Aorta Flashcards
(67 cards)
Aorta: histologia
CAMADAS:
1. Íntima: uma camada de células endoteliais dentro de uma matriz de tecido conjuntivo
2. Média (mais espessa): células musculares lisas, fibras elásticas, proteínas de colágeno e polissacarídeos em mais de 50 camadas (lamelas elásticas) - força e distensibilidade
3. Adventícia: tecido conjuntivo, fibroblastos, nervos e vasa vasorum (que perfundem a parede externa da aorta e uma porção substancial da média)
Aorta: zonas
- Zona 0: aorta ascendente e origem do TBC
- Zona 1: origem da ACCE
- Zona 2: origem da ASCE
- Zona 3: aorta torácica descendente proximal até corpo vertebral de T4 (primeiros 2 cm distais à origem da ASCE)
- Zona 4: final da zona 3 até aorta descendente média (T6)
- Zona 5: aorta descendente média (T6) até TC
- Zona 6: origem do TC
- Zona 7: origem da AMS
- Zona 8: origem das ARs até AAIR
- Zona 9: da AAIR à bifurcação aórtica
- Zona 10: AICs
- Zona 11: origem das AIEs
Síndromes aórticas agudas: definição, entidades e conceitos
Principais:
DEFINIÇÃO:
- Condições em que há uma violação da integridade da parede da aorta
ENTIDADES:
- Dissecção aórtica
- Hematoma intramural
- Úlcera aterosclerótica penetrante (UAP)
CONCEITOS:
- Todas podem levar à ruptura
- Mais comuns na aorta torácica
Dissecção de aorta: definição e conceitos
DEFINIÇÃO:
- Rasgo da camada íntima que permite que o sangue entre na camada média, criando um retalho de dissecção que divide o lúmen verdadeiro de um falso lúmen
CONCEITOS:
- O retalho de dissecção pode se propagar de forma anterógrada ou retrógrada
- O sangue que surge no falso lúmen pode romper de volta, através da íntima, para o lúmen verdadeiro, criando uma ruptura de reentrada
- Complicações com risco de vida: insuficiência aórtica aguda (IA), isquemia miocárdica, tamponamento cardíaco, AVE agudo, ruptura e isquemias
Dissecção de aorta: epidemiologia
- Homens: mais comumente afetados
- Incidência: 5 a 30 casos por milhão de pessoas por ano
- Tipo A: 70% / Tipo B: 30%
- Mais comum entre 50-70 anos
- Mais jovens: síndrome de Marfan, VAB, síndrome de Loeys-Dietz e síndrome vascular de Ehlers-Danlos
- Tipo A: alta mortalidade (IAM, tamponamento, AVE) - aumenta em 2% por hora
- Tipo B: mortalidade de 10% em 30 dias (pode chegar a 20-30% nos primeiros dias se existir complicações)
- SAA mais comum
Dissecção de aorta: classificação temporal
- Hiperaguda: até 24h (do início dos sintomas)
- Aguda: 1-14 dias
- Subaguda: 15-90 dias
- Crônica: > 90 dias
Dissecção de aorta: classificações tradicionais
DEBAKEY:
- Tipo I: Se origina na aorta ascendente com propagação distal (arco e aorta descendente)
- Tipo II: Aorta ascendente apenas
- Tipo III: Se origina na aorta torácica descendente (e, na maioria das vezes, se propaga distalmente)
— Tipo IIIa: Apenas aorta torácica descendente
