Capítulo 1 - Transtornos Neurológicos Paroxísticos Flashcards

(685 cards)

1
Q

O que caracteriza os transtornos neurológicos paroxísticos (TNPs)?

A

Início súbito de sintomas neurológicos e recorrência estereotipada.

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2
Q

Quais são exemplos de transtornos paroxísticos em crianças?

A

Epilepsia, enxaqueca, paralisia periódica e transtornos do movimento paroxísticos.

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3
Q

Qual a importância de obter a descrição do evento paroxístico diretamente do observador ou de uma gravação em vídeo?

A

É crucial porque a informação pode ser facilmente distorcida se transferida de segunda mão (observador -> pais -> médico).

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4
Q

A epilepsia é um diagnóstico de exclusão?

A

Não, e a maioria dos “eventos” (spells) não são convulsões.

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5
Q

Qual evento é frequentemente mal diagnosticado como convulsão e por quê?

A

Síncope, pois muitas pessoas enrijecem e apresentam abalos ao final de um desmaio.

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6
Q

Quais são as distinções críticas entre síncope e convulsão?

A

Síncope: Associada à palidez, precedida por escurecimento da visão, sensação de tontura ou pele fria/úmida. Recuperação rápida da consciência e coerência se mantido em supino.
Convulsões: Raramente precedidas por esses sintomas prodrômicos da síncope. Tendem a apresentar abalos, liberação esfincteriana e período confusional pós-ictal, bem como mordedura de língua.

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7
Q

Por que é recomendado pedir à família para gravar o evento paroxístico?

A

Porque a observação do evento é crítica para o diagnóstico, e os eventos raramente permanecem inexplicados quando visualizados.

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8
Q

Quais duas perguntas devem sempre ser feitas ao avaliar um evento paroxístico?

A
  1. Isso já aconteceu antes? 2. Mais alguém na família tem episódios semelhantes?
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9
Q

Sintomas episódicos que duram apenas segundos e não causam sinais anormais geralmente justificam testes diagnósticos?

A

Não, frequentemente permanecem inexplicados e muitas vezes não justificam testes diagnósticos.

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10
Q

Existem diferenças nos transtornos paroxísticos de acordo com a idade?

A

Sim. Costumam ser diferentes no neonato, lactente, criança e adolescente, sendo melhor apresentado por grupos etários.

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11
Q

Qual é o principal transtorno paroxístico do recém-nascido e sua incidência?

A

Convulsões, ocorrendo em 1.8%-3.5% dos nascidos vivos nos EUA, sendo uma característica importante de doença neurológica.

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12
Q

Qual o potencial impacto de convulsões não controladas no cérebro do RN?

A

Podem contribuir para mais danos cerebrais. A glicose cerebral diminui durante convulsões prolongadas, e a liberação de aminoácidos excitatórios interfere na síntese de DNA.

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13
Q

Por que é importante identificar e tratar crises eletrográficas (isto é, identificadas apenas pelo EEG) que ocorrem nos RNs?

A

Porque mesmo sem movimento clínico, essas crises eletrográficas podem causar depleção de glicose cerebral e liberação de aminoácidos excitatórios, prejudicando o cérebro.

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14
Q

Qual o desafio clínico ao avaliar movimentos anormais em RNs?

A

Diferenciar atividade convulsiva de movimentos neonatais normais ou movimentos patológicos causados por outros mecanismos.

Ex.:

  • Mioclonia noturna benigna;
  • Jitteriness (hiperexcitabilidade neonatal -> tremores finos, rítmicos e involuntários);
  • Apneia;
  • Opstótono;
  • Mioclonias patológicas de origem não epiléptica.
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15
Q

Deletar

A

Mioclonia benigna noturna, Jitteriness (tremulência), Apneia não convulsiva, Movimento normal, Opistótono, Mioclonia patológica.

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16
Q

O prognóstico a longo prazo em crianças com crises neonatais é melhor em RNs a termo ou prematuros?

A

É melhor em RNs a termo.

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17
Q

Qual é o principal determinante do prognóstico em RNs com convulsões?

A

A etiologia das convulsões.

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18
Q

Como são geralmente as convulsões em RNs, especialmente em prematuros?

A

São mal organizadas e difíceis de distinguir da atividade normal.

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19
Q

Por que as convulsões em RNs podem ser confinadas a um hemisfério e menos propensas a se generalizar?

A

Devido à ausência de vias mielinizadas para a propagação da convulsão.

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20
Q

Convulsões tônico-clônicas generalizadas são comuns em RNs?

A

Raramente ocorrem. Muitos RNs suspeitos de tê-las estão, na verdade, com jitteriness.

https://drive.google.com/drive/folders/1Jb74CPScYV_RoevgDqhQQHu-8j0pG6d4?usp=drive_link

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21
Q

Quais são os padrões clínicos de convulsão associados a descargas epileptiformes em RNs?

A
  1. Apneia com enrijecimento tônico do corpo;
  2. Movimentos clônicos focais de um membro ou ambos os membros de um lado (mais comum);
  3. Movimentos clônicos multifocais de membros (mais comum);
  4. Abalos mioclônicos;
  5. Riso paroxístico;
  6. Desvio tônico dos olhos para cima ou para um lado (mais comum);
  7. Enrijecimento tônico do corpo.
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22
Q

Em RNs paralisados para ventilação mecânica, quais sinais podem alertar para a possibilidade de convulsões?

A

Aumentos rítmicos na pressão arterial sistólica, frequência cardíaca e dessaturação de oxigênio.

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23
Q

O que o termo “crises epilépticas sutis” em RNs engloba?

A

Vários padrões diferentes nos quais faltam movimentos tônicos ou clônicos dos membros, por exemplo, desvio tônico dos olhos.

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24
Q

Qual é uma das manifestações mais comuns de convulsões em lactentes jovens, que pode passar despercebida em RNs doentes?

A

Parada comportamental e irresponsividade. Isso só é óbvio quando a criança está muito ativa, o que não é comum em um neonato doente.

