaxia: Sim, o paciente precisa de isolamento. A quimioprofilaxia com Rifampicina (10mg/kg/dose, 12/12H por 2 dias), Ceftriaxona (250mg, IM, DU) ou Ciprofloxacino (500mg, EV, DU - uso em crianças deve ser criterioso) é indicada para contatos próximos.
Um homem de 65 anos, com múltiplas comorbidades, incluindo diabetes e doença renal crônica, é internado com quadro de febre, cefaleia e rebaixamento do nível de consciência. A punção lombar revela LCR turvo, pressão de abertura de 250 mmH₂O, celularidade de 800 células/µL com 90% de polimorfonucleares, proteínas de 150 mg/dL e glicose de 30 mg/dL (glicemia sérica de 180 mg/dL). A bacterioscopia pelo Gram evidencia diplococos Gram-positivos.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual o agente etiológico mais provável e qual o tratamento empírico inicial considerando a idade do paciente e o achado do Gram?
* Os achados liquóricos são compatíveis com meningite bacteriana aguda? Justifique.
* Neste caso, é necessário isolamento respiratório ou quimioprofilaxia para os contatos?
Resposta Abrangente e Elucidação:
* Agente Etiológico e Tratamento Empírico: O agente etiológico mais provável é Streptococcus pneumoniae (pneumococo), devido à visualização de diplococos Gram-positivos. Para um paciente com mais de 50 anos, o tratamento empírico inicial recomendado é Ceftriaxona 2g, EV, 12/12h + Vancomicina 500mg, EV, 8/8h + Penicilina G Benzatina (o material cita Ampicilina em alguns contextos para cobertura de Listeria, mas para pneumococo, a combinação ceftriaxona + vancomicina é chave, e o material especifica penicilina G benzatina no esquema para >50 anos).
* Compatibilidade do LCR: Sim, os achados liquóricos são altamente compatíveis com meningite bacteriana aguda. A pressão de abertura elevada (>18 mmH₂O, no caso 250 mmH₂O), celularidade aumentada (>500 células/µL, no caso 800) com predomínio de polimorfonucleares (>66-70%, no caso 90%), proteínas elevadas (>45 mg/dL, no caso 150 mg/dL) e glicose reduzida (<40 mg/dL, no caso 30 mg/dL, com relação LCR/sérica de 0,16) são característicos.
* Isolamento e Quimioprofilaxia: Para meningite por Streptococcus pneumoniae, não há necessidade de isolamento respiratório nem de quimioprofilaxia para os contatos.
Uma mulher de 38 anos, imunossuprimida devido a tratamento quimioterápico para linfoma, apresenta-se com cefaleia persistente há 5 semanas, febre baixa intermitente (inferior a 39°C), sudorese noturna e emagrecimento. Nos últimos dias, evoluiu com confusão mental leve e paralisia do VI nervo craniano à direita.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a principal suspeita diagnóstica considerando a cronicidade dos sintomas e o estado de imunossupressão?
* Quais são as principais etiologias de meningite crônica em pacientes imunossuprimidos, especialmente no Brasil?
* Que achados na neuroimagem e no LCR poderiam auxiliar no diagnóstico etiológico?
Principal Suspeita Diagnóstica: Meningite crônica. A duração dos sintomas por mais de 4 semanas, associada à imunossupressão, febre baixa, sintomas constitucionais (sudorese noturna, emagrecimento) e neurológicos (confusão, lesão de nervo craniano) são característicos.
* Principais Etiologias: Em pacientes imunossuprimidos, especialmente após o advento do HIV (e por analogia, outros estados de imunossupressão), as principais etiologias de meningite crônica incluem BK (tuberculose), criptococose, varicela, CMV e toxoplasmose. No Brasil, BK é a causa mais prevalente.
* Achados na Neuroimagem e LCR:
* Neuroimagem: Pode revelar tuberculomas, cistos, infartos, ou complicações como hemorragia e trombose. O realce meníngeo basal é sugestivo de tuberculose.
* LCR: Pressão de abertura geralmente > 200 mmH₂O. Celularidade com predomínio de linfócitos (em infecções virais, BK, fúngicas) ou eosinófilos (parasitas, BK, linfoma). Proteínas elevadas e glicose frequentemente reduzida (especialmente em BK e algumas micoses). Testes específicos como VDRL (sífilis), Tinta Nanquim (criptococo), cultura para fungos e BK, e PCR para vírus e BK são cruciais.
