Visão Flashcards
(34 cards)
Como define Olho?
O olho é o conjunto do globo ocular e do nervo óptico, ao qual estão anexos outros conjuntos de estruturas (ex: aparelhos palpebral e lacrimal) localizadas no interior das cavidades orbitárias.
Globo Ocular
O globo ocular é irregularmente esférico, já que na sua porção anterior apresenta uma pequena saliência em segmento de esfera. Apresenta um eixo ântero-posterior que une os pólos anterior e posterior, e um equador, perpendicular ao eixo AP, a igual distância dos 2 pólos, que divide o olho em hemisférios anterior e posterior. Os meridianos são círculos paralelos ao eixo AP, que passam nos 2 pólos. O globo ocular encontra-se na região anterior da cavidade orbitária, transpondo-a ligeiramente para a frente, relacionando-se com as pálpebras. Está mais próximo da parede lateral da cavidade do que das restantes, no entanto está separado de todas elas por tecido adiposo e pelos músculos extrínsecos do olho. Os eixos AP dos 2 olhos são paralelos e os eixos das cavidades orbitárias formam um ângulo de 45º e o ângulo entre o eixo do olho e o da respetiva cavidade é 23º.
O globo ocular é constituído por 3 túnicas concêntricas:
Membrana Externa ou Fibrosa (esclerótica + córnea);
Membrana Média, Músculo-Vascular ou Úvea (coróideia + zona ciliar + íris);
Membrana Interna ou Nervosa (retina).
Estas 3 túnicas dispõem-se em torno da cavidade do globo ocular, sendo esta cavidade preenchida pelos meios transparentes do olho:
Cristalino, posteriormente à íris;
Humor Aquoso, entre a córnea, anteriormente, e o cristalino, posteriormente;
Corpo Vítreo, posteriormente ao cristalino, até à retina.
Membrana Fibrosa
A membrana fibrosa é o conjunto de estruturas que formam o esqueleto do globo ocular que, quando túrgido devido à pressão intraocular, dá forma globo ocular. É muito resistente e pouco extensível, sendo constituída por 2 porções, a esclerótica e a córnea.
Esclerótica
A esclerótica é resistente e inextensível, constituindo os 5/6 posteriores da membrana fibrosa. A sua superfície externa é lisa, branca e opaca, impedindo a entrada de luz no globo ocular senão pela córnea e pupila. Apresenta, também, as inserções tendinosas dos músculos extraoculares e adere à fáscia que reveste o globo ocular. Anteriormente e na periferia da córnea, é revestida por conjuntiva, que se reflete para a face posterior das pálpebras. A esclerótica funciona como uma túnica de passagem a estruturas que suprem as porções mais profundas do globo ocular. Assim, apresenta vários foramens:
• Foramens posteriores são os do nervo óptico (ínfero-medialmente ao pólo posterior do globo ocular) e dos vasos e nervos ciliares (curtos e longos). No ponto de emergência do II par, a esclerótica divide-se em 2 camadas: a camada externa, que se projeta para trás e se continua com a dura-máter que reveste o II par; e a camada interna que se especializa e forma a lamina crivosa da esclerótica. Esta lamina é atravessada por vários foramens que dão passagem a vários fascículos do II par e, numa região mais central, aos vasos centrais da retina. Depois existem outros foramens mais periféricos correspondentes aos vasos e nervos ciliares (curtos e longos). A lamina crivosa é a região menos resistente da esclerótica, sendo que sobressaí em situações de pressão intraocular aumentada (ex: glaucoma) ;
• Foramens da zona equatorial 4 veias vorticosas;
• Foramens anteriores situam-se em torno da córnea, onde dão passagem aos vasos ciliares anteriores.
A superfície interna da esclerótica encontra-se unida à túnica músculo-vascular através de uma membrana fibrosa e laxa, rica em pigmentos, a lamina fusca (acastanhada). Esta divide-se em lamina supracoróideia na região em que faz a união da esclerótica à coroideia e lamina supraciliar quando faz a união ao corpo ciliar.
