Otite Média (Complicações Extracranianas) Flashcards
(30 cards)
Qual tipo de otite (OMA ou OMC) gera mais complicações na criança e no adulto?
- Em criança = OMA.
- No adulto = OMC.
Qual tipo de otite está relacionada a complicações mais graves?
A OMC principalmente COLESTEATOMATOSA se relaciona a complicações mais graves.
Quais são as 3 vias de disseminação e propragação da infecção da orelha média?
- EROSÃO ÓSSEA (tecido de granulação ou colesteatoma)
- TROMBOFLEBITE (canais venosos de Havers)
- EXTENSÃO DIRETA (janela redonda, deiscência óssea congênita ou deiscências resultantes de fraturas ou cirurgias prévias).
Cite 7 complicações extracranianas.
- Abscesso Retroauricular (+ comum no geral)
- Abscesso Temporozigomático
- Abscesso Parafaríngeo
- Paralisia Facial
- Petrosite
- Labirintite
- Fístula Labiríntica (complicação mais comum por OMC colesteatomatosa)
Quais as bactérias mais comuns nas complicações extracranianas?
Extracranianas:
- Staphylococcus aureus
- Pseudomonas
Nas complicações por OMA a prevalência dos agentes etiológicos é diferente?
Sim. Complicações por OMA (independentemente de ser intra ou extracraniana):
- Streptococcus pneumoniae
- Haemophilus Influenzae.
A Otomastoidite Aguda (ou mastoidite coalescente), achado de tomografia, é considerada uma complicação?
Não. É uma evolução natural da otite média. Na verdade, o termo é confundido com abscesso retroauricular (esse sim seria uma complicação).
Quais são as 4 formas de disseminação dos abscessos extratemporais?
Quais os 2 abscessos que surgem a partir da disseminação LATERAL, e qual deles é o mais comum?
A via LATERAL é a forma mais comum de disseminação. Pode gerar duas formas:
- Abscesso retroauricular
- Abscesso temporozigomático
Abscesso retroauricular é o mais comum. Inclusive é a MAIS FREQUENTE das complicações de otite média (75%). Estima-se que 4% das OMA evoluem com essa complicação e 1% das OMC.
Sobre o Abcesso Retroauricular:
- Quais sintomas precedem o quadro?
- Qual o achado ao exame físico?
- Como é feito o diagnóstico?
- Febre, dor, toxemia, otorreia (dependendo se for OMA ou OMC) e periostite (hiperemia, edema, dor) costuma preceder o quadro.
- Abaulamento RETROAURICULAR, provocando apagamento do sulco retroauricular, deslocamento do pavilhão para FRENTE e para BAIXO. Pode fistulizar nas fases tardias.
- Tomografia com contraste de ossos temporais (evidencia erosão cortical da mastoide com coleção subperiosteal).
Sobre o Abcesso Temporozigomático:
- Qual seu local de origem e por onde ele se propaga?
- Qual faixa etária mais acometida?
- Qual seu achado ao exame físico e otoscópico?
- Se origina das CÉLULAS DA RAIZ DO ZIGOMA e corre superficial por fora da APONEUROSE DO MÚSCULO TEMPORAL.
- É mais RARO, sendo mais frequente em CRIANÇAS.
- Cursa com aumento da região ANTERIOR AO TRÁGUS (DESLOCA O PAVILHÃO PARA BAIXO).
- Otoscopia cursa com maior inflamação e HIPEREMIA DE PARS FLACCIDA
Qual a conduta terapêutica geral e específica (se causado por OMA ou OMC) para os casos de abscesso retroauricular ou temporozigomático?
Medidas gerais:
- Internação
- ATB EV de amplo espectro
- Drenagem cirúrgica (se tiver flutuação).
Medidas específicas:
- Se OMA = MIRINGOTOMIA
- Se OMC = MASTOIDECTOMIA
Quais os 2 abscessos que surgem a partir da disseminação cervical?
- Abscesso laterocervical (Bezold)
- Abscesso parafaríngeo.
Sobre o Abscesso de Bezold:
- Qual local se origina?
- Por onde se propaga?
- Qual faixa etária predomina?
- Quais os achados clínicos?
- Como é feito o diagnóstico?
- Qual o tratamento?
- Ocorre por ruptura da cortical da PONTA DA MASTÓIDE (ao nível da ranhura digástrica).
