MGF1 - Comunicação (terminado) Flashcards

(69 cards)

1
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente

A

“estar centrado no paciente significa estar aberto aos sentimentos do paciente, significa chegar a estar envolvido com o paciente de um modo que dificilmente se consegue se seguirmos o velho método”

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2
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - valoriza…

A

Valoriza:
* O processo de raciocínio conducente ao diagnóstico tradicional
* A compreensão do significado, expectativas, sentimentos e medos da dolência

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3
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - implementa em paralelo 2 planos de investigação diagnóstica

A

Implementa em paralelo 2 planos de investigação diagnóstica:
* Agenda médica → anamnese, exame físico e exames complementares de diagnóstico
* Agenda do doente → ideias, expetativas e sentimentos

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4
Q

Classicamente, o objetivo da entrevista clínica…

A

Classicamente, o objetivo da entrevista clínica era chegar a diagnóstico clínico.
- só aborda os aspetos psicossociais se não encontrasse qualquer patologia, após esgotados os recursos de investigação diagnóstica

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5
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - modelo

A

Para o Modelo Clínico Centrado no Paciente (MCCP) nenhum diagnóstico está completo se não se conhece o
quadro de representações do doente
-
. Compreensão das expectativas, dos sentimentos e dos receios
. Conhecimento do significado que a dolência tem para o paciente e do impacto na sua vida social e familiar

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6
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - caraterística definidora

A

Habilidades comunicacionais: escuta ativa, empatia e resumos

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7
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - 6 qualidades de um bom entrevistador

A

Empatia

Cordialidade

Concreção

Assertividade

Convicção

Modulação da reatividade

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8
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - qualidades de um bom entrevistador: empatia

A

Um clima empático exige dois momentos: primeiro a interiorização da situação emocional do doente e
segundo dar a conhecer ao doente que o compreende

É “estar com” o outro e entender o ponto de visto do “outro”. O médico entra dentro do mundo do doente
e observa o mundo a partir do ponto de vista deste

Tem a capacidade de compreender os pensamentos e as emoções do doente, bem como transmiti-las

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9
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - qualidades de um bom entrevistador: cordialidade

A

Manifesta-se essencialmente de modo não verbal (ao contrário da empatia). Deve ser adaptada às características do doente, respeitando o seu espaço pessoal e a sua cultura

Componente das regras de boa educação, que se exprime através de uma linguagem não verbal

Capacidade de construir uma proximidade afetiva entre entrevistador e o doente

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10
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - qualidades de um bom entrevistador: concreção

A

Capacidade do entrevistador estar em constante interrogação sobre se os termos que está a usar são
compreendidos pelo doente e se o que este diz é claro e entendido de igual modo

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11
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - qualidades de um bom entrevistador: assertividade

A

Capacidade de desempenhar em pleno e com segurança os deveres e os direitos inerentes ao papel do médico

O médico é claro, calmo e preparado para repetir o que tem para dizer. Defende os seus direitos sem atropelar os dos outros

É o equilíbrio entre a submissão e a agressividade

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12
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - qualidades de um bom entrevistador: convicção

A

Capacidade de acreditar no que é proposto e de estar convencido de que se sabe a verdade

Induz no doente a aceitação da mensagem sem pôr em causa os seus conteúdos

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13
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - qualidades de um bom entrevistador: modulação da reatividade

A

Entende-se por reatividade o espaço de tempo que o médico demora para falar depois de doente se calar

A colocação excessiva de perguntas, a ânsia de cumprir de uma guião de colheita de dados, etc, leva a que o médico ignore tudo o que o doente lhe possa dizer

O médico deve saber modular o nível de reatividade em função da fase de consulta, de modo a que a consulta não de torne totalmente aberta

Procura-se que a reatividade seja inicialmente baixa e depois vá aumentando na fase resolutiva da consulta

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14
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - algoritmo

A

2 vertentes paralelas de investigação:
. quadro de doença (agenda do médico): história, exame físico e ECD - diagnóstico diferencial
. quadro de sofrimento (agenda do médico): ideias, expectativas e sentimentos - compreensão das experiências de sofrimento
-
diagnóstico integrado