Córnea
A córnea é o segmento da membrana fibrosa que se situa anteriormente à esclerótica. É arredondada, transparente e representa um segmento de esfera cujo diâmetro médio é de 11,5 mm (10 – 13 mm), sendo que uma microcórnea tem um diâmetro inferior a 10 mm, e uma megalocórnea tem um diâmetro entre os 13 – 15 mm. Tem 2 superfícies lisas, uma anterior e convexa, e outra posterior e côncava. A córnea é AVASCULAR, sendo nutrida através do humor aquoso da câmara anterior do olho, da camada lacrimal (o meio com maior poder refratário do olho) que a recobre, e pelos vasos ao nível do limbo-esclero-corneano. Este limbo é a região de transição entre a esclerótica e a córnea. Esta é uma zona talhada em bisel, onde existem vários loops capilares (irrigação da córnea). É atrás desta zona que se encontra o Canal de Schlemm. Na região mais profunda do limbo esclero-corneano encontra-se uma rede de fibrilhas conjuntivas que formam o Sistema Trabecular e o Ligamento Pectíneo. Este ligamento faz a separação entre o canal de Schlemm e a câmara anterior.
Humor Aquoso
O humor aquoso escorre da câmara anterior, através dos espaços entre os feixes do sistema trabecular, para as lacunas perivasculares que envolvem o canal de Schlemm, acabando por drenar para este canal e para as veias ciliares anteriores. A córnea não tem vasos sanguíneos nem linfáticos.A esclerótica é irrigada pelas artérias ciliares curtas posteriores e artérias ciliares anteriores. A drenagem faz-se para as veias coroideias (posteriormente) e para as veias ciliares anteriores (anteriormente). A esclerótica não tem linfáticos.A inervação de ambos é feita pelos nervos ciliares (provenientes do nervo nasociliar, da divisão V1 do trigémeo).
Membrana Músculo-Vascular
A membrana músculo-vascular situa-se profundamente à membrana fibrosa, aplicando-se sobre a face profunda da esclerótica em quase toda a sua extensão. À frente do nível do limbo esclero-corneano dirige-se para o eixo AP do olho, paralelamente ao equador. Esta membrana é constituída por 3 segmentos (post ant): a coroideia, o corpo ciliar e a íris (perpendicular ao eixo do olho).
Coroideia
A coroideia situa-se entre a esclerótica e a retina, nos 2/3 posteriores do globo ocular. É essencialmente constituída por vasos e tem 2 superfícies:
Superfície externa é castanha e está aplicada na face interna da esclerótica através da lâmina fusca, de vasos e nervos;
Superfície interna é lisa e negra, estando relacionada com a retina.
A coroideia é perfurada pelo orifício do nervo óptico (orifício posterior), na continuação do orifício posterior da esclerótica. Alguns feixes de tecido conjuntivo das camadas mais superficiais da coroideia entram no nervo óptico e constituem o plano mais anterior da lâmina crivada. O limite anterior da coroideia é uma linha circular e sinuosa, a Ora Serrata, onde a coroideia se continua com o Corpo Ciliar.
Corpo Ciliar
O corpo ciliar é um espessamento da membrana média que se situa entre a coroideia e a íris, posteriormente ao limbo esclero-corneano. Tem a forma de anel que vai ficando mais espesso de trás para a frente e, em corte transversal, é um triângulo com um vértice na ora serrata e base virada para o eixo do olho. Assim, apresenta 3 faces: a face lateral (aplicada na esclerótica) e as faces póstero-medial e ântero-medial. Ao nível da face póstero-medial destacam-se 2 zonas :
Anterior ou Corona Ciliaris Forma um disco radiado, em que cada raio é um processo ciliar (produzem o humor aquoso), separados por sulcos que são os vales ciliares;
Posterior ou Orbiculus Ciliaris Faz a continuação, para trás, da Corona Ciliaris.
