Perguntas APNA Flashcards
(703 cards)
Homem de 54 anos recorre ao Serviço de Urgência por dor torácica retrosternal com irradiação dorsal, muito intensa, e hipersudorese; este quadro teve início há cerca de 30 minutos. Trabalha numa pizzaria local como cozinheiro. Tem como antecedentes pessoais: diabetes tipo 2 mellitus sob tratamento com metformina, hipertensão arterial de grau II em tratamento com ramipril, e hipercolesterolomia em tratamento com atorvastatina. Relativamente aos antecedentes familiares, o seu pai morreu de hemorragia cerebral aos 70 anos e a sua mãe morreu de enfarte agudo do miocárdio aos 52 anos. O seu irmão foi diagnosticado recentemente com um adenocarcinoma gástrico, em estadio avançado. No exame físico destaca-se a presença de um sopro diastólico no bordo esquerdo do esterno e marcada ingurgitação jugular. Adicionalmente, destaca-se a presença de ptose e miose. Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?
A) Síndrome mesencefálica secundária a cardioembolia.
B) Dissecção aguda da aorta.
C) Enfarte agudo do miocárdio da parede ântero-lateral.
D) Choque vasogénico.
E) Derrame pericárdico com tamponamento cardíaco.
B) Dissecção aguda da aorta.
Homem de 66 anos, motorista de elétrico na cidade onde reside, vem à sua consulta por dor retrosternal em aperto sempre que caminha mais rápido. Esta dor irradia para a região cervical e é acompanhada de suores frios, dura cerca de 2-3 minutos e desaparece com o repouso. Apresenta os seguintes antecedentes pessoais: hipertensão arterial (com tensões habituais na ordem dos 160/100 mmHg, não estando medicado para tal), tabagismo pesado até há 3 anos (~80 unidades maço-ano; suspendeu porque um amigo de infância morreu de cancro do pulmão). Há cerca de 40 anos foi operado a uma úlcera péptica, embora não tenhamos relatórios clínicos referentes a essa intervenção. Não consome álcool. O exame físico não demonstra alterações de relevo, tal como o estudo analítico básico solicitado. Qual dos seguintes anti-hipertensores é mais adequado para este paciente?
A) Indapamida.
B) IECA.
C) Amlodipina.
D) Torasemida.
E) Nitroprussiato.
Os fármacos de 1a linha no tratamento da HTA são IECA/ ARA, diurético e BCC. Já os fármacos anti-anginosos de 1a linha são os BB e BCC. Desta forma a resposta mais adequada neste caso seria um BCC (amlodipina), pelo que a alínea certa é a (c).
Um homem de 35 anos recorre ao serviço de urgência do hospital Garcia de Orta, por um quadro de desconforto torácico associado a dispneia, palpitações e mal-estar, com início há cerca de 6 horas. O doente refere episódios semelhantes no passado que resolveram espontaneamente quando sustinha a respiração por uns minutos. O doente nega antecedentes cardíacos ou cirúrgicos, sendo os seus antecedentes médicos pessoais e familiares irrelevantes. O eletrocardiograma realizado na triagem revela uma taquicardia de complexos estreitos com frequência cardíaca de 192/min. Os sinais vitais são pressão arterial de 140/72 mm Hg, temperatura de 37,2°C e saturação periférica de oxigénio de 96% em ar ambiente. Da auscultação cardíaca destaca-se apenas uma taquicardia regular. A auscultação pulmonar é inocente. O restante exame objetivo não revela alterações. O médico responsável decide monitorizar o doente e realizar uma massagem do seio carotídeo, contudo, não se verificou nenhuma alteração aparente no ECG. Qual dos seguintes é o próximo passo mais apropriado na abordagem a este doente?
A) Administrar adenosina endovenosa.
B) Administrar amiodarona endovenosa.
C) Administrar lidocaína endovenosa.
D) Administrar nitrato sublingual.
E) Administrar verapamil por via oral.
(A) Administrar adenosina endovenosa.
Nota: Verapamil - Bloqueador dos canais de cálcio não diidropiridínico com efeito no nódulo auriculoventricular, contudo mais lento quando comparado com a adenosina, sendo considerado 2° linha.
