Assistência ao parto normal Flashcards

1
Q

O que é o trabalho de parto?

A
  • O trabalho de parto é o conjunto de fenómenos fisiológicos que conduzem à dilatação do colo do útero, progressão do feto através do canal de parto e sua expulsão para o exterior.
  • Inclui duas grandes componentes, a saber: as alterações do colo do utero e as contrações uterinas ritmicas.
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2
Q

O que são contrações de Braxton Hicks?

A

 Não associadas a dilatação do colo uterino;
 Difícil diagnóstico diferencial com verdadeiro TP;
 São de mais curta duração, menos intensas, associadas a desconforto na região hipogástrica ou inguinal.

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3
Q

Como distinguir as contrações de Braxton Hicks das contracções do TP?

A

As contracções do TP são regulares, aumentam progressivamente de intensidade e frequência e são sentidas no fundo uterino, com irradiação pélvica e lombar.

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4
Q

O que carateriza a fase mais tardia da gravidez?

A

 Verdadeiro TP: contracções que a grávida sente no fundo uterino com irradiação para hipogastro ou região lombar; vão aumentando de frequência e intensidade;
 “Lightening”: grávida nota alteração da forma do seu abdómen resultado da descida da cabeça fetal na pelve;
 Maior proeminência da região abdominal baixa;
 Maior compressão da bexiga pela cabeça fetal – poliaquiúria;
 Menor pressão no diafragma – maior facilidade respiratória;
 Muco vaginal “tingido de sangue”- colo começa a extinguir-se com extrusão de muco proveniente das glândulas endocervicais; ocorrem também pequenas hemorragias de vasos sanguíneos da área;

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5
Q

Quais as modificações que ocorrem no colo do útero antes do TP?

A

 APAGAMENTO: Corresponde ao encurtamento do colo; Integração do orificio interno no segmento inferior do útero; é expresso em % de encurtamento em relação ao comprimento inicial (±2cm); inicia-se frequentemente antes do início do TP (principalmente na nulípara);
 DILATAÇÃO: Corresponde à abertura do colo, sendo expresso em cm. Dilatação completa = 10 cm.

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6
Q

Conceitos de estática fetal

A
  1. SITUAÇÃO: Relação entre o maior eixo materno e o maior eixo fetal; Pode ser longitudinal, oblíqua ou transversa.
  2. APRESENTAÇÃO: Parte fetal acessível ao toque vaginal. Pode ser cefálica, pélvica ou de espádua.
  3. POSIÇÃO: Relação do ponto de referência da apresentação com o lado do canal de parto. Pode ser esquerdo ou direito.
  4. ATITUDE: Postura assumida pelo feto no final da gravidez. Pode ser fletida (apresentação de vértice - mais comum), indiferente (apresentação de fronte), desfletida (apresentação da face).
  5. VARIEDADE: Relação do ponto de referência da apresentação com as regiões anterior, posterior ou transversa do canal de parto.
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7
Q

Quando devem as grávidas ser instruídas a procurar o profissional de saúde?

A

As grávidas devem ser instruídas a procurar o profissional de saúde caso:
 Tenha contracções aproximadamente a cada 5 minutos durante pelo menos uma hora;
 Perda de fluido vaginal – sugestivo de ruptura das membranas;
 Hemorragia vaginal;
 Diminuição dos movimentos fetais.

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8
Q

O que deve incluir a avaliação inicial da grávida?

A

 AVALIAÇÃO DOS REGISTOS PRÉ-NATAL: identificação de complicações da gravidez; confirmação da idade gestacional; identificação parâmetros laboratoriais;
 EXAME FÍSICO GERAL: atenção aos sinais vitais; exame abdominopélvico com Manobras de Leopold; durante uma contracção fazer palpação para descrever a sua intensidade e duração; auscultação da FC fetal para perceber a existência de desacelerações fetais; pode usar-se ecografia abdominal que ajuda na avaliação da situação, localização placentária, e exclui a presença de oligoâmnios.