Quanto à face ântero-medial, na periferia, confunde-se com o sistema trabecular e com a grande circunferência da íris. Atrás da íris estão as extremidades anteriores dos processos ciliares. Para além disto, temos que o corpo ciliar é constituído por 2 partes:
Músculo Ciliar: constituído por fibras musculares lisas (na maior parte ântero-posteriores) e fibras anelares - Músculo de Rouget (na parte interna do músculo), estando localizado na porção ântero-lateral, sendo que num corte sagital tem forma triangular, logo 3 faces:
• Face ântero-lateral – sobre a esclerótica; • Face posterior – corresponde ao orbiculus ciliaris; • Face medial – olha para o eixo do olho e está na continuação dos processos ciliares.
Processos ciliares: estes produzem o humor aquoso e são constituídos por nódulos vasculares envolvidos por tecido conjuntivo laxo. Abaixo do orbiculus ciliaris existe uma camada de vasos que ligam os vasos coroideus a estes nódulos vasculares.
Íris
É a porção mais anterior da membrana músculo-vascular. É como um diafragma circular, anterior ao cristalino, cujo centro tem um orifício, a pupila. Tem 2 faces (anterior e posterior), um bordo periférico (grande circunferência) e a pupila (pequena circunferência). A face anterior é ligeiramente convexa e de cor variável. Apresenta algumas saliências semicilíndricas (de direção radial - que vão da pupila à grande circunferência) devido aos vasos que suporta. A face posterior é ligeiramente côncava, relacionando-se com o cristalino e com os processos ciliares através da câmara posterior. A grande circunferência é fixa e tem continuação com a porção anterior do corpo ciliar. Juntamente com o limbo esclero-corneano faz um sulco circular ângulo íridio-corneano. A íris tem fibras musculares lisas dispostas num plano circular anterior, o músculo constritor da pupila, e num plano posterior, o músculo dilatador da pupila. Assim, a íris faz a miose ou midríase da pupila regulação do fluxo luminoso.
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DA MEMBRANA MÚSCULO-VASCULAR
Artérias: Artérias ciliares curtas − ramos da artéria oftálmica que atravessam a esclerótica e se ramificam na coroideia até à ora serrata;
Artérias ciliares longas − 2 ramos da artéria oftálmica que se dirigem para a frente, entre a esclerótica e a coroideia, até ao bordo periférico da íris. Aí, cada uma delas vai originar 2 ramos (um ascendente e um descendente) que se anastomosam com o respetivo ramo do lado oposto e formam o grande círculo arterial da íris. Deste círculo nascem:
Ramos irídios – Vão para a pupila, onde formam o pequeno círculo arterial; Ramos ciliares – Vão par o corpo ciliar (músculo e processos);
Ramos coroideus recorrentes – Dirigem-se para trás e anastomosam-se com vasos coroideus ao nível da ora serrata;
Artérias ciliares anteriores – ramos das artérias musculares que atravessam a esclerótica e, próximo da córnea, lançam-se no grande círculo arterial da íris.
Veias − à exceção de algumas vénulas dos músculos ciliares que drenam para a veia ciliar anterior, todas drenam para as veias coroideias que vão originar 4 troncos venosos, 2 superiores e 2 inferiores, que constituem as veias vorticosas e que, por fim, se lançam nas veias oftálmicas;
Linfáticos e Nervos – Quanto aos linfáticos, estes não existem, uma vez que a linfa circula nas lacunas pericelulares e perivasculares.
Os nervos provém do gânglio oftálmico e do nervo nasal através dos nervos ciliares.