— Tipo IIIb: Se estende para abaixo do diafragma
STANFORD:
- Tipo A (70%): Envolve aorta ascendente
- Tipo B (30%): Não envolve a aorta ascendente (pode envolver arco)
Dissecção de aorta: nova classificação
Dissecção de aorta: mecanismos de obstrução
FISIOLOGIA:
- Inicialmente, o lúmen verdadeiro colapsa e o falso se expande devido à perda de pressão transmural pelo flap e pela retração elástica das células musculares lisas
OBSTRUÇÃO ESTÁTICA:
- Retalho de dissecção se estende do lúmen aórtico até o óstio do ramo afetado, levando à trombose localizada do falso lúmen, ocluindo o lúmen verdadeiro
OBSTRUÇÃO DINÂMICA:
- Falsa luz torna-se persistentemente pressurizada e comprime a luz verdadeira, empurrando o retalho de dissecção contra o óstio do ramo do vaso afetado, reduzindo significativamente ou ocluindo seu fluxo (especialmente durante a sístole)
- Membro pode melhorar na diástole
- FLAP VAI MUDANDO NA TC (em função da fase do ciclo cardíaco)
Dissecção aguda de aorta: quadro clínico na emergência
EPIDEMIOLOGIA:
- Homens idosos
- HAS
- Tabagistas
- Manipulação recente aorta
- Marfan / Trauma / Drogas
CLÍNICA:
- Dor torácica súbita intensa em facada com irradiação dorsal
- Variação de pulso (palpar 6: carótidas, MMSS, femorais)
- Variação de PA (diferença entre MMSS e MMII: PAS >= 20 mmHg OU PAD >= 10 mmHg)
- Diferença de pulso ou PA entre membros superiores
- CUIDADO COM DX DIFERENCIAL ENTRE OAA EMBÓLICA E DISSECÇÃO → PALPAR PULSO AXILAR (SE PRESENTE, INDICA OAA EMBÓLICA)
COMPLICAÇÕES:
- Sopro sistólico aórtico (IA)
- Tamponamento cardíaco
- Hemotórax
- IAM
- AVEi / Síncope
- ISQUEMIA DE MEMBROS (pode ser dinâmica)
- ISQUEMIA MESENTÉRICA
- ISQUEMIA RENAL
Dissecção aguda de aorta: investigação na emergência
LABS:
- Hemograma e PCR
- CPK / Troponina / D-dímero (se < 500, pouco provável que seja dissecção)
- Função renal
- TGO e TGP, BT, FA e GGT e Glicose
- Gasometria com Lactato
- Eletrólitos
- DHL
- Coagulograma
ECG:
- Pesquisar SCA
RX Tórax:
- Alargamento de Mediastino e Aorta
- Tamponamento
AngioTC/RM:
- Imagem do duplo-lúmen (geralmente o maior é a dissecção)
- Estáveis
Eco TE:
- Instáveis
- ECO TT: Diferenciar Choque Hemorrágico de Tamponamento (não puncionar)
Dissecção de aorta: AngioTC
- MAIOR LUZ: FALSA
- TODA VEZ QUE UM VASO SAIR DA LUZ FALSA → DEVE EXISTIR UMA FENESTRA NESSA REGIÃO
OBSTRUÇÃO DINÂMICA:
- Luz falsa aumenta na sístole (isquemia do membro) e diminui na diástole (perfusão do membro)
Dissecção aguda de aorta: manejo clínico na emergência
GERAL:
- MONITORIZAÇÃO EM UTI + FDP + PAI + SVD
FC (≤ 60):
- Esmolol
— 500 mcg/kg EV ataque
— 25 a 50 mcg/kg/min após
— Titular até dose máxima (300 mcg/kg/min)
- Se BBs não forem tolerados: Verapamil ou Diltiazem
DOR:
- Morfina / Fentanil EV
PAS (alvo: 100-120):
- Após FC < 60 (NÃO USAR VASODILATADORES ANTES DE CONTROLAR A FC COM BBs!!)