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25
Qual é o meio ideal para monitorar e diagnosticar convulsões neonatais?
O diagnóstico definitivo frequentemente requer monitoramento por EEG. Um vídeo-EEG de 16 canais com tela dividida é o ideal. EEG de amplitude integrada também é útil.
26
Quais são as características clínicas das convulsões clônicas focais em RNs?
Movimentos clônicos lentos, irregulares e repetidos (1-3 abalos/segundo) afetando um membro ou ambos os membros de um lado. https://drive.google.com/file/d/1hizQH5Pyf9gqq8VkAT0Zhuk2mzf3KJZA/view?usp=drive_link
27
Os movimentos clônicos focais em RNs costumam sustentar-se por longos períodos ou ter uma "marcha jacksoniana"?
Raramente se sustentam por longos períodos e não "marcham" como se estivessem se espalhando pelo córtex motor.
28
Em um RN a termo alerta e responsivo, o que as convulsões clônicas unifocais geralmente indicam?
Sempre indicam infarto ou hemorragia cerebral, ou disgenesia cerebral focal.
29
Em RNs com rebaixamento do nível de consciência, o que as convulsões clônicas focais podem indicar?
Podem indicar um infarto focal sobreposto a uma encefalopatia generalizada.
30
Quais achados o EEG pode mostrar durante e entre as convulsões clônicas focais em RNs?
**Ictal**: Um foco unilateral de ondas agudas de alta amplitude adjacente à fissura central. A descarga pode se espalhar para áreas contíguas no mesmo hemisfério. **Interictal** Lentificação focal, ondas agudas ou atenuação da amplitude.
31
Como RNs com convulsões clônicas focais devem ser avaliados por imagem? Qual a sequência preferida?
Devem ser avaliados imediatamente com ultrassom de crânio e/ou RM com imagens ponderadas em difusão. O ultrassom de crânio é frequentemente a escolha inicial por ser rápido e realizável à beira do leito. A RM é necessária para avaliar completamente achados anormais no ultrassom. TC ou ultrassom à beira do leito são aceitáveis para neonatos menos estáveis.
32
Quais são as características clínicas das convulsões clônicas multifocais em RNs?
- Movimentos de abalos migratórios, notados primeiro em um membro e depois em outro; - Músculos faciais podem estar envolvidos; - A migração parece aleatória e não segue padrões esperados de propagação epiléptica; - Às vezes, movimentos prolongados ocorrem em um membro, sugerindo uma convulsão focal em vez de multifocal.
33
Com o que as convulsões clônicas multifocais estão ordinariamente associadas? E em um neonato saudável?
Ordinariamente associadas a distúrbios cerebrais generalizados graves, como encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI). Em um neonato saudável, podem representar convulsões neonatais benignas.
34
Qual é o melhor teste diagnóstico para confirmar convulsões clônicas multifocais em RNs?
O EEG padrão geralmente detecta atividade epileptiforme multifocal. O monitoramento por vídeo-EEG de 24 horas é o melhor teste diagnóstico.
35
Quais são as características clínicas das convulsões mioclônicas em RNs?
Movimentos breves, não rítmicos de extensão e flexão dos braços, pernas ou todos os membros. https://drive.google.com/file/d/1xbvK2S5d_5Yu4SCQMPeso3HjJfbBKo6Y/view?usp=drive_link
36
A presença de convulsões mioclônicas em RNs é comum? O que sugere?
Constituem um padrão de convulsão incomum no RN, mas sua presença sugere dano cerebral difuso e grave.
37
Existe um padrão de EEG específico associado a convulsões mioclônicas no RN?
Não.
38
Em que contexto os abalos mioclônicos frequentemente ocorrem em bebês? É certo que são convulsões?
Em bebês nascidos de mães dependentes de drogas. É incerto se esses movimentos são convulsões, jitteriness ou mioclonia benignas.
39
Mioclonia notada em um RN saudável pode ser o quê?
Pode ser um movimento involuntário normal, como mioclonia benigna da sonolência ou do sono. https://drive.google.com/file/d/1xbvK2S5d_5Yu4SCQMPeso3HjJfbBKo6Y/view?usp=drive_link
40
Quais são as características das convulsões tônicas em RNs?
Extensão e enrijecimento do corpo, geralmente associados à apneia e supraversão ocular.
41
A postura tônica sem outras características é frequentemente uma manifestação convulsiva em RNs?
Raramente.
42
Em RNs prematuros, convulsões tônicas são frequentemente um sintoma de quê e qual exame é indicado?
Frequentemente um sintoma de hemorragia intraventricular (HIV) e indicam um estudo de ultrassom.
43
A postura tônica em RNs com dano prosencefálico pode ocorrer como uma manifestação não convulsiva? Qual o mecanismo?
Sim, como uma desinibição dos reflexos do tronco encefálico.
44
O que a desinibição prolongada dos reflexos de tronco resulta em termos de postura? O que ela indica em prematuros com HIV?
Resulta em postura de decerebração (extensão do corpo e membros com rotação interna dos braços, dilatação das pupilas e desvio inferior dos olhos). Frequentemente é um sinal terminal em prematuros com HIV causada por pressão no tronco encefálico superior.
45
Com o que as convulsões tônicas e a postura de decerebração se assemelham? Qual a causa provável deste último?
Assemelham-se ao opistótono, um arqueamento prolongado das costas não necessariamente associado a movimentos oculares. A causa do opistótono é provavelmente irritação meníngea.
46
Em que condições o opistótono ocorre?
Kernicterus, doença de Gaucher infantil e algumas aminoacidúrias.
47
Descreva o padrão respiratório de "respiração periódica" comum em prematuros.
Padrão respiratório irregular com pausas intermitentes de 3-6 segundos, frequentemente seguidas por 10-15 segundos de hiperpneia. As pausas não estão associadas a alterações significativas na FC, PA, temperatura ou cor da pele.
48
O que causa a respiração periódica em prematuros?
Imaturidade dos centros respiratórios do tronco encefálico.
49
Episódios apneicos de 10-15 segundos são comuns em que RNs? E os de 10-20 segundos, com o que se associam?
Detectáveis em quase todos os prematuros e alguns RNs a termo. Episódios de 10-20 segundos geralmente estão associados a uma redução de 20% na frequência cardíaca.
50
Episódios mais longos de apneia (além de 20s) estão associados a que alteração cardiovascular?
Quase invariavelmente associados a uma redução de 40% ou mais na frequência cardíaca.
51
Apneia com bradicardia é provavelmente uma convulsão? E apneia com taquicardia?
Apneia com bradicardia é improvável que seja uma convulsão. **Apneia com taquicardia levanta a possibilidade de convulsão e deve ser avaliada com vídeo-EEG** simultâneo.
52
Em um RN com aparência normal, o que os episódios apneicos tipicamente indicam?
Sinal de imaturidade do tronco encefálico e não uma condição patológica.
53
O início súbito de apneia e rebaixamento do nível de consciência, especialmente em prematuros, sugere o quê e necessita qual exame?
Sugere hemorragia intracraniana com compressão do tronco encefálico, necessitando exame de ultrassom imediato.
54
Episódios apneicos são manifestações convulsivas comuns? Quando podem ser?
Se associados a bradicardia, quase nunca são uma manifestação convulsiva, a menos que associados a desvio tônico dos olhos, enrijecimento tônico do corpo ou movimentos característicos dos membros. No entanto, apneia prolongada *sem* bradicardia, e especialmente *com* taquicardia, é uma convulsão até prova em contrário.
55
Quais são as características clínicas da mioclonia benigna infantil do sono?
Movimentos súbitos de abalo dos membros durante o sono, primariamente **nos estágios iniciais do sono** como movimentos de flexão repetidos dos dedos, punhos e cotovelos. Os abalos não se localizam consistentemente, **param com contenção suave e terminam abruptamente com o despertar**.
56
Qual o diagnóstico diferencial da mioclonia benigna infantil do sono quando prolongada?
Convulsões clônicas focais ou mioclônicas.
57
Como diferenciar mioclonia benigna noturna de convulsões ou jitteriness?
A mioclonia benigna noturna ocorre exclusivamente durante o sono, não é ativada por estímulo, e o EEG é normal.
58
O que é jitteriness e o que o provoca?
Jitteriness ou tremulência é uma resposta excessiva à estimulação. Toque, ruído ou movimento provocam um tremor de baixa amplitude e alta frequência dos membros e mandíbula. https://drive.google.com/drive/folders/1Jb74CPScYV_RoevgDqhQQHu-8j0pG6d4?usp=drive_link
59
Com o que o jitteriness está comumente associado? Pode ocorrer sem estímulo aparente?
Comumente associado a um baixo limiar para o reflexo de Moro, mas pode ocorrer na ausência de qualquer estimulação aparente e ser confundido com convulsões mioclônicas.
60
Em que RNs o jitteriness geralmente ocorre, e como distingui-lo de convulsões?
Geralmente em RNs com asfixia perinatal, juntamente com a ocorrência de convulsões. Distinção: 1 - Monitoramento por EEG; 2 - ausência de movimentos oculares ou alteração no padrão respiratório; 3 - presença de ativação por estímulo.
61
Quais as drogas mais comumente usadas durante a gravidez estão associadas à SAN (Síndrome de Abstinência Neonatal)?
1 - **Analgésicos narcóticos** (hidrocodona, oxicodona); 2 - **sedativos hipnóticos** (lorazepam, alprazolam); 3 - **estimulantes do SNC** (anfetamina, metilfenidato). **O protótipo é com heroína ou metadona**, mas similar ocorre com codeína e propoxifeno. **Cocaína e metanfetamina** também causam síndromes de abstinência significativas.
62
Maconha e álcool causam dependência fetal e sintomas de abstinência?
Não, embora o etanol possa causar a síndrome alcoólica fetal.
63
Quais drogas prescritas podem causar sintomas de abstinência neonatal mais leves?
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRIs), como fluoxetina, sertralina, citalopram, escitalopram e paroxetina.
64
Quais são as características clínicas da abstinência de opiláceos em RNs a termo vs. prematuros?
**RN a termo**: Sintomas mais graves, início mais cedo (primeiras 24h). **RN prematuro**: Início em 24-48h. **Característica inicial**: Jitteriness (apenas acordado), pode abalar um membro inteiro. **Seguem-se**: Irritabilidade, choro agudo e estridente, hiperatividade. **Alimentação**: Parece faminto, mas tem dificuldade para se alimentar e vomita depois. **Outros**: Diarreia e outros sintomas de instabilidade autonômica são comuns.
65
Movimentos mioclônicos e convulsões definidas ocorrem com que frequência na SAN (Síndrome de Abstinência Neonatal)?
**Abalos mioclônicos em 10%-25%** (não claro se são convulsões ou jitteriness). **Convulsões definidas em menos de 5%.**
66
O uso materno de cocaína durante a gravidez está associado a quais problemas no RN?
**Parto prematuro, restrição de crescimento e microcefalia**. RNs expostos à cocaína (in utero ou via leite materno) podem apresentar taquicardia, taquipneia, hipertensão, irritabilidade e tremores.
67
Como é feito o diagnóstico da SAN?
Suspeitar em todo RN cuja mãe tem história de abuso de substâncias. Mesmo sem história, a **combinação de jitteriness, irritabilidade, hiperatividade e instabilidade autonômica deve ser uma pista**. Questionamento cuidadoso da mãe é imperativo. **Análises de sangue, urina e mecônio identificam drogas específicas.**
68
Qual o manejo da SAN? Quais medicamentos podem ser usados para abstinência de narcóticos e convulsões?
**Sintomas remitem espontaneamente em 3-5 dias, mas há mortalidade apreciável em RNs não tratados.** **Benzodiazepínicos ou clorpromazina 3mg/kg/dia podem aliviar sintomas e reduzir mortalidade. ** **Abstinência de narcóticos: Morfina ora**l 0.04mg/kg a cada 3-4h, **metadona** oral 0.05-0.1mg/kg a cada 6h, ou **clonidina** oral 0.5-1µg/kg a cada 3-6h. **Convulsões: Levetiracetam 40mg/kg/dia é uma boa opção.**
69
A ocorrência de convulsões na SAN indica um prognóstico ruim?
Não por si só. O resultado a longo prazo se relaciona mais com outros fatores de risco associados ao abuso de substâncias pela mãe.
70
Qual a importância do tempo de início da primeira convulsão neonatal?
Indica a causa provável.
71
Quais são as causas prováveis de convulsões neonatais com início nas primeiras 24 horas (especialmente 12h)?
1. Encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) (mais comum); 2. Sepse ou meningite bacteriana; 3. Hemorragia subaracnóidea (HSA); 4. Infecção intrauterina; 5. Trauma (laceração de tentório ou foice); 6. Efeito direto de drogas; 7. Hemorragia intraventricular (HIV) a termo; 8. Dependência de piridoxina; 9. Dependência de ácido folínico (rara, mas tratável).
72
Quais são as causas comuns de convulsões neonatais com início entre 24-72 horas?
1. HIV em prematuros (mais comum); 2. HSA; 3. Contusão cerebral com hemorragia subdural (em RNs grandes a termo); 4. Sepse/meningite; 5. Infarto cerebral ou hemorragia intracerebral (causa de crises clônicas unifocais em RN a termo); 6. Disgenesia cerebral; 7. Síndrome de abstinência neonatal; 8. Encefalopatia por hiperglicinemia não-cetótica; 9. Deficiência de glicogênio sintase; 10. Hipoparatireoidismo-hipocalcemia; 11. Trombose venosa cerebral idiopática; 12. Incontinentia pigmenti; 13. Esclerose tuberosa; 14. Distúrbios do ciclo da ureia; 15. Dependência de piridoxina.
73
Após 72 horas, quais causas de convulsões neonatais se tornam mais importantes devido ao início da alimentação com proteína e glicose? (Box 1.3)
**Erros inatos do metabolismo, especialmente aminoacidúrias.** Exemplos: Acidemia metilmalônica, Acidemia propiônica, Hipocalcemia nutricional. Outras causas: 1. Infarto cerebral; 2. Hemorragia intracerebral; 3. Kernicterus; 4. Convulsões neonatais familiares; 5. Trombose venosa cerebral idiopática; 6. Esclerose tuberosa; 7. Distúrbios do ciclo da ureia; 8. Disgenesia cerebral; 9. Encefalite por herpes simplex (sintomas geralmente na segunda metade da primeira semana).
74
Quais causas de convulsões neonatais podem ocorrer tanto precocemente quanto tardiamente? (Box 1.3)
Disgenesia cerebral, infarto cerebral, hemorragia intracerebral e convulsões neonatais familiares/genéticas.
75
Qual a apresentação clínica usual de RNs com distúrbios metabólicos antes do início das convulsões?
Geralmente são letárgicos e alimentam-se mal antes do início das convulsões. As convulsões raramente são a primeira característica clínica.
76
Quais são as categorias de triagem para erros inatos do metabolismo que causam convulsões neonatais? (Box 1.4)
1. Glicose sanguínea baixa; 2. Cálcio sanguíneo baixo; 3. Amônia sanguínea alta; 4. Lactato sanguíneo alto; 5. Acidose metabólica.
77
Quais achados laboratoriais estão associados a cada categoria de erro inato do metabolismo que causa convulsões neonatais?
78
Quando se deve suspeitar de CNFB (Convulsões Neonatais Familiares Benignas)?
Em neonatos ou lactentes com convulsões motoras breves multifocais e função de restante normal, especialmente com história familiar de eventos similares.
79
Quais mutações genéticas estão usualmente associadas à CNFB (Convulsões Neonatais Familiares Benignas)?
Mutações que afetam os canais de potássio (KCNQ2, KCNQ3) ou sódio, ou o gene PRRT2 (Proteína Transmembrana Rica em Prolina 2), embora seja geneticamente heterogênea.
80
Quais são as características clínicas da CNFB (Convulsões Neonatais Familiares Benignas)?
**Convulsões clônicas multifocais breves desenvolvem-se na primeira semana** (às vezes até 4 semanas), **podendo estar associadas à apneia**. As convulsões geralmente param espontaneamente nos primeiros meses de vida, com ou sem o tratamento.
81
Quais são os possíveis desfechos a longo prazo em crianças com CNFB (Convulsões Neonatais Familiares Benignas)?
- Convulsões febris ocorrem em até 1/3; - Algumas têm convulsões febris sem terem tido convulsões neonatais; - Epilepsia desenvolve-se mais tarde na vida em até 1/3 dos RNs afetados, com tipos incluindo **crises tônico-clônicas generalizadas noturnas e crises focais orofaciais simples**.
82
Como é feito o diagnóstico de CNFB?
**Suspeita quando convulsões se desenvolvem sem causa aparente em RN saudável.** - Testes laboratoriais são normais; - **EEG frequentemente demonstra descargas epileptiformes multifocais, podendo ser normal no interictal**; - **História familiar apoia, mas não é sempre presente.** - Detecção de mutações causadoras pode abreviar testes e tranquilizar (maioria benigna, mas desfechos ruins descritos).
83
Qual o manejo da CNFB? Qual anticonvulsivante é tipicamente mais eficaz?
**Oxcarbazepina é tipicamente o mais eficaz**. A duração do **tratamento** não é clara, **frequentemente por cerca de 6 meses se livre de crises e EEG normalizado**. **Levetiracetam é considerado ineficaz nesta condição**.
84
O que é kernicterus e quando ocorre?
Impregnação encefálica de bilirrubina, mormente nos gânglios da base e hipocampo, que ocorre quando a fração sérica não ligada (livre) de bilirrubina não conjugada se torna excessiva.
85
Qual nível aproximado da fração livre de bilirrubina é considerado excessivo em um RN a termo saudável?
Aproximadamente 20 mg/dL (340 µmol/L).
86
Qual grupo de RNs está em maior risco de kernicterus atualmente, mesmo com níveis mais baixos de bilirrubina?
**Prematuros criticamente enfermos com síndrome do desconforto respiratório, acidose e sepse.** Nesses RNs, **mesmo a fração ligada à albumina pode cruzar a barreira hematoencefálica**.
87
Descreva as três fases clínicas da encefalopatia bilirrubínica em RNs a termo com doença hemolítica não tratada.
**1. Primeira fase (em 24h):** Hipotonia, letargia, reflexo de sucção pobre. A impregnação cerebral por bilirrubina já é evidente. **2. Segunda fase (2º ou 3º dia)**: RN torna-se febril, exibe tônus aumentado e postura opistotônica. Convulsões podem ocorrer. **3. Terceira fase:** Melhora aparente com normalização do tônus (pode levar a dúvidas diagnósticas), mas é de curta duração. Evidência de disfunção neurológica aparece no final do segundo mês, piorando progressivamente.
88
Quais são as características clínicas típicas da encefalopatia bilirrubínica após o primeiro ano de vida?
1. **Disfunção extrapiramidal** (geralmente atetose) em virtualmente todos os casos; 2. **distúrbios do olhar vertical** (para cima > para baixo) em 90%; 3. **perda auditiva de alta frequência em 60%**; e 4. **Deficiência intelectual em 25%**. **Os sobreviventes frequentemente desenvolvem uma forma coreoatetóide de paralisia cerebral.**
89
Como é feito o diagnóstico de kernicterus? O que a RM pode mostrar?
Em RNs com doença hemolítica, baseia-se **em hiperbilirrubinemia significativa e evolução compatível dos sintomas.** **Difícil em prematuros críticos** (asfixia é causa mais comum de dano cerebral). RM: T1: tipicamente apresentam hipossinal inicialmente, com posterior hipersinal; T2: inicialmente normais, porém, a posteriori, ficam hiperintensas. DWI: normal.
90
Qual o manejo do kernicterus?
Prevenção mantendo bilirrubina sérica abaixo do nível tóxico (fototerapia, exanguinotransfusão). Uma vez ocorrido, dano adicional pode ser limitado, mas não revertido, baixando os níveis de bilirrubina. Diazepam e baclofeno são frequentemente necessários para posturas distônicas associadas à paralisia cerebral.
91
Qual a definição de hipocalcemia e quando geralmente ocorre em RNs (início precoce vs. tardio)?
Concentração de cálcio sanguíneo < 7 mg/dL (1.75 mmol/L). Início precoce (primeiras 72h): Associado a baixo peso ao nascer, asfixia, diabetes materno, hipoparatireoidismo neonatal transitório, hiperparatireoidismo materno, síndrome de DiGeorge (DGS). Início tardio: Ocorre em crianças alimentadas com fórmulas inadequadas, hiperparatireoidismo materno, DGS.
92
A hipocalcemia é uma causa primária comum de convulsões em RNs estressados?
Ocorre em < 10% dos RNs estressados e aumenta sua vulnerabilidade a convulsões, mas raramente é a causa primária.
93
O que é a síndrome de DiGeorge (DGS) e qual sua causa genética?
Associada a microdeleções do cromossomo 22q11.2. Um distúrbio da migração da crista neural cervical para os derivados dos arcos e bolsas faríngeas explica o fenótipo. Órgãos derivados da 3ª e 4ª bolsas faríngeas (timo, paratireoide, grandes vasos) são hipoplásicos.
94
Qual o acrônimo usado para descrever o fenótipo da DGS?
CATCH: Cardiac abnormality (anormalidade cardíaca), T-cell deficit (déficit de células T), Clefting (fendas/anomalias faciais), Hypocalcemia (hipocalcemia).
95
Quais são as características clínicas da DGS?
Fenotipicamente variável, englobando DGS e síndrome velocardiofacial (VCFS). Identificação no período neonatal por defeito cardíaco maior, hipocalcemia e imunodeficiência. Sintomas iniciais podem ser por cardiopatia congênita, hipocalcemia ou ambos. Jitteriness e tetania geralmente começam nas primeiras 48h. Pico de início das convulsões no 3º dia (pode atrasar 2 semanas). Muitos morrem de causas cardíacas no primeiro mês; sobreviventes falham em prosperar e têm infecções frequentes.
96
Como é feito o diagnóstico da DGS?
RNs chamam atenção por convulsões e cardiopatia. Convulsões ou QT prolongado levam à atenção para hipocalcemia. Teste genético molecular confirma.
97
Qual o manejo da DGS?
Equipe multiespecializada (cardiologia, imunologia, genética médica, neurologia). Cirurgia plástica, odontologia, desenvolvimento infantil contribuem depois. Hipocalcemia geralmente responde a hormônio paratireoidiano ou cálcio oral e vitamina D.
98
Uma hipoglicemia transitória assintomática em RNs nas primeiras horas está associada a comprometimento neurológico tardio?
Não.
99
Quais são as causas de hipoglicemia neonatal sintomática? (Box 1.5)
Estresse ou erros inatos do metabolismo. Hipoglicemia transitória primária: Trabalho de parto e parto complicados, desnutrição intrauterina, diabetes materno, prematuridade. Hipoglicemia transitória secundária: Asfixia, distúrbios do SNC, lesões por frio, sepse. Hipoglicemia persistente: Aminoacidúrias (MSUD, acidemia metilmalônica/propiônica, tirosinose), hipopituitarismo congênito, defeitos no metabolismo de carboidratos (def. frutose 1,6-difosfatase, intolerância à frutose, galactosemia, doença de armazenamento de glicogênio tipo 1, def. glicogênio sintase), hiperinsulinismo, acidúrias orgânicas (acidúria glutárica tipo 2, def. 3-metilglutaril-CoA liase).
100
Quais são as características clínicas da hipoglicemia neonatal?
Início depende da causa subjacente (precoce: asfixia perinatal, diabetes materno, hemorragia intracraniana; tardio: erros inatos do metabolismo). Apneia, cianose, taquipneia, jitteriness, choro agudo, má alimentação, vômitos, apatia, hipotonia, convulsões e coma. Hipoglicemia sintomática frequentemente associada a comprometimento neurológico tardio.
101
Qual a definição de hipoglicemia neonatal (níveis de glicose sanguínea)?
Glicose em sangue total: < 20 mg/dL (1 mmol/L) em prematuros e baixo peso. < 30 mg/dL (1.5 mmol/L) em RNs a termo nas primeiras 72h. < 40 mg/dL (2 mmol/L) em RNs a termo após 72h.
102
Qual o manejo inicial da hipoglicemia neonatal?
Administração IV de glicose normaliza as concentrações sanguíneas, mas a causa subjacente deve ser determinada para tratamento definitivo.
103
Qual a causa usual da asfixia a termo e como se manifesta em casos graves vs. menos graves?
Geralmente um evento intrauterino, com hipóxia e isquemia ocorrendo juntas (resultando em EHI). Asfixia sistêmica aguda e grave: Frequentemente leva à morte por colapso circulatório; sobreviventes nascem comatosos com disfunção de nervos cranianos inferiores e déficits neurológicos graves. Asfixia prolongada menos severa e sistêmica: Mecanismo usual de EHI em RNs a termo sobreviventes.
104
Como a circulação fetal se adapta a reduções no oxigênio arterial?
Maximizando o fluxo sanguíneo para o cérebro e, em menor grau, para o coração, à custa de outros órgãos.
105
Quais são os critérios diagnósticos comuns para EHI grave que determinam elegibilidade para resfriamento terapêutico?
Variam, mas comumente incluem: idade gestacional >35 ou 36 semanas, pH do cordão ≤7, déficit de base de 12-15, e Apgar ≤5 em 10 minutos com necessidade contínua de reanimação.
106
Além do dano cerebral, que outras alterações orgânicas são causadas por hipóxia suficientemente severa?
Qualquer episódio de hipóxia severa o suficiente para causar dano cerebral também causa alterações em outros órgãos. RNs com EHI grave podem ter acidose lática, enzimas hepáticas elevadas, enterocolite, insuficiência renal e dano miocárdico fatal.
107
Descreva as características clínicas da EHI leve.
RN letárgico mas consciente após o nascimento. Jitteriness e irritabilidade são características. Tônus muscular normal ou aumentado em repouso, reflexos tendinosos normo ou hiperativos, clônus de tornozelo usualmente eliciado. Hiperatividade simpática e instabilidade autonômica não ocorrem. Reflexo de Moro completo, estímulo único gera movimentos repetitivos de extensão e flexão. Convulsões não são esperadas (sugere hipoglicemia concomitante, segunda condição ou EHI mais significativa). Sintomas diminuem e desaparecem nos primeiros dias; recuperação completa da função cerebral é comum.
108
Descreva as características clínicas da EHI grave.