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9
Q

Descreva sumariamente as manobras de Leopold

A
  1. Determinar o que ocupa o fundo uterino (ex: numa situação longitudinal uma cabeça fetal distingue-se de uma pelve uma vez que a pelve é maior e menos bem definida); As nádegas são mais largas e menos bem definidas e a cabeça é mais arredondada e melhor definida.
  2. Determinar a localização das pequenas partes; distinguir entre uma dorso fetal (mais firme) e os seus membros;
  3. Avaliar o nível de descida da apresentação; A extensão na qual a apresentação é palpada abaixo da sínfise sugere o plano;
  4. Identificar a proeminência cefálica.
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10
Q

Que alterações do toque vaginal estão relacionadas com aumento da probabilidade de TP espontâneo?

A
  1. Colo amolecido (em comparação com um colo não amolecido);

2. Colo anterior (em comparação com um colo posterior);

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11
Q

O que se avalia no toque vaginal em relação ao exame do colo uterino?

A

 Extinção: encurtamento do canal cervical; varia entre 2 cm até à espessura de um papel; expresso em %;
 Consistência/amolecimento: pode ser duro (quando da consistência da cartilagem do nariz) ou amolecido (quando da consistência de um lábio);
 Posição: anterior (evolui mais rapidamente para TP), intermédio ou posterior;
 Dilatação: fechado/permeável a um dedo (sem dilatação); dilatação completa =10 cm;

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12
Q

Quando se deve evitar a avaliação do colo uterino por toque vaginal?

A
  1. Rotura prematura de membranas (RPM)
  2. Hemorragia vaginal
  3. Placenta prévia
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13
Q

Como se faz a avaliação do plano do feto?

A
  • É determinado através da relação do nível da apresentação no canal de parto eplano das espinhas isquiáticas.
  • Plano 0: apresentação fetal ao nível das espinhas
    isquiátias;
  • Restantes planos: são calculados pelo número de cm
    acima e abaixo desse plano;
  • Plano +5: apresentação visível ao nível do intróito
    vaginal;
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14
Q

O que é o encravamento?

A
  • O encravamento (apresentação no plano 0) é um
    ponto de referência funcional importante para o TP;
  • Significa que o diâmetro biparietal (maior diâmetro
    transversal do polo cefálico) passou o estreito superior da bacia;
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15
Q

Quais as causas mais comuns de sobrestimação do plano da apresentação?

A
  1. Caput succedaneum (bossa)
  2. Cefalohematoma
  3. Moldagem da cabeça fetal
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16
Q

Quais os estadios do TP?

A
  • 1ºestádio: ocorre entre o início do TP e os 10 cm de dilatação =dilatação completa; compreende a fase de latência e fase activa (após os 4 cm de dilatação);
  • 2ºestádio: desde a dilatação completa até ao nascimento do RN;
  • 3ºestádio: imediatamente após nascimento até à saída da placenta (dequitadura);
  • 4ºestádio: até duas horas após saída da placenta.
17
Q

O que carateriza o 1º estadio do TP?

A
  • Desde o início do TP até dilatação completa (10 cm)
  • 2 períodos: (1) Fase latente com apagamento do colo + dilatação precoce (até 5-6 cm) e (2) Fase ativa: desde os 4 cm de dilatação fase de dilatação mais
    acelerada.
18
Q

Qual o papel da episiotomia?

A

 Efectuada quando existem sinais de laceração do períneo;
 Não é sempre necessária;
 Actualmente é apenas efectuada a mediolateral;

19
Q

O que é a manobra de Ritgen modificada?

A
  • Tem como objetivos: (1) suportar os tecidos perineais e facilitar a extensão da cabeça, (2) ↓ risco de lacerações ou extensão da episiotomia.
  • Timing: quando a cabeça começa a distender a abertura
    vaginal (coroação do períneo);
  • Uma mão no vértice e outra a proteger o
    períneo.
    -Após nascimento da cabeça:
     Aplicar força posterior e inferiormente para nascer o ombro anterior;
     Aplicar força anterior e superior para nascer o ombro posterior;
     Nascimento do corpo do RN geralmente sem grandes complicações.
20
Q

O que carateriza o 3º estadio do TP?