- Nitroprussiato EV: 0,25-0,5 mcg/kg/min titulado até máximo de 10 mcg/kg/min
Detalhes:
- Se Hipotenso: Volume antes dos BB (Cristaloides +/- Drogas Vasoativas)
- Não anticoagular
Dissecção aguda de aorta: indicações de intervenção
STANFORD A:
- Sempre (CX aberta)
STANFORD B:
- Avaliar indicações de urgência
- Preferível EVAR
INDICAÇÕES DE URGÊNCIA:
- Rotura ou iminência de rotura
- Instabilidade
- Isquemia de órgão-alvo
- Isquemia de membros
- Refratariedade clínica
INDICAÇÕES AMBULATORIAIS RELATIVAS (fase subaguda - evita complicações):
→ Avaliação de critérios prognósticos
- Dor refratária
- Diâmetro (= aneurisma: > 5,5 no abdome e > 6 no tórax)
- Velocidade de crecimento
Dissecção de aorta Stanford B: intervenção
Conceitos:
- Aberto ou EVAR (preferência)
- Ocluir fenestras (comunicações entre vaso e dissecção - trombose da luz falsa)
- Se há isquemia de membro na fase aguda: evitar mexer na aorta (realizar ponte extra-anatômica)
- Evitar intervenção, especialmente na fase aguda (pior desfecho e alta mortalidade)
- Melhor fase: subaguda (na fase crônica, existe maior dificuldade técnica - septos mais rígidos)
Se conduta conservadora:
- Acompanhamento semestral / anual com AngioTC
- Controle rígido de comorbidades (principalmente HAS)
Hematoma intramural de aorta: conceitos
DEFINIÇÃO:
- Sangue dentro da camada média da parede aórtica, na ausência de ruptura evidente da íntima ou de falso lúmen
DX:
- AngioTC, AngioRM ou Eco
- Espessamento circular ou em crescente da parede aórtica > 5 mm, na ausência de fluxo sanguíneo detectável
CONCEITOS:
- O sangue pode surgir da ruptura dos vasa vasorum ou de pequenas fenestras da íntima não visualizadas
- 5-25% das SAA
- 10% resolve espontaneamente
- 16-47% progridem para dissecção
Úlcera penetrante de aorta: conceitos
DEFINIÇÃO:
- Ulceração de uma placa aterosclerótica -> Ruptura focal da íntima -> Sangue penetra na camada média
CONCEITOS:
- Frequentemente, associada a um hematoma intramural
- Geralmente, na aorta torácica descendente média ou distal
- Pode permanecer estável, aumentar ou progredir para hematoma intramural, dissecção, pseudoaneurisma ou ruptura
- Risco de ruptura: até 40%
Úlcera penetrante de aorta: epidemiologia e FR
EPIDEMIOLOGIA:
- 2% a 7% das SAA
- > 70 anos de idade
- Homens (em jovens: doença de tecido conjuntivo)
FR:
- Doença aterosclerótica (extensa e difusa envolvendo a aorta e as artérias coronárias)
- Outras comorbidades: HAS, tabagismo, DPOC, DRC
Dissecção aguda de aorta: investigação na emergência
LABS:
- Hemograma e PCR
- CPK / Troponina / D-dímero (se < 500, pouco provável que seja dissecção)
- Função renal
- TGO e TGP, BT, FA e GGT e Glicose
- Gasometria com Lactato
- Eletrólitos
- DHL
- Coagulograma
ECG:
- Pesquisar SCA
RX Tórax:
- Alargamento de Mediastino e Aorta
- Tamponamento
AngioTC/RM:
- Imagem do duplo-lúmen (geralmente o maior é a dissecção)
- Estáveis
Eco TE:
- Instáveis
Aneurismas: definições
ANEURISMA:
- Dilatação arterial focal (envolvendo todas as camadas do vaso) >= 50% o diâmetro esperado normal para o segmento anatômico específico.
— Aorta abdominal infrarrenal (diâmetro habitual em adultos é de até 2 cm): Dilatação focal > 3 cm de diâmetro → Aneurisma
ECTASIA:
- Dilatação arterial focal (envolvendo todas as camadas do vaso) < 50% do diâmetro esperado normal para o segmento anatômico específico.
