Teoria do Erro Flashcards
(65 cards)
O que é o erro no Direito Penal?
Falsa percepção da realidade, que pode recair sobre a realidade fática (mundo natural) ou jurídica (dogmática jurídico-penal).
Qual é a diferença entre erro de tipo e erro de proibição?
Erro de tipo recai sobre elementos constitutivos do crime (exclui o dolo). Erro de proibição recai sobre a ilicitude do fato (exclui a culpabilidade).
O que diz o Art. 20 do CP sobre o erro de tipo?
Exclui o dolo, mas permite punição por crime culposo, se previsto em lei.
Qual a diferença entre erro de tipo essencial escusável e inescusável?
- Escusável (invencível): Não pode ser evitado (exclui dolo e culpa; fato atípico).
- Inescusável (vencível): Pode ser evitado (exclui só o dolo; mantém culpa se prevista).
Cite um exemplo de erro de tipo essencial escusável.
Caçador que, em selva densa à noite, atira em vulto pensando ser um animal, mas mata outro caçador.
Qual o critério para avaliar se um erro é vencível ou invencível?
Critério do homem médio (se uma pessoa comum, na mesma situação, evitaria o erro).
No caso do ‘estupro culposo’ (Mariana Ferrer), por que o agente foi absolvido?
Houve erro de tipo vencível sobre o consentimento, mas como não existe estupro culposo, o fato foi atípico.
O erro de tipo pode recair sobre elementos subjetivos especiais do tipo penal?
Não. Só incide sobre elementos objetivos do tipo (descritivos ou normativos).
Em que situação um erro de tipo escusável não resulta em atipicidade total?
Quando há desclassificação para outro crime (ex.: erro sobre função pública descaracteriza desacato, mas mantém injúria).
É possível erro de tipo no crime de estupro de vulnerável?
Sim, se o agente, por erro justificado, acreditar que a vítima tem 14 anos ou mais
O que é erro de tipo acidental?
Erro sobre circunstâncias secundárias do tipo (não exclui o dolo). Ex.: Errar o valor do objeto furtado.
Como o erro de tipo essencial se aplica aos crimes omissivos impróprios?
Ocorre quando o agente não percebe os pressupostos fáticos do dever legal de agir (ex.: salva-vidas que acha que a vítima está brincando, mas ela se afoga).
Divergência: Alguns doutrinadores exigem culpa consciente (agente prevê o risco, mas confia equivocadamente). Outros aplicam o critério objetivo (homem médio). Posição brasileira (STJ): Adota o critério objetivo (Art. 13, § 2º, CP).
Qual artigo do CP trata do dever de agir em crimes omissivos?
Art. 13, § 2º, CP. O dever de agir é elemento normativo do tipo (não basta a mera posição de garantidor).
O que é erro de tipo acidental e qual sua consequência jurídica?
Erro sobre circunstâncias secundárias do tipo (ex.: valor do objeto furtado).
Efeito: Não exclui o dolo (agente responde pelo crime). Exemplo: Confundir marca de produto furtado (Gucci x falsificação) não descaracteriza o furto.
Qual a diferença entre erro de tipo essencial e acidental?
Essencial: Erro sobre elementos constitutivos do tipo (exclui dolo). Acidental: Erro sobre elementos não essenciais (não exclui dolo).
Posição brasileira: Segue a teoria finalista (dolo no tipo penal).
O que é error in objecto e qual teoria o Brasil adota?
Erro sobre o objeto material do crime (ex.: furto de bolsa falsa, pensando ser original).
Divergência: Teoria da concretização: Considera o objeto efetivamente atingido. Teoria da equivalência: Considera o objeto pretendido. Posição brasileira (STJ): Teoria da concretização (responde pelo objeto real).
Qual a consequência se o agente, por erro, danificar objeto próprio?
Fato atípico (não viola o princípio da alteridade – não há lesão a terceiro).
Exemplo: Derramar água no próprio computador pensando ser de outro (não há crime).
O que diz o Art. 20, § 3º, CP sobre o erro quanto à pessoa?
Regra: Não isenta de pena. Critério: Consideram-se as qualidades da vítima virtual (pessoa que o agente queria atingir).
Exemplo: Matar irmã gêmea pensando ser a esposa → responde por feminicídio.
Qual a diferença entre error in persona e aberratio ictus?
Error in persona: Erro na identificação da vítima (ex.: confundir irmãos gêmeos). Aberratio ictus: Erro na execução (atinge pessoa diversa por falha na ação).
Posição brasileira: Ambas seguem a teoria da equivalência (Art. 73, CP).
Como o agente responde no aberratio ictus de unidade simples?
Teoria da equivalência (Art. 73, CP): Responde como se tivesse atingido a vítima virtual.
Exemplo: Atira em A, mas mata B → responde por homicídio de A.
Como o STJ trata o aberratio ictus de unidade complexa (atinge vítima real + virtual)?
STJ: Dolo se estende à segunda vítima (responde por dois crimes dolosos em concurso formal).
Divergência doutrinária: Parte da doutrina defende culpa para a vítima real (se previsível). Posição brasileira: STJ, em alguns julgados, rejeita a culpa, aplicando dolo integral.
Qual a diferença entre aberratio ictus e aberratio criminis?
Aberratio ictus: Erro sobre pessoa (mesmo bem jurídico). Aberratio criminis: Erro sobre bem jurídico (resultado diverso do pretendido – Art. 74, CP).
Como o agente responde no aberratio criminis de unidade simples?
Resultado mais grave: Responde por culpa (se previsto, ou tentativa do original). Resultado menos grave: Responde pelo crime tentado original.
Exemplo: Quer quebrar vidro (dano), mas mata pessoa → homicídio culposo.
O que é aberratio causae e como o Brasil resolve?
Resultado ocorre por nexo causal diverso do planejado (ex.: jogar vítima no mar para afogar, mas ela morre por traumatismo na queda).
Divergência: Alguns aplicam o nexo pretendido. Outros adotam o nexo real. Posição brasileira (STJ): Teoria da concretização (responde pelo nexo efetivo).