- Vai percorrer ENTRE A BAINHA DO ESTERNOCLEIDOMASTOIDEO E O MÚSCULO DIGÁSTRICO. Pode então se direcionar para trás em direção aos músculos da nuca, anteromedialmente em região parafaríngea ou em direção aos vasos laterocervicais, espaços periviscerais, podendo chegar até mediastino.
- É uma forma RARA e ocorre mais em ADULTOS (é necessária MASTOIDE BEM PNEUMATIZADA pois são células até região da ponta, que vão erodir).
- EVOLUÇÃO INSIDIOSA, durando semanas ou até mesmo meses (dificulta ainda mais o diagnóstico).
- DO ABAIXO DA MASTÓIDE, podendo haver TORCICOLO e um AUMENTO DE VOLUME NA INSERÇÃO SUPERIOR DO ECM.
- APAGAMENTO DA DEPRESSÃO RETROMANDIBULAR ou ao longo do seu trajeto.
- Tomografia com contraste de ossos temporais e região cervical confirma o diagnóstico.
- Internação, ATB EV associado a cirurgia com DRENAGEM DO ABSCESSO, EXPLORAÇÃO CERVICAL e MASTOIDECTOMIA.
Sobre o Abscesso Parafaríngeo:
- Qual local se origina?
- Por onde se propaga?
- Qual o quadro clínico?
- Como é feito o diagnóstico?
- Qual o tratamento?
- Se forma em direção á FACE INTERNA DO MÚSCULO DIGÁSTRICO NO ESPAÇO RETROESTILÓIDE (ou na bainha dos grandes vasos).
- Dissemina pelo TRIÂNGULO JUGULODIGÁSTRICO (por osteíte ou deiscência do assoalho da orelha média).
- Sintomas FARÍNGEOS (disfagia, odinofagia).
- ABAULAMENTO POSTERIOR AO ESTERNOCLEIDOMASTOIDEO (desloca o músculo para frente).
- Apagamento da depressão retromandiibular com ABAULAMENTO DA PAREDE FARÍNGEA LATERAL, principalmente atrás do pilar posterior, RECHAÇANDO A AMIGDALA MEDIALMENTE.
- Tomografia com contraste de ossos temporais e região cervical.
- Internação, ATB EV de amplo espectro, exploração cervical com drenagem do abscesso e mastoidectomia.
Sobre a Paralisia Facial:
- Cite os 3 mecanismos de lesão do canal do facial pela otite.
Mecanismos:
- OSTEÍTE (pequenas veias que drenam a orelha média e entram pelo canal ósseo do facial, gerando neurite, edema e compressão. A disfunção do nervo costuma ser observada após acometimento de pelo menos 50% das suas fibras)
- EROSÃO (colesteatoma).
- DEISCÊNCIA (mais comum por OMA).
Obs: na OMA também foi descrito outro mecanismo, em que a infecção dissemina pelo musculo estapediano ou nervo corda do tímpano, facilitado por disfunção tubária e baixa pressão.
Obs2: apesar da alta prevalência desses mecanismos, a baixa ocorrência de paralisia facial por otite média indica ALTA RESISTÊNCIA DO NERVO FACIAL A INFECÇÃO.
Sobre a Paralisia Facial:
- Como é o quadro de paralisia facial por otite?
- Tomografia auxilia?
- Instalação rápida ou mesmo súbita (raramente progressiva), sendo periférica, geralmentte incompleta.
- Pequenos defeitos ósseos do canal do facial são indetectáveis, sendo a imagem útil para avaliar outras complicações ou planejar cirurgias a depender do caso. Por isso é sempre solicitada.
Sobre a Paralisia Facial:
- Qual o tratamento se for causada por OMC?
- Qual o tratamento se for causada por OMA?
PARALISIA POR OMC:
- MASTOIDECTOMIA o mais breve possível, com exploração do facial e DESCOMPRESSÃO DO NERVO! A paralisia associada a OMC tem PIOR prognóstico.
PARALISIA POR OMA:
- ANTIBIOTICOTERAPIA com espectro para germes da OMA (S.pneumoniae, H.Influenzae e M.Catarrhalis),
- CORTICOTERAPIA (dose de 0,5mg/Kg, geralmente é usado logo de início ou a partir do terceiro dia de ATB para reduzir o edema).
- MIRINGOTOMA (para aspirar e coletar material de cultura e antibiograma, e aliviar pressão na caixa timpânica, sendo interessante iniciar o ATB após essa coleta, mas sem retardar o tratamento).