Encontra-se a realizar consultas numa USF quando atende um idoso, do sexo masculino com 87 anos, autónomo e acompanhado pela filha. O doente sofre de hipoacusia marcada, pelo que é a filha que lhe relata que tem antecedentes de “arritmia”, gota, hiperplasia benigna da próstata e neoplasia do cólon transverso, operada há 30 anos e sem posterior recidiva. Refere ainda que o colesterol e a pressão arterial costumam estar “controlados, porque come tudo sem sal”. Encontra-se medicado com dabigatrano 110mg 2id, alopurinol 100mg id, sinvastatina 10mg id e silodosina 4mg id, que cumpre, e sem efeitos adversos detetados. Refere, desde há uns meses, episódios ocasionais de amnésia, sem outros sintomas aparentes. Ao exame objetivo apresenta PA 159/89mmHg, FC 58/min, SpO2 97%, T 36,2ºC, pulsos radiais amplos, simétricos e arrítmicos, auscultação cardíaca com sopro de grau I/VI no foco aórtico, auscultação pulmonar com discretas crepitações em ambas as bases e membros inferiores bem perfundidos e sem edemas.
A) Está perante um doente com Hipertensão Arterial de grau 2.
B) A incidência de hipertensão de bata branca diminui com a idade.
C) O diagnóstico de Hipotensão ortostática é particularmente importante em idosos, e define-se como uma queda de 20mmHg na PA sistólica ou 10mmHg na PA diastólica, após 2 minutos de ortostatismo.
D) Uma vez que se trata de um doente com idade > 85 anos e sem indicação para terapêutica farmacológica, o diagnóstico de Hipertensão arterial é fútil.
E) Está perante um doente com Hipertensão Sistólica isolada de grau 1.
E) Está perante um doente com Hipertensão Sistólica isolada de grau 1 (PA sistólica 140-159mmHg, PA diastólica <90mmHg).
Um homem de 64 anos vem à consulta por dor na “barriga da perna” direita quando sobe rampas e escadas e ao caminhar em terreno plano por mais de 15 minutos. Refere que a dor se torna tão intensa com o esforço que o obriga a parar, melhorando numa questão de minutos. Dos antecedentes pessoais destacam-se diabetes mellitus do tipo 2 em tratamento com metformina e hipertensão arterial em tratamento com ramipril. É fumador de 20 cigarros por dia desde os 25 anos. Ao exame físico objetiva-se uma boa perfusão do pé direito, mas com pulso pedioso diminuido. Qual dos seguintes exames complementares de diagnóstico deve ser solicitado inicialmente para o diagnóstico e valorização da gravidade da doença deste paciente?
A) Arteriografia dos membros inferiores.
B) Índice tornozelo-braço.
C) Tomografia axial computorizada com reconstrução vascular dos membros inferiores.
D) Prova de esforço em tapete rolante.
E) Ressonância magnética.
B) Índice tornozelo-braço.
Um doente do sexo masculino de 69 anos de idade é transportado ao serviço de urgência da sua área de residência por um quadro de palpitações e tonturas de início súbito. O doente estaria sentado no sofá a assistir a um jogo de futebol quando notou palpitações e uma sensação de tontura mesmo sentado. Tentou levantar-se, mas não tolerou o ortostatismo. Nega dor torácica, dispneia, tosse, febre, náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal, vertigem ou visão turva. Como antecedentes pessoais o doente apresenta hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus tipo II e doença arterial periférica. Encontra-se medicado com amlodipina, lisinopril, atorvastatina, metformina, aspirina e cilostazol. Os sinais vitais são temperatura de 35.4°C, pressão arterial de 75/45 mmHg, frequência cardíaca de 130/min e frequência respiratória de 23/min e SpO2 em ar ambiente de 98%. A auscultação cardíaca revela sons cardíacos arrítmicos, sem sopros. A auscultação pulmonar e o restante exame físico não apresentavam alterações de relevo. O doente realizou um eletrocardiograma que demonstrou uma frequência cardíaca 130 batimentos por minuto, ritmo irregular, ausência de ondas P e complexos QRS estreitos. Qual o próximo passo mais adequado na abordagem deste doente?
A) Ecocardiograma transtorácico.
B) Cateterismo coronário.
C) Cardioversão elétrica.
D) Administrar adenosina.
E) Administrar flecainida.
C) Cardioversão elétrica.