Caso Clínico 5
Um homem de 50 anos, previamente hígido, é admitido com quadro de início agudo de febre alta, alteração do nível de consciência, confusão mental e uma crise convulsiva tônico-clônica generalizada. A ressonância magnética de crânio evidencia edema difuso e captação cortical e subcortical de contraste, especialmente nos lobos temporais mediais.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a principal hipótese diagnóstica?
* Qual o agente etiológico mais comum para esta condição que possui tratamento específico?
* Qual o tratamento de escolha e por que sua administração precoce é fundamental?
Principal Hipótese Diagnóstica: Encefalite viral. O início agudo com febre, alteração de consciência, convulsões e/ou sinais focais, associado aos achados de imagem, sugere um processo inflamatório agudo no parênquima cerebral de etiologia viral.
* Agente Etiológico Comum Tratável: O Herpes Simples Vírus (HSV), especialmente HSV-1, é o agente mais comum de encefalite esporádica tratável em imunocompetentes.
* Tratamento e Importância da Precocidade: O tratamento de escolha é Aciclovir intravenoso na dose de 10 mg/kg de 8/8h por 14 a 21 dias. A administração precoce é fundamental devido à elevada morbimortalidade da encefalite herpética não tratada ou tratada tardiamente. O início rápido do Aciclovir melhora significativamente o prognóstico.
Um paciente de 30 anos, vivendo em uma área rural com saneamento básico precário e criação de suínos, desenvolve cefaleia progressiva há algumas semanas, seguida pelo aparecimento de crises epilépticas focais com generalização secundária. A TC de crânio revela múltiplas lesões císticas intraparenquimatosas, algumas com escólex visível, e outras já calcificadas.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a parasitose do SNC mais provável neste cenário?
* Como ocorre a transmissão desta doença?
* Quais são as opções de tratamento para as lesões parenquimatosas viáveis e quando o tratamento antiparasitário pode ser dispensável ou até desaconselhado?
Parasitose Provável: Neurocisticercose, causada pela larva da Taenia solium. É a doença parasitária que mais acomete o SNC e uma importante causa de epilepsia estrutural em áreas endêmicas.
* Transmissão: A transmissão é feco-oral, pela ingestão de comida e bebidas contaminadas com fezes humanas de portadores de teníase (que contêm ovos da Taenia solium).
* Tratamento: Para cistos parenquimatosos viáveis e em pouca quantidade, o tratamento pode ser feito com Albendazol (15mg/kg/dia por 8 dias) ou Praziquantel. O tratamento antiparasitário é dispensável para cistos calcificados ou lesão única já em fase degenerativa. Em caso de grande número de parasitas viáveis, o tratamento antiparasitário pode ser desaconselhado devido ao risco de repercussões neurológicas pela degeneração maciça dos cistos; nesses casos, pode-se usar dexametasona para diminuir a inflamação
Um paciente de 35 anos, com diagnóstico de HIV e contagem de CD4 de 80 células/mm³, apresenta quadro de cefaleia, febre, confusão mental e hemiparesia direita há uma semana. A RM de crânio mostra múltiplas lesões com realce anelar periférico (“padrão de alvo”), localizadas predominantemente nos núcleos da base, associadas a edema perilesional acentuado.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a neuroinfecção oportunista mais comum neste paciente com HIV e CD4 baixo?
* Como é feito o diagnóstico presuntivo desta condição?
* Descreva as fases de tratamento (indução e manutenção) e quando a TARV pode ser iniciada.
Neuroinfecção Oportunista: Neurotoxoplasmose. É a infecção oportunista mais comum no SNC em pacientes com HIV, geralmente ocorrendo por reativação de infecção latente quando o CD4 < 200 células/mm³.
* Diagnóstico Presuntivo: O diagnóstico é geralmente presuntivo, baseado na combinação de: quadro clínico sugestivo (déficits focais, crise convulsiva, encefalopatia) em paciente com HIV e CD4 baixo, achados de imagem característicos (múltiplas lesões com realce anelar, edema, preferência por núcleos da base) e resposta favorável ao tratamento específico.
* Fases de Tratamento e TARV:
* Fase de Indução: Sulfadiazina 1000mg de 6/6h + Pirimetamina 75mg + Ácido Folínico 10mg. Deve durar 6 semanas ou até desaparecer a captação de contraste na TC.
* Fase de Manutenção: Pirimetamina 25-50 mg/dia + Sulfadiazina 0,5-1g 4x ao dia + Ácido Folínico. Mantida até CD4 > 200 por mais de 6 meses.