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15
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente pressupõe algumas mudanças de atitudes médicas

A

A perda da noção hierárquica de que o profissional de saúde deve manter o comando da relação e o doente limitar-se a um comportamento passivo e complacente

médico deve procurar o empoderamento do paciente e partilhar o poder na relação

Modificar a ideia de que o médico deve manter um distanciamento objetivo em relação ao paciente
reconhecendo que este comportamento gera inadequada insensibilidade ao sofrimento

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16
Q

Método Centrado na Doença valoriza

A

Objetivo
- exames
- números
- tecnologias

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17
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente é um equilíbrio entre…

A

Objetivo
- exames
- números
- tecnologias
&
Subjetivo
- pessoas
- palavras
- a relação

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18
Q

Operacionalização do modelo clínico centrado no paciente

A

6 componentes na vertente de investigação diagnóstica da agenda do doente:

  1. Exploração da doença e da dolência
  2. Compreensão da pessoa no todo e no seu contexto
  3. Estabelecer terreno comum ou grounding
  4. Incorporar a promoção da saúde e prevenção da doença
  5. Construir a relação médico-doente
  6. Ser realista
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19
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - exploração da doença e da dolência

A

Tempo de avaliação dos conceitos de saúde, doença e dolência do doente.
Para além de avaliar o processo da doença através da história clínica e exame objetivo, o médico tenta
compreender a visão que o doente tem no seu mundo, procurando conhecer os seus sentimentos, as suas ideias,
o impacto na sua vida e as expectativas

Exemplos:
- Como descreve o seu problema?
- Conhece alguém que tenha tido o seu problema?
- O que pensa que poderá ter provocado esse problema?

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20
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - compressão da pessoa no todo e no seu contexto

A

Integração dos conceitos de doença e dolência na compreensão global da pessoa:
* Na sua personalidade
* Na sua história de vida
* No seu grau de formação
* Nos seus contextos próximo (família, profissão, etc)
* Nos seus contextos distais (económico, mass media, político, etc)

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21
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - estabelecer terreno comum ou grounding

A

Inclui uma mútua decisão quanto à definição dos problemas, aos objetivos do tratamento ou intervenção, e
clarificação dos papéis a assumir por cada um dos intervenientes

Para a decisão partilhada é necessário explorar quatro áreas:
1. Compreender o diagnóstico e o tratamento.
2. Conhecer as crenças, as preocupações acerca do problema e as opções de tratamento do doente.
3. Conhecer as dificuldades que antecipam no cumprimento do plano terapêutico.
4. Avaliar os meios práticos de ajudar o doente a ultrapassar as dificuldades

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22
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - incorporar a promoção da saúde e prevenção da doença

A

Avaliação do potencial do paciente para a saúde

Identificação dos comportamentos de risco para a saúde, dos obstáculos à saúde

Avaliação da importância atribuída aos problemas de saúde

Avaliação do grau de confiança percecionada para a mudança de comportamentos ou para a implementação de
planos terapêuticos

Avaliação do grau de preparação para a mudança

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23
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - construir a relação médico-doente

A

Cada contacto deve ser usado para construir a relação médico-doente incluindo:
o compaixão,
o confiança,
o cuidar,
o partilha de poder

Pressupõe continuidade de cuidados

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24
Q

O Modelo Clínico Centrado no Paciente - ser realista

A

Manter o senso da realidade ao longo de todo o processo nomeadamente quanto:
* à gestão do tempo
* intervenção atempada
* delegação de tarefas
* comunicação com outros profissionais
* trabalho em equipa