Um refugiado sírio de 34 anos recorre à consulta por queixas de fraqueza dos membros inferiores. Queixa-se que quando sobe a rua sente dor gemelar que o força a parar. Não encontra registos clínicos do doente e tem dificuldade em entender os seus antecedentes médicos. Os sinais vitais são temperatura 37ºC, frequência respiratória 13 /min, frequência cardíaca 78 /min e tensão arterial de 126/89 mmHg. As saturações, medidas no indicador esquerdo, são 93%. O doente encontra-se confortável, anictérico e acianótico, sem dispneia. A auscultação cardíaca revela um quarto som, sem sopros evidentes. A auscultação pulmonar revela murmúrio vesicular mantido, sem ruídos adventícios. O abdómen está mole e depressível, indolor à palpação. Os pulsos radiais são palpáveis bilateralmente e são assimétricos, amplos, rítmicos e regulares. Os pulsos pediosos são palpáveis bilateralmente e são simétricos, pouco amplos, rítmicos e regulares. Qual é a causa mais provável para as queixas do doente?
A) Coartação da aorta.
B) Compressão medular.
C) Estenose do canal lombar.
D) Estenose significativa de artérias dos membros inferiores.
E) Oclusão de vasos no membro inferior.
A) Coartação da aorta.
Um homem de 33 anos de idade, saudável, recorre a uma consulta com o seu médico de família por cansaço de agravamento progressivo nos últimos meses. Há 6 meses começou a praticar natação três vez por semana, mas tem notado alguma dificuldade em manter o rendimento. Refere dispneia e desconforto torácico, sem dor franca e sem irradiação, que o impossibilitam de terminar o treino. Atualmente, estes sintomas têm inclusive vindo a afetar as atividades do seu dia-a-dia. Nega febre ou tosse com expetoração. Nega alergias ou desencadeantes associados. Ao exame objetivo, sente-se um choque de ponta desviado para a direita e observa-se edema bimaleolar simétrico com sinal de godet, sem sinais inflamatórios associados. O médico assistente decide solicitar vários meios complementares de diagnóstico para esclarecimento etiológico, dos quais se destacam: Ecocardiograma: “Dilatação cavidades cardíacas direitas, com hipertrofia do ventrículo direito, ligeiro desvio do septo interventricular para a esquerda, sem disfunção valvular, sem alterações das cavidades cardíacas esquerdas, sem derrame pericárdico associado. Pressão arterial pulmonar média de 31 mm Hg.” Cateterismo cardíaco direito: “Pressão arterial pulmonar média 31 mm Hg, pressão de encravamento capilar pulmonar 13 mm Hg, resistência vascular periférica 5 UW. Teste de resposta hemodinâmica com bloqueador dos canais do cálcio - pressão arterial pulmonar média 28 mm Hg, sem diminuição do débito cardíaco.” Qual o tratamento mais indicado neste doente?
A) lloprost inalado.
B) Epoprostenol ev.
C) Prostaciclina ev.
D) Transplante cardíaco.
E) Amlodipina oral.
A) lloprost inalado.
Um homem de 68 anos recorre à consulta de cardiologia por uma dor torácica de esforço com 3 meses de duração. Ele descreve a dor como uma pressão retrosternal sem irradiação, que ocorre quando caminha um a dois quarteirões de manhã, e resolve com repouso ou com a toma de nitroglicerina sublingual. O doente nega qualquer sintoma quando está em repouso. Da sua história médica destacam-se um enfarte agudo do miocárdio sem supra-ST há 3 anos, hipertensão e dislipidemia. A sua medicação habitual inclui aspirina 150 mg, metoprolol 50 mg e sinvastatina 20 mg. Adicionalmente, tem prescrito dinitrato de isossorbida e nitroglicerina em SOS. Os sinais vitais são temperatura 36,5ºC, frequência respiratória 12/min, frequência cardíaca 80/min e pressão arterial 150/85 mm Hg. Ao exame físico, a auscultação pulmonar é inocente e com tons claros, a auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes, sem extrassons ou sopros cardíacos. O restante exame físico encontra-se dentro dos padrões da normalidade. O cardiologista realiza um eletrocardiograma que demostra um ritmo sinusal, sem sinais de hipertrofia do ventrículo esquerdo, e ausência de alterações no segmento ST, nas ondas T e sem a presença de ondas Q. Qual dos seguintes passos é o mais adequado na gestão deste doente?
A) Adicionar diltiazem.
B) Adicionar ranolazina.
C) Titular o metoprolol.
D) Realizar uma angiografia coronária.
E) Substituir metoprolol por atenolol.
C) Titular o metoprolol.
Qual das seguintes afirmações relativas à miocardiopatia restritiva é FALSA?
A)A congestão venosa sistémica pode predominar sobre a pulmonar.