* TARV: Pode ser iniciada após 14 dias de tratamento antiparasitário.
Um homem de 42 anos, com história de múltiplos parceiros sexuais e lesão genital ulcerada não tratada há alguns meses, procura atendimento com queixa de febre, mal-estar geral, rash cutâneo difuso e cefaleia. Refere também visão turva e perda auditiva leve. Ao exame, apresenta linfadenomegalia generalizada.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a principal suspeita diagnóstica considerando a história e os achados multissistêmicos?
* Em que fase da doença pode ocorrer o acometimento do SNC e quais são as manifestações neurológicas comuns nesta fase?
* Como é feito o diagnóstico laboratorial da neurossífilis e qual o tratamento de escolha?
Principal Suspeita Diagnóstica: Sífilis, com possível acometimento neurológico (neurossífilis). A história de lesão genital não tratada, seguida por sintomas sistêmicos (febre, MEG, rash, linfoadenomegalia) e neurológicos/sensoriais (cefaleia, sintomas oculares, perda auditiva) é característica da sífilis secundária.
* Fase de Acometimento do SNC e Manifestações: O acometimento do SNC pode ocorrer na fase secundária (4 a 6 semanas após o cancro) e terciária (meses ou décadas). Na fase secundária, as manifestações incluem meningite, neuropatias cranianas, sintomas oculares e perda auditiva neurossensorial.
* Diagnóstico Laboratorial e Tratamento: O diagnóstico da neurossífilis envolve a análise do LCR, com pesquisa de VDRL (que, se positivo, é específico), pleocitose mononuclear e aumento de proteínas. O VDRL sérico é um teste não treponêmico usado para triagem e acompanhamento. O tratamento de escolha para neurossífilis é Penicilina Cristalina 18-24 milhões UI/dia, EV (administrada como 4 milhões UI a cada 4 horas ou por infusão contínua) por 14 a 21 dias.
Um paciente de 45 anos, portador de HIV com CD4 de 50 células/mm³, inicia tratamento para neurocriptococose com anfotericina B e flucitosina. Duas semanas após, apresenta melhora da cefaleia, mas a pressão intracraniana (PIC) medida por punção lombar de controle permanece em 300 mmH₂O, com o paciente referindo piora da acuidade visual.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual é a principal complicação da neurocriptococose que necessita de manejo agressivo, especialmente em pacientes com HIV?
* Como deve ser manejada a hipertensão intracraniana (HIC) persistente neste caso?
* Quando a TARV deve ser idealmente iniciada em pacientes com neurocriptococose?
Principal Complicação: Hipertensão intracraniana (HIC). O aumento da PIC é um fator de pior prognóstico na neurocriptococose e pode levar a sequelas graves como amaurose (cegueira) e surdez.
* Manejo da HIC Persistente: O controle da HIC é crucial. Deve-se realizar punção lombar de repetição se a pressão estiver maior que 25 cmH₂O (no material, a unidade não está clara, mas geralmente é cmH₂O ou mmH₂O, e o valor de referência para normalidade é mais baixo que 25 mmHg) e houver sinais de HIC. Retira-se 20-30ml de LCR. Pode ser necessária a retirada 2x ao dia. Se a pressão persistir elevada por mais de 7-10 dias de punções diárias, deve-se considerar derivação liquórica (ex: DVP).
* Início da TARV: A TARV deve ser iniciada 4-6 semanas após o início do tratamento antifúngico para neurocriptococose. Isso visa evitar a síndrome inflamatória da reconstituição imune (IRIS) precoce, que pode piorar o quadro neurológico.
Um paciente de 28 anos, previamente hígido, é mordido por um cão de rua de comportamento agressivo. Ele lava o ferimento com água e sabão, mas não procura atendimento médico imediato. Três semanas depois, começa a apresentar parestesias e dor no local da mordida, seguidas por febre, agitação psicomotora, hidrofobia e aerofobia.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual a principal suspeita diagnóstica?
* Qual a importância do tratamento pós-exposição e em que ele consiste?
* Qual o prognóstico desta doença após o início dos sintomas e existe algum protocolo de tratamento mencionado no material?
Principal Suspeita Diagnóstica: Raiva. A história de mordida por animal suspeito, seguida por um período de incubação e o desenvolvimento de sintomas neurológicos característicos como parestesias no local da ferida, febre, agitação, hidrofobia e aerofobia são altamente sugestivos de encefalite rábica.