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25
A Consulta em Sete Passos
7 Passos | 3 Fases * Fase inicial o Preparação o Primeiros minutos * Fase intermédia o Exploração o Avaliação o Plano * Fase final o Encerramento o Reflexão final
26
A Consulta em Sete Passos: fase inicial
Esta fase requer um investimento na preparação do que se vai seguir É uma fase de concentração e de focalização de atenção e de energia, individualizando-se dois passos: - fase 1: preparação - fase 2: os primeiros minutos
27
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 1 (preparação)
Começar bem uma consulta significa prepará-la cuidadosamente A preparação da consulta visa relembrar e responder a um conjunto de perguntas, em especial, no que respeita ao doente, caso seja já uma consulta seguinte para ele. Esta preparação de cada consulta incide em três pólos: ✓ o médico e o seu estado físico e emocional, ✓ o paciente, ✓ o contexto e o ambiente do gabinete, entre outros aspetos
28
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 1 (preparação): objetivos
Objetivos: A. Breve auto-avaliação do médico – forças e fraquezas para a consulta que se segue; alguma necessidade fisiológica a satisfazer? Existem emoções que possam ser transportadas para a próxima consulta e a vão contaminar? B. Rever quem é o próximo utente – consulta breve do processo: resumo, lista de problemas, terapêutica habitual, RMOP da última consulta, registos das últimas consultas e outra informação pertinente C. Avaliar sumariamente as condições do ambiente do gabinete: arejamento, limpeza, arrumação, etc.
29
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 1 (preparação): aspetos a ter em conta
✓ Quanto ao médico: - Estou preparado física e emocionalmente para passar à próxima consulta? ✓ Quanto ao paciente: - Identificação: nome e eventuais títulos pelos quais o paciente gosta de ser tratado. - Contexto familiar e particularidades a ter em conta (doenças em familiares, etc.). - Resumo da situação clínica e lista de problemas. - Alguns «alertas» a ter em conta. - Qual o conteúdo da última consulta? Existe algum Plano acordado? - Quais os objetivos acordados? - Aspeto(s) que tenha(m) ficado pendente(s) do ou dos últimos contactos ✓ Quanto ao contexto e ambiente do gabinete: - Ambiente (temperatura, luminosidade, etc.) e arrumação. - Necessidade de arejar o consultório? - De proceder a alguma limpeza? - Necessidade de preparar algum material específico para a consulta com o próximo doente?
30
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 2 (os primeiros minutos)
A qualidade da abertura da consulta é vital para o seu sucesso As primeiras impressões são muito importantes É neste passo que começa a preparar-se um clima terapêutico e onde se clarificam e acordam os problemas a abordar na consulta
31
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 2 (os primeiros minutos): objetivos
Os principais objetivos deste passo são: A. Abrir a consulta e o processo de comunicação; B. Captar eventuais indícios de algo latente; C. Preparar a criação de uma relação terapêutica; D. Esclarecer o(s) motivo(s) de consulta mais importantes; E. Acordar os problemas a abordar na consulta – estabelecer a ordem de trabalhos da consulta, para que ambos saibam o que há para abordar, podendo verificar o que foi feito e o que falta fazer
32
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 2 (os primeiros minutos): qualidade da consulta
A qualidade da abertura da consulta é vital para o seu sucesso. As primeiras impressões são muito importantes. É nesta fase que começa a preparação do clima terapêutico
33
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 2 (os primeiros minutos): aspetos a ter em conta
Aspetos a ter em conta: ✓ Chamada, cumprimento, acolhimento ✓ Comunicação inicial: – contacto visual – sinais corporais, gestuais e faciais – comunicação verbal, não-verbal e para-verbal – contacto físico (aperto de mão, toque afetivo, por exemplo) ✓ Indícios particulares detetados sugerindo, por exemplo: – sofrimento – apreensão – agitação/ansiedade – preocupação – medo – mudanças repentinas do estado de humor (disforia) – perturbações da linguagem, etc. ✓ Perguntas abertas sobre: – motivo(s) expresso(s) espontaneamente – motivo(s) adicionais expressos após solicitação não diretiva da(o) médica(o) (exemplo: «existe mais alguma razão para ter vindo à consulta?»; ou «há mais alguma coisa que o preocupe?» ou «precisa de mais alguma coisa?» ✓ Explorar ideias e expectativas em relação à consulta. ✓ Pergunta(s) diretivas do médico sobre algum problema ou aspeto importante detetado no Passo 1 («Preparação») e não referido pelo paciente. ✓ Explorar eventual motivação latente que possa existir – motivo «escondido». ✓ Resumir e clarificar