RN estuporoso ou comatoso após o nascimento; esforço respiratório geralmente periódico e insuficiente. Convulsões começam nas primeiras 12 horas. Hipotonia severa; reflexos tendinosos, de Moro e tônico cervical ausentes. Sucção e deglutição deprimidas ou ausentes, mas reflexos pupilares e oculovestibulares presentes. Convulsões frequentes (podem ser apenas eletrográficas), podendo progredir para estado de mal epiléptico; resposta incompleta a anticonvulsivantes. Aumento generalizado da PIC (coma, fontanelas abauladas, perda de reflexos pupilares/oculovestibulares, parada respiratória) frequentemente se desenvolve entre 24-72h de idade. RN pode morrer ou permanecer estuporoso por semanas. Encefalopatia começa a diminuir após o 3º dia, convulsões diminuem. Jitteriness comum com o despertar; tônus aumenta nos membros nas semanas seguintes. Esperar sequelas neurológicas; grau de déficits a longo prazo difícil de prever com precisão.
109
Quais exames são úteis no diagnóstico e monitoramento da EHI?
Achados clínicos e laboratoriais para determinar severidade e elegibilidade para tratamento. EEG, ultrassom de crânio e RM são testes adjuntos úteis. Monitoramento contínuo por EEG é necessário para todo neonato com EHI grave, particularmente durante resfriamento terapêutico.
110
Quais são os achados de EEG na EHI leve vs. grave? Quais padrões indicam mau prognóstico?
EHI Leve: Ritmos de fundo do EEG normais ou com falta de variabilidade. EHI Grave: Fundo sempre anormal, mostra supressão da amplitude de fundo. Grau de supressão correlaciona-se bem com a severidade da EHI. Mau prognóstico: EEG plano ou padrão de surto-supressão a qualquer momento; amplitude suprimida por 2 semanas. Atividade epileptiforme pode estar presente, mas é menos preditiva do que a supressão de fundo.
111
O que a RM com imagens ponderadas em difusão pode mostrar na EHI? Quais estruturas são frequentemente afetadas?
Útil para determinar a extensão total da lesão. Gânglios da base e tálamo são frequentemente afetados.
112
Qual o manejo da EHI em RNs?
Atenção imediata a alterações em vários órgãos e correção da acidose. Controle das convulsões e manutenção de ventilação e perfusão adequadas aumentam a chance de desfecho favorável. Resfriamento de corpo inteiro com monitoramento contínuo por EEG é o padrão de cuidado.
113
Por que o monitoramento contínuo por EEG é crucial durante o resfriamento terapêutico na EHI e após o reaquecimento?
As convulsões são frequentemente subclínicas em RNs. Se convulsões estiverem presentes a qualquer momento durante o resfriamento, o EEG deve ser continuado por pelo menos 24 horas após o reaquecimento, pois as convulsões podem recorrer quando as demandas metabólicas do cérebro aumentam.
114
Qual a primeira escolha de anticonvulsivante para convulsões neonatais na EHI segundo os autores? E qual outra droga mostra promessa?
Levetiracetam IV é a primeira escolha, mas frequentemente falha. Lacosamida IV mostra promessa e pode ter o benefício adicional de não aumentar a apoptose (pesquisa preliminar).
115
Qual a incidência de epilepsia tardia em lactentes que tiveram convulsões neonatais por EHI?
30%-40%.
116
A terapia antiepiléptica continuada após cessarem as convulsões neonatais por EHI influencia o desenvolvimento de epilepsia crônica?
Não parece influenciar significativamente, se é que influencia.
117
Qual a diferença entre os termos "aminoacidopatia" e "acidemia orgânica" usados no texto?
Aminoacidopatia: Termo geral para qualquer distúrbio do metabolismo de ácidos orgânicos ou aminoácidos. Usado especificamente para hiperglicinemia não cetótica. Acidemia Orgânica: Tipicamente se refere a quatro distúrbios específicos de ácidos orgânicos envolvendo os aminoácidos de cadeia ramificada: Doença da Urina do Xarope de Bordo (MSUD), acidemia isovalérica, acidemia metilmalônica (MMA) e acidemia propiônica.
118
Qual é uma característica comum das aminoacidopatias e acidemias orgânicas que podem causar crises metabólicas e convulsões no RN? (Box 1.6)
Hiperamonemia.
119
Quais são as causas de hiperamonemia neonatal listadas no Box 1.6?
Insuficiência hepática. Defeitos enzimáticos primários na síntese de ureia (Acidemia argininossuccínica, Deficiência de carbamil fosfato sintetase, Citrulinemia, Deficiência de ornitina transcarbamilase). Outros distúrbios do metabolismo de aminoácidos (Glicina encefalopatia, Acidemia isovalérica, Acidemia metilmalônica, Deficiência de múltiplas carboxilases, Acidemia propiônica). Hiperamonemia transitória da prematuridade.
120
Qual é uma característica dos distúrbios de ácidos orgânicos em termos de acúmulo de compostos?
Acúmulo de compostos, geralmente cetonas ou ácido lático, que causam acidose nos fluidos biológicos.
121
Qual defeito causa a encefalopatia por glicina (hiperglicinemia não cetótica) e qual seu padrão de herança?
Um defeito no sistema de clivagem da glicina. Herança autossômica recessiva.
122
Descreva as características clínicas da forma grave de HNC.
RNs afetados são normais ao nascer, mas tornam-se irritáveis e recusam alimentação entre 6 horas e 8 dias após o parto (geralmente em 48h). Soluços são uma característica precoce e contínua (algumas mães relatam soluços proeminentes in utero). Seguem-se letargia progressiva, hipotonia, distúrbios respiratórios e convulsões mioclônicas. Alguns sobrevivem à doença aguda, mas deficiência cognitiva, epilepsia e espasticidade caracterizam o curso subsequente.
123
Quais são os achados de EEG e RM na HNC?
EEG: Durante encefalopatia aguda, demonstra padrão de surto-supressão, que evolui para hipsarritmia durante a infância. RM: Pode ser normal ou mostrar agenesia ou adelgaçamento do corpo caloso. Mielinização tardia e atrofia são achados posteriores.
124
Como é estabelecido o diagnóstico de HNC?
Hiperglicinemia e, especialmente, concentrações elevadas de glicina no líquido cefalorraquidiano (LCR) na ausência de hiperamonemia, acidemia orgânica ou tratamento com ácido valproico. Teste genético molecular confirmatório demonstra mutações patogênicas bialélicas nos genes GLDC ou AMT.
125
Qual o manejo da HNC?
Nenhuma terapia provou ser eficaz. Hemodiálise oferece alívio temporário; terapia dietética não modifica o curso. Diazepam (competidor dos receptores de glicina) + colina, ácido fólico e benzoato de sódio podem controlar convulsões, mas sem efeito significativo no desenvolvimento. Benzoato de sódio oral (250-750 mg/kg/dia) pode reduzir glicina plasmática, mas não normaliza LCR. L-Carnitina (100 mg/kg/dia) pode aumentar conjugação da glicina com benzoato. Dextrometorfano (5-35 mg/kg/dia) relatado como útil.
126
Quais são os quatro distúrbios distintos englobados pelas aminoacidopatias de cadeia ramificada que podem se apresentar no período neonatal?
Doença da Urina do Xarope de Bordo (MSUD), acidemia isovalérica, acidemia metilmalônica (MMA) e acidemia propiônica.
127
Qual a característica clínica das crises metabólicas nesses distúrbios?
Vômitos e letargia, com ou sem novos déficits neurológicos. Essas crises são potencialmente fatais e devem ser tratadas como tal.
128
Qual defeito enzimático causa a forma neonatal da MSUD? Qual a principal anormalidade? (Fig 1.1)
Ausência quase completa (menos de 2% do normal) da desidrogenase de cetoácidos de cadeia ramificada (BCKD). A principal anormalidade é uma deficiência da subunidade E1 da BCKD (cromossomo 19q13.1-q13.2).
129
Quais aminoácidos se acumulam na MSUD devido à incapacidade de serem descarboxilados? (Fig 1.1)
Leucina, isoleucina e valina acumulam-se no sangue, urina e tecidos.
130
Quais são as características clínicas da MSUD neonatal?
RNs parecem saudáveis ao nascer, mas letargia, dificuldade de alimentação e hipotonia desenvolvem-se após ingestão de proteína. Encefalopatia progressiva por volta de 2-3 dias pós-parto, incluindo letargia, apneia intermitente, opistótono e movimentos estereotipados ("esgrima", "bicicleta"). Coma e insuficiência respiratória central podem ocorrer por volta de 7-10 dias de age. Convulsões começam na segunda semana, associadas ao desenvolvimento de edema cerebral. Sem terapia, edema cerebral piora progressivamente e resulta em coma e morte em 1 mês.
131
Como é feito o diagnóstico de MSUD?
Concentrações plasmáticas aumentadas dos três aminoácidos de cadeia ramificada. MSUD faz parte da triagem neonatal padrão (resultado pode demorar). Urina classicamente cheira a xarope de bordo. Cetonúria em qualquer RN deve levar a avaliação metabólica; RNs com MSUD não terão hipoglicemia ou hiperamonemia associadas. Teste genético molecular (painel multigênico específico ou teste genético abrangente) confirma o diagnóstico.
132
Qual o manejo da MSUD?
Hemodiálise pode ser necessária para acidose metabólica grave. Um ensaio com tiamina (10-20 mg/kg/dia) melhora a condição em uma variante responsiva à tiamina. Corrigir desidratação, desequilíbrio eletrolítico e acidose metabólica. Consultar nutricionista para iniciar dieta restrita em leucina, garantindo suplementação adequada de isoleucina e valina (fórmulas especiais disponíveis). Proteínas naturais apenas em doses limitadas e quantificadas (leite materno pode ser usado se medido). Vigilância contínua das concentrações de aminoácidos é crítica.
133
Qual o defeito enzimático na acidemia isovalérica e qual o gene envolvido? (Fig 1.1)
Deficiência da enzima isovaleril-CoA desidrogenase, que converte ácido isovalérico em 3-metilcrotonil-CoA. Causada por mutações bialélicas no gene IVD; herança autossômica recessiva.
134
Quais são as características clínicas da forma aguda neonatal da acidemia isovalérica?
RNs normais ao nascer, mas em poucos dias tornam-se letárgicos, recusam alimentação e vomitam. Síndrome clínica similar à MSUD, exceto que a urina cheira a "pés suados" e há hiperamonemia (não vista na MSUD).
135
Como é feito o diagnóstico da acidemia isovalérica?
Frequentemente descoberta na triagem neonatal de rotina. RNs sintomáticos podem ter hiperamonemia e acidose lática. Teste genético molecular está disponível.
136
Qual o manejo da acidemia isovalérica?
Restrição dietética de proteína (especialmente leucina) diminui déficits neurológicos tardios. L-Carnitina, 50 mg/kg/dia é um suplemento benéfico para alguns. Em RNs agudamente doentes, glicina oral, 250-500 mg/dia, além da restrição proteica e carnitina, diminui a mortalidade. Ácido araquidônico, ácido docosahexaenoico e vitamina B12 podem se tornar deficientes e requerer suplementação. Monitoramento próximo e tratamento imediato das crises são vitais.
137
Qual via metabólica está afetada na MMA e qual cofator é necessário?
A isomerização de L-metilmalonil-CoA para succinil-CoA (que entra no ciclo do ácido tricarboxílico) é catalisada pela enzima D-metilmalonil-CoA mutase, que requer o coenzima adenosilcobalamina (derivado da vitamina B12). A MMA engloba vários defeitos nesta via.
138
Qual o fenótipo mais comum e grave da MMA?
A forma infantil ou não responsiva à B12.
139
Quais genes estão associados à MMA e qual seu padrão de herança?
Herança autossômica recessiva com mutações patogênicas bialélicas nos genes MMAA, MMAB, MCEE, MMADHC ou MMUT.
140
Quais são as características clínicas da forma infantil/não responsiva à B12 da MMA?
Sintomas aparecem na primeira semana após o parto: letargia, dificuldade de ganho de peso, vômitos recorrentes, desidratação, desconforto respiratório e hipotonia após o início da alimentação proteica. Leucopenia, trombocitopenia e anemia em >50%. Hemorragia intracraniana pode ocorrer por diátese hemorrágica. Encefalopatia hiperamonêmica pode se desenvolver. Sobreviventes tipicamente têm acidose recorrente, infartos de gânglios da base durante crises metabólicas, distúrbios do movimento e deficiência intelectual.
141
Como é feito o diagnóstico de MMA?
Suspeitar em qualquer RN com acidose metabólica, especialmente se associada a cetose, hiperamonemia e hiperglicinemia. Teste para MMA incluído na triagem neonatal; teste genético confirmatório disponível.
142
Qual o manejo da MMA?
Inicialmente, suplementação com vitamina B12 (hidroxocobalamina) é razoável enquanto se aguarda diagnóstico genético definitivo. Manter tratamento com restrição proteica (0.5-1.5 g/kg/dia) e hidroxocobalamina (1 mg) semanalmente. Suplementação oral de L-carnitina reduz cetogênese em jejum. Manejo multidisciplinar para complicações secundárias (falha de crescimento, pancreatite, imunodeficiência funcional, doença cardíaca, câncer hepático/renal).
143
Qual via metabólica está afetada na acidemia propiônica e qual coenzima é necessária? (Fig 1.1)
A carboxilação do propionil-CoA (formado do catabolismo de metionina, treonina e aminoácidos de cadeia ramificada) para D-metilmalonil-CoA requer a enzima propionil-CoA carboxilase e a coenzima biotina. A deficiência isolada da propionil-CoA carboxilase causa acidemia propiônica; herança autossômica recessiva.
144
Quais são as características clínicas da forma infantil (mais comum e grave) da acidemia propiônica?
Sintomas inespecíficos em RNs: dificuldade de alimentação, letargia, hipotonia e desidratação. RNs não tratados rapidamente se desidratam, têm convulsões generalizadas ou mioclônicas e entram em coma. Hepatomegalia por infiltração gordurosa em ~1/3. Neutropenia, trombocitopenia, ocasionalmente pancitopenia. Diátese hemorrágica pode causar hemorragia intracraniana maciça. "AVC metabólico" (infartos nos gânglios da base) pode ocorrer durante crises.
145
Como é feito o diagnóstico de acidemia propiônica?
Considerar em qualquer RN com cetoacidose ou com hiperamonemia sem cetoacidose. Provável diagnóstico se concentrações plasmáticas de glicina e propionato e urinárias de glicina, metilcitrato e β-hidroxipropionato estiverem aumentadas. Concentração plasmática de propionato sempre elevada, sem aumento concomitante de metilmalonato. Teste incluído em algumas triagens neonatais expandidas. Teste genético molecular (mutações bialélicas em PCCA ou PCCB) ou ensaios enzimáticos confirmam.
146
Qual o manejo da acidemia propiônica?
RN em cetoacidose requer diálise, fluidos parenterais e restrição de precursores propriogênicos. Restrição proteica (0.5-1.5 g/kg/dia) diminui frequência/severidade de crises. L-carnitina oral reduz resposta cetogênica ao jejum e pode ser útil como suplemento diário. Antibióticos não absorvíveis intermitentes reduzem produção de propionato por bactérias intestinais. Transplante hepático em casos de crises frequentes ou hiperamonemia. Evitar estressores (jejum, vômitos, alta carga proteica).
147
Quais duas dependências vitamínicas podem se apresentar com convulsões no período neonatal ou primeira infância?
Dependência de piridoxina e dependência de ácido folínico.
148
O que causa a dependência de piridoxina e qual seu padrão de herança?
Distúrbio raro transmitido como traço autossômico recessivo. Causado por mutações patogênicas bialélicas no gene ALDH7A1, com apresentação fenotípica variável (típica a atípica).
149
Quais são as características clínicas da dependência de piridoxina (forma típica)?
RNs apresentam convulsões logo após o nascimento, geralmente clônicas multifocais no início, progredindo rapidamente para estado de mal epiléptico. Apresentações típicas incluem convulsões prolongadas e episódios recorrentes de estado de mal epiléptico, mas também podem ocorrer eventos autolimitados recorrentes (parciais, generalizadas, atônicas, mioclônicas, espasmos infantis). As convulsões respondem apenas à piridoxina. Um intervalo livre de convulsões de até 3 semanas pode ocorrer após a descontinuação da piridoxina. Deficiência intelectual é comum, especialmente na forma típica, mas o prognóstico melhora com diagnóstico e tratamento precoces.
150
Quais são as características atípicas da dependência de piridoxina?
Convulsões de início tardio (até 2 anos); convulsões que inicialmente respondem a DAEs e depois não; convulsões que não respondem inicialmente à piridoxina, mas depois se controlam; e intervalos prolongados sem convulsões (até 5 meses) após parar a piridoxina.
151
Como é feito o diagnóstico da dependência de piridoxina?
Suspeitar em RNs com irmão afetado ou com convulsões diárias refratárias a anticonvulsivantes, curso progressivo e EEGs piores. Características da variedade típica/início infantil: convulsões mioclônicas intermitentes, clônicas focais ou tônico-clônicas generalizadas. Apneia ictal é um sintoma proeminente (experiência dos autores). EEG continuamente anormal (descargas de espículas generalizadas/multifocais), tende a evoluir para hipsarritmia. Injeção IV de piridoxina 100 mg (às vezes 500 mg) cessa atividade clínica e frequentemente normaliza EEG em <10 min. Achados laboratoriais de suporte (não específicos): elevações de α-aminoadípico semialdeído (plasma/urina); ácido pipecólico (plasma/LCR); e achados característicos na análise de metabólitos de monoaminas no LCR. Teste genético confirma o diagnóstico.
152
Qual o manejo da dependência de piridoxina?
Suplemento dietético vitalício de piridoxina previne mais convulsões. Doses recomendadas: 100 mg/dia para RNs e 30 mg/kg/dia para lactentes com dose máxima diária de 300 mg. A dose pode ser dobrada por vários dias durante períodos de doença aguda ou estresse. Iniciar terapia dietética com ingestão reduzida de lisina. Recomendar teste pré-natal para todos os irmãos subsequentes, pois suplementos de piridoxina podem ser dados à mãe durante a gravidez, e o tratamento iniciado imediatamente no parto.
153
As convulsões por dependência de ácido folínico são similares a quê? Quais genes foram implicados?
Similares às convulsões por dependência de piridoxina. Um relato de caso de síndrome de Ohtahara responsiva a ácido folínico foi negativo para ALDH7A1 mas positivo para mutação em STXBP1. Mutações novas no gene do receptor de folato FOLR1 foram identificadas em outros casos.
154
Quais são as características clínicas da dependência de ácido folínico?
Lactentes desenvolvem convulsões na primeira semana de vida que não respondem a anticonvulsivantes ou piridoxina.
155
Como é feito o diagnóstico da dependência de ácido folínico?
Um pico característico na eletroforese do LCR confirma o diagnóstico, assim como o teste genético molecular.
156
Qual o manejo da dependência de ácido folínico?
Tratar com suplementação de ácido folínico (NÃO ÁCIDO FÓLICO) 2.5-5 mg duas vezes ao dia.
157
Qual infecção é a de maior preocupação como causa de convulsões no recém-nascido due à sua função imune prejudicada?
Herpes simplex encefalite.
158
Quais são os dois sorotipos do vírus herpes simplex (HSV) e com o que cada um está predominantemente associado?
HSV-1 e HSV-2. HSV-2 está associado a 80% do herpes genital e HSV-1 a 20%.
159
Como pode ocorrer a transmissão do HSV para o recém-nascido? Qual a forma mais comum?
In utero, periparto ou pós-natal. 85% dos casos neonatais são infecções por HSV-2 adquiridas durante o parto.
160
Quando ocorre o maior risco de transmissão perinatal do HSV?
Quando uma mãe sem anticorpos prévios para HSV-1 ou HSV-2 adquire qualquer um dos vírus no trato genital dentro de 2 semanas antes do parto (infecção primária de primeiro episódio).
161
Qual o espectro clínico da infecção perinatal por HSV?
Considerável. Entre os RNs sintomáticos: 1/3 tem doença disseminada, 1/3 tem envolvimento localizado do cérebro, e 1/3 tem envolvimento localizado dos olhos, pele ou boca. Metade das infecções (disseminadas ou localizadas) envolve o SNC.
162
Qual a taxa de mortalidade e morbidade neurológica da HSE neonatal?
Mortalidade geral > 60%, e 50% dos sobreviventes têm comprometimento neurológico permanente.
163
Quando geralmente ocorre o início dos sintomas da HSE neonatal? Quais são as manifestações clínicas?
Início pode ser tão cedo quanto o quinto dia, mas usualmente na segunda semana. Erupção vesicular presente em 30% (couro cabeludo após apresentação de vértice, nádegas após pélvica). Conjuntivite, icterícia, diátese hemorrágica podem estar presentes. Primeiros sintomas de encefalite: irritabilidade e convulsões (focais ou generalizadas, frequentemente parcialmente responsivas à terapia). Deterioração neurológica progressiva caracterizada por coma e quadriparesia.
164
Como é feito o diagnóstico da HSE neonatal (amostras, testes, EEG, LCR)?
Amostras para cultura/PCR: Vesículas cutâneas, boca, nasofaringe, reto ou LCR. PCR é o padrão para diagnóstico de encefalite herpética. EEG: Sempre anormal; mostra espículas multifocais, inicialmente mais do que o padrão trifásico periódico visto em populações mais velhas. O padrão periódico de ondas lentas usualmente sugere uma lesão destrutiva subjacente similar a AVC. LCR: Leucocitose linfocítica, hemácias e concentração proteica elevada.
165
Qual o manejo da HSE neonatal, incluindo prevenção?
Prevenção: Cesariana deve ser fortemente considerada em todas as mulheres com infecção herpética genital ativa a termo, cujas membranas estão intactas ou rotas por menos de 4 horas. Tratamento: Aciclovir IV é a droga de escolha para todas as formas de doença por HSV neonatal. Dosagem: 60 mg/kg/dia divididos em três doses, IV por 14 dias para doença de pele/olho/boca e 21 dias para doença disseminada. Monitoramento: Pacientes com envolvimento do SNC devem repetir punção lombar ao final da terapia IV com aciclovir para determinar se o LCR está negativo por PCR e normalizado. Terapia continua até documentar PCR negativo. Efeito adverso principal do aciclovir parenteral: Insuficiência renal aguda.
166
Em que circunstâncias o trauma craniano neonatal ocorre mais frequentemente?
Em RNs grandes a termo de mães primíparas. Trabalho de parto prolongado e extração difícil são usuais devido à má posição fetal ou desproporção feto-pélvica. Um parto precipitado também pode levar a trauma ou hemorragia.
167
Quais são os tipos de hemorragia intracraniana neonatal mencionados?
Subaracnóidea, subdural ou intraventricular.
168
Quais são as causas conhecidas de trombose venosa cerebral em RNs? Ela pode ocorrer sem fatores predisponentes?
Coagulopatias, policitemia e sepse. Sim, também ocorre sem fatores predisponentes conhecidos, especialmente envolvendo o seio sagital superior, provavelmente devido a trauma mesmo em partos relativamente normais.
169
Quais são as características clínicas da trombose venosa cerebral idiopática neonatal?
Sintoma inicial é convulsões focais ou letargia, começando a qualquer momento durante o primeiro mês. Pressão intracraniana permanece normal, letargia resolve lentamente e convulsões tendem a responder a anticonvulsivantes. O prognóstico a longo prazo é incerto e provavelmente depende da extensão do infarto hemorrágico do hemisfério.
170
Qual o teste padrão para diagnóstico de trombose venosa cerebral neonatal?
Venografia por TC ou Venografia por RM. Venografia por TC é mais sensível e acurada; no entanto, RM é preferida devido à ausência de radiação.
171
Qual o manejo da trombose venosa cerebral neonatal?
Anticoagulação pode diminuir o risco de progressão do trombo, congestão venosa levando a hemorragia e AVC, e facilitar recanalização. Resposta à terapia varia; doses de heparina de baixo peso molecular frequentemente requerem reajuste para manter níveis terapêuticos de anti-Xa de 0.5-1 U/mL. Dose inicial: 1.7 mg/kg a cada 12h para RNs a termo, ou 2.0 mg/kg a cada 12h para prematuros. Decisões terapêuticas devem incorporar tratamento da causa subjacente, se conhecida.
172
Qual a provável origem do sangue na HSA primária neonatal?
Provavelmente de laceração das veias superficiais por forças de cisalhamento durante um parto prolongado com moldagem da cabeça.
173
Quais são as características clínicas da HSA primária neonatal?
EHI leve frequentemente associada, mas o RN geralmente está bem quando subitamente ocorre uma convulsão inesperada no primeiro ou segundo dia de vida. Punção lombar (realizada por suspeita de sepse) revela sangue no LCR. A maioria dos RNs com HSA não sofrerá sequelas a longo prazo.
174
Como é feito o diagnóstico da HSA primária neonatal?
TC é útil para documentar a extensão da hemorragia; sangue presente na fissura inter-hemisférica e recessos supratentoriais e infratentoriais. EEG pode revelar atividade epileptiforme sem supressão de fundo, sugerindo que EHI não é a causa e prognóstico é mais favorável. Estudos de coagulação são necessários.
175
Qual o manejo da HSA primária neonatal?
Convulsões usualmente respondem a anticonvulsivantes. Terapia específica para a hemorragia não está disponível; hidrocefalia pós-hemorrágica é incomum.
176
Qual a causa usual da hemorragia subdural neonatal?
Geralmente consequência de uma laceração no tentório perto de sua junção com a foice. Causas da laceração incluem moldagem vertical excessiva da cabeça (apresentação de vértice), elongação anteroposterior da cabeça (apresentações de face e fronte), ou parto prolongado da cabeça derradeira (apresentação pélvica).
177
Quais são as características clínicas da hemorragia subdural neonatal?
Sangue acumula-se na fossa posterior e pode produzir compressão do tronco encefálico. Características iniciais são de EHI leve a moderada. Evidência clínica de compressão do tronco começa 12 horas ou mais após o parto. Características incluem respiração irregular, choro anormal, declínio da consciência, hipotonia, convulsões e fontanela tensa. Hemorragia intracerebelar às vezes presente. Mortalidade é alta e comprometimento neurológico entre sobreviventes é comum.
178
Como é feito o diagnóstico da hemorragia subdural neonatal?
RM, TC ou ultrassom visualizam as hemorragias subdurais.
179
Qual o manejo da hemorragia subdural neonatal?