* Importância e Composição do Tratamento Pós-Exposição: O tratamento pós-exposição é crucial para controlar a replicação viral no sítio de inoculação, impedindo que o vírus atinja o SNC. Consiste na administração de vacina antirrábica e, dependendo da gravidade da exposição, imunoglobulina antirrábica.
* Prognóstico e Protocolo: A encefalite por raiva é considerada 100% letal após o início dos sintomas. O início precoce do tratamento (pós-exposição) é de suma importância. O material menciona o “Protocolo Recife” como um caso de cura em 2008, mas ressalta a letalidade da doença estabelecida.
Uma criança de 10 anos apresenta quadro de febre e cefaleia há 3 dias, evoluindo com sonolência e hemiparesia esquerda. A análise do LCR mostra 80 células/µL com predomínio linfomonocitário, proteínas de 60 mg/dL e glicose normal. A PCR para HSV no LCR é negativa. A RM de crânio mostra múltiplas lesões hiperintensas em T2/FLAIR na substância branca subcortical e periventricular, sem realce significativo pelo contraste. A criança teve um quadro de catapora (varicela) há 3 semanas.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Considerando a história recente de varicela e os achados clínicos e de imagem, qual seria uma hipótese diagnóstica de complicação neurológica pós-infecciosa? (Embora não detalhada como entidade separada no PDF, a associação com varicela zoster e lesão encefálica é mencionada).
* No contexto de encefalite por Varicela Zoster (VZV) em imunossuprimidos, como se dá a lesão encefálica?
* Qual o tratamento antiviral indicado se houvesse suspeita de encefalite ativa por VZV?
Hipótese Diagnóstica Pós-Infecciosa: Encefalomielite Disseminada Aguda (ADEM). Embora o PDF não detalhe ADEM, a apresentação de sintomas neurológicos multifocais após uma infecção viral (como varicela) em uma criança, com lesões desmielinizantes na RM, é característica de ADEM. O PDF menciona que na varicela zoster a lesão encefálica pode se dar por vasculite, sem ação direta do vírus, o que pode ser um mecanismo em algumas complicações.
* Lesão Encefálica por VZV em Imunossuprimidos: Em imunossuprimidos com encefalite por Varicela Zoster, a lesão encefálica frequentemente se dá por vasculite, sem ação direta do vírus no parênquima em todos os casos.
* Tratamento Antiviral para Encefalite por VZV: Se houvesse suspeita de encefalite ativa por VZV, o tratamento indicado seria Aciclovir intravenoso, na dose de 10 mg/kg de 8/8h por 14 a 21 dias.
Um paciente de 60 anos, diabético, apresenta-se com cefaleia, febre e confusão mental. A punção lombar revela LCR com 1000 células/µL (95% neutrófilos), proteína de 200 mg/dL e glicose de 20 mg/dL. A cultura do LCR identifica Listeria monocytogenes.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual o tratamento antibiótico empírico que deveria ter sido considerado para este paciente idoso e/ou imunocomprometido, além da cobertura usual para meningite bacteriana? (O PDF menciona Listeria como etiologia de meningite crônica, mas é uma causa importante de MBA em grupos de risco).
* Quais são os fatores de risco para meningite por Listeria monocytogenes?
* O perfil liquórico é compatível com meningite bacteriana aguda?
Tratamento Empírico para Listeria: O esquema empírico para pacientes com mais de 50 anos ou imunocomprometidos deve incluir cobertura para Listeria monocytogenes. O PDF menciona Penicilina G Benzatina no esquema para >50 anos (embora Ampicilina seja o agente classicamente adicionado para Listeria). Listeria também é citada como uma etiologia bacteriana de meningite crônica.
* Fatores de Risco para Listeria: Idade avançada (acima de 50 anos), imunossupressão (incluindo diabetes, quimioterapia, uso de corticosteroides, transplante, HIV), gravidez e neonatos. O PDF cita imunossupressão como fator de risco para meningite crônica, onde Listeria é uma das etiologias.
* Compatibilidade do LCR: Sim, o perfil liquórico com pleocitose neutrofílica acentuada, hiperproteinorraquia e hipoglicorraquia é clássico de meningite bacteriana aguda.
Um paciente com diagnóstico de Sarcoidose apresenta quadro de cefaleia persistente, paralisia facial periférica e alterações visuais há 6 semanas. A RM de crânio mostra realce meníngeo difuso.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* A Sarcoidose pode ser uma causa de meningite crônica?