Retina
A retina é a membrana mais interna do globo ocular. É um neuroepitélio que reveste o globo ocular, internamente à membrana músculo-vascular, posteriormente à íris. Devido a uma alteração brusca de espessura e estrutura ao nível da ora serrata, esta membrana está dividida em 2 partes:
Anterior ou Retina ciliar −constituída por 2 camadas epiteliais sobrepostas que recobrem as faces ântero e póstero-mediais do corpo ciliar e a face posterior da íris;
Posterior ou Retina propriamente dita −membrana sensorial, fina, transparente e rosada. Tem 2 faces:
• Face externa – Aplicada, sem aderir, na coroideia;
• Face interna – Está em contacto com o corpo vítreo, mas não adere. Distinguem-se 2 zonas
Papila ótica – É uma mancha circular (ligeiramente à frente do orifício do nervo óptico) que constitui o ponto de convergência das fibras ópticas da retina que se unem para formar o nervo óptico. É também o ponto de entrada da artéria central da retina. Corresponde ao ponto cego da retina por não apresentar fotorrecetores;
Fóvea central e a macula lútea – A mácula lútea é uma região da retina que se encontra perto do pólo posterior do globo ocular caraterizada por apresentar uma cor amarela muito caraterística. Nesta, encontra-se uma região onde as camadas da retina de afastam apara expor os fotorrecetores (maior acuidade visual). Esta região de maior exposição é a fóvea central.
Funcional:
A retina é o neuroepitélio que reveste o interior do globo ocular, posteriormente à íris. Na retina localizam-se os fotorrecetores, onde a luz é focada pela córnea e cristalino FOTOTRANSDUÇÃO. Mas, antes de os atingir, a luz atravessa as outras camadas da retina, uma vez que os fotorreceptores se encontram na porção posterior do globo ocular, à frente do epitélio pigmentado (contém melanina que absorve a luz não captada pela retina, impedindo a sua reflexão e difusão exagerada no interior do olho impede um overload luminoso em locais muito iluminados // isto não acontece nos albinos não produzem melanina). Isto leva a que a luz, nas regiões mais periféricas da retina, atravesse estas camadas menor acuidade visual. No entanto, na fóvea central, todas as camadas da retina são afastadas para expor os fotorrecetores maior acuidade visual. Considerando a disposição dos neurónios da retina, dividimo-la em 3 camadas (fora dentro): fotorreceptores (1º neurónio), células bipolares (2º neurónio) e as células ganglionares (3º neurónio), cujos axónios dão origem ao nervo óptico (amielínicos). No entanto, existem outras células na retina (interneurónios): células amácrinas e horizontais.
Vascularização da Retina
Artéria central da retina Ramo da artéria oftálmica que entra no globo ocular seguindo o eixo do nervo óptico, passa na papila e dá 2 ramos, um ascendente e um descendente, que se ramificam até à ora serrata;
Veias São satélites das artérias e reúnem-se para formar a veia centrar da retina.
Embriologia da Retina
Os recetores visuais, assim como os neurónios I, II e III da via óptica, localizam-se na retina. Embriologicamente, a retina forma-se a partir de uma evaginação do diencéfalo primitivo, a vesícula óptica, que, por um processo de invaginação, transforma-se no cálice óptico, com parede dupla. A camada externa do cálice origina a camada pigmentar da retina. A camada interna do cálice dá origem à camada nervosa da retina, onde se diferenciam os 3 primeiros neurónios (I, II e III) da via óptica.
Circuito Nervoso da Retina
A mácula corresponde à área da retina onde a visão é mais distinta. Os movimentos reflexos do globo ocular fixam sobre as máculas a imagem dos objetos no campo visual. A visão nas partes periféricas não maculares da retina é pouco nítida e a perceção das cores é precária. A estrutura da retina é extremamente complexa, distinguindo-se 10 camadas, uma das quais é a camada pigmentar, situada externamente. O estudo das 9 camadas restantes pode ser simplificado consoante a disposição dos neurónios retinianos 3 camadas que correspondem aos neurónios I, II e III da via óptica, de fora para dentro: os fotorrecetores, as células bipolares e as células ganglionares. As células fotossensíveis são de 2 tipos: células de cone e células de bastonete. Os raios luminosos que incidem sobre a refina devem atravessar as 9 camadas internas para atingir os cones ou bastonetes. Existem 3 tipos de cones, sendo cada um deles sensível a uma faixa diferente do espetro luminoso, e o cérebro obtém informação sobre a cor ao analisar a resposta à ativação desses 3 tipos de cones.