34
A Consulta em Sete Passos: fase inicial - passo 2 (os primeiros minutos): motivos não expressos
Por vezes alguns motivos só emergem noutras fases ou até no final da consulta Neste caso é útil refletir sobre este facto no Passo 7, designadamente se teria sido possível apurar este motivo logo no Passo 2
35
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia
Esta fase corresponde: * ao desenrolar da consulta, onde se faz a recolha sistematizada de dados e de informação, subjetivos e objetivos. * processam intelectualmente os dados e a informação recolhidos para chegar, sempre com a participação e envolvimento do paciente, a uma avaliação e a um plano de ação Embora os passos devam ser sequenciais, na prática ocorre alguma multidireccionalidade entre estes 3 passos Pode acontecer, por exemplo, que certos dados só se apurem ao discutir o plano, o que se traduz, depois, num andar «de diante para trás» e vice-versa. É, assim, necessário manter a disciplina na condução do processo da consulta, mas permitir a indispensável abertura e flexibilidade
36
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 3 (exploração)
Onde se recolhem, analisam e contextualizam dados e informação (subjetivos, objetivos e contextuais) Neste passo procede-se à recolha, análise e contextualização de dados e de informação subjetiva e objetiva quer biomédica quer psicossocio-cultural, através da condução criteriosa da anamnese e da realização do exame objetivo (seletivo ou geral). A informação subjetiva e objetiva assim recolhida deve ser sempre contextualizada
37
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 3 (exploração): principais objetivos
Os principais objetivos deste passo são: A. obter uma anamnese adequada tendo em conta os motivos, as expectativas e a «agenda» acordada para esta consulta; B. realizar o exame objetivo adequado à caracterização dos problemas em estudo; C. testar hipóteses; D. complementar e contextualizar a informação recolhida, tendo em conta as dimensões biomédica e psicossocial-cultural do paciente e dos problemas abordados; E. integrar e resumir os dados e a informação recolhidos
38
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 3 (exploração): aspetos a ter em conta
Explorar sintomas (dimensão biomédica e eventual modulação psicosociocultural): – identificar sintomas/sinais/outra informação, em especial os que têm alto valor preditivo de gravidade de uma situação ou quanto ao grau de certeza do diagnóstico; – atender a «significados», a «interpretações», a «explicações», às «crenças» e às «representações» das queixas e sintomas, para o paciente; – avaliar os sentimentos e as emoções do paciente relativamente ao(s) seu(s) problema(s) e situação de saúde; – avaliar o impacto que a situação de saúde tem na vida pessoal, familiar e socio-ocupacional do paciente (qualidade de vida)
39
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 3 (exploração): é importante...
É importante procurar aprender, sem modificar, o «objeto» (a história do doente) O exame físico e, em especial, a anamnese, podem ter efeitos terapêuticos (além da sua natural finalidade diagnóstica)
40
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 3 (exploração): 4 constituintes
✓ Exame objetivo (seletivo ou geral). ✓ Identificar fatores de risco para a saúde. ✓ Testar hipóteses e contextualizar os dados e a informação recolhidos. ✓ Integração, síntese e resumo da informação recolhida
41
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 4 (avaliação): passo a dedicado
Este passo é dedicado: o à interpretação dos dados e da informação recolhidos; o à formulação de diagnósticos; o à elaboração de explicação ou explicações que façam sentido para o paciente; o à abordagem de aspetos de previsão ou prognóstico; o à avaliação dos impactos na qualidade de vida
42
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 4 (avaliação): inter-relacionamento
