Regime Jurídico Administrativo Flashcards

(45 cards)

1
Q

Os meios consensuais/alternativos de solução de conflitos são aplicáveis nas relações envolvendo o poder público?

A

Sim. Há permissões no CPC (art. 174), na Lei de Arbitragem (art. 1º) e na Lei da Mediação (art. 1º), de modo que se extrai a possibilidade do uso de meios alternativos à Jurisdição quanto aos direitos disponíveis e os indisponíveis que admitam transação.

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2
Q

A demora excessiva e injustificada da Administração para cumprir obrigação que a própria Constituição lhe impõe é omissão violadora de quais princípios?

A
  • Eficiência
  • Moralidade
  • Publicidade
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3
Q

Qual a vedação imposta ao nepotismo no ordenamento brasileiro?

A

Conforme SV 13:

Viola a Constituição a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta.

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4
Q

A vedação ao nepotismo é aplicável a cargos políticos?

A

O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza política, como são os cargos de Secretário Estadual e Municipal.
Todavia, mesmo em caso de cargos políticos, será possível considerar a nomeação indevida nas hipóteses de:

  • nepotismo cruzado;
  • fraude à lei; e
  • inequívoca falta de razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica ou por inidoneidade moral do nomeado.

STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 (Info 952).

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5
Q

É legítima a imposição de limite de idade para a inscrição em concurso público?

A

Somente quando possa ser justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido (S. 683/STF).

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6
Q

O que é teoria do fato consumado e de que forma foi incorporada no ordenamento jurídico brasileiro?

A

A teoria do fato consumado aduz que decorrido determinado período de tempo, a Administração Pública não pode anular seus atos, sob pena de ferir o princípio da segurança jurídica e da confiança. Tal teoria foi incorporada ao ordenamento jurídico, conforme se extrai do art. 54 da Lei nº 9.784/99:

“Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários _decai em cinco anos_, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.”

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7
Q

A teoria do fato consumado se aplica a concursos públicos?

A

Há entendimentos diferentes a depender da situação:

  • Se o candidato assumiu o cargo por força de decisão precária posteriormente revertida:
    • A jurisprudência do STF é no sentido que, em regra, não se aplica a teoria do fato consumado.
  • Se o candidato assumiu o cargo por força de decisão precária E SE APOSENTOU durante o processo, antes da decisão ser reformada:
    • Segundo o STF, é possível a aplicação da teoria do fato consumado (distinguish).
  • Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos sociais que a manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo
    • O STJ entende que é possível aplicar a teoria do fato consumado.
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8
Q

A previsão da ação popular, cujo legitimado é qualquer cidadão, decorre de que princípio administrativo?

A

Decorre da moralidade administrativa.

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9
Q

No que consiste a “bipolaridade” do Direito Administrativo?

A

Está relacionada com os princípios da legalidade e da supremacia do interesse público sobre o privado, que são aplicados para assegurar tanto a liberdade do indivíduo quanto a autoridade da Administração.

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10
Q

A proibição do nepotismo alcança os serviços extrajudiciais de notas e de registro?

A

Não é aplicável aos Titulares de Serviços Notariais e de Registros, uma vez que estes, quando não recebem recursos do Poder Público, não são considerados detentores de Cargos Públicos.

Assim entendeu o STF no julgamento do RE 678.574:

  • “ADMINISTRATIVO. NEPOTISMO. SERVIÇOS NOTARIAIS. EXTENSÃO E ALCANCE DA RESOLUÇÃO N. 07/2005 DO CNJ E DA SÚMULA VINCULANTE N. 13 DO STF.
  • Os serviços extrajudiciais de notas e de registro têm caráter privado e seus titulares não exercem cargo público efetivo nem ocupam cargo público (ADI 2.602-0 do STF) e nada os impede de contratar parentes pelo regime da CLT. - O STF já decidiu que a Resolução n. 07/2005 do CNJ não disciplina a atividade exercida pelas serventias extrajudiciais que não se caracterizam como órgãos do Poder Judiciário”.*
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11
Q

O que são princípios da Administração Pública onivalentes, plurivalentes, monovalentes e setoriais?

A
  • Onivalentes: comuns a todos os ramos do saber;
  • Plurivalentes: comuns a um grupo de ciências
  • Monovalentes: referem a um so campo do conhecimento
  • Setoriais: informa os diversos setores em que se divide determinada ciência
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12
Q

Quais caracteres deverá ter a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos?

A

Educativo, informativo ou de orientação social.

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13
Q

A administração pública pode instituir sanção restritiva de direito ao administrado por meio de ato administrativo de hierarquia inferior à lei?

A

Não, eis que a Adm Pública está submetida ao princípio da legalidade estrita.

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14
Q

A Administração pode levar a termo interpretação extensiva ou restritiva de direitos quando a lei assim não o dispuser de forma expressa?

A

Não, uma vez que a Administração está submetida ao princípio da legalidade.

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15
Q

Há previsão expressa do princípio da proteção à confiança no ordenamento jurídico brasileiro?