B) Tem, por norma, um prognóstico desfavorável.
C) Associa-se a um movimento sistólico anterior da válvula mitral.
D) A amiloidose cardíaca é a causa mais frequente deste tipo de miocardiopatia.
E) Normalmente, o pulso venoso jugular mostra ondas “x” e “y” profundas.
C) Associa-se a um movimento sistólico anterior da válvula mitral.
O movimento anterior da válvula mitral (SAM) está associado não a miocardiopatia restritiva mas sim a estenose subvalvular aórtica, designadamente sob a forma de miocardiopatia hipertrófica.
Um paciente do sexo masculino de 57 anos de idade vem ao consultório médico por dispneia para esforços mínimos e ortopneia, obrigando-o a dormir com 4 almofadas. Apresenta uma história de tosse e expetoração matutina desde há cerca de 6 anos, não estudadas até ao momento, porque não recorreu aos cuidados de saúde. Fuma 10 cigarros por dia há 40 anos (inicialmente fumava 20 cigarros por dia, mas tem vindo a reduzir o consumo nos últimos 5 anos). Nega antecedentes médico-cirúrgicos relevantes. Nega estar sob medicação regular, excepto lorazepam em SOS para dormir. Os sinais vitais são frequência cardíaca 120/min e pressão arterial 180/100 mm Hg. Ao exame físico, apresenta uma pressão venosa normal. À auscultação pulmonar ouvem-se crepitações bibasais e a auscultação cardíaca é rítmica e revela um sopro sistólico de ejeção I/VI no foco aórtico e um terceiro som. O ECG mostra um ritmo sinusal e critérios de hipertrofia ventricular esquerda. Qual dos seguintes diagnósticos é o mais provável?
A) Insuficiência cardíaca congestiva em paciente com DPOC.
B) Insuficiência cardíaca de etiologia valvular (estenose aórtica).
C) Insuficiência cardíaca de etiologia isquémica.
D) Insuficiência cardíaca de etiologia hipertensiva.
E) Cor pulmonale crónico.
D) Insuficiência cardíaca de etiologia hipertensiva.
Um homem de 75 anos vem ao serviço de urgência por notar os membros inferiores e o abdómen aumentados de volume de forma significativa nos últimos dias. A história médica revela hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e enfarte agudo do miocárdio há dois anos, motivo pelo qual mantém seguimento regular em consulta hospitalar. A medicação habitual inclui furosemida, valsartan, ácido acetilsalicílico, bisoprolol, metformina e rosuvastatina. É fumador de 60 UMA. Os sinais vitais são temperatura 36,5°C, frequência respiratória 16/min, frequência cardíaca 58/min e pressão arterial 124/78 mm Hg. Ao exame físico está lúcido e colaborante, eupneico, com as mucosas coradas e hidratadas. A auscultação cardíaca revela S1 e S2 presentes sem sopros. A auscultação pulmonar revela escassas crepitações bibasais, sem broncospasmo. O abdómen está muito distendido, com sinal da onda líquida presente. Existem edemas depressíveis muito marcados dos membros inferiores acima dos joelhos. Os resultados dos estudos analíticos iniciais revelam: Soro Creatinina 1,9 mg/dL Glucose 104 mg/dL ALT 30 U/L AST 20 U/L Troponina I 4 ng/mL Sangue Hemoglobina 14,2 g/dL Leucócitos 4 500/mm³. Qual das seguintes alternativas é o próximo passo mais adequado na gestão deste doente?
A) Administrar furosemida endovenosa.
B) Enviar para hemodiálise.
C) Repetir doseamento sérico de troponina I.
D) Solicitar eletrocardiograma.
E) Solicitar raio-X do tórax.
D) Solicitar eletrocardiograma.
Uma mulher de 72 anos com antecedentes de diabetes mellitus e enfarte do miocárdio há um ano, tem uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 30%. Está habitualmente medicada com aspirina, furosemida (20 mg/dia) e captopril (25 mg/dia). Apresenta-se na sua consulta por dispneia para pequenos esforços (50 metros em plano). O exame físico é compatível com insuficiência cardíaca, predominantemente direita. TA: 140/70 mmHg. FC: 70 bpm. Qual das seguintes intervenções é de maior prioridade do ponto de vista da melhoria do seu prognóstico?
A) Trocar o captopril pelo lisinopril (20 mg/dia).
B) Iniciar o tratamento com digoxina (0,25 mg/dia).