É altura de inter-relacionar os dados e a informação recolhidos e de os integrar num quadro interpretativo e preditivo coerente que concilie duas dimensões: A. a racionalidade técnico-científica da abordagem médica; B. a produção de explicação ou explicações que façam sentido para o paciente e tenham em conta a sua cultura (ideias, crenças, etc.), as suas preocupações, o seu modo de ver e de viver a sua situação
43
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 4 (avaliação): relevância de vários aspetos
Para além das listas, dos diagramas, dos mapas de problemas, das avaliações fisiopatológicas e das explicações dos diferentes problemas e da situação clínica de cada pessoa,… o é de especial relevância avaliar as respetivas repercussões ou impactos na funcionalidade e na qualidade de vida de cada pessoa. Há várias escalas de avaliação de estados funcionais e de qualidade de vida relacionada com a saúde que podem, eventualmente, ser úteis e usadas com este propósito
44
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 4 (avaliação): objetivos
Inter-relacionar e interpretar os dados e a informação recolhidos e integrá-los num quadro explicativo coerente e com significado para ambos (médico e paciente) Nota: inclui a definição de problemas, a formulação de diagnósticos, aspetos de previsão (prognóstico) e avaliação de impactos na funcionalidade e na qualidade de vida
45
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 4 (avaliação): aspetos a ter em conta
Aspetos a ter em conta: o formulação de diagnósticos; o explicação e sentido para o paciente; o previsão/prognóstico; o avaliação de impactos na funcionalidade e na qualidade de vida do paciente; o síntese avaliativa da situação geral de saúde da pessoa, enquadrada no seu contexto familiar (eventualmente usando instrumentos de avaliação familiar) e sócio-ocupacional; o lista/mapa/diagrama dos problemas abordados, organizados segundo as respetivas afinidades, interrelações (nexos e teias), multimorbilidade e co-morbilidades – mapa de problemas; o explorar crenças («beliefs») e explicações do doente para o seu problema ou situação («o que é que pensa que isso seja?» «a que atribui/porque é que acha que surgiu esse problema»?) o «Devolver» ao paciente uma explicação da sua situação de saúde que seja suficientemente clara, tecnicamente correta e que faça sentido para ele(a); o procurar o encontro das duas «agendas» e mostrar ao doente como tentamos compreender o que ele sente («empatia»); o fornecer a informação prognóstica possível, que for relevante para o paciente; o avaliar os impactos sobre a funcionalidade e a qualidade de vida
46
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 5 (plano): descrição
Onde se prepara o plano de cuidados (propostas, negociação, acordos e compromissos de ação, incluindo prevenção) Definição do plano de cuidados, que inclui: * realização de eventuais exames auxiliares de diagnóstico * proposta de modificação de comportamentos alimentares ou outros * utilização de medicamentos * recurso a avaliações subespecializadas, etc
47
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 5 (plano): objetivos
São objetivos deste passo: A. Formular propostas e conseguir chegar a acordo sobre o plano de cuidados e propor medidas de prevenção; B. Promover o envolvimento e a responsabilização do paciente nas ações e nos objetivos acordados.
48
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 5 (plano): complexidade e EBM
A medicina geral e familiar lida com todo o tipo de problemas, em todas as fases da vida dos indivíduos e das famílias. Frequentemente, lida com casos de multimorbilidade e de polimedicação, em situações muito complexas A percentagem de situações em que é possível aplicar diretamente a evidence-based medicine (EBM) é relativamente restrita. Mesmo assim, é importante recorrer sempre a este precioso apoio à decisão clínica e combiná-lo com o recurso judicioso a todas as fontes de informação e conhecimento válidos disponíveis, incluindo as do próprio paciente.
49
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 5 (plano): aspetos a ter em conta