A

Não, embora esteja previsto implicitamente.

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16
Q

Há previsão expressa do princípio da segurança jurídica no ordenamento jurídico brasileiro?

A

Sim. Encontra previsão expressa no artigo 2º, caput, da Lei n. 9.784/99.

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17
Q

O que é poder pro domo sua?

A

O Poder PRO DOMO SUA pode ser entendido como o PODER EM CAUSA PRÓPRIA, ou seja, aquele que é exercido com finalidade diversa do Interesse Público, tendo por objetivo, dessa forma, a satisfação do interesse PARTICULAR.

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18
Q

Qual o princípio que sustenta a exigência constitucional de prévia aprovação em concurso público para o provimento de cargo público?

A

Impessoalidade.

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19
Q

Quais os princípios da Administração Pública expressamente previstos na CF?

A

Legalidade

Impessoalidade

Moralidade

Publicidade

Eficiência (adicionado pela EC 19/98)

20
Q

É legítima a aplicação retroativa de nova interpretação da norma administrativa?

A

Não. As mudanças de interpretação devem ser aplicadas aos casos futuros (teoria do “prospective overruling”).

21
Q

É possível convalidar ato administrativo cujos efeitos já tenham se exaurido?

A

Sim. O que não pode é revogar ato exaurido.

22
Q

É suficiente à validade das limitações de idade, sexo, altura e capacitação profissional em concursos públicos a previsão em edital?

A

Não. É necessário que estejam também previstas em lei. Além disso, para que tais limites sejam constitucionais, é essencial que sejam compatíveis com as atribuições do cargo a ser preenchido.

23
Q

Qual a exigência legal para que o candidato possa fazer jus às vagas reservadas aos portadores de deficiência?

A

Exige-se que as atribuições do cargo a ser provido sejam compatíveis com a deficiência que possui.

24
Q

É admissível que edital de concurso público estabeleça a condição de que, para o candidato disputar vaga reservada a portador de deficiência, esta precisa necessariamente causar dificuldades no desempenho das funções do cargo disputado?

A

Não. Já decidiu o STF, no RMS 32732 AgR/DF, que satisfeita a compatibilidade entre o estado de deficiência e o conteúdo ocupacional ou funcional do cargo público disputado, é inadmissível a condição adicional de a situação de deficiência também produzir dificuldades para o desempenho das funções do cargo.