Hemorragias pequenas não requerem tratamento, mas evacuação cirúrgica de grandes coleções alivia compressão do tronco.
180
Quais sistemas são envolvidos na Incontinentia Pigmenti e qual seu padrão de herança e gene associado?
Síndrome neurocutânea rara envolvendo pele, dentes, olhos e SNC. Transmissão genética ligada ao X, com mutações patogênicas heterozigotas de IKBKG em mulheres afetadas e hemizigotas em homens. Variante de perda de função é letal em fetos masculinos; homens afetados virtualmente todos têm 47-XXY ou mosaicismo somático.
181
Quais são as características clínicas cutâneas (e outras) da Incontinentia Pigmenti?
Pele: Erupção eritematosa e vesicular (lembra epidermólise bolhosa) nas superfícies flexoras dos membros e aspecto lateral do tronco ao nascer ou logo após. Persiste por meses, substituída por erupção verrucosa por semanas/meses. Entre 6-12 meses, depósitos de pigmento aparecem na área prévia da erupção em arranjos polimórficos bizarros. Pigmentação regride, deixando hipopigmentação linear. Outras: Alopecia, hipodontia, formato anormal dos dentes, unhas distróficas. Anormalidades vasculares retinais predispõem a descolamento de retina.
182
Quais são as manifestações neurológicas da Incontinentia Pigmenti em RNs?
Ocorrem em menos da metade dos casos. Em RNs, característica proeminente é início de convulsões no segundo ou terceiro dia, frequentemente confinadas a um lado do corpo. Deficiências neurológicas residuais podem incluir deficiência cognitiva, epilepsia, hemiparesia e hidrocefalia.
183
Como é feito o diagnóstico de Incontinentia Pigmenti?
Achados clínicos e biópsia da erupção cutânea são diagnósticos. Bases para diagnóstico: achados clínicos e teste molecular do gene IKBKG.
184
Qual o manejo da Incontinentia Pigmenti?
Convulsões neonatais usualmente respondem a DAEs padrão. Erupção bolhosa requer medicação tópica e banhos de aveia. Exames oftalmológicos regulares para diagnosticar e tratar descolamento de retina.
185
Qual o racional para tratar convulsões neonatais, mesmo as eletrográficas?
Estudos em animais sugerem que atividade convulsiva contínua, mesmo em cérebro normoxêmico, pode causar dano cerebral por inibir síntese proteica, quebrar polirribossomos e via toxicidade de neurotransmissores. Em prematuros, o aumento do fluxo sanguíneo cerebral associado a convulsões pode aumentar o risco de HIV.
186
Qual consideração farmacocinética é importante para DAEs em prematuros?
A ligação proteica de DAEs pode estar prejudicada, e a concentração da fração livre pode ser tóxica, enquanto a fração ligada à proteína medida parece terapêutica.
187
Quais são os passos iniciais no manejo de RNs com convulsões?
Manter função vital, identificar e corrigir a causa subjacente (ex: hipocalcemia, sepse) quando possível, e rapidamente fornecer uma concentração sanguínea terapêutica de uma DAE quando necessário.
188
Quais duas questões devem ser respondidas ao tratar convulsões neonatais, considerando a fisiologia do RN?
1. O tratamento é eficaz? (RNs têm transportador de cloreto diferente nas primeiras semanas, e ativação GABA pode resultar em hiperexcitabilidade. Dissociação neuromotora documentada com fenobarbital - convulsões eletrográficas continuam apesar da cessação das clínicas). 2. As convulsões são piores que os possíveis efeitos negativos (conhecidos e desconhecidos) das medicações no cérebro em desenvolvimento (ex: apoptose)? (Algumas convulsões focais breves podem ser aceitáveis em encefalopatia neonatal em resolução).
189
Por que o levetiracetam IV é considerado uma boa opção inicial para convulsões neonatais?
Não é metabolizado no fígado, mas excretado inalterado na urina; sem interações medicamentosas. Requer manutenção do débito urinário.
190
Qual a dose inicial e de manutenção do levetiracetam em RNs e lactentes jovens?
Dose inicial: 30-40 mg/kg Dose de manutenção: 40 mg/kg/dia nos primeiros 6 meses de vida, e até 60 mg/kg/dia entre 6 meses e 4 anos.
191
Quando a suspensão de oxcarbazepina é uma boa opção em neonatos?
Em neonatos com trato gastrointestinal funcionante e baixo risco de enterocolite necrosante.
192
Quais as doses de oxcarbazepina para lactentes <6 meses e >6 meses? Em quais epilepsias os autores a consideram útil?
Doses entre 20 e 40 mg/kg/dia para <6 meses, e até 60 mg/kg/dia (dividido 2-3x) para lactentes mais velhos e crianças pequenas. Útil em todas as epilepsias relacionadas à localização, mas particularmente em epilepsias neonatais e infantis benignas onde levetiracetam é frequentemente menos eficaz.
193
A eficácia e segurança do fenobarbital IV em RNs são bem estabelecidas? Qual o possível mecanismo paradoxal?
Sua eficácia e segurança permanecem controversas. Os transportadores de cloreto em RNs podem converter fenobarbital em um pró-convulsivante ou pelo menos um anticonvulsivante menos eficaz. Possível efeito anticonvulsivante pode ser por efeitos extrassinápticos.
194
Qual a dose de ataque e manutenção usual do fenobarbital IV em RNs?
Dose de ataque de 20 mg/kg IV (a 5 mg/min) atinge concentração de 20 µg/mL. Dose de manutenção usual: 4 mg/kg/dia. Bolus adicionais de 10 mg/kg (total 40 mg/kg) se falha na resposta inicial.
195
A absorção oral de fenitoína é confiável em RNs?
Doses orais de fenitoína são mal absorvidas em RNs.
196
Qual a dose de ataque da fosfenitoína IV em RNs para atingir níveis terapêuticos?
Uma injeção IV única de 20 mg/kg (a 0.5 mg/kg/min) atinge concentração de 15-20 µg/mL.
197
A lacosamida é aprovada para uso em neonatos? O que mostram os estudos iniciais?
Aprovada para crianças >4 anos. Séries de casos iniciais mostram boa eficácia e tolerabilidade na população neonatal, mas estudos maiores são necessários.
198
Convulsões causadas por encefalopatia aguda, autolimitada e resolvida (ex: EHI leve) requerem terapia de manutenção prolongada?
Não ordinariamente. Na maioria dos RNs, as convulsões param quando a encefalopatia aguda termina. Descontinuação da terapia após um período de controle completo é razoável, a menos que sinais de lesão cortical permanente sejam confirmados por EEG, imagem ou exame clínico.
199
Convulsões causadas por disgenesia cerebral ou epilepsias sintomáticas devem ser tratadas continuamente?
Sim, pois a maioria são condições epilépticas vitalícias.
200
A fisiopatologia dos TNPs em lactentes é mais ou menos variável do que em neonatos? (Box 1.7)
É mais variável do que em neonatos.
201
Quais são as principais causas de TNPs em lactentes e crianças pequenas? (Box 1.7)
Convulsões, especialmente febris, são a principal causa. Apneia e síncope (spasmus nutans ou breath-holding spells) também são relativamente comuns.
202
Qual é a base mais importante para determinar se os "eventos" (spells) em lactentes são convulsões?
A determinação de quais "eventos" são convulsões é difícil e baseia-se mais na obtenção de uma descrição completa do evento do que em quaisquer testes diagnósticos.
203
Quais questões devem ser incluídas após ouvir a descrição do evento de um observador direto?
O que a criança estava fazendo antes do evento? Algo provocou o evento? A cor da criança mudou? Se sim, quando e para qual cor? Os olhos se moveram em alguma direção? O evento afetou uma parte do corpo mais do que outras?
204
Além de um vídeo caseiro, qual outra ferramenta é útil para identificar a natureza de eventos incomuns em lactentes?
Monitoramento ambulatorial ou prolongado por vídeo-EEG é a única maneira de identificar a natureza de eventos incomuns.
205
De quais regiões cerebrais geralmente surgem as convulsões caracterizadas por diminuição da atividade motora com alterações indeterminadas no nível de consciência? E as convulsões com atividade motora?
Diminuição da atividade motora: lobo temporal, temporoparietal ou parieto-occipital. Atividade motora: lobo frontal, central ou frontoparietal.
206
Quais são os transtornos paroxísticos comuns em crianças menores de 2 anos listados no Box 1.7?
Apneia e Prender a Respiração (Cianótica, Pálida) Distonia (Acidúria glutárica, Distonia paroxística transitória da infância) Enxaqueca (Vertigem paroxística benigna, Vômitos cíclicos, Torcicolo paroxístico) Convulsões (Epilepsia desencadeada por febre, Infecção do sistema nervoso, Convulsão febril simples, Convulsões febris, Convulsões afebris - Convulsões infantis familiares benignas, Riso ictal, Convulsões tônico-clônicas generalizadas, Convulsões focais, Convulsões mioclônicas - Espasmos infantis, Epilepsia mioclônica benigna, Epilepsia mioclônica grave, Estado mioclônico, Síndrome de Lennox-Gastaut) Estereotipias
207
Qual a definição de apneia infantil?
Cessação da respiração por 15 segundos ou mais, ou por menos de 15 segundos se acompanhada de bradicardia.
208
A apneia isolada é frequentemente uma manifestação convulsiva em lactentes e crianças?
Raramente. A frequência de convulsões apneicas relaciona-se inversamente com a idade (mais em neonatos > lactentes > crianças).
209
Em lactentes e crianças pequenas com apneia isolada como manifestação convulsiva, o que a revisão de vídeo frequentemente revela?
A identificação de outras características (além da apneia) torna-se possível.
210
Qual é uma causa muito mais comum de apneia do que convulsões na maioria dos lactentes e crianças pequenas?
Refluxo gastroesofágico.
211
As anormalidades diagnósticas no EEG em lactentes com convulsões apneicas aparecem apenas durante a apneia? O que isso implica para o diagnóstico?
Sim, frequentemente as anormalidades no EEG aparecem apenas no momento da apneia, portanto, o monitoramento é necessário para o diagnóstico.
212
Qual a prevalência de episódios de prender a respiração com perda de consciência em lactentes e crianças pequenas?
Ocorrem em quase 5% dos lactentes e crianças pequenas.
213
Qual a causa dos episódios de prender a respiração?
Um distúrbio na regulação autonômica central, provavelmente transmitido por herança autossômica dominante com penetrância incompleta. Aproximadamente 20%-30% dos pais de crianças afetadas têm história da condição.
214
Por que o termo "prender a respiração" (breath-holding) é um equívoco?
Porque a respiração sempre para na expiração.
215
Quais são os dois tipos de episódios de prender a respiração? Qual é mais comum?
Cianótico e pálido. Episódios cianóticos são três vezes mais comuns que os pálidos. A maioria das crianças experimenta apenas um ou outro, mas 20% têm ambos.
216
Qual a faixa etária de início e término usual dos episódios de prender a respiração?
Em aproximadamente 80% das crianças afetadas, os episódios começam antes dos 18 meses de idade, e em todos os casos começam antes dos 3 anos. O último episódio geralmente ocorre por volta dos 4 anos e não depois dos 8 anos.
217
Qual é o estímulo provocador usual para os episódios cianóticos? Descreva a sequência de eventos.
O estímulo usual é raiva, dor, frustração ou medo. O lactente chora e então para de respirar na expiração. Cianose se desenvolve rapidamente, seguida por flacidez e perda de consciência. O choro pode não preceder episódios provocados por dor.
218
O que pode acontecer em episódios cianóticos mais longos? Esses movimentos são convulsivos?
Postura tônica do corpo e movimentos trêmulos das mãos ou braços. Os olhos podem rolar para cima. Esses movimentos são provavelmente um fenômeno de liberação do tronco encefálico, não atividade convulsiva. O EEG concurrente mostra achatamento do registro, não atividade convulsiva.
219
Como é a recuperação após um episódio cianótico curto vs. prolongado?
Curto: A criança pode retomar o choro ao acordar. Recupera-se rapidamente e parece normal imediatamente. Prolongado: A criança primeiro desperta e depois vai dormir.
220
Como é o diagnóstico da síncope cianótica?
A sequência típica de cianose, apneia e perda de consciência é crítica para o diagnóstico. Confusão com epilepsia ocorre por falta de atenção ao evento precipitante. Questionar sobre eventos precipitantes, ausência de respiração, cor facial e história familiar. EEG entre os ataques é normal.
221
Qual o manejo da síncope cianótica?
Educação e tranquilização. A família deve ser educada a deixar a criança em posição supina com proteção das vias aéreas até recuperar a consciência. Pegar a criança prolonga o episódio. Se os episódios ocorrem em resposta à disciplina, confortar a criança, mas permanecer firme na decisão, para não reforçar os episódios.
222
Qual é a provocação usual da síncope pálida? Descreva o evento.
Geralmente um evento doloroso súbito e inesperado, como uma pancada na cabeça. A criança raramente chora, mas em vez disso torna-se pálida, flácida e perde a consciência.
223
O que pode ocorrer após a flacidez inicial na síncope pálida? Esses movimentos são convulsivos?
O corpo pode enrijecer, e podem ocorrer movimentos clônicos dos braços. Como na síncope cianótica, esses movimentos representam um fenômeno de liberação do tronco encefálico, não atividade convulsiva.
224
Como é o diagnóstico da síncope pálida? É recomendado provocar um ataque?
A síncope pálida é resultado de assistolia reflexa. Pressão nos globos oculares para iniciar um reflexo vagal provoca um ataque, mas *não* é recomendado como procedimento de consultório. A história isolada é diagnóstica.
225
Qual o manejo da síncope pálida?
Em casos raros, pode estar associada a arritmias cardíacas ou anomalias estruturais; todas as crianças com episódios sincopais pálidos devem ser avaliadas por um cardiologista. Se a avaliação cardíaca for normal, a tranquilização continua sendo o tratamento padrão.
226
O comportamento autoestimulatório (anteriormente mal rotulado como "masturbação infantil") é um comportamento sexual normal em crianças pequenas?
É um comportamento normal, não sexual em crianças pequenas.
227
Quais são as características clínicas do comportamento autoestimulatório normal em crianças que podem levar à suspeita de convulsões?
Crianças normais (meninas > meninos) são encaminhadas por suspeita de convulsões devido a uma postura estereotipada de tesoura ou movimento tipo bicicleta das pernas por segundos ou minutos, enquanto deitadas na cama ou no chão. Comum durante a sonolência e frequentemente seguido por sono normal.
228
Como é feito o diagnóstico do comportamento autoestimulatório normal?
Uma boa história e a obtenção de um vídeo do evento são tudo o que é necessário para o diagnóstico.
229
Qual o manejo do comportamento autoestimulatório normal?
Tranquilizar os pais sobre a natureza benigna e não sexual deste comportamento.
230
O que causa a hiperecplexia hereditária (HPX) e qual sua característica patognomônica?
Causada por transmissão glicinérgica inibitória prejudicada. Um sobressalto exagerado que não habitua é patognomônico.
231
Quais genes estão associados à HPX e qual seu padrão de herança?
Herança pode ser autossômica dominante ou recessiva, causada por alterações patogênicas nos genes GLRA1, GLRB ou SLC6A5.
232
A hiperecplexia é sempre uma condição benigna como a HPX?
Não, hiperecplexia é um sintoma de várias outras condições adquiridas ou genético-metabólicas, muitas das quais não são tão benignas quanto a HPX, justificando investigação extensa.
233
Quais são as características clínicas da HPX?
Início ao nascimento ou primeira infância. Ao nascer, RN pode parecer hipotônico durante o sono e desenvolver enrijecimento generalizado ao despertar. Episódios apneicos tônicos causam cianose significativa em alguns e podem ser fatais. Lactentes e crianças experimentam resposta de sobressalto exagerada, às vezes seguida por enrijecimento generalizado. Hérnias congênitas, distúrbios do sono, epilepsia e atraso no desenvolvimento ocorrem em alguns. Rigidez diminui, mas não desaparece durante o sono. Reflexos tendinosos são vivos. Rigidez resolve espontaneamente durante a infância (normal pela idade de 3 anos na maioria); no entanto, episódios de rigidez podem recorrer na adolescência/vida adulta. Resposta de sobressalto exagerada patológica a estímulos visuais, auditivos ou táteis persiste por toda a vida. Em alguns, o sobressalto associa-se a rigidez generalizada transitória causando quedas sem reflexos protetores. Intelecto usualmente normal.
234
Como é feito o diagnóstico de HPX?
História familiar de doença do sobressalto ajuda, mas frequentemente ausente. Ao contrário da epilepsia provocada por sobressalto, o EEG é sempre normal. RNM de encéfalo para descartar causas adquiridas. Teste genético confirma.
235
Qual o manejo da HPX?
Clonazepam é o agente mais útil para reduzir a frequência dos ataques. Valproato, clobazam, fenitoína e carbamazepina têm sido usados com sucesso variável. Episódios apneicos tônicos podem ser abortados flexionando forçadamente a cabeça e as pernas em direção ao tronco.
236
Quais são as três possíveis explicações para a primeira convulsão de uma criança que ocorre durante a febre?
(1) Uma infecção do sistema nervoso; (2) um transtorno convulsivo subjacente no qual o estresse da febre desencadeia a convulsão, embora convulsões subsequentes possam ser afebris; ou (3) uma convulsão febril, uma condição genética limitada pela idade na qual as convulsões ocorrem apenas com febre.
237
Como as crianças que têm convulsões por encefalite ou meningite geralmente se apresentam após a convulsão, em contraste com aquelas com convulsões febris simples?
Crianças com convulsões por infecção do SNC geralmente não acordam imediatamente depois; elas costumam estar obnubiladas ou comatosas. Em contraste, lactentes que têm convulsões febris simples geralmente parecem normais após a convulsão.
238
Qual é a relação entre convulsões febris na infância e esclerose mesial temporal em adultos com epilepsia intratável? O inverso é verdadeiro?
Uma grande proporção de adultos com epilepsia intratável secundária à esclerose mesial temporal tem história prévia de convulsões febris na infância. O inverso não é verdadeiro; entre crianças com convulsões febris, a esclerose mesial temporal é um evento raro.
239
Qual a prevalência de convulsões febris não causadas por infecção ou outra causa definível?
Ocorrem em aproximadamente 4% das crianças.
240
Qual porcentagem de crianças cuja primeira convulsão é associada à febre terá convulsões afebris (epilepsia) até os 7 anos?
Apenas 2%.
241
Qual é o preditor mais importante de epilepsia subsequente após uma convulsão febril?
Um estado neurológico ou de desenvolvimento anormal.
242
O que são convulsões febris complexas e como elas (e a história familiar de epilepsia) afetam a probabilidade de epilepsia subsequente?
Convulsões febris complexas são definidas como convulsões prolongadas, focais ou múltiplas dentro de um período de 24 horas. Elas e uma história familiar de epilepsia aumentam ligeiramente a probabilidade de epilepsia subsequente.
243
O que é uma convulsão febril simples?
Uma convulsão única, breve e generalizada que ocorre em associação com febre, provavelmente é uma convulsão febril simples.
244
Qual a taxa de recorrência de convulsões febris simples? Quais fatores aumentam o risco de recorrência?
Um terço dos lactentes que têm uma primeira convulsão febril simples terá uma segunda. O risco de recorrência aumenta se a primeira convulsão febril ocorrer antes dos 18 meses de idade ou a uma temperatura corporal inferior a 40°C.
245
É necessário realizar punção lombar após uma convulsão breve e generalizada da qual a criança se recupera rápida e completamente, especialmente se a febre ceder ou for explicada?
Não, a punção lombar é desnecessária nessas circunstâncias.
246
Exames de rotina (hemograma, glicose, cálcio, eletrólitos, urinálise, EEG, TC/RM de crânio) são custo-efetivos em pacientes com convulsões febris simples?
Não são custo-efetivos e seu uso é desencorajado em pacientes com convulsões febris simples.
247
Quando um EEG deve ser obtido em uma criança com convulsão febril?
Em todo lactente que não é neurologicamente normal ou que tem história familiar de epilepsia. Lactentes com convulsões febris complexas podem se beneficiar de um EEG ou RM.
248
O tratamento é necessário para o grupo de baixo risco com uma convulsão febril simples, única, breve e generalizada?
O tratamento é desnecessário.
249
Uma segunda ou terceira convulsão febril simples causa epilepsia ou dano cerebral?
Nenhuma evidência mostrou que isso ocorra.
250
Qual orientação importante deve ser dada aos pais sobre a ocorrência de convulsões febris para evitar culpa desnecessária?
Os pais devem sempre ser tranquilizados de que as convulsões febris não são culpa deles, pois muitas vezes a febre só é percebida quando a criança convulsiona, e o tratamento imediato da febre nem sempre é possível ou preventivo.
251
Em que situações o uso de medicação anticonvulsivante deve ser considerado após convulsões febris?
1. Convulsões febris complexas em crianças com déficits neurológicos. 2. Convulsões febris simples ou complexas recorrentes em crianças com forte história familiar de epilepsia. 3. Estado de mal epiléptico febril. 4. Convulsões febris com frequência maior que uma vez por trimestre.
252
Quais são as epilepsias mais comuns exacerbadas por febre e qual gene está frequentemente envolvido?
São causadas por variantes patogênicas no gene SCN1A, que levam a várias síndromes, incluindo Síndrome de Dravet (SD) e epilepsia genética com convulsões febris plus (GEFS+).
253
Quando se suspeita de Síndrome de Dravet?
Em crianças com convulsões febris complexas evoluindo para epilepsias de difícil controle, exacerbadas por medicações anticonvulsivantes com mecanismo de bloqueio de canal de sódio (carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína ou lamotrigina).
254
Como são as primeiras convulsões na Síndrome de Dravet?
Frequentemente febris e prolongadas, podendo ser do tipo clônica generalizada ou focal.
255
Que outros tipos de convulsões podem surgir na Síndrome de Dravet após 1 ano de idade?
Convulsões mioclônicas ou atônicas generalizadas. Crises parciais complexas com generalização secundária também podem ocorrer.
256
Quais outros achados neurológicos aparecem coincidentemente com o início das convulsões mioclônicas/atônicas na SD?
Desaceleração do desenvolvimento e aparecimento gradual de ataxia e hiperreflexia.
257
Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Dravet?
Baseado no fenótipo, mas o teste genético é cada vez mais importante. Até 80% dos pacientes têm mutação no SCN1A com efeito negativo na função do canal de sódio.
258
Qual o manejo da Síndrome de Dravet? Quais drogas devem ser evitadas?
Evitar drogas bloqueadoras de canais de sódio. Medicações como levetiracetam, divalproato de sódio, topiramato, zonisamida, rufinamida e dieta cetogênica são boas opções. Epidiolex (canabidiol) e Fintepla (fenfluramina) são aprovados pelo FDA. Recomenda-se iniciar Fintepla assim que o diagnóstico for confirmado devido à sua eficácia significativa.
259
Quando se suspeita de GEFS+?
Em pacientes com história familiar de epilepsias generalizadas ou focais e convulsões febris recorrentes.
260
Com qual gene o GEFS+ está mais comumente associado, e quais outros genes foram identificados?
Mais comumente associado a mutações patogênicas do gene SCN1A, embora múltiplos outros genes tenham sido identificados, incluindo SCN1B e GABRG2.
261
Como é feito o diagnóstico de GEFS+?
Tradicionalmente baseado no fenótipo, que é altamente variável. Teste genético identificando variantes patogênicas clinicamente significativas pode ajudar a clarificar o diagnóstico.
262
Qual o manejo de GEFS+?
Medicações anticonvulsivantes de amplo espectro são recomendadas, incluindo divalproato de sódio, levetiracetam, zonisamida, topiramato, clobazam e perampanel. Lacosamida e lamotrigina são úteis em alguns casos. Drogas bloqueadoras de canais de sódio podem ser usadas com cautela, pois GEFS+ pode ser causado por mutações não envolvendo o canal de sódio dependente de voltagem.
263
Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de epilepsia na infância e primeira infância?
Malformações congênitas (especialmente erros de migração), convulsões e insultos neonatais, e história familiar de epilepsia.
264
Quais tipos de epilepsia tendem a se apresentar especificamente em crianças menores de 2 anos?
Epilepsia familiar benigna neonatal e infantil (discutida anteriormente) e vários tipos de epilepsia sintomática.
265
Quais fatores aumentam o risco de recorrência de convulsões não provocadas em crianças pequenas?
Anormalidades neurológicas ou de desenvolvimento, convulsões focais, idade mais jovem e resultados anormais do EEG (particularmente descargas focais).
266
Quais tipos de convulsão em crianças < 2 anos têm maior probabilidade de comprometimento cognitivo (em ordem decrescente)?
Espasmos infantis, mioclônicas/atônicas, tônico-clônicas, parciais complexas e parciais simples.
267
Qual a incidência de espasmos infantis e quais são as causas subjacentes comuns? (Box 1.8)
Incidência de 25 por 100.000 nascidos vivos. Causa subjacente determinada em ~75% dos pacientes; malformações congênitas e asfixia perinatal são causas comuns, e esclerose tuberosa responde por 20% dos casos em algumas séries.
268
Quais distúrbios neurocutâneos podem causar convulsões na infância, incluindo espasmos infantis? (Box 1.8)
Incontinentia pigmenti, Síndrome do nevo sebáceo linear, Neurofibromatose, Síndrome de Sturge-Weber, Esclerose Tuberosa.