Aspetos a ter em conta: o Propor, eventualmente, exames auxiliares de diagnóstico e explicar a respetiva natureza e justificação em conta; o Justificar sucintamente o plano terapêutico proposto, a importância da auto-vigilância, etc., com base em dados de prognóstico (como é que uma dada intervenção influencia ou modifica o curso da história natural da doença ou situação em causa?) o propor medidas não farmacológicas, sempre que for adequado (modificações comportamentais, alimentares, etc.); o explicar a terapêutica farmacológica proposta e as medidas de precaução quanto a possíveis efeitos secundários; o incentivar a participação do paciente no plano de cuidados – procurar compromisso do paciente em assumir responsabilidade e controlo sobre o seu processo de cuidados; o negociar e chegar a acordo e compromissos com o paciente; o promover, sempre que possível e adequado, medidas para tornar o doente competente para se autocuidar (capacitação e empoderamento do paciente); o recapitular os objetivos terapêuticos a atingir e o plano sucinto de follow-up – envolvimento da equipa de saúde; o verificar a oportunidade de incluir alguma prevenção «oportunista», isto é, não relacionada com o conteúdo essencial da consulta e com as preocupações atuais do paciente (o «já agora» do médico)
50
A Consulta em Sete Passos: fase intermédia - passo 5 (plano): altura para...
É a altura para: o resumir o que se passou; o avaliar como decorreu a consulta; o verificar que se chegou ao local desejado, que não ficou nada para trás; o pensar em próximas etapas
51
A Consulta em Sete Passos: fase final - passo 6 (encerramento): descrição
Onde se verifica se subsistem dúvidas, se revê o plano acordado e se procede ao cumprimento de despedida Serve este passo para verificar se tudo correu como desejado e se é oportuno encerrar a consulta, se está tudo «ok», tanto para o médico como para o paciente
52
A Consulta em Sete Passos: fase final - passo 6 (encerramento): objetivos
Objetivos: A. confirmar que o plano acordado ficou claro e compreendido; B. identificar e resolver alguma dúvida que subsista; C. verificar que a «agenda» do paciente foi adequadamente esgotada; D. verificar se foram satisfeitas as principais expectativas; E. encerrar formalmente a consulta.
53
A Consulta em Sete Passos: fase final - passo 6 (encerramento): aspetos a ter em conta
Aspetos a ter em conta: o Verificar se a «agenda» do doente ficou adequadamente esgotada e se não subsistem dúvidas: – perguntar se ficaram dúvidas ou se ficou algum aspeto menos claro; – pedir ao paciente para repetir o que ficou acordado, se isso for aceitável em termos da relação médicodoente existente; – verificar se houve redução de preocupação, de apreensão ou dos receios anteriormente existentes, se ficou tranquilizado, etc. o Recapitular, com a participação do doente, os principais pontos acordados para a ação e os objetivos a atingir. o Encerrar formalmente a consulta: – contacto visual; – dar atenção e acolher alguma apreciação («feedback» do doente em relação à consulta e à relação estabelecida); – cumprimento de despedida
54
A Consulta em Sete Passos: fase final - passo 7 (reflexão e notas finais): descrição
Onde se faz uma breve reflexão crítica sobre o que se passou Fase dedicada à auto reflexão pessoal sobre a consulta e, também, para fazer a limpeza mental, cognitiva e uma eventual descontaminação emocional, para passar à próxima consulta. Esta fase pode ser útil para completar ou corrigir os registos clínicos referentes a essa consulta e a essa pessoa. Ter presente que é sempre possível melhorar!
55
A Consulta em Sete Passos: fase final - passo 7 (reflexão e notas finais): aspetos a ter em conta
Aspetos a ter em conta: o Analisar e completar os registos efetuados; o Ponto(s) forte(s) da consulta; o Ponto(s) fraco(s) da consulta; o Aspeto(s) a melhorar em próximas oportunidades; o O que é que de mais importante ou saliente há a reter desta consulta (por exemplo: a principal preocupação do paciente foi tida devidamente em conta; o que é que não se sabia e ficou a saber-se nesta consulta sobre o paciente, etc.); o Notas prospetivas (ideias, propostas e ações a contemplar em próximos contactos e consultas)
56
Dar más notícias - motivo de stress
Motivo de grande stress no médico → Técnicas de distanciamento Causas de stress: * Crenças e/ou convenções sociais inerentes quer ao médico, quer ao doente quando as más notícias se reportam a doenças neoplásicas. * Défice de formação pré e pós graduada neste domínio
57
Dar más notícias - requere
Perícia – conhecimentos e aptidões específicas Tacto
58
Dar más notícias - insegurança
Ausência de informação ou a comunicação deficiente conduz o paciente a um sentimento de insegurança em relação à doença e ao prognóstico da mesma, assim como a uma insegurança na sua relação com o médico
59
Dar más notícias - sofrimento