* Quais outros achados clínicos podem estar presentes em pacientes com meningite crônica devido a doenças inflamatórias como a Sarcoidose?
* Qual o princípio do tratamento para o comprometimento meníngeo em doenças autoimunes sistêmicas?
Sarcoidose e Meningite Crônica: Sim, a Sarcoidose é listada como uma causa inflamatória de meningite crônica.
* Outros Achados Clínicos: Em pacientes com meningite crônica por doenças inflamatórias, podem ocorrer lesões de nervos cranianos (como a paralisia facial), alterações oculares (uveíte, etc.), e em fases tardias, alterações cognitivas e de vias longas.
* Princípio do Tratamento: O tratamento para o comprometimento meníngeo em doenças autoimunes sistêmicas baseia-se na imunossupressão, utilizando corticoides, ciclofosfamida ou rituximab.
Um paciente HIV positivo, com CD4 de 150 células/mm³, refere cefaleia intensa e febre há 3 dias. A punção lombar revela pressão de abertura de 400 mmH₂O, LCR com 30 linfócitos/µL, proteína de 80 mg/dL e glicose de 35 mg/dL. A pesquisa de antígeno criptocócico (CrAg) no LCR foi positiva.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual o diagnóstico e qual a fase inicial do tratamento recomendada?
* Quais são considerados fatores de pior prognóstico na neurocriptococose?
* Além do tratamento antifúngico, qual medida é crucial no manejo inicial deste paciente?
Neurocriptococose. A fase de indução do tratamento recomendada é com Anfotericina B (preferencialmente desoxicolato 0,7mg/kg/dia, conforme o material para HIV) + Flucitosina (100mg/kg/dia) por 2 semanas. Alternativamente, Fluconazol (800mg/dia) pode ser associado à Flucitosina ou usado em combinação com Anfotericina B.
* Fatores de Pior Prognóstico: Aumento da pressão intracraniana e diminuição do número de células no LCR são fatores de pior prognóstico na neurocriptococose.
* Medida Crucial Adicional: O controle da hipertensão intracraniana (HIC) através de punções lombares de repetição é crucial. Se a pressão estiver elevada (o material cita >25, sem unidade clara) e houver sinais de HIC, deve-se retirar 20-30ml de LCR.
Um paciente de 40 anos, sem comorbidades conhecidas, apresenta um quadro de febre, cefaleia e confusão mental que se instalou agudamente. A análise do LCR mostra: pressão de abertura normal, 250 células/µL com predomínio linfomonocitário, proteínas de 80 mg/dL e glicose normal.
* B. Questão(ões) Focada(s):
* Qual o perfil liquórico mais provável: meningite bacteriana aguda ou encefalite/meningite viral? Justifique.
* Na suspeita de encefalite viral, qual o método diagnóstico de escolha para identificar agentes como HSV, VZV, Dengue, Zika e Chikungunya no LCR?
* Quando a pesquisa de anticorpos intratecais tem relevância diagnóstica nas encefalites virais?
Perfil Liquórico: O perfil é mais compatível com encefalite/meningite viral (asséptica). A celularidade é moderada com predomínio linfomonocitário, as proteínas estão levemente aumentadas e a glicose está normal. Na meningite bacteriana aguda, esperar-se-ia pleocitose muito mais acentuada com predomínio neutrofílico, proteínas mais elevadas e hipoglicorraquia.
* Método Diagnóstico de Escolha: A PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) no LCR é o método de escolha para a detecção de HSV, VZV, DENV, ZIKV e CHIKV.
* Relevância dos Anticorpos Intratecais: A produção intratecal de anticorpos específicos ocorre 7 a 10 dias após a infecção do SNC. A pesquisa de anticorpos tem relevância diagnóstica para Sarampo, Rubéola, HSV, VZV, CMV, HTLV-1, vírus JC, DENV, CHIKV
Paciente de 45 anos, vítima de acidente moto x carro sem capacete, apresenta ao exame Glasgow 7 (AO1, RV2, RM4), pupilas anisocóricas com midríase fixa à direita (4/2), PA 190x100mmHg e FC 50bpm.
* a) Qual é a tríade clássica de hipertensão intracraniana (HIC) sugerida pelos sinais vitais deste paciente? [1]
* b) Classifique a gravidade do TCE deste paciente com base na Escala de Coma de Glasgow.