269
O que é a Síndrome de Aicardi?
A combinação de espasmos infantis, agenesia do corpo caloso (bem como outras malformações cerebrais da linha média) e malformações retinianas. Afeta sempre meninas; transmissão genética é traço dominante ligado ao X com letalidade hemizigótica em meninos.
270
Qual o pico de idade de início dos espasmos infantis?
Entre 4 e 7 meses, e quase sempre ocorre antes de 1 ano de idade.
271
Descreva os tipos de movimento nos espasmos infantis.
O espasmo pode ser flexor, extensor ou misto. Geralmente ocorrem em salvas durante sonolência, alimentação e logo após o despertar. Um espasmo flexor rápido envolvendo pescoço, tronco e membros, seguido por uma contração tônica sustentada por 2-10 segundos é característico. Espasmos extensores lembram o segundo componente do reflexo de Moro.
272
Como é o prognóstico dos espasmos infantis sintomáticos vs. idiopáticos?
Sintomáticos: Lactente geralmente anormal neurologicamente ou no desenvolvimento no início dos espasmos. Microcefalia comum. Prognóstico depende da causa, intervalo entre início do espasmo clínico e hipsarritmia, e rapidez do tratamento e controle. Idiopáticos: Ocorrem em crianças que se desenvolviam normalmente. Achados neurológicos normais. Anteriormente, pensava-se que 40% seriam neurologicamente normais ou levemente comprometidos; com melhora diagnóstica, espasmos idiopáticos são menos frequentes.
273
Qual o exame mais importante para o diagnóstico de espasmos infantis? O que é hipsarritmia?
O EEG é o teste mais importante. Hipsarritmia é o padrão usual registrado nos estágios iniciais: um fundo caótico e continuamente anormal de voltagem muito alta e ondas lentas aleatórias e descargas de espículas. As espículas variam de localização e são generalizadas, mas nunca repetitivas.
274
Qual o manejo tradicional e alternativas para espasmos infantis?
Tradicional: Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) é eficaz para controle a curto prazo. Prednisolona oral em doses muito altas pode ser igualmente eficaz. Alternativas: Clonazepam, levetiracetam, zonisamida. Valproato (cautela <2 anos por hepatotoxicidade). Topiramato (adjunto). Vigabatrina (eficaz em esclerose tuberosa e talvez displasia cortical; risco de perda de visão periférica). Politerapia precoce pode ser melhor.
275
O que são espasmos benignos da infância (anteriormente mioclonia benigna da infância)?
Transtorno raro, aparentemente inofensivo. Lactentes com movimentos tipo espasmos, mas com EEG normal. Idade de início e aparência dos movimentos são os mesmos dos espasmos infantis. Ocorrem em salvas, frequentemente na hora da refeição, aumentam em intensidade por semanas/meses e depois diminuem espontaneamente, cessando geralmente após 3 meses (sem espasmos após 2 anos). Lactentes afetados são normais neurologicamente e no desenvolvimento.
276
Como é feito o diagnóstico dos espasmos benignos da infância?
Como a sintomatologia é clinicamente indistinguível dos espasmos infantis epilépticos, um EEG normal durante um espasmo é necessário para o diagnóstico.
277
Qual o manejo dos espasmos benignos da infância?
Educação e tranquilização.
278
O que é a epilepsia mioclônica benigna e qual seu principal diagnóstico diferencial?
Transtorno raro, compondo pequena porcentagem das epilepsias da infância. Sobreposição clínica significativa com epilepsia mioclônico-astática (Síndrome de Doose).
279
Quais são as características clínicas da epilepsia mioclônica benigna?
Início entre 4 meses e 2 anos. Lactentes afetados são neurologicamente normais no início e tipicamente permanecem assim. Convulsões caracterizadas por ataques mioclônicos breves (balançar de cabeça ou tão severos a ponto de jogar a criança no chão). Podem ser únicos ou repetitivos, sem perda de consciência. Frequentemente desencadeados por luz (fotossensibilidade) e podem ocorrer mais durante sonolência.
280
Como é o EEG na epilepsia mioclônica benigna?
Durante uma convulsão, mostra descargas generalizadas de espícula-onda ou poliespícula-onda (3 cps), consistente com epilepsia generalizada genética.
281
Qual o manejo da epilepsia mioclônica benigna?
Valproato produz controle completo; levetiracetam e zonisamida são opções mais seguras para tratamento inicial. Desfecho do desenvolvimento geralmente bom com tratamento precoce, mas comprometimento cognitivo pode ocorrer se as convulsões não forem bem controladas.
282
Quais são as duas síndromes distintas reconhecidas como encefalopatia epiléptica precoce com surto-supressão nesta faixa etária?
Encefalopatia epiléptica infantil precoce (EIEE ou Síndrome de Ohtahara) e encefalopatia epiléptica mioclônica precoce (EMEE).
283
Como se apresentam clinicamente a EIEE e a EMEE? Quais genes podem estar envolvidos?
EIEE apresenta-se com espasmos tônicos, e EMEE com convulsões mioclônicas. Convulsões de início explosivo e progressão implacável. Variantes patogênicas dos genes STXBP1, ARX, STK9 e CDKL5 causam >50% dos casos de EIEE.
284
Como é o EEG na encefalopatia epiléptica precoce com surto-supressão?
Demonstra supressão difusa do fundo alternando com surtos de complexos de espícula-onda difusos de alta amplitude.
285
Qual o manejo da encefalopatia epiléptica precoce com surto-supressão?
Convulsões refratárias ou apenas parcialmente responsivas à maioria das DAEs. Topiramato, lacosamida, clobazam, vigabatrina e levetiracetam são tratamentos potenciais. Esteroides em altas doses, piridoxina e ácido folínico são frequentemente testados.
286
Qual o defeito e padrão de herança na deficiência de biotinidase?
Defeito na absorção ou transporte de biotina (anteriormente chamada deficiência tardia de múltiplas (holo) carboxilases). Traço autossômico recessivo.
287
Quais são as características clínicas da deficiência de biotinidase não tratada?
Lactentes (deficiência profunda): Convulsões e hipotonia. Mais tarde: Hipotonia, ataxia, atraso no desenvolvimento, perda auditiva, anormalidades cutâneas. Infância: Pode desenvolver fraqueza, paresia espástica, diminuição da acuidade visual.
288
Como é feito o diagnóstico da deficiência de biotinidase?
Cetoacidose, hiperamonemia e acidúria orgânica presentes. Triagem neonatal revela deficiência de biotinidase no soro. Em deficiência profunda, atividade <10% do normal; em parcial, 10%-30%. Teste genético molecular (variantes patogênicas bialélicas do gene BTD).
289
Qual o manejo da deficiência de biotinidase?
Tratamento precoce e vitalício com biotina 5-20 mg/dia reverte a maioria dos sintomas e previne déficits neurológicos. Evitar ingestão de ovos crus (avidina liga biotina).
290
A enxaqueca é comum em crianças < 2 anos? Quais são as manifestações clínicas comuns nessa idade que podem sugerir convulsões?
Ataques de enxaqueca são incomuns. Vômitos cíclicos são provavelmente a manifestação mais comum. Ataques de vertigem ou torcicolo podem ser especialmente intrigantes; alguns lactentes têm ataques em que balançam para frente e para trás e parecem desconfortáveis.
291
Como é feito o diagnóstico de enxaqueca em crianças < 2 anos?
A apresentação estereotipada da vertigem paroxística benigna é reconhecível como variante da enxaqueca. Outras síndromes frequentemente permanecem não diagnosticadas até que os episódios evoluam para um padrão típico de enxaqueca. Uma história de enxaqueca em um dos pais é essencial para o diagnóstico.
292
Qual o manejo da enxaqueca em crianças < 2 anos?
Pouca evidência sobre profilaxia ou tratamento abortivo. Amitriptilina (5 mg à noite) e ciproheptadina (2 mg uma ou duas vezes ao dia) usadas para profilaxia em casos necessários. Combinação de ondansetrona e ibuprofeno no início dos sintomas é o tratamento preferido para ataques agudos; paracetamol, proclorperazina ou prometazina também podem ser usados como terapias abortivas.
293
Pergunta
Resposta
294
Quais são as primeiras considerações usuais para qualquer episódio paroxístico na infância?
Convulsões são a primeira consideração usual.
295
Qual é o TNP mais comum que requer consulta médica na infância? E qual é consideravelmente mais comum, mas geralmente manejado em casa?
Convulsões são o TNP mais comum que requer consulta médica. Síncope, especialmente pré-síncope, é consideravelmente mais comum, mas o diagnóstico e manejo usualmente ocorrem em casa, a menos que sintomas associados sugiram uma convulsão.
296
Qual é provavelmente a etiologia mais comum de TNPs na infância, com incidência 10 vezes maior que a da epilepsia?
Enxaqueca.
297
Quais são as ligações existentes entre enxaqueca e epilepsia?
(1) Distúrbios de canais iônicos causam ambos; (2) ambos são genéticos, paroxísticos e associados a distúrbios neurológicos transitórios; (3) sofredores de enxaqueca têm incidência aumentada de epilepsia e epilépticos têm incidência aumentada de enxaqueca; e (4) ambos são distúrbios associados a um córtex cerebral hiperexcitável.
298
Em crianças que têm epilepsia e enxaqueca, como os dois distúrbios podem interagir?
Ambos os distúrbios podem ter uma aura comum e um pode provocar o outro.
299
Quais duas condições exemplificam a linha tênue entre epilepsia e enxaqueca? Quais são suas características comuns?
Enxaqueca com aura do tronco encefálico e epilepsia occipital benigna. Características de ambas são convulsões, cefaleia e atividade epileptiforme.
300
Quais drogas podem servir como profiláticos tanto para epilepsia quanto para enxaqueca em crianças que têm ambas as condições?
Valproato e topiramato.
301
O que o termo geral "discinesia" engloba?
Vários tipos diferentes de movimentos, incluindo distonia, coreia, atetose, balismo e mioclonia.
302
Quais genes estão associados à Discinesia Paroxística Cinesigênica (PKD), Discinesia Paroxística Cinesigênica com Convulsões Infantis (PKD/IC) e Epilepsia Infantil Familiar Benigna?
Mutações patogênicas em PRRT2.
303
Qual gene está associado à Discinesia Paroxística Não Cinesigênica (PNKD)?
Mutações em PNKD.
304
Quais são outras causas raras de discinesia paroxística com início na infância ou adolescência?
Discinesia relacionada ao ADCY5 e Discinesia Paroxística Induzida por Esforço (PED).
305
Qual gene causa a maioria dos casos de PKD e qual seu padrão de herança?
Variantes patogênicas heterozigotas em PRRT2 causam ~99% dos casos. Herança autossômica dominante.
306
Quais são as características clínicas da PKD?
Geralmente começa na infância. Movimento súbito, sobressalto ou mudanças de posição precipitam um ataque, que dura menos de um minuto. Vários ataques ocorrem por dia. Cada ataque pode incluir distonia, coreoatetose ou balismo, afetando um ou ambos os lados do corpo. Alguns pacientes têm uma "aura" (aperto ou formigamento).
307
Qual o tratamento para PKD?
Baixas doses de carbamazepina ou fenitoína são eficazes. Outras drogas bloqueadoras de canais de sódio como lamotrigina ou oxcarbazepina podem ser benéficas.
308
Qual gene causa a PNKD e qual seu padrão de herança?
Mutações no gene PNKD. Herança autossômica dominante.
309
Quais são as características clínicas da PNKD?
Geralmente começa na infância ou adolescência. Ataques de distonia, coreia e atetose duram de 5 minutos a várias horas. Precipitantes: álcool, cafeína, fome, fadiga, nicotina e estresse emocional. Consciência preservada.
310
Qual o tratamento para PNKD?
Difícil de tratar. Clonazepam diariamente ou no primeiro sinal de ataque pode reduzir frequência/severidade. Gabapentina é eficaz em algumas crianças; levetiracetam ou acetazolamida relatados como eficazes em alguns casos.
311
O que causa a Discinesia relacionada ao ADCY5 e qual seu padrão de herança?
Variantes patogênicas heterozigotas (ou raramente, bialélicas) no gene ADCY5. Herança autossômica dominante (maioria de novo) com pequeno número de casos autossômicos recessivos.
312
Quais são as características clínicas da Discinesia relacionada ao ADCY5?
Movimentos hipercinéticos (coreia, atetose, distonia ou mioclonia) são a característica de apresentação. Hipotonia axial e espasticidade são comuns, podendo causar atrasos motores grosseiros. Alguns indivíduos afetados experimentam sintomas psiquiátricos, cardiomiopatia, deficiência intelectual ou epilepsia. Discinesias podem persistir durante o sono. Espasmos faciais não mioclonicos periorais/perioculares são comuns. Ansiedade, estresse e sonolência exacerbam os movimentos.
313
Qual o manejo da Discinesia relacionada ao ADCY5?
Cuidado multidisciplinar. Todos os pacientes devem passar por avaliação cardíaca. Tetrabenazina, triexifenidil, clonazepam ou acetazolamida podem ser úteis para manejar as discinesias.
314
Qual gene causa a PED? Quais outras síndromes estão associadas a mutações nesse gene?
Mutações no gene SLC2A1. Outras mutações no SLC2A1 causam a síndrome de deficiência de GLUT-1 (encefalopatia epiléptica + discinesia).
315
Quais são as características clínicas da PED?
Ataques de coreia, atetose ou distonia são desencadeados por exercício ou esforço e tipicamente resolvem em minutos a horas. Pernas são as partes do corpo mais frequentemente afetadas.
316
Qual o manejo da PED?
Dieta cetogênica ou dieta de Atkins modificada têm sido úteis em alguns pacientes. Levodopa ou acetazolamida podem ser benéficas.
317
Pergunta
Resposta
318
Quais distúrbios do sono podem causar eventos paroxísticos anormais em crianças?
Narcolepsia, Terrores Noturnos e Sonambulismo.
319
O que caracteriza a narcolepsia em termos de latência para o sono REM?
Latência anormalmente curta do início do sono para o sono REM (movimento rápido dos olhos). Uma pessoa com narcolepsia atinge o sono REM em menos de 20 minutos, em vez dos usuais 90 minutos.
320
Quais são as características do sono REM normal que ocorrem durante a vigília na narcolepsia?
Sonhos e hipotonia severa.
321
Qual a diferença entre narcolepsia tipo 1 e tipo 2?
Narcolepsia tipo 1 está associada à cataplexia, enquanto o tipo 2 ocorre sem cataplexia.
322
Qual é a evidência que sugere uma destruição imunomediada de células contendo hipocretina (orexina) na narcolepsia humana?
A maioria dos casos de narcolepsia humana com cataplexia tem hipocretina-1 diminuída no LCR e uma redução de 85%-95% no número de neurônios contendo orexina/hipocretina.
323
Qual a faixa etária de início da narcolepsia?
Pode ocorrer a qualquer momento desde a primeira infância até a meia-idade adulta, usualmente na segunda ou terceira década e raramente antes dos 5 anos.
324
Quais são os cinco componentes da síndrome da narcolepsia?
1. Narcolepsia (ataques de sono curtos). 2. Cataplexia (perda súbita de tônus muscular). 3. Paralisia do sono. 4. Alucinações hipnagógicas. 5. Sono noturno perturbado e comportamento automático.
325
Descreva os ataques de sono na narcolepsia.
Três ou quatro ataques ocorrem por dia, mais frequentemente durante atividade monótona, e são difíceis de resistir. Metade dos pacientes é fácil de despertar de um ataque de sono, e 60% se sentem revigorados depois.
326
O que é cataplexia e o que a induz?
Perda súbita de tônus muscular induzida por riso, excitação ou susto. É a característica definidora da narcolepsia tipo 1.
327
O que é paralisia do sono?
Ocorre na transição entre sono e vigília. O paciente está mentalmente acordado, mas incapaz de se mover devido à paralisia generalizada. O ataque pode terminar espontaneamente ou quando o paciente é tocado.
328
O que são alucinações hipnagógicas?
Percepções visuais e auditivas vívidas, às vezes assustadoras, ocorrendo na transição entre sono e vigília, frequentemente descritas como "sonhar acordado".
329
O que é comportamento automático na narcolepsia?
Caracterizado pelo desempenho repetido de uma função, como falar ou escrever de maneira sem sentido, ou dirigir para o lado errado da estrada ou para um lugar estranho sem se lembrar do episódio. Pode resultar de episódios de sono parcial.
330
Como é feito o diagnóstico de narcolepsia?
Reconhecimento da síndrome pela história clínica. O teste de latência múltipla do sono (MSLT) é o padrão; pacientes com narcolepsia entram em sono REM em poucos minutos após adormecer.
331
Qual o manejo da narcolepsia?
Dois cochilos programados de 15 minutos por dia e boa higiene do sono podem reduzir a sonolência excessiva. A maioria também requer terapia farmacológica. Modafinil e armodafinil são tratamentos de primeira linha para adultos (usados "off-label" em crianças/adolescentes). Oxibato de sódio (Xyrem) é aprovado pelo FDA para tratar cataplexia e sonolência diurna excessiva em crianças > 7 anos. ISRSs e antidepressivos tricíclicos ajudam a tratar alucinações, cataplexia e paralisia do sono.
332
O que são terrores noturnos e sonambulismo em termos de estágios do sono?
São despertares parciais do sono não-REM (NREM).
333
Qual a faixa etária de início usual dos terrores noturnos?
O início usualmente ocorre por volta dos 4 anos e sempre antes dos 6 anos.
334
Descreva um episódio típico de terror noturno.
Duas horas após adormecer, a criança desperta em estado de terror, não reconhece pessoas e é inconsolável. O episódio usualmente dura de 5 a 15 minutos (pode durar uma hora). Durante esse tempo, a criança grita incoherentemente, pode correr se não contida, e então volta a dormir, sem memória do evento depois.
335
Qual o manejo dos terrores noturnos e sonambulismo?
A correção de distúrbios respiratórios do sono frequentemente acaba com os terrores noturnos e o sonambulismo. (O texto implica que uma avaliação de distúrbios respiratórios do sono deve ser considerada).
336
Como a hiperventilação induz sintomas?
Induz alcalose alterando a proporção dos gases sanguíneos, o que é mais fácil de acontecer em crianças do que em adultos.
337
Quais são as características clínicas da síndrome da hiperventilação?
Durante perturbação emocional, a frequência e profundidade respiratória podem aumentar insidiosamente. Formigamento nos dedos perturba mais o paciente, podendo induzir maior hiperventilação. Cefaleia é um sintoma associado. Continuar a hiperventilação pode resultar em perda de consciência.
338
Como é feito o diagnóstico da síndrome da hiperventilação?
A observação da hiperventilação como fator precipitante da síncope é essencial. Pacientes frequentemente não percebem que estão hiperventilando, mas perguntas direcionadas podem elicitar a história.
339
Qual o manejo da síndrome da hiperventilação?
Controlar a respiração é a chave. Aplicativos de mindfulness e meditação apropriados para a idade, e livros infantis sobre exercícios respiratórios podem ajudar. Tratar ansiedade comórbida subjacente com ISRSs quando a hiperventilação é frequente e disruptiva.
340
O que é síncope?
Perda de consciência devido a um declínio transitório no fluxo sanguíneo cerebral.
341
Quais são as causas patológicas de síncope? É sempre patológica?
Causas patológicas incluem frequência ou ritmo cardíaco irregular, ou alterações no volume ou distribuição sanguínea. No entanto, síncope é um evento comum em crianças saudáveis, especialmente na segunda década, afetando mais meninas que meninos. Testes diagnósticos raramente são necessários.
342
Qual o mecanismo da síncope comum na infância (vasovagal)? Quais estímulos a provocam?
Mecanismo é um reflexo vasovagal, que causa relaxamento do tônus arterial e produz acúmulo periférico de sangue. Estímulos: experiência emocional súbita e intensa, posição ortostática prolongada em contexto de ortostase, superdistensão ou descompressão súbita de vísceras, manobra de Valsalva e alongamento com o pescoço hiperextendido.
343
Quais são as características clínicas da síncope vasovagal?
A criança pode primeiro sentir pré-síncope ("fraca", "tonta" ou "com a cabeça leve") ou perder a consciência sem aviso. O rosto perde a cor, a pele fica fria e úmida. Queixas de náusea, sentir calor ou frio excessivo, e escurecimento da visão (névoa escura, "ver estrelas") são comuns. Com perda de consciência, a criança cai. O corpo pode enrijecer e os membros podem tremer ou ter breves movimentos clônicos. Confusão breve pode seguir, mas a recuperação é completa em minutos.
344
Quais são os critérios para diferenciar síncope de convulsões?
Um pródromo pré-sincopal claro, os fatores precipitantes e a aparência da criança (palidez, pele fria e úmida na síncope). Convulsões raramente produzem palidez e pele fria/úmida; similarmente, é incomum para convulsões produzir aura de tontura.
345
Qual o manejo da síncope vasovagal?
Episódios sincopais infrequentes de causa óbvia não requerem tratamento. Manter inspiração profunda no início dos sintomas pode abortar um ataque. Boa hidratação e evitar mudanças súbitas da posição supina prolongada para em pé diminuem ortostase e síncope ortostática.
346
Quais são os critérios diagnósticos para POTS em crianças e adolescentes?
Aumento da frequência cardíaca de 40 batimentos por minuto ou mais nos primeiros 10 minutos em pé, na ausência de hipotensão ortostática.
347
Quais são as características clínicas comuns da POTS?
Cefaleias, fadiga, palpitações, intolerância ao exercício, náusea, "névoa cerebral" (brain fog), e mudança de cor ou frieza nas extremidades são comuns e podem ser debilitantes.
348
Quais achados podem estar associados à POTS?
Aproximadamente 50% dos pacientes adultos com POTS sofrem de neuropatia de fibras finas; a maioria dos pacientes tem hipovolemia, e muitos têm hipermobilidade ou marcadores autoimunes positivos. Níveis elevados de norepinefrina em pé indicam tônus simpático aumentado.
349
Como é feito o diagnóstico de POTS além dos critérios de frequência cardíaca?
Verificar FC e PA deitado, sentado, em pé por 1 minuto e em pé por 5 minutos. Teste de inclinação (tilt table test) pode ser feito, mas difícil em pediatria. Teste QSART para suspeita de neuropatia autonômica.
350
Qual o manejo da POTS?
Hidratação agressiva (pelo menos 2-3 L de água/dia). Comprimidos de sal ou sal extra na dieta. Meias de compressão. Manter atividade física para evitar descondicionamento (exercícios reclinados, natação). Fludrocortisone, beta-bloqueadores e midodrina em casos refratários. Tratar transtornos associados (ansiedade, depressão).
351
Pergunta
Resposta
352
O que é "daydreaming" (sonhar acordado) e como pode ser confundido com uma condição médica?
É um escape prazeroso para pessoas de todas as idades. Crianças podem parecer olhar fixamente e vagamente, especialmente na escola, e podem não responder a comandos verbais. Neurologistas e pediatras frequentemente recomendam EEG para "daydreamers".
353
Qual o risco de realizar EEG em crianças que estão apenas "sonhando acordadas"?
Às vezes o EEG mostra anormalidades não relacionadas ao olhar fixo (ex: espículas centrais ativadas pelo sono), o que pode levar o médico a prescrever terapia antiepiléptica inadequada.
354
Qual é o melhor teste para avaliar a responsividade durante um episódio de olhar fixo e diferenciar entre comportamental e ictal?
Aplicar um estímulo nóxico leve, como pressão no leito ungueal. Crianças com olhar fixo comportamental terão uma resposta imediata, enquanto crianças com crises de ausência ou focais terão uma resposta diminuída ou ausente.
355
Quais tipos de crises epilépticas são caracterizadas por episódios de olhar fixo? Como geralmente se distinguem?
Crises de ausência e crises focais com comprometimento da consciência (anteriormente crises parciais complexas). Distinguem-se porque a ausência é breve (5-15 segundos) e a criança se sente normal imediatamente depois, enquanto as crises focais com comprometimento da consciência usualmente duram mais de 1 minuto e são seguidas por fadiga e lentidão psicomotora.
356
Quais são as quatro síndromes epilépticas em que ocorrem crises de ausência?
Epilepsia Ausência da Infância (EAI), Epilepsia Ausência Juvenil (EAJ), Epilepsia Mioclônica Juvenil (EMJ) e Epilepsia com Crises Tônico-Clônicas Generalizadas Apenas (EGTCS).
357
Qual a faixa etária usual de início da EAI?
Geralmente entre 5 e 8 anos.
358
Quais são as características clínicas típicas de um ataque de ausência na EAI?
Duram de 5 a 10 segundos e ocorrem até 100 vezes por dia. A criança para a atividade em andamento, olha fixamente, às vezes com movimentos rítmicos das pálpebras ou boca, e então retoma a atividade. Aura e confusão pós-ictal nunca ocorrem.
359
Quais características associadas podem ocorrer durante crises de ausência mais longas (até 1 minuto)?
Mioclonia, tônus postural aumentado ou diminuído, catar roupas ("picking at clothes"), virar a cabeça e movimentos conjugados dos olhos.
360
O que é o estado de mal de ausência prolongado e como pode se manifestar?
Pode causar estados confusionais em crianças e adultos, frequentemente requerendo visitas ao pronto-socorro.
361
Como é o EEG interictal e ictal na EAI típica? (Fig 1.2 do texto original, descrita como Fig 1.3 na legenda da sua cópia)
Interictal: Ritmos de fundo usualmente normais. Descargas breves (<3s) de complexos espícula-onda a 3 Hz podem ocorrer sem manifestação clínica. Ictal: Paroxismos mais longos de complexos espícula-onda a 3 Hz concomitantes com a crise clínica. Amplitude da descarga é maior nas regiões frontocentrais. Descarga pode começar a 3 Hz e desacelerar para 2 Hz ao final. Hiperventilação usualmente ativa a descarga.
362
Qual o manejo da EAI? Quais drogas são mais eficazes e quais devem ser evitadas?