O sofrimento causado por uma má notícia é de algum modo mitigado se o médico mostrar consideração pelos sentimentos do doente, se tiver tempo, como é desejável, para responder a perguntas e se garantir ao doente que será continuamente apoiado, mesmo quando a cura não for possível
60
Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: descrição
Consta de seis passos: - Só a partir do quarto passo se avança para a partilha de informação, caso o doente assim o deseje. - Não se trata, pois, de informar a todo o custo, mas também não se deve pressupor – como frequentemente vemos fazer – que o doente nunca quer saber
61
Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: 6 passos
1. Preparação e Escolha do local adequado 2. Perceber o que é que o doente já sabe 3. Saber o que é que o doente quer saber 4. Dar a notícia 5. Responder às emoções e às perguntas do doente 6. Propor plano de acompanhamento e encerrar a entrevista
62
Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: passo 1
1. Preparação e Escolha do local adequado * Fazer precocemente a preparação para o caso de os exames virem a revelar uma neoplasia ou outra doença grave * As más notícias devem ser dadas pessoalmente e num local privado, tentando que não haja interrupções por terceira pessoa (certificar-se que o telefone está desligado, que ninguém irá abrir a porta,..) * Se o doente quiser estar acompanhado isso poderá ser muito útil
63
Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: passo 2
2. Perceber o que é que o doente já sabe * Pedir ao doente que forneça uma explicação para o que lhe está a suceder (sintomas, exames realizados) * Saber se já alguma informação lhe foi dada no contacto com outros profissionais * Perceber que tipo de informação lhe foi dada
64
Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: passo 3
3. Saber o que é que o doente quer saber * Pesquisar até que ponto o doente quer ter conhecimentos sobre a sua patologia * Perceber se habitualmente gosta de discutir os pormenores sobre a sua saúde * Considerar a possibilidade de os resultados poderem ou não ser positivos
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Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: passo 4
4. Dar a notícia * Habitualmente dá-se o chamado «tiro de aviso»: o «os resultados não estão como gostávamos» ou «há aspetos menos bons no que aqui estou a ver» * Perante esta abertura, há que verificar a reação imediata do paciente, que claramente dará pistas se pretende ou não avançar com a transmissão mais detalhada da informação. o De qualquer forma, devemos tanto quanto possível evitar os eufemismos, as frases longas e de interpretação menos clara e o chamado «medicalês». o «Não há palavras certas para se dizer» * Quando, após a informação, nos apercebemos que o paciente não imagina a gravidade da sua doença, temos uma tarefa difícil a enfrentar: como alterar a sua perspetiva de que está bem, para a de que está gravemente doente? * Este tempo, o chamado tempo de transição, pode demorar horas, dias ou semanas e depende de cada doente * O que é fundamental é que o paciente entenda que não está sozinho nesta fase diferente do percurso da doença e que, mesmo não havendo cura, há intervenções concretas para prevenir o seu sofrimento
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Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: passo 5
5. Responder às emoções e às perguntas do doente * Após a comunicação da má notícia, as duas reações mais comuns são: o o medo o o desgosto ✓ raiva contra o próprio médico * Esta situação requere que o médico diferencie bem o conteúdo da mensagem (as más notícias) do portador da mensagem (ele próprio) e deve demonstrar ao doente, não agressividade, mas sim apoio e compreensão, (sem mostrar pena!) validando a reação emocional como natural naquelas circunstâncias * O choro ou o silêncio devem ser respeitados e não inibidos * Um toque na mão, ou no ombro, demonstra apoio e pode tranquilizar o doente * Após um choque inicial, o doente precisa de clarificar o significado da informação que lhe foi dada, expondo os seus receios, nomeadamente face a experiências prévias que tenha vivido ou com as quais tenha contactado * Os pacientes com neoplasia, geralmente querem saber se a doença se confirma, se há metástases ou não, se é curável, como vai ser o tratamento e, fundamentalmente, preocupa-os o tempo que lhes resta de vida * Por mais explícitos que sejamos, devemos