A camada nuclear externa contém os corpos celulares das células dos cones e bastonetes.
O epitélio pigmentar faz a troca bidirecional de vitamina A com os cones e bastonetes.
Cristalino
O cristalino é uma lente firme, biconvexa e transparente (com a idade fica amarelado). Situa-se entre a íris e a pupila, anteriormente, e o corpo vítreo, posteriormente. Tem 2 faces: anterior e posterior (mais convexa), separadas pelo equador do cristalino. O eixo do cristalino é a linha que une o centro (pólos) das 2 faces. O cristalino é constituído por uma massa epitelial envolvida pela cápsula do cristalino ou cristaloide. Uma vez que o cristalino é elástico, durante a acomodação, os raios de curvatura das 2 faces alteram-se. O cristalino é mantido no seu lugar pelo ligamento suspensor do cristalino ou zonula de zinn formado por um sistema de fibras transparentes que vão da face interna do corpo ciliar (ora serrata e processos ciliares) ao equador do cristalino. Existem 3 grupos de fibras:
• Fibras cílio-cristalinas São tangenciais à face interna do corpo ciliar e terminam na face anterior e posterior do cristalino junto ao equador;
• Fibras cílio-vítreas Vão do corpo ciliar à superfície do corpo vítreo;
• Fibras cílio-ciliares Vão de uma ponta à outra do corpo ciliar. São tangenciais à sua face interna.
As fibras da zonula de zinn, à medida que divergem, deixam entre si espaços prismáticos que rodeiam o cristalino os canais de hannover. Um dos canais de hannover é o canal de petit, entre a zonula e o corpo vítreo, que comunica com a câmara posterior.
Humor Aquoso
O humor aquoso é um líquido incolor que preenche o espaço entre a córnea e o cristalino. Este é continuamente produzido e reabsorvido, determinando a pressão intraocular das câmaras anterior e posterior. Quando há um distúrbio destes processos, podem ocorrer situações de glaucoma. A íris divide este espaço em 2 câmaras:
Câmara anterior Tem 2 paredes:
• Anterior a face posterior da córnea e o limbo esclero-corneano;
• Posterior a face anterior da íris e o segmento do cristalino relacionado com a pupila;
Câmara posterior Tem uma forma anelar em que a pequena circunferência resulta da união da pequena circunferência da íris com o cristalino e a grande circunferência é formada pelos processos ciliares. Tem como limites a íris, anteriormente, o corpo ciliar, lateralmente, o cristalino, medialmente, e o corpo vítreo, posteriormente mais especificamente, a câmara posterior é encerrada pelas fibras da zonula de zinn. As 2 câmaras comunicam entre si através do orifício pupilar.
Corpo Vítreo
O corpo vítreo éum líquido gelatinoso e transparente, cuja integridade está dependente de uma rede de proteoglicanos, que preenche todo o espaço da cavidade ocular atrás do cristalino (câmara vítrea). Neste fluído, ocorre pouco movimento do fluído propriamente dito (se existirem grandes correntes do fluído, podem ocorrer ruturas da retina por movimento do corpo vítreo, com consequente descolamento da retina), e ocorre uma difusão lenta de água e substâncias dissolvidas. Na sua porção anterior tem uma depressão, a fossa pattelaris, devido à convexidade do cristalino. Entre esta depressão e o cristalino desenvolve-se o espaço de Berger (importante em capsulotomias e transplantes do cristalino – excisão da cápsula posterior do cristalino, pelo que é preenchida de fluído iatrogénicamente para que a abordagem seja mais benigna). Em torno do cristalino relaciona-se com a zonula de zinn e com o corpo ciliar. O corpo vítreo é constituído por uma membrana, a membrana hialoideia, e por uma massa gelatinosa, o humor vítreo, que é atravessado pelo canal hialóide, que vai do polo posterior do cristalino até à papila. A membrana hialoideia envolve o humor vítreo e forma-se devido à condensação das suas camadas mais periféricas, espessando-se para se inserir em várias regiões do globo ocular. O canal hialóide dá passagem à artéria hialóidea, ramo da artéria central da retina, que nutre a rede vascular peri-cristalina durante o desenvolvimento do cristalino. Esta artéria, subsequentemente, regride.