Etossuximida e ácido valproico são mais eficazes que lamotrigina. Levetiracetam e zonisamida parecem funcionar em uma porcentagem menor; topiramato é relativamente ineficaz. Carbamazepina e oxcarbazepina devem ser evitadas, pois podem piorar as crises e causar estado de mal de ausência.
363
Qual é a tríade característica da Síndrome de Jeavons?
Mioclonia palpebral com ou sem crises de ausência, paroxismos generalizados induzidos pelo fechamento dos olhos e fotossensibilidade no EEG.
364
Quais são as características clínicas da Síndrome de Jeavons?
Crianças apresentam-se entre 2 e 14 anos com crises induzidas pelo fechamento dos olhos (mioclonia palpebral), fotossensibilidade e paroxismos no EEG, que podem estar associados a crises de ausência clínicas. Mioclonia palpebral (desvio espasmódico dos globos oculares para cima e retropulsão da cabeça) é a característica chave. As crises são breves, mas ocorrem várias vezes ao dia. Luz brilhante (não apenas cintilante) pode precipitar crises.
365
Qual o tratamento para a Síndrome de Jeavons?
Similar às outras epilepsias de ausência: etossuximida, lamotrigina, levetiracetam, divalproato de sódio ou zonisamida. A mioclonia palpebral é resistente ao tratamento; as ausências podem responder.
366
Quando se deve considerar crises focais com comprometimento da consciência em uma criança com olhar fixo?
Se a criança com olhar fixo demonstra responsividade diminuída por mais de 30 segundos, seguida por confusão ou fadiga.
367
De onde geralmente se originam as crises focais com comprometimento da consciência?
Mais frequentemente do lobo temporal, mas podem se originar dos lobos frontal, occipital ou parietal também.
368
Quais são as características clínicas das crises focais com comprometimento da consciência?
Comprometimento da consciência sem atividade tônico-clônica generalizada é característico. Algum nível de alteração da mentação, falta de consciência ou amnésia para o evento são características essenciais. Duram mais comumente 1-2 minutos (raramente <30s). Aura é relatada por <30% das crianças (sensação desagradável/estranha, alucinação auditiva/visual estereotipada ou desconforto abdominal). Primeira característica pode ser olhar fixo, comportamento automático, extensão tônica de um ou ambos os braços, ou perda de tônus corporal. Olhar fixo associa-se a mudança na expressão facial, seguido por comportamento automático.
369
O que são automatismos?
Atividade motora involuntária, mais ou menos coordenada, ocorrendo durante um estado de consciência prejudicada, durante ou após uma crise epiléptica, usualmente seguida por amnésia. Variam de caretas faciais e movimentos de tatear dos dedos a andar, correr e resistir à contenção.
370
Como é feito o diagnóstico de crises focais com comprometimento da consciência (imagem e EEG)?
RM com contraste é indicada em todos os casos; pode revelar glioma de baixo grau ou tecido displásico. EEG em vigília e sono: um único EEG pode ser normal no interictal, mas EEGs prolongados usualmente revelam foco de espícula ou onda lenta na área epileptogênica. Durante a crise, ocorre uma descarga de amplitude, frequência e morfologia evolutivas na área cortical envolvida.
371
Qual o manejo das crises focais com comprometimento da consciência?
Todas as medicações anticonvulsivantes, exceto etossuximida, têm eficácia similar. Oxcarbazepina, levetiracetam ou lacosamida são frequentemente selecionadas. Topiramato e divalproato de sódio são boas alternativas para portadores de enxaqueca. Cirurgia deve ser oferecida a bons candidatos cirúrgicos com epilepsia farmacorresistente ou efeitos colaterais inaceitáveis. Dieta cetogênica e VNS para outros pacientes com resposta parcial.
372
Pergunta
Resposta
373
Quais são as primeiras considerações usuais para qualquer episódio paroxístico na infância?
Convulsões são a primeira consideração usual.
374
Qual é o TNP mais comum que requer consulta médica na infância? E qual é consideravelmente mais comum, mas geralmente manejado em casa?
Convulsões são o TNP mais comum que requer consulta médica. Síncope, especialmente pré-síncope, é consideravelmente mais comum, mas o diagnóstico e manejo usualmente ocorrem em casa, a menos que sintomas associados sugiram uma convulsão.
375
Qual é provavelmente a etiologia mais comum de TNPs na infância, com incidência 10 vezes maior que a da epilepsia?
Enxaqueca.
376
Quais são as ligações existentes entre enxaqueca e epilepsia?
(1) Distúrbios de canais iônicos causam ambos; (2) ambos são genéticos, paroxísticos e associados a distúrbios neurológicos transitórios; (3) sofredores de enxaqueca têm incidência aumentada de epilepsia e epilépticos têm incidência aumentada de enxaqueca; e (4) ambos são distúrbios associados a um córtex cerebral hiperexcitável.
377
Em crianças que têm epilepsia e enxaqueca, como os dois distúrbios podem interagir?
Ambos os distúrbios podem ter uma aura comum e um pode provocar o outro.
378
Quais duas condições exemplificam a linha tênue entre epilepsia e enxaqueca? Quais são suas características comuns?
Enxaqueca com aura do tronco encefálico e epilepsia occipital benigna. Características de ambas são convulsões, cefaleia e atividade epileptiforme.
379
Quais drogas podem servir como profiláticos tanto para epilepsia quanto para enxaqueca em crianças que têm ambas as condições?
Valproato e topiramato.
380
O que o termo geral "discinesia" engloba?
Vários tipos diferentes de movimentos, incluindo distonia, coreia, atetose, balismo e mioclonia.
381
Quais genes estão associados à Discinesia Paroxística Cinesigênica (PKD), Discinesia Paroxística Cinesigênica com Convulsões Infantis (PKD/IC) e Epilepsia Infantil Familiar Benigna?
Mutações patogênicas em PRRT2.
382
Qual gene está associado à Discinesia Paroxística Não Cinesigênica (PNKD)?
Mutações em PNKD.
383
Quais são outras causas raras de discinesia paroxística com início na infância ou adolescência?
Discinesia relacionada ao ADCY5 e Discinesia Paroxística Induzida por Esforço (PED).
384
Qual gene causa a maioria dos casos de PKD e qual seu padrão de herança?
Variantes patogênicas heterozigotas em PRRT2 causam ~99% dos casos. Herança autossômica dominante.
385
Quais são as características clínicas da PKD?
Geralmente começa na infância. Movimento súbito, sobressalto ou mudanças de posição precipitam um ataque, que dura menos de um minuto. Vários ataques ocorrem por dia. Cada ataque pode incluir distonia, coreoatetose ou balismo, afetando um ou ambos os lados do corpo. Alguns pacientes têm uma "aura" (aperto ou formigamento).
386
Qual o tratamento para PKD?
Baixas doses de carbamazepina ou fenitoína são eficazes. Outras drogas bloqueadoras de canais de sódio como lamotrigina ou oxcarbazepina podem ser benéficas.
387
Qual gene causa a PNKD e qual seu padrão de herança?
Mutações no gene PNKD. Herança autossômica dominante.
388
Quais são as características clínicas da PNKD?
Geralmente começa na infância ou adolescência. Ataques de distonia, coreia e atetose duram de 5 minutos a várias horas. Precipitantes: álcool, cafeína, fome, fadiga, nicotina e estresse emocional. Consciência preservada.
389
Qual o tratamento para PNKD?
Difícil de tratar. Clonazepam diariamente ou no primeiro sinal de ataque pode reduzir frequência/severidade. Gabapentina é eficaz em algumas crianças; levetiracetam ou acetazolamida relatados como eficazes em alguns casos.
390
O que causa a Discinesia relacionada ao ADCY5 e qual seu padrão de herança?
Variantes patogênicas heterozigotas (ou raramente, bialélicas) no gene ADCY5. Herança autossômica dominante (maioria de novo) com pequeno número de casos autossômicos recessivos.
391
Quais são as características clínicas da Discinesia relacionada ao ADCY5?
Movimentos hipercinéticos (coreia, atetose, distonia ou mioclonia) são a característica de apresentação. Hipotonia axial e espasticidade são comuns, podendo causar atrasos motores grosseiros. Alguns indivíduos afetados experimentam sintomas psiquiátricos, cardiomiopatia, deficiência intelectual ou epilepsia. Discinesias podem persistir durante o sono. Espasmos faciais não mioclonicos periorais/perioculares são comuns. Ansiedade, estresse e sonolência exacerbam os movimentos.
392
Qual o manejo da Discinesia relacionada ao ADCY5?
Cuidado multidisciplinar. Todos os pacientes devem passar por avaliação cardíaca. Tetrabenazina, triexifenidil, clonazepam ou acetazolamida podem ser úteis para manejar as discinesias.
393
Qual gene causa a PED? Quais outras síndromes estão associadas a mutações nesse gene?
Mutações no gene SLC2A1. Outras mutações no SLC2A1 causam a síndrome de deficiência de GLUT-1 (encefalopatia epiléptica + discinesia).
394
Quais são as características clínicas da PED?
Ataques de coreia, atetose ou distonia são desencadeados por exercício ou esforço e tipicamente resolvem em minutos a horas. Pernas são as partes do corpo mais frequentemente afetadas.
395
Qual o manejo da PED?
Dieta cetogênica ou dieta de Atkins modificada têm sido úteis em alguns pacientes. Levodopa ou acetazolamida podem ser benéficas.
396
Quais distúrbios do sono podem causar eventos paroxísticos anormais em crianças?
Narcolepsia, Terrores Noturnos e Sonambulismo.
397
O que caracteriza a narcolepsia em termos de latência para o sono REM?
Latência anormalmente curta do início do sono para o sono REM (movimento rápido dos olhos). Uma pessoa com narcolepsia atinge o sono REM em menos de 20 minutos, em vez dos usuais 90 minutos.
398
Quais são as características do sono REM normal que ocorrem durante a vigília na narcolepsia?
Sonhos e hipotonia severa.
399
Qual a diferença entre narcolepsia tipo 1 e tipo 2?
Narcolepsia tipo 1 está associada à cataplexia, enquanto o tipo 2 ocorre sem cataplexia.
400
Qual é a evidência que sugere uma destruição imunomediada de células contendo hipocretina (orexina) na narcolepsia humana?
A maioria dos casos de narcolepsia humana com cataplexia tem hipocretina-1 diminuída no LCR e uma redução de 85%-95% no número de neurônios contendo orexina/hipocretina.
401
Qual a faixa etária de início da narcolepsia?
Pode ocorrer a qualquer momento desde a primeira infância até a meia-idade adulta, usualmente na segunda ou terceira década e raramente antes dos 5 anos.
402
Quais são os cinco componentes da síndrome da narcolepsia?
1. Narcolepsia (ataques de sono curtos). 2. Cataplexia (perda súbita de tônus muscular). 3. Paralisia do sono. 4. Alucinações hipnagógicas. 5. Sono noturno perturbado e comportamento automático.
403
Descreva os ataques de sono na narcolepsia.
Três ou quatro ataques ocorrem por dia, mais frequentemente durante atividade monótona, e são difíceis de resistir. Metade dos pacientes é fácil de despertar de um ataque de sono, e 60% se sentem revigorados depois.
404
O que é cataplexia e o que a induz?
Perda súbita de tônus muscular induzida por riso, excitação ou susto. É a característica definidora da narcolepsia tipo 1.
405
O que é paralisia do sono?
Ocorre na transição entre sono e vigília. O paciente está mentalmente acordado, mas incapaz de se mover devido à paralisia generalizada. O ataque pode terminar espontaneamente ou quando o paciente é tocado.
406
O que são alucinações hipnagógicas?
Percepções visuais e auditivas vívidas, às vezes assustadoras, ocorrendo na transição entre sono e vigília, frequentemente descritas como "sonhar acordado".
407
O que é comportamento automático na narcolepsia?
Caracterizado pelo desempenho repetido de uma função, como falar ou escrever de maneira sem sentido, ou dirigir para o lado errado da estrada ou para um lugar estranho sem se lembrar do episódio. Pode resultar de episódios de sono parcial.
408
Como é feito o diagnóstico de narcolepsia?
Reconhecimento da síndrome pela história clínica. O teste de latência múltipla do sono (MSLT) é o padrão; pacientes com narcolepsia entram em sono REM em poucos minutos após adormecer.
409
Qual o manejo da narcolepsia?
Dois cochilos programados de 15 minutos por dia e boa higiene do sono podem reduzir a sonolência excessiva. A maioria também requer terapia farmacológica. Modafinil e armodafinil são tratamentos de primeira linha para adultos (usados "off-label" em crianças/adolescentes). Oxibato de sódio (Xyrem) é aprovado pelo FDA para tratar cataplexia e sonolência diurna excessiva em crianças > 7 anos. ISRSs e antidepressivos tricíclicos ajudam a tratar alucinações, cataplexia e paralisia do sono.
410
O que são terrores noturnos e sonambulismo em termos de estágios do sono?
São despertares parciais do sono não-REM (NREM).
411
Qual a faixa etária de início usual dos terrores noturnos?
O início usualmente ocorre por volta dos 4 anos e sempre antes dos 6 anos.
412
Descreva um episódio típico de terror noturno.
Duas horas após adormecer, a criança desperta em estado de terror, não reconhece pessoas e é inconsolável. O episódio usualmente dura de 5 a 15 minutos (pode durar uma hora). Durante esse tempo, a criança grita incoherentemente, pode correr se não contida, e então volta a dormir, sem memória do evento depois.
413
Qual o manejo dos terrores noturnos e sonambulismo?
A correção de distúrbios respiratórios do sono frequentemente acaba com os terrores noturnos e o sonambulismo. (O texto implica que uma avaliação de distúrbios respiratórios do sono deve ser considerada).
414
Como a hiperventilação induz sintomas?
Induz alcalose alterando a proporção dos gases sanguíneos, o que é mais fácil de acontecer em crianças do que em adultos.
415
Quais são as características clínicas da síndrome da hiperventilação?
Durante perturbação emocional, a frequência e profundidade respiratória podem aumentar insidiosamente. Formigamento nos dedos perturba mais o paciente, podendo induzir maior hiperventilação. Cefaleia é um sintoma associado. Continuar a hiperventilação pode resultar em perda de consciência.
416
Como é feito o diagnóstico da síndrome da hiperventilação?
A observação da hiperventilação como fator precipitante da síncope é essencial. Pacientes frequentemente não percebem que estão hiperventilando, mas perguntas direcionadas podem elicitar a história.
417
Qual o manejo da síndrome da hiperventilação?
Controlar a respiração é a chave. Aplicativos de mindfulness e meditação apropriados para a idade, e livros infantis sobre exercícios respiratórios podem ajudar. Tratar ansiedade comórbida subjacente com ISRSs quando a hiperventilação é frequente e disruptiva.
418
O que é síncope?
Perda de consciência devido a um declínio transitório no fluxo sanguíneo cerebral.
419
Quais são as causas patológicas de síncope? É sempre patológica?
Causas patológicas incluem frequência ou ritmo cardíaco irregular, ou alterações no volume ou distribuição sanguínea. No entanto, síncope é um evento comum em crianças saudáveis, especialmente na segunda década, afetando mais meninas que meninos. Testes diagnósticos raramente são necessários.
420
Qual o mecanismo da síncope comum na infância (vasovagal)? Quais estímulos a provocam?
Mecanismo é um reflexo vasovagal, que causa relaxamento do tônus arterial e produz acúmulo periférico de sangue. Estímulos: experiência emocional súbita e intensa, posição ortostática prolongada em contexto de ortostase, superdistensão ou descompressão súbita de vísceras, manobra de Valsalva e alongamento com o pescoço hiperextendido.
421
Quais são as características clínicas da síncope vasovagal?
A criança pode primeiro sentir pré-síncope ("fraca", "tonta" ou "com a cabeça leve") ou perder a consciência sem aviso. O rosto perde a cor, a pele fica fria e úmida. Queixas de náusea, sentir calor ou frio excessivo, e escurecimento da visão (névoa escura, "ver estrelas") são comuns. Com perda de consciência, a criança cai. O corpo pode enrijecer e os membros podem tremer ou ter breves movimentos clônicos. Confusão breve pode seguir, mas a recuperação é completa em minutos.
422
Quais são os critérios para diferenciar síncope de convulsões?
Um pródromo pré-sincopal claro, os fatores precipitantes e a aparência da criança (palidez, pele fria e úmida na síncope). Convulsões raramente produzem palidez e pele fria/úmida; similarmente, é incomum para convulsões produzir aura de tontura.
423
Qual o manejo da síncope vasovagal?
Episódios sincopais infrequentes de causa óbvia não requerem tratamento. Manter inspiração profunda no início dos sintomas pode abortar um ataque. Boa hidratação e evitar mudanças súbitas da posição supina prolongada para em pé diminuem ortostase e síncope ortostática.
424
Quais são os critérios diagnósticos para POTS em crianças e adolescentes?
Aumento da frequência cardíaca de 40 batimentos por minuto ou mais nos primeiros 10 minutos em pé, na ausência de hipotensão ortostática.
425
Quais são as características clínicas comuns da POTS?
Cefaleias, fadiga, palpitações, intolerância ao exercício, náusea, "névoa cerebral" (brain fog), e mudança de cor ou frieza nas extremidades são comuns e podem ser debilitantes.
426
Quais achados podem estar associados à POTS?
Aproximadamente 50% dos pacientes adultos com POTS sofrem de neuropatia de fibras finas; a maioria dos pacientes tem hipovolemia, e muitos têm hipermobilidade ou marcadores autoimunes positivos. Níveis elevados de norepinefrina em pé indicam tônus simpático aumentado.
427
Como é feito o diagnóstico de POTS além dos critérios de frequência cardíaca?
Verificar FC e PA deitado, sentado, em pé por 1 minuto e em pé por 5 minutos. Teste de inclinação (tilt table test) pode ser feito, mas difícil em pediatria. Teste QSART para suspeita de neuropatia autonômica.
428
Qual o manejo da POTS?
Hidratação agressiva (pelo menos 2-3 L de água/dia). Comprimidos de sal ou sal extra na dieta. Meias de compressão. Manter atividade física para evitar descondicionamento (exercícios reclinados, natação). Fludrocortisone, beta-bloqueadores e midodrina em casos refratários. Tratar transtornos associados (ansiedade, depressão).
429
Pergunta
Resposta
430
Quais são as primeiras considerações usuais para qualquer episódio paroxístico na infância?
Convulsões são a primeira consideração usual.
431
Qual é o TNP mais comum que requer consulta médica na infância? E qual é consideravelmente mais comum, mas geralmente manejado em casa?
Convulsões são o TNP mais comum que requer consulta médica. Síncope, especialmente pré-síncope, é consideravelmente mais comum, mas o diagnóstico e manejo usualmente ocorrem em casa, a menos que sintomas associados sugiram uma convulsão.
432
Qual é provavelmente a etiologia mais comum de TNPs na infância, com incidência 10 vezes maior que a da epilepsia?
Enxaqueca.
433
Quais são as ligações existentes entre enxaqueca e epilepsia?
(1) Distúrbios de canais iônicos causam ambos; (2) ambos são genéticos, paroxísticos e associados a distúrbios neurológicos transitórios; (3) sofredores de enxaqueca têm incidência aumentada de epilepsia e epilépticos têm incidência aumentada de enxaqueca; e (4) ambos são distúrbios associados a um córtex cerebral hiperexcitável.
434
Em crianças que têm epilepsia e enxaqueca, como os dois distúrbios podem interagir?
Ambos os distúrbios podem ter uma aura comum e um pode provocar o outro.
435
Quais duas condições exemplificam a linha tênue entre epilepsia e enxaqueca? Quais são suas características comuns?
Enxaqueca com aura do tronco encefálico e epilepsia occipital benigna. Características de ambas são convulsões, cefaleia e atividade epileptiforme.
436
Quais drogas podem servir como profiláticos tanto para epilepsia quanto para enxaqueca em crianças que têm ambas as condições?
Valproato e topiramato.
437
O que o termo geral "discinesia" engloba?
Vários tipos diferentes de movimentos, incluindo distonia, coreia, atetose, balismo e mioclonia.
438
Quais genes estão associados à Discinesia Paroxística Cinesigênica (PKD), Discinesia Paroxística Cinesigênica com Convulsões Infantis (PKD/IC) e Epilepsia Infantil Familiar Benigna?
Mutações patogênicas em PRRT2.
439
Qual gene está associado à Discinesia Paroxística Não Cinesigênica (PNKD)?
Mutações em PNKD.
440
Quais são outras causas raras de discinesia paroxística com início na infância ou adolescência?
Discinesia relacionada ao ADCY5 e Discinesia Paroxística Induzida por Esforço (PED).
441
Qual gene causa a maioria dos casos de PKD e qual seu padrão de herança?
Variantes patogênicas heterozigotas em PRRT2 causam ~99% dos casos. Herança autossômica dominante.
442
Quais são as características clínicas da PKD?
Geralmente começa na infância. Movimento súbito, sobressalto ou mudanças de posição precipitam um ataque, que dura menos de um minuto. Vários ataques ocorrem por dia. Cada ataque pode incluir distonia, coreoatetose ou balismo, afetando um ou ambos os lados do corpo. Alguns pacientes têm uma "aura" (aperto ou formigamento).
443
Qual o tratamento para PKD?
Baixas doses de carbamazepina ou fenitoína são eficazes. Outras drogas bloqueadoras de canais de sódio como lamotrigina ou oxcarbazepina podem ser benéficas.
444
Qual gene causa a PNKD e qual seu padrão de herança?
Mutações no gene PNKD. Herança autossômica dominante.
445
Quais são as características clínicas da PNKD?
Geralmente começa na infância ou adolescência. Ataques de distonia, coreia e atetose duram de 5 minutos a várias horas. Precipitantes: álcool, cafeína, fome, fadiga, nicotina e estresse emocional. Consciência preservada.
446
Qual o tratamento para PNKD?
Difícil de tratar. Clonazepam diariamente ou no primeiro sinal de ataque pode reduzir frequência/severidade. Gabapentina é eficaz em algumas crianças; levetiracetam ou acetazolamida relatados como eficazes em alguns casos.
447
O que causa a Discinesia relacionada ao ADCY5 e qual seu padrão de herança?
Variantes patogênicas heterozigotas (ou raramente, bialélicas) no gene ADCY5. Herança autossômica dominante (maioria de novo) com pequeno número de casos autossômicos recessivos.
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Quais são as características clínicas da Discinesia relacionada ao ADCY5?
Movimentos hipercinéticos (coreia, atetose, distonia ou mioclonia) são a característica de apresentação. Hipotonia axial e espasticidade são comuns, podendo causar atrasos motores grosseiros. Alguns indivíduos afetados experimentam sintomas psiquiátricos, cardiomiopatia, deficiência intelectual ou epilepsia. Discinesias podem persistir durante o sono. Espasmos faciais não mioclonicos periorais/perioculares são comuns. Ansiedade, estresse e sonolência exacerbam os movimentos.
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Qual o manejo da Discinesia relacionada ao ADCY5?
Cuidado multidisciplinar. Todos os pacientes devem passar por avaliação cardíaca. Tetrabenazina, triexifenidil, clonazepam ou acetazolamida podem ser úteis para manejar as discinesias.
450
Qual gene causa a PED? Quais outras síndromes estão associadas a mutações nesse gene?
Mutações no gene SLC2A1. Outras mutações no SLC2A1 causam a síndrome de deficiência de GLUT-1 (encefalopatia epiléptica + discinesia).
451
Quais são as características clínicas da PED?
Ataques de coreia, atetose ou distonia são desencadeados por exercício ou esforço e tipicamente resolvem em minutos a horas. Pernas são as partes do corpo mais frequentemente afetadas.
452
Qual o manejo da PED?
Dieta cetogênica ou dieta de Atkins modificada têm sido úteis em alguns pacientes. Levodopa ou acetazolamida podem ser benéficas.
453
Qual é a terminologia atual preferida pela ILAE para crises parciais complexas e crises parciais simples?
Crises focais com comprometimento da consciência (para parciais complexas) e crises focais sem comprometimento da consciência (para parciais simples).
454
Quais são as epilepsias focais autolimitadas (anteriormente benignas) comuns da infância?
Epilepsia autolimitada com espículas centrotemporais (SLECTS, anteriormente BECTS ou epilepsia rolândica benigna) e epilepsia occipital das formas Panayiotopoulos ou Gastaut.
455
Qual exame é recomendado para todas as crianças com crises clínicas focais, crises associadas a anormalidade focal inexplicada no EEG, ou com déficit neurológico novo ou progressivo?
RM (Ressonância Magnética).
456
O que é cisticercose cerebral e qual sua importância como causa de crises parciais em certas regiões?
É uma infecção causada pela ingestão de carne de porco malcozida contendo larvas císticas da Taenia solium. É uma causa importante de crises parciais no México e América Central, agora comum no sudoeste dos EUA e se tornando mais comum em regiões contíguas.
457
Uma crise que se origina no córtex pode se tornar uma crise tônico-clônica bilateral? Como isso é chamado?
Sim, é chamada de generalização secundária.
458
O que é a Síndrome de Landau-Kleffner? Qual a sua causa (geralmente)?
Afasia adquirida em crianças associada à atividade epileptiforme no EEG. Parece ser um distúrbio do processamento auditivo. A causa é desconhecida, exceto por casos ocasionais associados a tumores do lobo temporal.
459
Qual a faixa etária de início da Síndrome de Landau-Kleffner?
De 2 a 11 anos, com 75% começando entre 3 e 10 anos.
460
Qual é a característica inicial da afasia na Síndrome de Landau-Kleffner?
Agnosia verbal auditiva (a criança tem dificuldade em entender a fala e para de falar).
461
Quais tipos de crises ocorrem na Síndrome de Landau-Kleffner?