lembrar-nos que, na altura de receber uma má notícia, ninguém consegue reter toda a informação que lhe é dada * Devemos responder direta e honestamente a todas as perguntas efetuadas, mesmo às mais difíceis. No entanto, não devemos fazer prognósticos sobre a altura da morte, pois isso irá causar ainda maior angústia ao doente * Não devemos deixar de abordar esse tópico se isso for importante para o doente (planear o futuro, decisões com menores envolvidos, por exemplo) mas iremos acordar com o doente que o faremos em função da evolução clínica – no próximo mês, na próxima semana voltaremos a falar sobre como acha que está a evoluir * Para que o paciente consiga abarcar grande parte de informação que lhe é prestada, devemos o falar de uma forma simples e clara, evitando ao máximo os termos técnicos; o rever a situação e verificar se o doente percebeu a informação que lhe foi dada; o dar as informações mais importantes no principio ou no fim da conversa, porque habitualmente o que se diz no meio é completamente esquecido pelo paciente
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Como dar más notícias - Protocolo de Buckman: passo 6
6. Propor plano de acompanhamento e encerrar a entrevista * A forma mais eficaz que temos para o fazer, consiste em fornecer um plano de ação futuro. * Conjuntamente com o doente, devem procurar-se os principais problemas a resolver (e que não passam apenas pelos sintomas) e adotar um plano consensual, mostrando que há pequenas metas passíveis de ser atingidas e, desta forma, concretizar aspetos gratificantes da vida do doente. * Deve ser perguntado ao paciente quem mais precisa de saber da sua doença e se vai precisar de ajuda para o fazer. * Devemos encorajar os doentes a escreverem as perguntas que querem fazer para que numa próxima consulta não as esqueçam. * É importante deixar sempre «uma porta aberta» para que o doente fale connosco se precisar e, por fim, deixar sempre um próximo contacto marcado
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A família e as más notícias
* Seguindo um princípio ético da medicina, a informação sobre a patologia do paciente só deve ser transmitida à família com o consentimento implícito ou explícito deste * No entanto, muitas das vezes são os familiares os primeiros a serem confrontados com as más notícias, e os médicos, confrontados com o pedido de nada ser dito ao doente – a «conspiração do silêncio» * Neste contexto, o médico encontrar-se-á numa situação difícil, principalmente se sabe que o doente está interessado em saber a gravidade da sua doença. Neste caso, não nos devemos esquecer que o nosso primeiro dever é para com o doente, não sendo, no entanto, conveniente hostilizar os familiares. * Face a esta situação o médico deve seguir o conceito de não impor a verdade ao doente se este não a quiser saber, mas não deve mentir ao paciente se este lhe perguntar * Quer dizer, aplicaremos o princípio da honestidade e tranquilizaremos a família dizendo que nada diremos ao paciente que ele não queira saber * Há duas situações em que se justifica dar mais notícias aos familiares do que aos doentes: o quando apesar de terem sido dadas ao paciente todas as oportunidades de recolher dados sobre a sua doença, este não o faz; o se o doente não pode ser considerado capaz para receber e entender a notícia * Devemos tentar demonstrar aos familiares a tensão que a «conspiração do silêncio» pode provocar na relação familiar, chamando-lhes a atenção para o facto de que entre o diagnóstico e a morte irão ocorrer situações de completo fingimento * A família finge que nada sabe e que nada de mal está a acontecer e o doente finge que está tudo bem e que nada sabe para não preocupar a família, impedindo assim que se solucionem casos por resolver, que se façam despedidas e, por vezes, impedindo a morte em paz. * A longo prazo, esta conspiração tem custos emocionais muito elevados para os envolvidos e é difícil de manter * O doente sentir-se-á progressivamente mais isolado e impedido de falar abertamente sobre aquilo que para ele é fundamental * Como tal, devemos oferecer-nos para ajudar a família a quebrar este muro e a dar a permissão ao doente para falar sobre a sua evolução, as suas vontades e expectativas. É fundamental fomentar a chamada esperança realista e manter apoio incondicional, assegurando um ótimo controlo de sintomas
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