ARTERIOMEGALIA:
- Dilatação difusa e não aneurismática (envolvendo todas as camadas do vaso) de múltiplos segmentos arteriais (dilatação generalizada do vaso)
PSEUDOANEURISMA:
- Coleção de sangue que se forma fora da parede arterial, mas que se comunica com o lúmen do vaso por meio de um orifício ou rotura na parede arterial
- Não há envolvimento de todas as camadas da parede arterial.
Aneurisma de aorta: definição
ANEURISMA:
- Dilatação focal ≥ 1,5x do diâmetro do vaso (dilatação menor: dilatação/ectasia)
- Aortic size index e outras ferramentas
AORTA ABDOMINAL:
- Diâmetro máximo: 2 cm
- Aneurisma: ≥ 3 cm
- Colo: parte saudável da parede do vaso
- O aneurisma de aorta abdominal é diagnosticado quando o diâmetro da aorta infrarrenal atinge ou excede 3,0 cm em homens e 2,7 cm em mulheres. Esses valores refletem a diferença natural no diâmetro da aorta entre os sexos e são utilizados como critério nas diretrizes para definição de aneurisma.
RAIZ DA AORTA:
- Normal em homens de meia-idade: até 3,5 cm
- Definição de aneurisma não deve ser baseada na definição tradicional
AAA: classificação etiológica
DEGENERATIVO:
- Mais comum
- Enfraquecimento progressivo da parede arterial relacionado ao envelhecimento, aterosclerose, tabagismo e hipertensão
GENÉTICO / CONGÊNITO:
- Pode estar associado a mutações ou síndromes genéticas (como Marfan e Loeys-Dietz) ou ocorrer em formas familiares sem síndrome definida
- Congênito: raros, presentes desde o nascimento, por alterações estruturais vasculares, geralmente associadas a síndromes genéticas específicas.
INFLAMATÓRIO / AUTOIMUNE:
- Processos inflamatórios que enfraquecem a parede do vaso
- Ex: arterite de células gigantes
- Tem evolução diferente e pode requerer tratamento imunossupressor
INFECCIOSO / MICÓTICO:
- Causado por infecção direta ou hematogênica da parede do vaso, com destruição tecidual
- Não é relacionado a fungos, necessariamente
- Bactérias: causas mais comuns
TRAUMÁTICO / IATROGÊNICO:
- Após trauma direto ou indireto, incluindo lesões durante procedimentos médicos (exemplo: cateterismos)
- Muitas vezes formam pseudoaneurismas.
DISSECANTE:
- Surge após ou em associação com dissecção da aorta
Aneurisma degenerativo: fisiopatologia
Túnica média:
- Rica em elastina e colágeno (fundamentais para conferir elasticidade e resistência)
- Degradação enzimática crônica (principalmente por metaloproteinases produzidas em processos inflamatórios)
- Elastina (essencial para o retorno elástico do vaso): fragmentada e perde sua função
- Colágeno (confere resistência à tração): reduzido e desorganizado
- Apoptose das células musculares lisas, responsáveis pela manutenção da MEC
Túnica íntima:
- Aterosclerose: agrava a inflamação local e a instabilidade da parede
Com o tempo, essas alterações promovem a incapacidade da artéria de suportar a pressão hemodinâmica, levando à dilatação progressiva e irreversível, característica do aneurisma
Aneurismas: classificação topográfica
EPIDEMIOLOGIA:
- Aorta: 60 a 70%
- Ilíacas: 10 a 20%, especialmente associados aos de aorta
- Poplítea: 5 a 10%
- Femoral comum: 3 a 5% dos casos
- Viscerais: raros (1 a 2%), sendo o da artéria esplênica o mais prevalente (60%)
- Outros (carótidas, subclávias, renais…)
AORTA:
- Abdominal: 70-80%
- Torácica: 20-25%
- Toracoabdominais: 2-5%