A

 Esperar pela extrusão espontânea da placenta (até 30 min);
 Avaliar se a placenta está solta do útero;
 Aplicar força no fundo do útero e verificar a mobilidade do cordão umbilical: se não move – com força ligeira puxar pelo cordão umbilical e rodar a placenta enquanto a removemos;
 Avaliar as características da placenta: face fetal e materna;
 Após saída da placenta avaliar a presença de GLOBO DE SEGURANÇA – útero contrai-se de forma tetânica para evitar uma hemorragia uterina pós parto;
 Para evitar uma hemorragia uterina é feita uma administração profilática de oxitocina;
 Se existe atonia uterina e hemorragia: PGs; compressão manual; balão intra-uterino e em último caso cirurgia (histerectomia);
 Inspeccionar o canal de parto e excluir a existência de lacerações do períneo: lacerações mais frequentes às 3 ou 9 hs.

21
Q

Como se classificam as lacerações obstétricas?

A
  • 1º grau: envolve a mucosa vaginal ou a pele perineal mas não o tecido subjacente.
  • 2º grau: envolve o tecido subcutâneo adjacente mas não o esfíncter retal ou a mucosa retal.
  • 3º grau: estende-se pelo esfíncter retal mas não à mucosa retal.
  • 4º grau: Atinge a mucosa retal.
22
Q

Alimentação e ingestão de fluídos da grávida em TP?

A
  • Evitar a ingestão de alimentos e fluídos na fase ativa do TP;
  • É perminda a ingestão moderada de líquidos claros;
  • Se necessário pode ser administrada fluidoterapia EV:
    a. Soro fisiológico a 0.45% com ou sem dextrose
    b. Soro fisiológico (0.9%) se se desejar ↑ pressão oncótica
    c. Fluídos com lactatos geralmente contra-indicados pelo risco de acidose metabólica
  • O TP está associado a ↓ peristalse gastrointesnnal → risco de aspiração durante a anestesia;
23
Q

Deambulação e posicionamento da grávida em TP?

A
  • Deambulação: pode ser mais confortável para a grávida na fase inicial do TP.
  • Repouso no leito se preferência da grávida ou razão médica que contra-indique deambulação;
  • Decúbito: está aconselhada a mudança ocasional de posição, para maximizar o conforto materno e a posição fetal;
  • Preferível posição lateral esquerda - não comprime a VCI.
  • Posição de litotímia é a mais comum no 2º estadio do TP.
24
Q

Quais são os factores de risco para intolerância fetal ao TP?

A
  1. Hemorragia vaginal
  2. Dor abdominal aguda
  3. Temperatura >38ºC
  4. Parto pré-termo
  5. RPM
  6. Hipertensão
  7. Padrão de FCF não tranquilizador
25
Q

Como se faz a avaliação do bem estar fetal no TP?

A

GRAVIDEZ SEM FATORES DE RISCO
Tipo de monitorização: AFI ou CTG contínuo
Reavaliação: 30 – 30 min na fase ativa
15 – 15 min no 2º estadio

GRAVIDEZ COM FATORES RISCO
Tipo de monitorização: CTG contínuo
Reavaliação: 15 – 15 min na fase ativa
5 – 5 min no 2º estadio

26
Q

Quais as modalidades de anestesia e analgesia no TP?

A
  1. Epidural: permite a participação da mulher no TP. Indicada para parto vaginal, cesariana e cuidados pós parto. É a mais eficaz.
  2. Subdural:
  3. Combinada
  4. Bloqueio do nervo pudendo: pode ser usada na episiotomia ou reparação de uma laceração do períneo
  5. Anestesia geral: risco de aspiração pulmonar materna e depressão fetal. Indicado sobretudo em cesariana emergente.
27
Q

No TP, quando se deve efetuar o toque vaginal?

A
  1. Na admissão
  2. Em intervalos de 1h (na fase ativa)
  3. Antes da administração de analgesia
  4. Se RBA
  5. Se necessidade incontrolável de fazer força
  6. Se anomalias na FCF → pode indicar prolapso do cordão ou parto eminente
28
Q

Esforços expulsivos no 1º estadio do TP

A
  • A grávida pode sentir necessidade de iniciar os esforços expulsivos antes do colo estar completamente dilatado, principalmente nas fases mais avançadas do TP (devido à pressão da cabeça fetal sobre o períneo).
  • Devem ser desencorajados se dilatação incompleta.
  • Pode originar edema do colo, sendo que a resolução deste é necessária para a dilatação do colo.
29
Q

Esforços expulsivos no 2º estadio do TP

A

Ҩ Permitem a descida do feto, juntamente com as contracções uterinas involuntárias;
Ҩ Encorajar os esforços expulsivos durante as contracções;
Ҩ Encerramento da glote + manobra de valsalva;

30
Q

A grávida deve iniciar esforços expulsivos mal sejam atingidos os 10cm de dilatação?