Fotorrecetores
Existem 2 tipos de fotorreceptores: cones e bastonetes. Os cones são responsáveis pela visão diurna e a cores. Têm menor sensibilidade à luz (são necessárias centenas de fotões para desencadear um impulso). No entanto, permitem uma maior acuidade visual. Os bastonetes são responsáveis pela visão noturna e acromática (preto e branco), sendo muito sensíveis à luz (um só fotão desencadeia um impulso). Conferem menor acuidade visual.
NOTA como os bastonetes são muito sensíveis à luz e, como na região periférica da retina vários bastonetes convergem numa célula ganglionar ( 1 fibra do nervo óptico), há uma somação de sinais, resultando num estimulo visual intenso.
Mácula Lútea
Na parte posterior da retina existe uma zona de maior acuidade visual, a mácula lútea, no centro da qual existe uma depressão, a fóvea central. Nela não existem vasos sanguíneos. O número de bastonetes na retina é 20x superior ao número de cones. Os bastonetes predominam na parte periférica da retina, sendo que o número de cones aumenta com a aproximação da mácula a fóvea só apresenta cones melhor perceção das cores.
Os fotorrecetores sinapsam com células bipolares e horizontais (CAMADA PLEXIFORME EXTERNA). As células bipolares sinapsam com células amácrinas e ganglionares, cujos axónios formam o nervo óptico. Na periferia, vários bastonetes ligam-se a uma célula bipolar e várias células bipolares sinapsam com uma célula ganglionar cada fibra do II par pode relacionar-se com 100 recetores. Na mácula, o número de cones é igual ao número de células ganglionares e bipolares cada cone sinapsa com uma célula bipolar, que por sua vez sinapsa com uma célula ganglionar para cada cone existe uma só fibra no II par. Assim, a mácula é a região que mais contribui para formação do nervo (1 cone 1 célula ganglionar 1 axónio do nervo) e tem uma representação cortical extensa, o que explica a grande acuidade visual desta zona.
Nervo Óptico
Os axónios das células ganglionares da retina convergem na papila óptica (ponto cego da retina não existem fotorreceptores e é por onde penetram os vasos da retina), localizada na parede posterior da retina, medialmente à mácula, onde atravessam a coróideia e a esclerótica. A partir daí, tornam-se mielinizadas e unem-se para formar o nervo óptico, onde os axónios das células ganglionares estão organizados retinotopicamente fibras maculares (CENTRAIS), fibras nasais (MEDIALMENTE) e fibras temporais (LATERALMENTE). É também constituído por fibras reflexas (pupilares) para a coordenação da musculatura intrínseca do olho.
A partir da papila ou disco óptico, o nervo dirige-se póstero-medialmente, atravessa a cavidade orbitária, o anel tendinoso comum (de Zinn) e o canal óptico, alcançando a cavidade craniana. Relaciona-se com a artéria oftálmica, que se localiza inferiormente no interior do canal óptico. Depois, próximo do vértice da cavidade orbitária, a artéria contorna a sua face lateral, cruza a sua face superior, continuando-se do lado medial do olho, até ao ângulo medial do olho, onde dá os seus ramos. O nervo óptico relaciona-se ainda com a veia oftálmica e os nervos nasociliar, oculomotor comum e abducente, vasos e nervos ciliares.