25
Fere o princípio da razoabilidade eleger como critério de desempate tempo anterior na titularidade do serviço para o qual se realiza o concurso público?
Sim. (ADI 3522, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2005, DJ 12-05-2006)
26
O direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em quanto tempo? Qual o princípio que norteia tal previsão?
Decai em 5 anos contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Tal previsão tem por fundamento o princípio da segurança jurídica.
27
O que é interesse público primário e secundário?
* **Primário**: É o interesse público propriamente dito enquanto “conjunto de interesses individuais preponderantes em uma determinada organização da coletividade”. * **Secundário**: é o interesse patrimonial da Administração Pública enquanto aparato administrativo, ou melhor, é o interesse privado da Administração Pública enquanto pessoa jurídica e que está relacionado as receitas e a defesa do patrimônio público com o aumento de riquezas e a diminuição de despesas.
28
É possível que o judiciário examine o mérito dos atos administrativos (conveniência e oportunidade)?
O Poder Judiciário não deve exercer crivo, ao menos para fins de substituir a opção legítima do administrador público por sua própria opinião. Todavia, é possível encontrar julgados que, ao menos em sua redação, afirmam ser **viável o exame do mérito administrativo, desde que com o objetivo de averiguar a inexistência de violações aos princípios constitucionais, caso em que o controle a ser exercido será de _juridicidade_** (ou de legitimidade) do ato, e não de mérito.
29
Como se determina o quantum indenizatório em se tratando de responsabilidade civil fundamentada na teoria da perda de uma chance?
O quantum indenizatório não deve corresponder ao total do benefício que a parte teria obtido, em caso de sucesso, mas sim em vista da possibilidade real de êxito, o que demanda critérios de proporcionalidade.
30
O que é teoria dos motivos determinantes?
De acordo com esta teoria, os motivos que determinaram a vontade do agente, isto é, **os fatos que serviram de suporte à sua decisão integram a validade do ato**. Sendo assim, a invocação de 'motivos de fato' falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam.
31
A interrupção do serviço público não caracteriza descontinuidade em quais hipóteses?
* situação de emergência; ou * após aviso prévio, quando: * motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e * por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade
32
É possível a convalidação de ato administrativo imotivado por meio da motivação a posteriori?
Sim, desde que tal vício não acarrete lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.
33
Há espaço para utilização de critérios subjetivos e pessoais do administrador no que diz respeito à aplicação do princípio da razoabilidade nos atos administrativos discricionários?
Não. Discricionariedade é a competência-dever de o administrador, no caso concreto, após interpretação, valorar, dentro de um **critério de razoabilidade**, e _afastado de seus próprios Standards ou ideologias, portanto, dentro do critério da razoabilidade geral_, qual a melhor maneira de concretizar a utilidade pública postulada pela norma.
34
O que é princípio da sindicabilidade?
Ser sindicável indica "ser controlável". O princípio da sindicabilidade engloba o **princípio da autotutela** e o **princípio do controle judicial dos atos**.
35
Qual a diferença entre os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança?
* **Segurança jurídica**: aspecto objetivo, indicando a inafastabilidade da estabilização jurídica; * **Proteção à confiança**: aspecto subjetivo, sublinhando o sentimento do indivíduo em relação a atos, sobretudo do Estado, dotados de presunção de legitimidade e com a aparência de legalidade.
36
O que é o princípio da subsidiariedade no Direito Administrativo?
O Estado deve ficar a cargo de atividades que lhe são próprias, consideradas indelegáveis ao particular. Todavia, pelo princípio da subsidiariedade, há atividades sociais que o Estado só deve exercer em caráter supletivo da iniciativa privada, quando ela for ineficiente. Há dois aspectos deste princípio: * **Horizontal**: o poder público só deve agir de forma residual; * **Vertical**: relaciona-se ao critério de distribuição de competências entre a União, Estados-membros e Municípios. Determina que só deva haver intervenção da União quando estritamente necessário, e do Estado quando assim for necessário
37
O que é o princípio da razoabilidade?
É o princípio que exige adequação entre os meios e fins perseguidos pela Administração, servindo de baliza fundamental ao controle judicial dos atos discricionários.
38
A demora da Administração Pública em cumprir com a obrigação de saldar os débitos líquidos, certos e devidamente requisitados pelo Poder Judiciário por meio de precatório judicial ofende qual princípio administrativo?
Ofende o princípio da supremacia do interesse público primário do Estado, considerando que a demora da solução dos precatórios atende exclusivamente ao interesse secundário do Estado.
39
É válida a motivação elaborada por órgão diferente do que praticou o ato ou proferiu a decisão?
Sim, desde que obviamente sejam lícitos, existentes e suficientes os motivos constantes do ato mencionado.
40
Aplica-se a teoria do fato consumado em caso de ato administrativo que afronte diretamente a CF?
Não. O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF. Não há previsão na lei desta exceção. STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
41
A melhor articulação e a integração entre os ocupantes de cargos públicos, as pessoas que exercem funções públicas, os funcionários terceirizados e o Terceiro Setor são satisfeitas por meio da teoria weberiana? Explique.
Não. O sociólogo alemão Max Weber abordou em sua obra o tema da **dominação**, que seria a probabilidade de que um grupo determinável de indivíduos orientasse sua ação a emitir ordens, somada à probabilidade de outro grupo determinável de indivíduos obedecer a tais ordens. Dentre as classificações de dominação do autor, há a **dominação burocrática**, que possui forte relação com a Administração Pública burocrática, em que o Estado volta-se para si mesmo. Atualmente, **em resposta à ineficiência da Administração Pública burocrática, busca-se a implementação da Administração Pública gerencial**, na qual a eficiência torna-se então essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. (ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-book. P.122) Nesse contexto, como não basta à Administração Pública o mero cumprimento formal da lei, impondo-se a ela que assuma a função de assegurar direitos fundamentais, tem-se que o modelo burocrático (vinculado à dominação burocrática de Weber) não satisfaz adequadamente a articulação e a integração entre os ocupantes de cargos públicos, pelo que está correta a alternativa.
42
De acordo com o entendimento pacífico da doutrina, há um princípio que não tem substância, é considerado um princípio adjetivo (instrumental), que destoa dos demais por ser um princípio-meio e não um princípio-fim. Qual é este princípio?
O princípio da **publicidade**, pois é instrumento para a verificação da observância aos demais princípios.
43
O Estado só pode sofrer restrições nos cadastros de devedores da União por atos praticados pelos Poderes Legislativo e Judiciário?
Não. Segundo o entendimento do STF o Estado só pode sofrer restrições nos cadastros de devedores da União por atos praticados pelo **Poder Executivo**, diante da ausência de ingerência direta do Executivo sobre os demais poderes. Isto decorre do **princípio da intranscendência subjetiva das sanções.**
44
É possível a aplicação de punições às Administrações atuais por atos de gestão praticados por gestores anteriores?
Não, em virtude da **intranscendência subjetiva das sanções**. Para isso, no entanto, a a gestão atual deverá tomar medidas para ressarcir o erário e corrigir as falhas após sua posse, por exemplo apresentando os documentos cabíveis ao órgão fiscalizador, ajuizando ações de ressarcimento contra o antigo gestor etc. Caso o faça o ente federativo não poderá ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União (STF AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Info 791)
45
O que é o princípio da responsividade?
Decorrente da **teoria da accountability**, tal princípio de origem norte-americana prega que a a função do administrador público inclui o dever subjetivo de prestar contas pela legitimidade das suas escolhas fiscais. Assim, o princípio da responsividade prevê que o administrador público deve ser responsabilizado quando não observa a vontade do administrado, supostamente constante na lei, inclusive orçamentária