* c) A anisocoria com midríase fixa à direita é um sinal de HIC?
a) A tríade de Cushing, que inclui hipertensão arterial, bradicardia e alteração do ritmo respiratório (neste caso, dispneia com FR=25ipm pode ser considerada uma alteração). [1]
* b) O TCE é classificado como Severo (Glasgow 3-8). [1]
* c) Sim, anisocoria é um sinal clínico de HIC. [1]
Um paciente adulto apresenta um tumor cerebral primário. Estatisticamente, qual é o tipo de tumor benigno mais comum e qual é o tipo de glioma maligno mais comum?
O tumor benigno primário mais comum é o Meningioma. [1]
* O glioma maligno mais comum é o Glioblastoma (originado de astrócitos)
Descreva o formato característico na Tomografia Computadorizada (TC) de um Hematoma Extradural (Epidural) e explique por que ele assume essa forma. Qual artéria é mais comumente lesada neste tipo de hematoma?
O Hematoma Extradural apresenta um formato biconvexo na TC. [1]
* Ele assume essa forma porque é uma lesão extra-axial que respeita as suturas cranianas, onde a dura-máter está inserida. O sangramento ocorre entre a dura-máter e o osso. [1]
* A artéria meníngea média é a mais comumente acometida. [1]
Um paciente de 60 anos apresenta um quadro clínico de HIC, com cefaleia crônica progressiva, vômitos e rebaixamento do nível de consciência. A ressonância magnética (RM) evidencia uma lesão supratentorial com intenso edema peritumoral, com aspecto “em dedos”, e necrose central. Qual o tipo de astrocitoma mais provável e qual a característica do edema visualizado?
O tipo de astrocitoma mais provável é o Grau IV (Glioblastoma), comum nesta faixa etária e com essas características de imagem. [1]
* O edema “com dedos” é característico de edema vasogênico. [1]
Quais são as indicações para realização de Tomografia Computadorizada (TC) de crânio em um paciente com TCE e Glasgow 15, segundo os critérios da NOC (New Orleans Criteria) mencionados no material?
As indicações de TC para Glasgow 15 incluem qualquer um dos seguintes:
* Cefaleia
* Vômitos
* Idade > 60 anos
* Intoxicação por álcool ou drogas
* Amnésia retrógrada (déficit de memória recente)
* Trauma acima da clavícula (trauma craniofacial)
* Crise convulsiva pós-trauma [1]
Paciente jovem (criança) apresenta um glioma localizado na região infratentorial. A imagem de RM mostra uma lesão cística com um nódulo mural captante de contraste. Qual o diagnóstico mais provável e qual o prognóstico geral se a ressecção total for possível?
O diagnóstico mais provável é Astrocitoma Grau I (Astrocitoma Pilocítico), que é o glioma mais comum da criança e frequentemente se localiza na região infratentorial, podendo apresentar nódulo mural. [1]
* O prognóstico é bom. Com a ressecção total, a chance de cura (100% sem recidiva) é ótima.
Um paciente idoso, com história de alcoolismo crônico, sofre uma queda e desenvolve, semanas depois, alteração cognitiva e déficit motor. A TC de crânio revela uma coleção hipodensa em formato côncavo-convexo que não respeita as suturas. Qual o diagnóstico mais provável e qual o tipo de sangramento associado?
O diagnóstico mais provável é Hematoma Subdural Crônico (HSDC). [1]
* O sangramento associado é venoso. [1]
Explique o que é Lesão Axonal Difusa (LAD), qual o mecanismo de trauma tipicamente associado e como costuma ser o achado na TC de crânio inicial.
Lesão Axonal Difusa (LAD) é um tipo de lesão cerebral difusa caracterizada pelo cisalhamento de axônios. [1]
* O mecanismo de trauma tipicamente associado é a aceleração/desaceleração. [1]
* Na TC de crânio inicial, muitas vezes não há alterações significativas ou podem ser vistos apenas pequenos pontos de sangramento esparsos. O rebaixamento do nível de consciência (Glasgow) desproporcional aos achados tomográficos é sugestivo. [1]
Um paciente adulto apresenta crises convulsivas como principal sintoma. A investigação por imagem revela um tumor no hemisfério cerebral, predominantemente frontal, com presença de calcificações. Qual tipo de glioma deve ser considerado e quais os graus OMS para esta neoplasia?
O tipo de glioma a ser considerado é o Oligodendroglioma, que frequentemente se localiza no hemisfério cerebral (frontal > parietal > temporal) e apresenta calcificações, tendo a convulsão como sintoma comum. [1]
* Os graus OMS para o Oligodendroglioma são Grau II (baixo grau) e Grau III (anaplásico - alto grau)