Quiasma Óptico
nervo óptico…
De seguida, os 2 nervos óticos vão convergir para formar o quiasma óptico, que se localiza na porção anterior do pavimento do III ventrículo. Aí, as fibras nasais (incluindo as fibras nasais da mácula) decussam, enquanto as fibras temporais seguem do mesmo lado (decussação parcial) cada fita ótica que sai do quiasma possui fibras temporais homolaterais, fibras nasais contralaterais, metade das fibras papilares e metade das fibras maculares (os impulsos gerados nas metades homónimas das retinas dos 2 olhos são conduzidas pela mesma fita ótica ex: o córtex occipital direito recebe a informação visual à esquerda).
Fita Óptica
As fitas ópticas têm origem nos ângulos póstero-laterais do quiasma, contornam os pedúnculos cerebrais e terminam, principalmente, nos corpos geniculados laterais, nos colículos superiores e na área pré-tectal. Para além destes, existem fibras que terminam em:
Núcleo supraquiasmático do hipotálamo (ritmo circadiano);
Núcleos terminais do trato ótico e núcleos vestibulares – aferências para o nistagmo optocinético;
Núcleo pré-tectal (reflexos para focar em certos objetos e reflexo fotomotor);
Colículo superior – controlo de movimentos rápidos e conjugados dos 2 olhos;
Pulvinar do tálamo – relacionado com córtex visual de associação;
Núcleo Parvocelular da FR – relacionados com o despertar.
As fitas ópticas podem sinapsar ainda nos colículos superiores (fibras retino-tectais), através dos braços conjuntivais superiores. A partir dos colículos superiores forma-se uma via indireta para o córtex cerebral. Os colículos superiores também recebem fibras do córtex cerebral, das áreas visual, auditiva e somato-sensorial, o que permite responder a estímulos auditivos e somato-sensoriais. O colículo superior recebe inputs diretamente da retina e do córtex visual, sendo responsável pelo controlo dos movimentos saccádicos ou optocinéticos dos olhos (movimentos rápidos e conjugados dos olhos que movem a fóvea em direção ao alvo visual na periferia interpostos por períodos de fixação dos olhos durante estes movimentos a imagem visual é suprimida).
(Resumo – função: movimentos do globo ocular em direção a um estímulo.)
Corpo Geniculado Lateral
90% das fibras terminam no corpo geniculado lateral (CGL) do tálamo. O CGL é um núcleo em forma de um U, cuja principal função é transmitir informação do trato óptico para o córtex visual através da radiação óptica (ou trato geniculo-calcarino). Em cada trato é transportada a informação de ambos os olhos, embora a informação dos 2 olhos esteja separada no CGL, sendo que este núcleo é composto por 6 camadas nucleares (1 – 6, ventral dorsal), separadas por regiões interlaminares de substância branca. As camadas II, III e V recebem aferências da retina temporal ipsilateral, enquanto as camadas I, IV e VI recebem aferências da retina nasal contralateral. Para além disto, este núcleo barra a transmissão de sinais ao córtex visual, isto é, controla quanto do sinal é permitido passar. O CGL recebe sinais que modulam este processo de gating: (1) fibras cortico-fugais, com origem no córtex visual primário, que se dirigem anteriormente para o CGL e (2) FR do mesencéfalo. Ambas as fibras são inibitórias, impedindo a transmissão através de porções selecionadas do CGL. Esses 2 circuitos de ativação ajudam a destacar as informações visuais que podem ser transmitidas.
Para além disto, o CGL é dividido de outra maneira:
as camadas I e II são as camadas magnocelulares (neurónios grandes), que recebem aferências das células ganglionares M (parasol) da retina. Este sistema magnocelular fornece uma via de rápida condução ao córtex visual. Este sistema é daltónico, transmitindo informações a preto e branco e de baixa acuidade ( não há muitas células ganglionares M e as suas dendrites espalham-se amplamente na retina);
as camadas III a VI são as camadas parvocelulares (neurónios pequenos), que recebem aferências das células ganglionares P (midget), que transmitem a cor e informações visuais de grande acuidade, mas a uma velocidade de condução moderada.
3º tipo de célula ganglionar células produtoras de melanopsina.