Vários tipos, incluindo tônico-clônicas generalizadas, parciais e mioclônicas. Ausência atípica às vezes é a característica inicial.
462
Como é o EEG na Síndrome de Landau-Kleffner?
Mostra descargas de espículas multifocais com predileção pelos lobos temporal e parietal. O envolvimento é bilateral em 88% dos casos.
463
Qual o manejo da Síndrome de Landau-Kleffner?
Anticonvulsivantes padrão usualmente controlam as crises, mas não melhoram a fala. Terapia com corticosteroides, especialmente no início do curso, pode normalizar o EEG e fornecer remissão duradoura da afasia e das crises. Imunoglobulinas (2 mg/kg por 2 dias consecutivos) mostraram eficácia. Anticonvulsivantes como levetiracetam, ácido valproico, clobazam, lamotrigina e clonazepam podem ser úteis.
464
A síndrome opercular epiléptica adquirida é distinta da afasia epiléptica adquirida?
Sim, mas pode representar um espectro do mesmo processo de doença subjacente.
465
Quais são as características clínicas da síndrome opercular epiléptica adquirida?
Início antes dos 10 anos. Crises noturnas breves que afetam principalmente face e boca, mas podem se generalizar secundariamente. Disfasia oral, incapacidade de iniciar movimentos faciais complexos (apagar uma vela), dispraxia de fala e lingual, e salivação excessiva desenvolvem-se concomitantemente com o início das crises. Disfunção cognitiva está associada.
466
Como é o EEG na síndrome opercular epiléptica adquirida?
Mostra descargas centrotemporais ou estado de mal elétrico do sono (ESES).
467
Qual o manejo da síndrome opercular epiléptica adquirida?
A disfasia frequentemente não responde a DAEs. Ácido valproico, lamotrigina, clobazam e benzodiazepínicos podem ser usados. Considerar esteroides em altas doses ou outros imunomoduladores.
468
Quais são as características desta síndrome epiléptica (Epilepsia Hipermotora Relacionada ao Sono Autossômica Dominante)?
Comportamento bizarro e características motoras durante o sono, frequentemente mal diagnosticada como distúrbio do sono ou psiquiátrico.
469
Quais genes estão associados à epilepsia hipermotora relacionada ao sono autossômica dominante?
Mutações em CHRNA4, CHRNB2, CHRNA2 (afetando subunidades do receptor nicotínico de acetilcolina) e outros como CABP4, CRH, DEPDC5, KCNT1, NPRL2, NPRL3, STX1B.
470
Quais são as características clínicas das crises na epilepsia hipermotora relacionada ao sono autossômica dominante?
Crises começam na infância e usualmente persistem na vida adulta. Ocorrem no sono NREM com despertares súbitos associados a manifestações hipermotoras ou tônicas breves. Pacientes frequentemente permanecem conscientes e relatam auras. Agrupamentos de crises (<1 min cada) ocorrem em uma noite. Vocalização (arquejo/grunhido) é comum.
471
Como é o EEG nesta síndrome (Epilepsia Hipermotora Relacionada ao Sono Autossômica Dominante)?
EEG interictal é frequentemente normal. Gravações vídeo-EEG demonstram crises parciais originando-se no lobo frontal, com descargas rapidamente generalizadas de distribuição difusa. Artefato de movimento frequentemente obscurece o EEG ictal inicial.
472
Qual o manejo da epilepsia hipermotora relacionada ao sono autossômica dominante?
Qualquer DAE, exceto etossuximida, pode ser eficaz. Carbamazepina ou oxcarbazepina são as mais eficazes na experiência dos autores. Muitos pacientes alcançam apenas controle parcial com monoterapia e a maioria requer politerapia.
473
Quais são os dois tipos de epilepsias occipitais autolimitadas que se apresentam em crianças em idade escolar?
Epilepsia occipital idiopática da infância de início tardio, tipo Gastaut (ICOE-G) e epilepsia occipital da infância de início precoce (Síndrome de Panayiotopoulos).
474
Qual a idade de pico de início da ICOE-G?
Por volta dos 8 anos, mas pode se apresentar em adolescentes.
475
Quais são as manifestações típicas iniciais das crises na ICOE-G?
(1) Alucinações visuais não formadas (luzes piscantes/pontos) ocorrendo múltiplas vezes ao dia; (2) cegueira ictal, hemianopsia ou amaurose completa; (3) ilusões visuais (micropsia, macropsia, metamorfopsia); ou (4) perda de consciência ou percepção.
476
Quais outros tipos de crise podem seguir a aura visual na ICOE-G? O que o paciente pode queixar-se depois?
Crises clônicas unilaterais ou tônico-clônicas generalizadas secundárias. Depois, a criança queixa-se de cefaleias tipo enxaqueca e náusea.
477
Como é o EEG interictal na ICOE-G? O que é sensibilidade à fixação-off?
Mostra descargas de espícula-onda occipitais de alta amplitude, unilaterais ou bilaterais independentes. Sensibilidade à fixação-off significa que a abertura dos olhos com fixação suprime as descargas, enquanto o fechamento dos olhos ou abertura dos olhos com fixação inibida por qualquer meio as realça.
478
Qual o manejo da ICOE-G?
DAEs padrão usualmente fornecem controle completo das crises. Crises típicas nunca persistem além dos 12 anos.
479
Qual a idade de início da Síndrome de Panayiotopoulos?
3-6 anos (variação de 1 a 14 anos).
480
Quais são as características clínicas das crises na Síndrome de Panayiotopoulos?
Crises usualmente ocorrem no sono; predominam características autonômicas e comportamentais, incluindo vômitos, palidez, sudorese, irritabilidade e desvio tônico ocular. As crises são frequentemente prolongadas (1-30 minutos, às vezes até 2 horas) e podem ser confundidas com síndrome do vômito cíclico ou enxaqueca complicada.
481
Como é o EEG interictal na Síndrome de Panayiotopoulos?
Mostra sequências de complexos de espícula e onda lenta de alta amplitude a 2-3 Hz nos quadrantes posteriores. Muitas crianças podem ter espículas centrotemporais ou frontais.
482
Qual o manejo da Síndrome de Panayiotopoulos?
DAEs padrão usualmente alcançam controle das crises. O prognóstico geral é bom, com remissão ocorrendo em 1-2 anos.
483
Esta forma de epilepsia occipital (idiopática com fotossensibilidade) é sempre autolimitada?
Não, em contraste com outras discutidas, frequentemente não é autolimitada.
484
Quais são as características clínicas da epilepsia occipital idiopática com fotossensibilidade?
Crianças apresentam-se entre 5 e 17 anos com crises induzidas por estimulação fótica. As crises começam com pontos coloridos e móveis no campo visual periférico. Com a progressão, desenvolve-se movimento tônico da cabeça e dos olhos com visão turva, náusea, vômito, dor aguda na cabeça ou órbita, e irresponsividade.
485
Como é o EEG na epilepsia occipital idiopática com fotossensibilidade?
EEG interictal mostra espículas occipitais síncronas ou assíncronas bilaterais e complexos espícula-onda. Estimulação fótica intermitente pode induzir uma resposta fotoparoxística occipital e descargas generalizadas. EEG ictal mostra atividade epileptiforme occipital, que pode mudar de um lado para o outro.
486
Qual era o nome original da SLECTS? Qual seu padrão de herança?
Epilepsia rolândica benigna. Transmissão genética é um traço autossômico dominante.
487
Qual a idade de início e pico da SLECTS? Quando as crises usualmente param?
Idade de início entre 3 e 13 anos, com pico aos 7-8 anos. Crises usualmente param espontaneamente por volta dos 13-15 anos.
488
Quais são as características típicas das crises na SLECTS?
Típica crise acorda a criança do sono. Parestesias ocorrem em um lado da boca, seguidas por contrações ipsilaterais da face, boca e faringe, resultando em parada da fala (hemisfério dominante) ou disartria (hemisfério não dominante) e salivação excessiva. Consciência frequentemente preservada. Crise dura 1 ou 2 minutos.
489
Como é o EEG interictal na SLECTS?
Mostra descargas de espículas unilaterais ou bilaterais na região central ou centrotemporal. As espículas são tipicamente de alta voltagem e ativadas por sonolência e sono.
490
Qual o manejo da SLECTS?
A maioria das DAEs é eficaz. Levetiracetam ou oxcarbazepina são frequentemente prescritos. A maioria das crianças eventualmente para de ter crises, tratadas ou não.
491
O que caracteriza o ESES (Estado de Mal Elétrico Durante o Sono de Ondas Lentas)?
O sono induz atividade EEG paroxística e, por fim, produz uma encefalopatia epiléptica. Os paroxismos podem aparecer contínua ou descontinuamente durante o sono NREM. Limiar de atividade espícula-onda para diagnóstico varia (tipicamente 50%-85%). Descargas epileptiformes durante a vigília devem ser relativamente infrequentes.
492
Quais são as características clínicas do ESES?
Idade de início de 3 a 14 anos. Crises durante a vigília são usualmente raras e incluem ausência atípica, mioclônicas ou acinéticas. Minoria nunca tem crises clínicas. Comprometimento neuropsicológico e distúrbios comportamentais são comuns.
493
Quais genes foram implicados na etiologia do ESES?
Múltiplos genes, mas GRIN2A é o mais comum. Variantes do número de cópias (CNVs) também podem causar ESES.
494
Qual o tratamento para ESES?
DAEs padrão raramente são eficazes. Esteroides em altas doses, ACTH, benzodiazepínicos em altas doses, levetiracetam e imunoglobulina IV relataram algum sucesso.
495
O que é epilepsia parcial contínua?
Crises motoras focais que não param espontaneamente.
496
Quais são as possíveis causas da epilepsia parcial contínua?
Infarto, hemorragia, tumor, hiperglicemia, encefalite de Rasmussen e inflamação.
497
O que é a Síndrome de Rasmussen? Qual sua etiologia provável?
Distúrbio raro e pouco compreendido. Acredita-se ser causado por resposta inicial de células T a epítopos antigênicos com potencial contribuição subsequente de autoanticorpos.
498
Quais são as características clínicas da Síndrome de Rasmussen?
Abalos focais frequentemente começam por volta dos 6 anos, em uma parte do corpo, depois se espalham. Crises motoras refratárias desenvolvem-se em todos. 50% desenvolvem epilepsia parcial contínua. Crises progridem para afetar membros de um lado e depois do outro. Hemiplegia progressiva se desenvolve e permanece.
499
Como são o EEG e a RM na Síndrome de Rasmussen?
Inicialmente normais. EEG depois mostra descargas de espículas contínuas. RM repetida mostra hemiatrofia progressiva rápida com dilatação ex vacuo do ventrículo ipsilateral.
500
Qual o manejo da Síndrome de Rasmussen?
Tratamento especialmente difícil. Terapia antiepiléptica padrão não é eficaz. Imunossupressão pode apenas retardar a progressão. Hemisferectomia precoce é o tratamento de escolha, com comprometimentos funcionais inevitáveis.
501
O que é epilepsia da leitura e de onde se origina?
É uma epilepsia reflexa originando-se da junção temporo-occipital posterior dominante (usualmente esquerda).
502
Quais são as características clínicas da epilepsia da leitura?
Idade de início usualmente na segunda década. Abalos mioclônicos envolvendo músculos orofaciais e da mandíbula desenvolvem-se durante a leitura. Crise inicial usualmente na mandíbula ("travamento/clique da mandíbula"). Outras características: tremor dos lábios, engasgo na garganta, dificuldade para falar. Alexia ictal (incapacidade de ler) na maioria.
503
Qual o manejo da epilepsia da leitura?
Levetiracetam e lamotrigina são boas opções de tratamento. Alguns pacientes afirmam controlar as crises parando de ler ao primeiro sinal.
504
A epilepsia do lobo temporal em crianças pode ser primária ou secundária?
Sim, pode ser ambas. Herança da epilepsia primária do lobo temporal é frequentemente um traço autossômico dominante.
505
Quais são as características clínicas da epilepsia primária do lobo temporal?
Início das crises tipicamente na adolescência ou mais tarde. As crises consistem em sintomas psíquicos simples (déjà vu, distúrbios cognitivos, ilusões e alucinações) ou autonômicos (náusea, taquicardia e sudorese). Generalização secundária é incomum.
506
Quais são as características clínicas da epilepsia secundária do lobo temporal?
Início das crises na primeira década, frequentemente durante doença aguda. As crises são usualmente do tipo parcial complexa (focal com comprometimento da consciência), e generalização secundária é mais comum.
507
Como é o EEG na epilepsia do lobo temporal primária vs. secundária?
Primária: Um único EEG provavelmente será normal. Frequência de espículas temporais interictais é baixa; monitoramento vídeo-EEG prolongado é necessário para diagnóstico. Secundária: Incidência de espículas temporais focais interictais é maior, mas detecção pode requerer vários estudos EEG padrão ou prolongados.
508
Qual o manejo da epilepsia do lobo temporal?
Monoterapia com oxcarbazepina, levetiracetam, lamotrigina ou topiramato é usualmente satisfatória. Outros anticonvulsivantes como fenitoína, carbamazepina e valproato têm eficácia similar.
509
Pergunta
Resposta
510
Qual é o tipo de crise mais comum na infância?
Crises tônico-clônicas generalizadas.
511
O que é estado de mal epiléptico?
Uma crise única prolongada (mais de 5-15 minutos, dependendo do tipo de crise) ou crises repetidas sem recuperação interictal.
512
Quais são as considerações diagnósticas para uma primeira crise tônico-clônica afebril após os 2 anos de idade? (Box 1.10)
Encefalopatia ou encefalite aguda. Crise isolada inexplicada. Crise parcial de qualquer causa com generalização secundária. Epilepsia generalizada primária. Transtorno progressivo do sistema nervoso.
513
Quais são as características clínicas de uma crise tônico-clônica generalizada?
Perda súbita de consciência é a característica inicial. A criança cai no chão e o corpo enrijece (fase tônica). Movimentos repetitivos de abalo dos membros seguem (fase clônica); esses movimentos inicialmente são rápidos e rítmicos, depois se tornam mais lentos e irregulares à medida que a crise termina. Os olhos rolam para trás; a respiração é rápida e profunda, fazendo a saliva espumar nos lábios; e pode ocorrer incontinência urinária e fecal. Um sono pós-ictal segue a crise, do qual o despertar é difícil. Depois, a criança parece normal, mas pode ter dores musculares nos membros e língua dolorida (mordida durante a crise).
514
Como é o EEG durante uma crise tônico-clônica generalizada? E entre as crises?
Durante a crise: Mostra espículas repetitivas generalizadas na fase tônica e, em seguida, surtos periódicos de espículas na fase clônica. Artefato de movimento usualmente obscurece a porção clônica. Conforme a crise termina, os ritmos de fundo são lentos e a amplitude se atenua. Entre as crises: Podem ocorrer descargas breves generalizadas de espícula ou espícula-onda que são polimórficas na aparência. A frequência da descarga às vezes aumenta com sonolência e sono leve.
515
A presença de descargas focais no EEG indica o quê em relação a uma crise tônico-clônica?
Indica uma generalização secundária da crise tônico-clônica.
516
Como é o LCR após uma breve crise tônico-clônica devido à epilepsia primária? E após crises prolongadas ou repetidas?
Breve crise: LCR normal. Prolongadas/repetidas: Pode causar leucocitose (até 80 células/mm³, com predomínio polimorfonuclear). A concentração de proteína pode estar levemente elevada, mas a de glicose é normal.
517
Inicia-se terapia antiepiléptica profilática em uma criança neurologicamente normal que teve uma única crise inexplicada, a menos que o EEG seja claramente anormal?
Não se inicia.
518
A EGTCS (anteriormente epilepsia com crises tônico-clônicas generalizadas ao despertar) é uma síndrome familiar distinta da EMJ?
Sim.
519
Quais são as características clínicas da EGTCS?
Início na segunda década. 90% das crises ocorrem ao despertar, independentemente da hora do dia. Crises também ocorrem com relaxamento à noite. Crises de ausência e mioclônicas podem ocorrer.
520
Como é o EEG na EGTCS?
Mostra um padrão de epilepsias generalizadas idiopáticas.
521
Qual o manejo da EGTCS?
Similar ao da EMJ, com levetiracetam, valproato, lamotrigina e topiramato. Perampanel também é útil.
522
Os PNES são comuns na população pediátrica?
Sim, especialmente na população adolescente.
523
Pergunta
Resposta
524
O que envolve o tratamento adequado da epilepsia, além de simplesmente parar os ataques?
Envolve cuidar da saúde neurológica, comportamental e cognitiva da criança entre as crises.
525
Como os autores descrevem o objetivo do tratamento da epilepsia?
"Andar na corda bamba" para encontrar o equilíbrio ótimo entre o objetivo de ausência de crises e a responsabilidade de minimizar os efeitos colaterais dos medicamentos, buscando a máxima funcionalidade.
526
Em que porcentagem das epilepsias relacionadas à localização se consegue a ausência de crises?
Em cerca de 70%.
527
Quando se deve considerar o início da terapia em crianças com uma primeira crise?
Considerar iniciar terapia em crianças com déficits neurológicos preexistentes (epilepsia sintomática) após a primeira crise, porque mais crises são esperadas.
528
É razoável adiar a terapia em crianças com desenvolvimento típico após uma primeira crise tônico-clônica generalizada inexplicada e não tratada?
Sim, menos da metade terá uma segunda crise. É razoável adiar a terapia se a criança não estiver dirigindo veículos motorizados.
529
A EMJ e a epilepsia ausência devem sempre ser tratadas? Por quê?
Sim, não apenas devido à recorrência esperada das crises, mas também porque a ausência não controlada prejudica a educação e acarreta maiores riscos de trauma.
530
É razoável interromper a terapia antiepiléptica quando uma encefalopatia aguda (ex: anóxia, trauma craniano, encefalite) que causou as crises se resolveu e não há déficits residuais significativos?
Sim.
531
Após quantos anos de controle completo das crises os dados agrupados sobre epilepsia em crianças sugerem que a descontinuação da terapia antiepiléptica é bem-sucedida?
Após 2 anos de controle completo.
532
A retirada rápida de DAEs em uma pessoa que não precisa de terapia provoca crises? Quais as possíveis exceções?
Não provoca crises, com a provável exceção de benzodiazepínicos em altas doses e oxcarbazepina.
533
Como se deve iniciar a terapia com DAEs? Qual a taxa de sucesso com monoterapia?
Iniciar com uma única droga. Cerca de 50% dos pacientes com epilepsia alcançam controle completo das crises com monoterapia usando a primeira droga correta para o tipo de crise. Um adicional de 10% torna-se controlado com a segunda medicação tentada.
534
Quais são os problemas da polifarmácia?
(1) Drogas competem entre si por sítios de ligação a proteínas; (2) uma droga pode aumentar a taxa e a via de metabolismo de uma segunda droga; (3) as drogas têm toxicidade cumulativa; e (4) a adesão é mais difícil.
535
Com que frequência as DAEs devem ser administradas, se possível?
Não mais que duas vezes ao dia, se possível (preferencialmente uma vez ao dia).
536
Os valores de referência das concentrações de drogas são absolutos?
Não, são diretrizes. Alguns pacientes ficam livres de crises com concentrações abaixo do valor de referência, e outros não são afetados por concentrações rotuladas como "tóxicas". A resposta do paciente é mais importante que a concentração sanguínea.
537
A maioria das DAEs segue qual tipo de cinética? Qual a principal exceção?
Cinética de primeira ordem (níveis sanguíneos aumentam proporcionalmente com aumentos na dose oral). A principal exceção é a fenitoína, cujo metabolismo muda de primeira para zero ordem quando o sistema enzimático satura.
538
O que são metabólitos ativos de DAEs e qual sua importância?
São produtos do metabolismo da droga original que também possuem atividade anticonvulsivante. Podem fornecer controle de crises ou ter efeitos tóxicos quando a concentração da droga original é baixa. Exemplos incluem fenobarbital (de primidona) e S-licarbazepina/R-licarbazepina (de oxcarbazepina).
539
Como podem ser aliviados os sintomas de irritação gástrica (náusea, vômito) causados por algumas DAEs?
Tomando doses menores em intervalos mais curtos, usando preparações com revestimento entérico e administrando a droga após as refeições.
540
Quais são exemplos de reações adversas tóxicas relacionadas à dose da maioria das DAEs?
Sedação quando as concentrações sanguíneas são excessivas. Distúrbios cognitivos e comportamentais sutis podem ocorrer em baixas concentrações. Com aumento das doses, atenção, memória e relações interpessoais podem ser seriamente prejudicadas (especialmente com barbitúricos).
541
O que são reações idiossincráticas e como se manifestam?
Não são relacionadas à dose. Podem ocorrer como reações de hipersensibilidade (usualmente erupção cutânea, febre e linfadenopatia) ou devido a metabólitos tóxicos.
542
Quais são os problemas associados ao uso de medicamentos genéricos em epilepsia?
Diferentes fabricantes fornecem versões genéricas; a biodisponibilidade e a meia-vida desses produtos variam consideravelmente, e manter uma concentração sanguínea previsível pode ser difícil. Variações de 10% para cima ou para baixo de um reabastecimento para outro ao mudar entre marcas e múltiplos genéricos não são triviais e podem resultar em perda de controle das crises ou efeitos colaterais.
543
Quais são as bases para a seleção de uma DAE?
O conforto do neurologista com o uso de uma droga específica, outras condições de saúde e uso de drogas no paciente, as preparações disponíveis em relação à idade da criança e o espectro de atividade antiepiléptica da droga.
544
Quais DAEs têm um amplo espectro de eficácia contra muitos tipos diferentes de crises?
Clobazam, levetiracetam, lamotrigina, perampanel, topiramato, valproato, zonisamida, rufinamida e felbamato.
545
Pergunta
Resposta
546
Qual o mecanismo de ação provável do Brivaracetam e como se compara ao Levetiracetam?
Modula a neurotransmissão ligando-se à glicoproteína A2 da vesícula sináptica (SV2A), com afinidade 20 vezes maior que o levetiracetam. Não tem efeito sobre canais de cálcio ou receptores AMPA.
547
Quais são as indicações do Brivaracetam?
Eficácia comprovada em epilepsias focais, mas acredita-se ter um amplo espectro de eficácia.
548
Quais são as apresentações e posologia do Brivaracetam?
Comprimidos (10, 25, 50, 75, 100 mg), solução IV (50 mg/5 mL), suspensão oral (10 mg/mL). Meia-vida de 9 horas, mas duração de eficácia maior. Administração oral duas vezes ao dia. Dose inicial em adolescentes >16 anos: 50 mg duas vezes ao dia por 1 semana, podendo aumentar para 100 mg duas vezes ao dia.
549
Quais são os efeitos adversos do Brivaracetam?
Similares ao levetiracetam, mas alguns estudos sugerem maior tolerabilidade geral com menos efeitos colaterais comportamentais ou de humor.
550
Quais são as indicações aprovadas para o Cannabidiol (Epidiolex)?
Tratamento de crises no espectro de Lennox-Gastaut (incluindo todos os tipos de crise), crises associadas à Síndrome de Dravet, e crises focais no contexto de esclerose tuberosa.
551
Qual a posologia e apresentação do Cannabidiol? Quais exames são necessários antes e durante o tratamento?
Iniciar com 5 mg/kg/dia divididos em duas doses por 1 semana, depois 10 mg/kg/dia divididos em duas doses. Dose máxima recomendada: 20 mg/kg/dia (25 mg/kg/dia para esclerose tuberosa). Disponível como solução sem açúcar de 100 mg/mL. Verificar transaminases séricas (ALT, AST) e níveis de bilirrubina antes de iniciar. Muitas seguradoras nos EUA exigem testes anuais de função hepática para continuar a cobertura.
552
Quais são os efeitos adversos do Cannabidiol e suas interações medicamentosas?
Sonolência, diminuição do apetite, diarreia, elevação de transaminases, fadiga, insônia. Aumenta a concentração sérica de desmetilclobazam (metabólito ativo do clobazam) três vezes; pacientes em altas doses de clobazam provavelmente necessitarão de redução da dose. Clobazam aumenta a concentração do metabólito ativo do cannabidiol em ~70%. Uso concomitante com valproato aumenta o risco de elevação de transaminases.
553
Para quais tipos de crise a Carbamazepina é indicada? Para quais é contraindicada?
Indicada para crises focais e tônico-clônicas generalizadas primárias ou secundárias. Frequentemente aumenta a frequência de crises de ausência e mioclônicas, sendo contraindicada para esses tipos.
554
Qual a dose de manutenção usual da Carbamazepina e como ela é afetada pela autoindução?
Dose inicial deve ser 25% da dose de manutenção para prevenir toxicidade devido à autoindução do seu metabolismo. Dose de manutenção usual: 15-20 mg/kg/dia (lactentes frequentemente requerem 30 mg/kg/dia).
555
Quais são os efeitos adversos da Carbamazepina, incluindo o alerta genético?
Depressão dos leucócitos periféricos (raramente grave). Risco de Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica em pacientes com ancestralidade asiática portadores do alelo HLA-B*1502 (triagem recomendada). Distúrbios cognitivos, sedação, ataxia e nistagmo.
556
Quais são as indicações do Cenobamato?
Tratamento de crises focais com e sem generalização secundária em pacientes com 18 anos ou mais.
557
Qual o mecanismo de ação proposto para o Cenobamato?
Acredita-se ser secundário à inibição dos canais de sódio e uma modulação alostérica positiva do canal iônico GABAA.
558
Qual a posologia e administração do Cenobamato, incluindo interações?
Iniciar com 12.5 mg/dia por 2 semanas, depois 25 mg/dia por 2 semanas, depois 50 mg/dia por 2 semanas, depois 100 mg/dia. Aumentar doses em 50 mg a cada 2 semanas conforme tolerado. Reduzir proativamente a dose de clobazam. Uso concomitante de bloqueadores de canais de sódio pode causar tontura. Meia-vida longa (50-60h) permite dose única diária.