C) Iniciar o tratamento com espironolactona (25 mg/dia).
D) Iniciar o tratamento com bisoprolol (1,25 mg/dia).
E) Iniciar o tratamento com sinvastatina (40 mg/dia).
D) Iniciar o tratamento com bisoprolol (1,25 mg/dia).
RELEMBRAR:
Fármacos que aumentam a sobrevivência na insuficiência cardíaca? IECA (ou ARA II), betabloqueantes, espironolactona e sacubitril/valsartan;
Fármacos que aumentam a sobrevivência pós-enfarte? AAS, IECA (ou ARA II), betabloqueantes, estatinas (e recentemente, eplerenona).
Recebe pela primeira vez na consulta de cardiologia um paciente do sexo masculino com 28 anos de idade e antecedentes pessoais de morte súbita. Traz informação clínica da família que revela que a mãe e o avô materno foram diagnosticados com miocardiopatia hipertrófica obstrutiva e que a sua mãe é portadora de um desfibrilhador automático implantável após uma paragem cardiorrespiratória em contexto de fibrilhação ventricular há 5 anos. O rapaz nega medicação habitual e nega episódios de perda de consciência durante os esforços, toracalgia, dispneia de esforço ou outras queixas. Refere que joga numa equipa de futebol há 5 anos. Pede-lhe um estudo genético e um ecocardiograma que confirmam o diagnóstico de miocardiopatia hipertrófica obstrutiva. Recomenda-lhe que não faça exercício de alta intensidade para reduzir o risco de morte súbita. Ao exame objetivo, deteta um sopro sistólico de ejeção no bordo esternal esquerdo que reflete a obstrução dinâmica no trato de saída do ventrículo esquerdo. Qual a manobra que esperaria reduzir a intensidade do sopro e confirmar a suspeita diagnóstica?
A) Realização de manobra de Valsalva.
B) Administração de dinitrato de isossorbido.
C) Perfusão de isoproterenol
D) Realização de exercício
E) Decúbito dorsal com elevação dos membros inferiores
E) Decúbito dorsal com elevação dos membros inferiores.
RECORDAR:
Na miocardiopatia hipertófica há aumento do gradiente na camâra de saída do VE e aumento da intensidade do sopro sempre que se diminui a pré-carga (manobra de valsalva, ortostatismo), diminui a pós-carga (exercício isotónico, nitratos) assim como quando se aumenta a contratilidade (inotrópicos positivos). Pelo contrário, diminui o gradiente e por isso diminui o sopro: o que aumenta a pré-carga (posição de cócoras, decúbito dorsal com pernas elevadas, aumento de volémia) e o que aumenta a pós-carga (exercício isométrico, fenifefrina).
Um homem de 18 anos recorre ao serviço de urgência por episódio de síncope seguida de convulsões e posterior recuperação espontânea de consciência. Refere que, antes do início deste episódio, estava a correr e teve sensação de «coração aos saltos». Diz ter tido alguns episódios prévios similares, nos últimos dois meses, que não valorizou. A história médica revela diminuição da acuidade auditiva bilateral e distúrbio do sono desde há um ano. A medicação habitual inclui amitriptilina 10 mg/dia, desde há três meses. Refere consumo ocasional de canabinoides. A auscultação cardíaca e pulmonar e restante exame do tórax encontram-se dentro dos parâmetros de normalidade. O eletrocardiograma revela os achados apresentados na figura seguinte. O raio-X do tórax encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade. Qual das seguintes alternativas é a explicação mais provável para o quadro clínico do doente?
A) Consumo de antidepressivo tricíclico.
B) Consumo de canabinoides.
C) Epilepsia inaugural.
D) Síndrome de Alport.
E) Síndrome de QT longo congénito.
E) Síndrome de QT longo congénito.
Uma mulher de 33 anos vem ao serviço de urgência por história de cefaleia severa com duas horas de evolução. Nega dispneia, desconforto, dor torácica ou confusão. A história médica revela hipertensão refratária à medicação. Encontra-se medicada habitualmente com amlodipina e hidroclorotiazida e recentemente iniciou tratamento com enalapril. Não há história familiar de hipertensão. Ela tem 172 cm de altura e pesa 68 kg; IMC 23 kg/m². Os sinais vitais são temperatura 36,5°C, frequência respiratória 20/min, frequência cardíaca 88/min, regular, e pressão arterial 220/135 mm Hg, bilateralmente; SpO? 98 % (ar ambiente). A fundoscopia não revela hemorragia retiniana ou edema da papila. A auscultação cardíaca e pulmonar encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade. O abdómen é mole, não distendido, indolor, sem hepatoesplenomegalia, com um sopro sistodiastólico audível na região periumbilical esquerda; os ruídos hidroaéreos estão presentes. O exame neurológico não revela alterações da força muscular, da sensibilidade ou dos pares cranianos. Está orientada no espaço e no tempo. A marcha é normal. O restante exame físico encontra-se dentro dos parâmetros de normalidade. Qual das seguintes alternativas é a causa mais provável para a hipertensão severa desta doente?