A mastoidectomia e descompressão do facial na OMA é uma exceção. Indicada se ausência de melhora da paralisia em 2-3 semanas ou eletroneurografia com degeneração motora de ao menos 90%.
Sobre a Paralisia Facial:
- Quando causada por COLESTEATOMA, quais segmentos do nervo são mais acometidos?
- Qual CUIDADO é essencial durante a descompressão?
- Embora o colesteatoma possa acometer qualquer região do seu trajeto intratemporal, o segmento TIMPÂNICO e SEGUNDO JOELHO são os locais mais acometidos.
- A técnica cirúrgica (aberta ou fechada) dependerá dos achados, porém devemos EVITAR INCISAR O PERINEURO (não abrir a bainha) pois pode facilitar a extensão da infecção pelo nervo.
Sobre a Petrosite:
- É uma complicação comum ou rara?
- Em qual porcentagem dos indivíduos o ápice petroso se encontra pneumatizado (imagem)?
- Quais pares cranianos passam perto do ápice?
- É uma forma rara e tardia de abscesso por otite.
- O ápice petroso está pneumatizado em 30% das pessoas (favorece essa complicação).
- Gânglio trigeminal (V) e Abducente (VI).
Sobre a Petrosite:
- Cite a síndrome que pode vir associada a esse quadro e sua tríade clínica.
Pode gerar a Síndrome de Gradenigo, composta pela seguinte tríade:
- OTITE MÉDIA
- DOR RETRORBITÁRIA (a dor é do tipo nevralgia, na topografia auricular ou mastoidea com irradiaçao trigeminal na região retrorbitária profunda).
- PARALISIA DO ABDUCENTE (presente em apenas metade dos casos, levando a diplopia).
Os sintomas acima são justificados pela proximidade anatômica do gânglio do trigêmeo e VI par craniano com o ápice petroso. Quando existir TODOS OS 3 ACHADOS ACIMA, chamamos de Síndrome de Gradenigo. Se faltar algum, chamamos apenas de PETROSITE.
Sobre a Petrosite:
- Como é feito o diagnóstico da Petrosite?
- Qual o tratamento indicado?
- Tomografia e RM de ossos temporais com contraste (abscesso no ápice petroso, com captação e realce periférico).
- ATB EV amplo espectro, depois VO por tempo prolongado (manter por pelo menos 1 mês após melhora clínica) e associar DRENAGEM CIRÚRGICA (abordando células perilabirínticas).
Alguns autores, no entanto, advogam o tratamento clínico inicialmente (antibioticoterapia venosa), indicando a cirurgia nos casos em que haja evidência de abscesso do ápice petroso ou não haja resposta ao tratamento clínico.
Sobre a Labirintite:
- Qual é a principal via de disseminação da orelha média para a orelha interna?
- Quais as duas formas clínicas de Labirintite?
Principal via:
- Janela redonda
Formas clínicas:
- SEROSA: toxinas inflamatórias (não temos secreção purulenta ou bactéria, é uma inflamação estéril). Paciente vai queixar vertigem, perda auditiva e zumbido, podendo recuperar com nenhuma ou pouca sequela (às vezes uma PANS).
- SUPURATIVA: presença de bactérias e secreção purulenta, com lesões importantes e muitas vezes irreversíveis. Quado de vertigem é mais incapacitante, perda auditiva costuma ser mais grave (profunda), geralmente profunda e zumbido.
Muitas vezes durante a crise a diferenciação do quadro seroso e supurativo não é possível, sendo feita a distinção após resolução do quadro, sendo prudente CONSIDERAR GRAVE QUALQUER QUADRO DE OTITE MÉDIA ASSOCIADA A VERTIGEM.
Sobre a Labirintite Supurativa:
- Qual o nistagmo esperado na fase AGUDA e na fase AVANÇADA?
- Quais os 3 estágios evolutivos?
Nistagmo:
- Aguda: NISTAGMO PARA O LADO ACOMETIDO (clássica pegadinha de prova).
- Avançada: Inversão, com NISTAGMO PARA O LADO HIPERFUNCIONANTE (saudável).
Estágios:
- SUPURAÇÃO (secreção purulenta em espaço perilinfático e posteriormente endolinfático).
- FIBROSE (proliferação fibroblástica)
- OSSIFICAÇÃO (formação osteoblástica osteoide com mineralização. Esse processo pode ser rapido ou ocorrer em até dentro de 6 meses, segundo alguns estudos).