559
Quais são os principais efeitos adversos do Cenobamato? O que é DRESS?
Tontura e sonolência. Reação medicamentosa com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DRESS) é um alerta de classe; a taxa não parece diferente para cenobamato com titulação recomendada.
560
Quais são as indicações do Clobazam?
Tratamento de crises no espectro de Lennox-Gastaut (inclui todos os tipos de crise, até uma pequena porcentagem de ausências típicas).
561
Qual a posologia do Clobazam baseada no peso?
Pacientes <30 kg: dose inicial 5 mg/dia, titulando até 20 mg divididos em duas vezes ao dia. Pacientes >30 kg: dose inicial 10 mg/dia, titulando até 40 mg divididos em duas vezes ao dia. Alguns se beneficiam de doses até 100 mg/dia.
562
Quais são os efeitos adversos comuns do Clobazam?
Sedação e aumento da salivação (monitorar em crianças com disfagia/risco de pneumonia aspirativa).
563
Para quais tipos de crise o Clonazepam é utilizado?
Espasmos infantis, crises mioclônicas, ausência e crises focais.
564
Qual a dose de manutenção usual do Clonazepam em crianças?
0.1 mg/kg/dia em três doses divididas. A maioria das crianças não tolera doses >0.15 mg/kg/dia.
565
Quais são os efeitos tóxicos do Clonazepam?
Sedação, comprometimento cognitivo, hiperatividade e salivação excessiva.
566
Para qual tipo de epilepsia a Etossuximida é a droga de escolha?
Epilepsia ausência. Também útil para ausência mioclônica.
567
Qual a dose inicial e terapêutica usual da Etossuximida?
Dose inicial: 20 mg/kg/dia em duas doses divididas após as refeições. Níveis entre 50 e 120 µg/mL são usualmente terapêuticos.
568
Quais são os efeitos adversos comuns da Etossuximida?
Náusea e dor abdominal devido à irritação gástrica (preparação líquida causa mais irritação que cápsula).
569
Quais são as indicações primárias do Felbamato?
Crises focais e generalizadas refratárias, SLG, ausência atípica e crises atônicas.
570
Qual a dose terapêutica usual do Felbamato e como ele interage com outras DAEs?
Níveis entre 50 e 100 µg/mL são usualmente terapêuticos. A adição de felbamato aumenta as concentrações plasmáticas de fenitoína e valproato em até 30%. A concentração de carbamazepina cai, mas a de seu metabólito epóxido ativo aumenta em quase 50%.
571
Quais são os riscos graves associados ao Felbamato?
Dano hepático fatal e anemia aplástica em cerca de 1 em 10.000 exposições. Monitoramento regular de hemograma e função hepática é necessário.
572
Para quais síndromes epilépticas a Fenfluramina é especificamente indicada?
Síndrome de Dravet (DS) e Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG).
573
Qual o programa de mitigação de risco (REMS) associado à Fenfluramina e por quê?
É necessário devido ao histórico conhecido de hipertensão pulmonar e doença cardíaca valvular quando usada em doses muito mais altas para redução de peso. O programa REMS requer monitoramento cardíaco regular.
574
Quais são os efeitos colaterais mais comuns da Fenfluramina?
"Diminuição do apetite e peso, sonolência, sedação e letargia."
575
Pergunta
Resposta
576
Quais são as indicações da Gabapentina?
Tratamento de crises focais com e sem generalização secundária, e dor neuropática.
577
Qual a dose de titulação usual da Gabapentina?
De 10 a 60 mg/kg/dia, durante 2 semanas.
578
Quais são os efeitos adversos da Gabapentina?
Sedação, edema e aumento de peso.
579
Quais são as indicações da Lacosamida?
Tratamento de crises focais com e sem generalização secundária.
580
Qual a dose de titulação usual da Lacosamida?
De 2 a 10 mg/kg/dia, durante 2-4 semanas.
581
Qual o mecanismo de ação da Lacosamida?
Atua no canal de sódio, mas de forma diferente dos anticonvulsivantes tradicionais que atuam nesse canal.
582
Quais são os efeitos adversos da Lacosamida?
Sedação, ataxia e tontura.
583
Para quais tipos de crises e síndromes a Lamotrigina é útil?
Epilepsia ausência, crises atônicas, EMJ, SLG, epilepsias focais e crises tônico-clônicas generalizadas primárias. O espectro de atividade é similar ao do valproato.
584
Como a dose inicial da Lamotrigina varia dependendo se é monoterapia ou combinada com outras DAEs?
Monoterapia: Dose inicial de 0.3 mg/kg/dia. Combinada com indutores enzimáticos hepáticos: Iniciar com 0.6 mg/kg/dia. Combinada com valproato: Dose inicial de 0.15 mg/kg/dia.
585
Qual é o principal efeito adverso da Lamotrigina e como pode ser minimizado?
Erupção cutânea (rash), que é mais provável com titulações mais rápidas que as recomendadas e pode resultar em doenças graves como Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica.
586
Qual interação medicamentosa importante da Lamotrigina deve ser informada a pacientes do sexo feminino em idade fértil?
Lamotrigina pode interagir com contraceptivos hormonais. Pílulas anticoncepcionais orais podem diminuir o nível de lamotrigina, e a lamotrigina, por sua vez, pode diminuir a eficácia dos contraceptivos.
587
O Levetiracetam tem um espectro de atividade amplo ou restrito?
Tem um amplo espectro de atividade e é útil para a maioria dos tipos de crises.
588
Para qual síndrome epiléptica o Levetiracetam é especialmente eficaz?
Epilepsia Mioclônica Juvenil (EMJ).
589
Qual a dose inicial e alvo do Levetiracetam em crianças?
Dose inicial: 20 mg/kg/dia. Dose alvo: 20-80 mg/kg/dia. Um pequeno número de crianças responde melhor a doses muito altas, próximas a 100 mg/kg/dia.
590
Quais são os principais efeitos adversos comportamentais do Levetiracetam e como podem ser aliviados em algumas crianças?
Frequentemente causa irritabilidade leve, mas às vezes pode causar distúrbios comportamentais ou de humor mais graves (incidência próxima a 10%). O uso concomitante de uma pequena dose de piridoxina (50-100 mg/dia) parece aliviar a irritabilidade em algumas crianças.
591
Quais são as indicações da Oxcarbazepina?
Tratamento de crises focais com e sem generalização secundária.
592
Como a estrutura química e o perfil de tolerabilidade da Oxcarbazepina se comparam à Carbamazepina?
Estrutura química quase idêntica à carbamazepina com a adição de uma molécula de O2, o que a torna tão diferente quanto água e peróxido de hidrogênio. Tem o mesmo perfil terapêutico da carbamazepina, mas tolerabilidade e perfil de efeitos adversos muito melhores.
593
Qual a dose inicial e alvo da Oxcarbazepina (liberação imediata)?
Dose inicial: 10 mg/kg/dia. Incrementalmente aumentada, conforme necessário, para uma dose total de 20-60 mg/kg/dia em duas doses divididas.
594
Quais são os principais efeitos adversos da Oxcarbazepina?
Principal efeito adverso é sonolência (menos severa que com carbamazepina). Hiponatremia é um problema potencial principalmente em populações mais velhas ou pacientes tomando diuréticos e ISRSs, ou em crianças medicamente frágeis com múltiplas comorbidades. Alguns pacientes relatam constipação e ganho de peso.
595
Quais são as indicações do Perampanel?
Tratar crises focais com e sem generalização secundária e crises tônico-clônicas generalizadas primárias.
596
Qual o mecanismo de ação do Perampanel?
Inibição não competitiva dos receptores glutamatérgicos AMPA.
597
Qual a dose de titulação usual do Perampanel e sua meia-vida?
Dose de titulação usual de 2 a 12 mg/dia, durante 5-15 semanas. A meia-vida é de 105 horas e a dose deve ser aumentada de 2 mg diários em 2 mg a cada 2-3 semanas até o alvo desejado.
598
Quais são os efeitos adversos do Perampanel?
Sedação, ataxia e irritabilidade.
599
Pergunta
Resposta
600
Para quais tipos de crise o Fenobarbital é eficaz?
Crises focais e tônico-clônicas generalizadas. É especialmente útil para tratar o estado de mal epiléptico.
601
Qual a dose inicial e de manutenção do Fenobarbital?
Doses inicial e de manutenção são de 3-5 mg/kg/dia.
602
Quais são os efeitos adversos mais comuns e limitantes do Fenobarbital em crianças?
Hiperatividade é o efeito colateral mais comum e limitante. Alterações comportamentais adversas ocorrem em metade das crianças entre 2 e 10 anos. Comprometimento cognitivo é comum.
603
Para quais tipos de crise a Fenitoína é indicada?
Crises tônico-clônicas e focais.
604
A absorção oral de Fenitoína é confiável em neonatos e lactentes?
A absorção oral é lenta e imprevisível em neonatos, errática em lactentes, e provavelmente não confiável até 3-5 anos de idade.
605
Qual a dose de manutenção típica da Fenitoína em crianças?
7 mg/kg/dia.
606
Quais são as principais reações adversas da Fenitoína?
Hipersensibilidade, hipertrofia gengival e hirsutismo. Reações de hipersensibilidade geralmente ocorrem dentro de 6 semanas (erupção cutânea, febre, linfadenopatia). O uso continuado pode produzir síndrome de Stevens-Johnson ou um distúrbio semelhante ao lúpus.
607
Quais são as indicações da Pregabalina?
Tratamento de crises focais com e sem generalização secundária, e dor neuropática.
608
Qual a dose de titulação usual da Pregabalina?
De 2 a 10 mg/kg/dia, durante 2 semanas.
609
Quais são os efeitos adversos da Pregabalina?
Sedação, edema e aumento de peso.
610
Para quais tipos de crise a Primidona é indicada?
Crises tônico-clônicas e focais.
611
Quais são os metabólitos ativos da Primidona?
Fenobarbital e feniletilmalonamida (PEMA).
612
Qual a dose de manutenção usual da Primidona e por que a dose inicial deve ser menor?
Dose de manutenção usual: 10-25 mg/kg/dia. A dose inicial deve ser 25% da dose de manutenção, ou ocorrerá sedação intolerável.
613
Quais são os efeitos adversos da Primidona?
Os mesmos do fenobarbital, exceto que o risco de sedação intolerável com o primeiro comprimido é maior.
614
Quais são as indicações da Rufinamida?
Tratamento de crises no espectro de Lennox-Gastaut, que inclui todos os tipos de crise.
615
Como o valproato afeta o metabolismo da Rufinamida?
O valproato pode diminuir o metabolismo da rufinamida em 15%-70%. Doses mais baixas e titulação mais lenta são recomendadas quando usados concomitantemente.
616
Quais são os efeitos adversos da Rufinamida?
Sedação, vômito e sintomas gastrointestinais podem ocorrer.
617
Para qual síndrome o Stiripentol é aprovado como terapia adjunta e com qual outro medicamento?
Aprovado para o tratamento de crises na Síndrome de Dravet (DS) como terapia adjunta ao clobazam.
618
Qual o possível mecanismo de ação do Stiripentol?
Efeito nos receptores GABAA e inibição do citocromo P450, resultando em níveis aumentados de clobazam.
619
Quais são os efeitos adversos relatados do Stiripentol?
Diminuição do apetite e peso, sonolência, ataxia, baixo tônus muscular, distonia, neutropenia, agressão, irritabilidade, insônia e elevação da gama-glutamiltransferase.
620
Quais são as indicações da Tiagabina?
Uso como terapia adjunta para crises focais e generalizadas.
621
Qual a dose de titulação da Tiagabina?
Dose inicial de um único dia é 0.2 mg/kg. Aumentar a cada 2 semanas em 0.2 mg/kg até alcançar benefício ótimo ou ocorrerem reações adversas.
622
Quais são os efeitos adversos mais comuns da Tiagabina?
Sonolência e dificuldade de concentração.
623
Quais são as indicações do Topiramato?
Epilepsias focais e generalizadas, especialmente SLG. Também eficaz para profilaxia da enxaqueca.
624
Qual a dose inicial e alvo do Topiramato?
Dose inicial: 1-2 mg/kg/dia, aumentada incrementalmente até 10-15 mg/kg/dia divididos em duas doses.
625
Quais são os efeitos adversos do Topiramato?
Perda de peso pode ocorrer. Comprometimento cognitivo é comum. Fadiga e alteração do estado mental em doses tóxicas. Glaucoma é uma reação idiossincrática rara. Oligohidrose (diminuição da sudorese) é comum; pacientes devem evitar superaquecimento.
626
Para quais tipos de crise o Valproato é principalmente usado?
Principalmente para crises generalizadas. É especialmente útil para distúrbios de crises mistas, incluindo crises mioclônicas, ausência simples, ausência mioclônica, mioclonia e crises tônico-clônicas.
627
Qual a dose inicial e alvo do Valproato para atingir níveis terapêuticos?
Dose inicial: 20 mg/kg/dia. Aumentar em incrementos de 10 mg/kg/dia para uma dose alvo de 60 mg/kg/dia fornecerá uma concentração sanguínea de 50-100 µg/mL.
628
Quais são os principais efeitos adversos relacionados à dose e idiossincráticos do Valproato?
Relacionados à dose: Hepatotoxicidade (aumento de transaminases), redução da contagem de plaquetas, pancreatite e hiperamonemia. Idiossincrático principal: Necrose hepática fatal (maior risco em crianças <2 anos em politerapia, possivelmente por erro inato do metabolismo subjacente).
629
Quais são as indicações da Vigabatrina?
Tratamento de espasmos infantis, particularmente aqueles associados à esclerose tuberosa, e crises focais.
630
Qual a dose inicial e alvo da Vigabatrina?
Dose inicial: 50 mg/kg/dia, que aumenta incrementalmente, conforme necessário, para 200-250 mg/kg/dia.
631
Qual é o principal evento adverso grave da Vigabatrina?
Perda periférica da visão (defeito raro consistindo em constrição circunferencial do campo com preservação nasal).
632
A Zonisamida tem um espectro de atividade amplo ou restrito?
Como o levetiracetam, a zonisamida tem um amplo espectro de atividade. É eficaz contra epilepsias generalizadas primárias e focais, e é uma das drogas mais eficazes em epilepsias mioclônicas.
633
Qual a dose inicial e máxima da Zonisamida em crianças?
Dose inicial: 2 mg/kg/dia. Dose máxima em torno de 15 mg/kg/dia.
634
Quais são os efeitos adversos comuns da Zonisamida, incluindo uma preocupação específica?
Sonolência e anorexia. De maior preocupação é a possibilidade de oligohidrose e hipertermia (aconselhar pais a monitorar diminuição da sudorese e sinais de hipertermia, especialmente em climas quentes).
635
Pergunta
Resposta
636
Qual a definição de estado de mal epiléptico?
Uma crise única prolongada (mais de 5-15 minutos, dependendo do tipo de crise) ou crises repetidas sem recuperação interictal.
637
O estado de mal epiléptico tônico-clônico generalizado é uma emergência?
Sim, é uma condição que ameaça a vida e a emergência mais comum em neurologia pediátrica.
638
Quais são as causas do estado de mal epiléptico?
(1) Uma doença aguda nova, como encefalite; (2) uma doença neurológica progressiva; (3) perda de controle das crises em um epiléptico conhecido; ou (4) uma crise febril prolongada em uma criança de resto normal.
639
Qual é o principal determinante do desfecho após o estado de mal epiléptico?
A causa subjacente.
640
É possível manejar crises prolongadas ou agrupamentos de crises em casa em crianças com epilepsia conhecida?
Sim, usando medicamentos de resgate para prevenir ou abortar o estado de mal epiléptico.
641
Qual a recomendação se a dose inicial do medicamento de resgate falhar em parar as crises em casa?
Recomenda-se uma segunda dose 10 minutos após a primeira, e a família deve acionar os serviços médicos de emergência.
642
Quais são os passos iniciais na avaliação e manejo do estado de mal epiléptico no hospital?
Avaliação cardiorrespiratória rápida, história que levou à crise e exame neurológico. Estabelecimento de via aérea controlada e ventilação mecânica na maioria dos casos de estado de mal epiléptico convulsivo. Acesso venoso.
643
Quais exames laboratoriais são necessários no manejo inicial do estado de mal epiléptico?
Glicemia, eletrólitos e concentrações de drogas anticonvulsivantes em crianças com epilepsia conhecida. Outros testes (ex: rastreio toxicológico e/ou infeccioso) conforme indicado.
644
Qual fluido IV deve ser iniciado após a coleta de sangue no estado de mal epiléptico? Há alguma exceção?
Iniciar infusão IV de solução salina para administração de DAEs e bolus. Não administrar fluidos IV contendo glicose a crianças em dieta cetogênica, pois isso pode exacerbar as crises.
645
O que é um "agrupamento de crises" (seizure cluster)?
Termo mal definido, também referido como crises repetitivas agudas ou "seizure flurries". Mais comumente entendido como três ou mais crises em 24 horas, ou crises ocorrendo três vezes a linha de base normal.
646
Quais medicamentos foram aprovados nos EUA para tratar agrupamentos de crises?
Diazepam retal, diazepam intranasal e midazolam intranasal.
647
Quando se deve considerar o uso de medicação de resgate para crises convulsivas?
A maioria das crises convulsivas dura no máximo 2 minutos; o benefício abortivo de uma medicação de resgate deve ser considerado após 3 minutos de atividade convulsiva.
648
Para qual faixa etária o diazepam retal (Diastat) é geralmente usado e qual a sua dosagem?
Usado para pacientes menores de 6 anos. A dose varia com a idade: 0.5 mg/kg para crianças de 2-5 anos. Para crianças de 6-11 anos: 0.3 mg/kg. Para crianças e adolescentes de 12 anos ou mais: 0.2 mg/kg, com dose máxima de 20 mg.
649
Para qual faixa etária o diazepam intranasal (Valtoco) é usado e qual a sua dosagem?
Usado para pacientes maiores de 6 anos. Dosagem igual à formulação retal para as respectivas faixas etárias, com máximo de 20 mg.
650
Para qual faixa etária o midazolam intranasal é aprovado e qual a sua dose?
Aprovado para pacientes maiores de 12 anos. A dose é de 5 mg administrada intranasalmente. A dose pode ser repetida após 10 minutos, if necessário.
651
Quais são os efeitos adversos comuns dos benzodiazepínicos administrados como medicação de resgate? A depressão respiratória é um risco alto?
Sedação, letargia ou sonolência. O risco de depressão respiratória é baixo em ensaios clínicos e muito maior se a crise continuar.
652
Qual a característica de uma droga ideal para tratar o estado de mal epiléptico? Os benzodiazepínicos atendem a todos esses critérios?
Age rapidamente, tem longa duração de ação e produz sedação mínima ou de rápida resolução. Benzodiazepínicos (diazepam, lorazepam) são comuns, mas inadequados sozinhos devido à sua breve duração de ação.
653
Qual a dose de diazepam IV e lorazepam IV para estado de mal epiléptico?
Diazepam: 0.2 mg/kg, não excedendo 10 mg, a uma taxa de 1 mg/min. Lorazepam (preferível pela maior duração de ação): crianças ≤12 anos é 0.1 mg/kg; >12 anos é 0.07 mg/kg.
654
Por que a fosfenitoína IV é um agente ideal para estado de mal epiléptico? Qual sua dose inicial?
Tem longa duração de ação, não produz depressão respiratória e não compromete a consciência. Dose inicial: 20 mg/kg (calculado como equivalentes de fenitoína). Lactentes geralmente requerem 30 mg/kg.
655
O valproato IV pode ser usado no estado de mal epiléptico? Qual sua dose de ataque? Quais são as preocupações?
Sim, pode ser infundido rapidamente com doses de ataque de 20-40 mg/kg. Provavelmente mais eficaz que fosfenitoína IV, levetiracetam ou fenobarbital. Pode causar hepatotoxicidade, particularmente em pacientes <2 anos e naqueles com suspeita de doença mitocondrial ou metabólica.
656
O levetiracetam IV é uma opção no estado de mal epiléptico? Qual sua dose e dose única máxima?
Sim, 20-60 mg/kg é seguro, prontamente disponível, não requer metabolismo hepático, tem interações mínimas, não é cardiotóxico e pode ser infundido rapidamente. Dose única máxima é 2 g.
657
A lacosamida IV tem sido usada no estado de mal epiléptico? Qual sua dose de ataque e principais efeitos adversos?
Evidências iniciais promissoras para uso em estado de mal epiléptico convulsivo focal e generalizado em crianças com dose de ataque de 10 mg/kg. Efeitos adversos principais similares à fosfenitoína (diplopia, ataxia, tontura).
658
Quando o fenobarbital IV pode ser considerado no tratamento do estado de mal epiléptico e quais são seus principais efeitos colaterais?
Quando outros tratamentos (valproato IV, fosfenitoína, lacosamida) falharam. Causa sedação significativa, depressão respiratória e hipotensão. Doses de ataque: 20-40 mg/kg com bolus adicionais de 10-20 mg/kg se necessário.
659
Quais drogas são usadas em infusões contínuas para estado de mal epiléptico refratário? O que é necessário para esse tratamento?
Midazolam ou pentobarbital. Requer transferência para UTI, intubação e ventilação mecânica, linha arterial, monitoramento contínuo de PA, ritmo cardíaco, temperatura, saturação de O2 e EEG (vídeo-EEG preferido).
660
Como o pentobarbital é usado para coma induzido e o que se busca no EEG?
Infundir bolus de 10 mg/kg até aparecer um padrão de surto-supressão no EEG (mínimo de 30 mg/kg geralmente necessário). Manter coma com 3 mg/kg/h.
661
Pergunta
Resposta
662
Qual é a base histórica do uso do jejum e da cetose induzida por dieta no tratamento da epilepsia?
A Bíblia menciona jejum e oração como tratamento para epilepsia. A introdução da cetose induzida por dieta para mimetizar o jejum data de 1921.
663
A dieta cetogênica é mais eficaz em qual faixa etária?
É mais eficaz em lactentes e crianças pequenas.
664
Qual é uma composição comum da dieta cetogênica mencionada no texto?
Uma dieta que consiste em 60% de triglicerídeos de cadeia média, 11% de gordura saturada de cadeia longa, 10% de proteína e 19% de carboidratos é comumente usada.
665
Quais são os principais efeitos colaterais da dieta cetogênica?
Dor abdominal e diarreia.
666
Qual o efeito imediato da dieta cetogênica nos corpos cetônicos plasmáticos e como o cérebro os utiliza?
Causa uma elevação imediata nos corpos cetônicos plasmáticos, que o cérebro usa como fonte de energia.
667
Para quais tipos de crises a dieta cetogênica é mais eficaz?
Crises mioclônicas, espasmos infantis, crises atônicas/acinéticas e crises mistas da Síndrome de Lennox-Gastaut.
668
A dieta cetogênica é considerada um tratamento "natural" para epilepsia? Os efeitos colaterais são menos significativos que os de medicamentos?
Não é um tratamento "natural". Efeitos colaterais são comuns e alterações na bioquímica sanguínea são mais significativas do que com o uso de medicamentos.
669
O que é a Estimulação do Nervo Vago (VNS)?
É um tratamento para crises refratárias que usa um estímulo programado de um gerador implantado no tórax, via eletrodos espiralados tunelizados até o nervo vago cervical esquerdo.
670
Quais são as indicações atuais para VNS?
Tratamento adjunto de crises parciais refratárias.
671
Quais são os principais efeitos adversos da VNS?
Alterações na voz ou rouquidão; alguns pacientes relatam uma sensação de cócegas na garganta que causa tosse.
672
Em crianças menores de 12 anos, a dieta cetogênica é preferível à VNS?
Sim.
673
Qual é uma expectativa realista de redução de crises com VNS? Deve-se esperar ou prometer ausência de crises?
Uma redução de 30%-40% nas crises é, em geral, uma expectativa realista. Ausência de crises não deve ser esperada ou prometida.
674
A cirurgia de epilepsia é um substituto para a terapia medicamentosa?
A cirurgia nunca é um substituto para uma boa terapia médica, e a terapia com DAEs frequentemente continua após a cirurgia.
675
Quais são alguns dos procedimentos cirúrgicos para epilepsia mencionados?
Lesionectomia, hemisferectomia, comissurotomia inter-hemisférica e lobectomia temporal ou hipocampectomia.
676
Quais são algumas técnicas cirúrgicas mais recentes para epilepsia?
Uso de ablação a laser para eliminar lesões focais com limites claramente definidos e o uso emergente de estimulação cerebral profunda (DBS) para tratar algumas epilepsias generalizadas refratárias.
677
Quais exames de imagem e monitoramento melhoram a localização dos focos epileptogênicos e os resultados cirúrgicos?
RM funcional, teste de Wada, SPECT (Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único), PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) e magnetoencefalografia. Técnicas de monitoramento invasivo como EEG estereotático.
678
Quando a ressecção de uma lesão epileptogênica (lesionectomia) pode ser necessária para diagnóstico?
Quando há suspeita de neoplasias.
679
Qual a taxa de sucesso da lesionectomia em epilepsias unifocais bem circunscritas associadas a lesões?
Cerca de 80% dos pacientes podem permanecer livres de crises após ressecções cirúrgicas.
680
Em quais casos a taxa de sucesso da cirurgia de epilepsia (lesionectomia, lobectomia) diminui?
Em casos onde a RM não mostra anormalidade subjacente ou o paciente tem múltiplas semiologias de crise e epilepsias multifocais.
681
Para quais crianças a hemisferectomia (ou hemidecorticação) é exclusivamente indicada?
Crianças com epilepsia intratável e hemiplegia (pré-existente ou inevitável).
682
Quais foram as complicações tardias da hemisferectomia original que levaram a alternativas menos radicais?
Hemorragia, hidrocefalia e hemossiderose ocorreram em até 35% das crianças e foram, por vezes, fatais.
683
Qual é uma alternativa modificada à hemisferectomia radical?
Hemisferectomia tipo Montreal (remoção da maior parte do hemisfério danificado, com porções dos lobos frontal e occipital deixadas no local, mas desconectadas do outro hemisfério e tronco encefálico).
684
Qual o objetivo da comissurotomia inter-hemisférica?
Desconectar os hemisférios um do outro e do tronco encefálico, como alternativa à hemisferectomia em crianças com epilepsia intratável e hemiplegia, ou para diminuir a ocorrência de crises tônico-clônicas generalizadas secundárias a partir de crises parciais ou generalizadas menores.
685
Quais são as possíveis complicações pós-operatórias imediatas, mas transitórias, da comissurotomia inter-hemisférica?
(1) Uma síndrome de mutismo, apraxia do braço e perna não dominantes e incontinência urinária; e (2) hemiparesia.