A) Aterosclerose.
B) Coartação vascular.
C) Displasia fibromuscular.
D) Hipersecreção autónoma de aldosterona.
E) Secreção excessiva de catecolaminas.
C) Displasia fibromuscular. Trata-se de uma doente jovem já medicada com três fármacos para Hipertensão Arterial, e que recorre ao serviço de urgência por nova crise hipertensiva que, face à presença de cefaleias, poderá ser classificada como emergência hipertensiva. A hipertensão arterial resistente, numa doente jovem, deve apontar para causas secundárias de HTA. Nesta doente, na presença de um sopro diastólico na região umbilical, a nossa suspeita deve dirigir-se para o diagnóstico de Hipertensão Renovascular. Tratando-se de uma mulher jovem (<40 anos) sem outros fatores de risco CV, a maior probabilidade é que a obstrução da artéria renal ocorra por Displasia Fibromuscular e não por aterosclerose.
Mulher de 44 anos, secretária num escritório, com síndrome do intestino irritável e hipercolesterolemia familiar. A doente está cronicamente medicada com sinvastatina. Não tem antecedentes de outra doença cardíaca ou problemas broncopulmonares. O pai da senhora faleceu aos 71 anos, na sequência de cancro colorrectal; não existem outros antecedentes familiares de interesse. Foi diagnosticada, há uma semana, com cardiomiopatia hipertrófica na sequência de uma avaliação de rotina pelo Médico da Empresa, confirmada por um Cardiologista, que constatou a presença de um sopro mesossistólico, que aumentava com a realização da manobra de Valsalva, tinha irradiação para a região carotídea e era acompanhado por um S4 (quarto som cardíaco). Realizou ainda um ecocardiograma que revelou um gradiente subaórtico de 90 mmHg. Foi-lhe pedido também um teste genético. Como sintomas, a doente apresenta palpitações auto-limitadas (que a incomodam e preocupam na última semana, provavelmente por estar mais alerta para esse facto). Não tem dispneia, síncope, sintomas vegetativos, dor precordial ou outra sintomatologia. Realizou ainda um registo holter que revelou períodos de taquicardia irregular, na ordem dos 140 bpm, sem ondas P, classificados como períodos de fibrilhação auricular paroxística. Qual dos seguintes é o medicamento mais adequado para evitar estes episódios?
A) Amiodarona.
B) Flecainida.
C) Digoxina.
D) Propafenona.
E) Isoprenalina.
A) Amiodarona.
Um homem de 85 anos recorre ao consultório médico referindo que desde há alguns meses tem dispneia e fadiga para grandes esforços. Adiciona que, esta semana ao subir uma rampa, perdeu subitamente a consciência, tendo recuperado a mesma alguns segundos depois. Sem antecedentes pessoais de relevo. Os sinais vitais são temperatura 37,2ºC, frequência cardíaca 75/min e pressão arterial 100/60 mm Hg. À auscultação cardíaca ouve-se um sopro mesossistólico de grau III com irradiação ascendente ao longo das carótidas. Relativamente à patologia de que suspeita qual das seguintes afirmações é correta relativamente ao prognóstico e seguimento deste paciente?
A) Antes de planear um tratamento não é necessário realizar uma coronariografia.
B) O prognóstico de vida deste paciente sem qualquer tratamento é de 10 anos, desde o momento do diagnóstico.
C) Deve recomendar-se ao paciente evitar o exercício físico excessivo.
D) Neste paciente é possível optar por tratamento cirúrgico ou percutâneo pesando os riscos e comorbilidades do doente.
E) Antes de planear um tratamento não é necessário realizar um ecocardiograma.
D) Neste paciente é possível optar por tratamento cirúrgico ou percutâneo pesando os riscos e comorbilidades do doente.