A

Não necessariamente. Se a grávida ainda não sentir necessidade de ‘’fazer força’’, os esforços expulsivos podem ser adiados 1-2h no caso de uma gravidez
de baixo risco e estado fetal tranquilizador;

31
Q

O que é o Caput Succedaneum?

A

Ҩ Corresponde ao edema do escalpe fetal;
Ҩ Causa: pressão na cabeça fetal pelo colo do útero;
Ҩ Resolução espontânea nos primeiros dias de vida;
Ҩ É uma das causas mais frequentes de sobrestimação do plano da apresentação;
Ҩ Suspeitar se grande quantidade de espaço entre a parte posterior da apresentação e a curvatura do sacro;

32
Q

Hemorragia pós parto

A
  • A hemorragia pós-parto surge em 1% das puérperas, sendo mais frequente se:
    a. TP precipitado
    b. TP demorado
    c. Hiperdistensão uterina (gemelar, macrossomia fetal, hidrâmnios)
    d. Corioamnionite intraparto
33
Q

Quando é maior o risco de complicações graves.

A

1ª hora após o parto

34
Q

O que é e quando está indicada a indução do TP?

A
  • Corresponde à iniciação artificial de contracções uterinas rítmicas para desencadear o TP antes do seu início espontâneo;
  • Está indicada quando os benercios do parto (para a mãe ou para o feto) são superiores aos beneficios de continuar a gestação;
35
Q

Papel da oxitocina na indução do TP

A

Ҩ Objetivo: estimulação das contracções uterinas
Ҩ Indicada nos casos de colo do útero favorável
Ҩ Vários protocolos de administração variam em relação à dose inicial, magnitude do aumento da dose e intervalo entre os aumentos;
Ҩ Protocolos de baixa dosagem levam a ↓ taxa de hiperestimulação uterina;
Ҩ Protocolos de alta dosagem levam a ↓ duração do TP, ↓ corioamnionite, ↓ nº de cesarianas por distócia, ↑ hiperestimulação uterina.

36
Q

Como se faz a indução da maturação cervical na indução do trabalho de parto?

A
  • Indicada nos casos de colo do útero desfavorável (índice de Bishop ≤6);
  • Métodos farmacológicos: incluem uso de PGE2 (dinoprostona) ou de analogo de prostaglandina E1 (misoprostol). Contraindicado caso cesariana anterior ou cirurgia uterina prévia.
  • Métodos mecânicos: incluem laminárias, cateter de Foley;
37
Q

Quais as vantagens do parto vaginal em relação à cesariana?

A
  • ↓ hemorragia
  • ↓ infecção
  • ↓ período de internamento hospitalar pós-parto
  • ↓ dor
  • Recuperação mais rápida
  • Na ausência de indicações maternas ou fetais para cesariana, o parto vaginal é mais seguro e deve ser recomendado
38
Q

Parto vaginal após cesariana

A

 A incisão deve ser feita no segmento inferior do útero para diminuir o risco de ruptura uterina em partos vaginais futuros;
 Risco de ruptura uterina é de aproximadamente 1%;
 Se dois partos seguidos por cesariana o terceiro deverá ser por cesariana também.

 É necessário:

  • Serviço de imunohemoterapia disponível 24h/dia
  • Capacidade para ativação de protocolo de transfusão massiva se necessário
  • Monitorização fetal contínua
  • Equipa preparada para cesariana emergente se necessário
  • Serviços de emergência disponíveis, como anestesia

 Critérios de exclusão

  • Contra-indicação para parto vaginal (Mendes da Graça)
  • Rotura uterina em gravidez anterior
  • Cirurgia uterina prévia com entrada na cavidade
  • História de cesariana clássica, segmentar vertical ou em T
  • > 1 CST anterior (DGS)