(Estenose aórtica)
Um senhor de 76 anos, autónomo para as atividades da vida diária, vem à sua consulta com queixas de tonturas quando se levanta, tendo já tido uma queda numa dessas ocasiões. As tonturas surgem quando se levanta de uma cadeira ou da cama. O doente refere também dispneia e episódios de angina para esforços moderados com alguns meses de evolução. O senhor tem sido saudável e não toma nenhuma medicação diariamente.Ao exame objetivo, temperatura 36,1ºC, frequência cardíaca 68 batimentos/min, frequência e pressão arterial 134/72 mmHg, não havendo redução significativa com ortostatismo. À auscultação cardíaca, sopro mesossistólico III/VI, mais audível no foco aórtico, sem irradiação.O ecocardiograma realizado mostra uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 55%, área da válvula aórtica de 0,8cm2.Qual dos seguintes é o próximo passo mais adequado?
A) Vigilância com ecocardiograma de 6 em 6 meses.
B) Tratamento médico.
C) Coronariografia.
D) Tratamento cirúrgico com substituição valvular.
E) Implantação de válvula protésica por via percutânea.
C) Coronariografia.
Quando os doentes vão ser sujeitos a cirurgia valvular devem fazer coronariografia antes para decidir se é necessário realizar bypass coronário também.
Uma mulher de 62 anos de idade recorreu ao serviço de urgência por dor torácica opressiva com 90 minutos de evolução e com componente vagal associada (náuseas e sudorese profusa). É fumadora de 10 cigarros por dia há mais de 40 anos. Tem antecedentes de hipertensão arterial medicada com hidroclorotiazida 25 mg às refeições. Sem outros antecedentes médicos relevantes. Sem alergias medicamentosas conhecidas. O eletrocardiograma à admissão mostra elevação do segmento ST em II, III e aVF. É instituída terapêutica antitrombótica e submete-se a doente a uma angioplastia coronária percutânea primária com implantação de stent revestido sobre a artéria coronária direita, que se encontrava ocluída desde o segmento proximal. A doente encontra-se agora hipotensa, com valores de tensão arterial de 85/50 mmHg, frequência cardíaca de 70 bpm. Ao exame físico apresenta importante ingurgitamento venoso jugular e auscultação pulmonar com murmúrio vesicular mantido, simétrico e sem ruídos adventícios. O eletrocardiograma é normal. É rapidamente transferida para a Unidade de cuidados intensivos coronários. Que tratamento começaria neste momento, tendo em conta o quadro clínico apresentado pela doente?
A) Administração de terapêutica diurética endovenosa.
B) Administração de nitratos em perfusão endovenosa.
C) Fluidoterapia intensiva com cristaloides.
D) Implantação de balão de contrapulsação aórtico.
E) Realização de nova coronariografia urgente, perante a suspeita de trombose do stent.
C) Fluidoterapia intensiva com cristaloides.
Um paciente de 67 anos apresenta-se no SU por dispneia de agravamento progressivo que o impossibilita de dormir. Como antecedentes tem uma insuficiência cardíaca crónica secundária a cardiomiopatia dilatada idiopática, com disfunção ventricular esquerda severa (Fej 20%). Ao exame físico apresenta uma pressão arterial de 115/79 mmHg, uma frequência cardíaca de 80 bpm e uma frequência respiratória de 20 cpm. Apresenta distensão venosa jugular e edemas bimaleolares. À auscultação cardíaca e pulmonar verifica-se a presença de crepitais bibasais e de um S3. Das medicações abaixo listadas, qual delas não apresenta eficácia em doentes com a apresentação acima mencionada?
A) Carvedilol.
B) Furosemida.
C) Espironolactona.
D) Perindopril.
E) Verapamil.
E) Verapamil.
Lembre-se de que os bloqueadores dos canais de cálcio são contra-indicados no tratamento da insuficiência cardíaca.
Um homem de 72 anos recorre ao serviço de urgência do hospital da sua área de residência por dor pré-cordial intensa com 2 horas de evolução. Tem antecedentes de hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2 há 15 anos, e fuma um maço de cigarros por dia há mais de 40 anos (40 UMA). Adicionalmente, tem história de acidente vascular cerebral com parésia residual do braço esquerdo há 4 meses. Enconta-se medicado com ácido acetilsalicílico, lisinopril, hidroclorotiazida e metformina. O doente tem 170 cm de altura e pesa 90Kg; IMC 31,1 Kg/m2. Os sinais vitais são temperatura auricular 37,1ºC, SpO2 (aa) 95%, frequência cardíaca 123/min e pressão arterial 80/46 mm Hg. Ao exame físico apresenta pele fria e sudorética. O eletrocardiograma revela uma elevação marcada do segmento ST nas derivações V1-V6, I e aVL. Qual dos seguintes tratamentos de reperfusão coronária é o mais adequado para este doente?
A) Fibrinólise sistémica imediata.
B) Transferência imediata para um centro terciário para tratamento com fibrinólise.
C) Transferência imediata para um centro terciário para revascularização percutânea.
D) Estabilização hemodinâmica e diferir o procedimento de revascularização.
E) Tratamento imediato com fondaparinux e abciximab.
C) Transferência imediata para um centro terciário para revascularização percutânea.
Os pacientes em Killip III-IV, independentemente do tempo de transferência, devem ser submetidos preferencialmente a angioplastia percutânea em vez de fibrinólise. Para além disso, o paciente sofreu um AVC há menos de 6 meses, o que contra-indica a fibrinólise.
Um homem de 65 anos de idade recorre ao serviço de urgência do hospital da sua área de residência devido a fadiga e dispneia com o esforço com dois meses de evolução. Refere também aumento ponderal, edema dos membros inferiores e ortopneia com três semanas de evolução. Como antecedentes pessoais tem síndrome da apneia do sono, hipertensão arterial, enfarte agudo do miocárdio com elevação do segmento ST há 10 anos, diabetes mellitus tipo II e dislipidemia. Como medicação habitual toma captopril, bisoprolol, furosemida, aspirina, dapagliflozina e atorvastatina. Não alterou recentemente a medicação. É ex-fumador de 45 UMA, consume cerca de 65 gramas de álcool por dia e consumiu heroína entre há cerca de 35 anos. Os sinais vitais temperatura de 37.0ºC, pressão arterial de 147/97 mmHg, frequência cardíaca de 110/min, arrítmico, e frequência respiratória de 18/min. Ao exame objetivo a auscultação pulmonar demonstra diminuição do murmúrio vesicular na base pulmonar direita e crepitações bibasais. A auscultação cardíaca é arrítmica sem outras alterações de relevo. A pressão venosa jugular é de 15 cm de água e há refluxo hepatojugular. No exame abdominal identifica-se ascite. Apresenta também edemas nos membros inferiores até nível do joelho bilaterais com sinal de Godet. O hemograma, estudo analítico e exame sumário de urinária realizados não apresentam alterações de relevo. Qual a causa mais provável para o edema do doente?
A) Doença hepática crónica descompensada.
B) Síndrome nefrótico.
C) Efeito secundário de fármacos.
D) Insuficiência cardíaca descompensada.
E) Trombose venosa profunda.
D) Insuficiência cardíaca descompensada.
Nota: Caso se tratasse de uma doença hepática crónica a pressão venosa central estaria normal ou baixa.
Atende um paciente do sexo masculino, com 39 anos de idade, que recorreu ao serviço de urgência do hospital distrital onde trabalha por um quadro de dor torácica intensa, de início brusco, com cerca de 45 minutos de evolução. Durante a colheita da anamnese o doente refere ainda dispneia de esforço com alguns meses de evolução, bem como episódios de dor torácica do “tipo aperto” autolimitados que surgem com esforço. Trata-se de um paciente previamente saudável, cuja única medicação habitual é amlodipina 5mg ao pequeno almoço prescrita pelo médico da saúde ocupacional após deteção de hipertensão arterial em avaliação de rotina. Os sinais vitais são: TA 115/40 mmHg, FC 90bpm, e saturações periféricas por oximetria de pulso entre 98-99% em ar ambiente. A auscultação cardíaca é rítmica, sem sopros. Opta por lhe pedir exames complementares de diagnóstico, incluindo uma radiografia de tórax (que se encontra na imagem) e um eletrocardiograma. O ECG deteta ritmo sinusal, com infradesnivelamento do segmento ST em DI, aVL, V5 e V6. Analiticamente destaca-se elevação de troponina 1370 pg/ml. Qual das seguintes é a abordagem mais adequada?
A) Realização de ecocardiograma transtorácico.
B) Realização de coronariografia urgente.
C) Realização de tomografia computarizada de tórax.
D) Realização de ecocardiograma transesofágico.
E) Iniciar tratamento betabloqueante.
E) Iniciar tratamento betabloqueante.