SAF Flashcards
(103 cards)
O que caracteriza a Síndrome Antifosfolípide (SAF) como primária ou secundária?
A SAF é considerada primária quando ocorre isoladamente, sem associação com outras doenças autoimunes; torna-se secundária quando está associada a outras patologias autoimunes, exceto nas chamadas “doenças potentes” como LES, AR e esclerose sistêmica, que caracterizam um overlapping.
. Qual a principal distinção fisiopatológica da SAF em relação a outras trombofilias?
A SAF é uma trombofilia adquirida com base autoimune, distinguindo-se por seu padrão inflamatório trombosante e pela presença de autoanticorpos específicos, afetando tanto vasos venosos quanto arteriais.
Quais os principais autoanticorpos associados à SAF e como são detectados?
São três: anticardiolipina (aCL), anticoagulante lúpico (LA) e anti-β2-glicoproteína I (anti-β2-GPI), todos nas classes IgG e IgM. aCL e anti-β2-GPI são dosados diretamente; o LA é inferido por testes funcionais como TTPa e dRVVT.
Quais os dois principais subtipos clínicos da SAF e suas características?
SAF trombótica: eventos trombóticos arteriais ou venosos em qualquer fase da vida, inclusive em homens.
SAF obstétrica: manifestações gestacionais como abortamentos de repetição, perdas fetais e pré-eclâmpsia.
Por que a associação entre SAF e LES representa maior gravidade clínica?
Porque o LES, ao ser uma vasculite inflamatória de pequenos vasos, combinado à SAF, que promove trombose em vasos de qualquer calibre, gera um quadro de trombose em leito vascular inflamado, agravando o prognóstico.
Como se diferencia aborto de perda fetal na clínica da SAF obstétrica?
A distinção é baseada principalmente na idade gestacional: aborto refere-se a perdas precoces, enquanto perda fetal envolve gestações mais avançadas.
Quais manifestações clínicas comuns devem levantar suspeita de SAF?
Eventos trombóticos como AVC, AIT, TVP, TEP, além de complicações gestacionais e trombocitopenia isolada (devido ao consumo plaquetário em tromboses), mesmo na ausência de eventos trombóticos prévios.
. O exame FAN é útil para a detecção dos anticorpos da SAF?
Não. Os anticorpos da SAF não são detectados pelo FAN, sendo necessário solicitar exames específicos para aCL, LA e anti-β2-GPI.
Qual é a principal importância clínica dos testes funcionais na avaliação da SAF?
Eles permitem inferir a presença do anticoagulante lúpico (LA), que não é dosado diretamente, através de alterações no TTPa e dRVVT, sendo essenciais para o diagnóstico laboratorial da síndrome.
. Quais são os principais locais de trombose venosa na SAF e quais fatores aumentam esse risco?
A trombose venosa ocorre principalmente nos membros inferiores (TVP, TEP). Fatores como pós-parto, pós-operatório, imobilização prolongada e uso de estrogênios elevam o risco, sendo necessário diferenciar de outras causas trombogênicas.
Quais diagnósticos diferenciais devem ser considerados em casos de trombose venosa?
Incluem síndrome nefrótica, insuficiência venosa, imobilidade prolongada, neoplasias, mutações do fator V de Leiden, da protrombina G20210A e deficiências de proteína S, C e antitrombina III.
Quando a recorrência de trombose venosa deve levar à investigação de SAF?
Em casos de eventos trombóticos sem fator desencadeante aparente ou recorrência após a retirada do fator de risco (ex: ACO), a investigação para SAF torna-se mandatória.
Como a presença simultânea de LES com nefrite lúpica e SAF agrava o risco trombótico?
A síndrome nefrótica da nefrite lúpica aumenta o risco de trombose por perda proteica maciça; somada à SAF, eleva significativamente o risco trombótico, exigindo manejo intensivo com medidas como uso de IECA/BRA para reduzir proteinúria.
Quais são os eventos trombóticos arteriais mais comuns na SAF e qual seu impacto neurológico?
AVCi e AIT são as manifestações arteriais mais frequentes, afetando principalmente artérias cerebrais, sendo também as manifestações neurológicas mais comuns (presentes em cerca de 30% dos casos).
Quais são os principais diagnósticos diferenciais para eventos arteriais na SAF?
Incluem púrpura trombocitopênica trombótica, endocardite (Libman-Sacks ou infecciosa), septicemia, hiperhomocisteinemia, mixoma atrial, arterites (Takayasu, poliarterite nodosa) e síndrome de Raynaud grave.
. Quais critérios obstétricos são considerados para o diagnóstico de SAF?
Incluem:
Três ou mais abortos espontâneos consecutivos antes da 10ª semana (excluindo causas anatômicas ou genéticas);
Perda fetal intrauterina a partir da 10ª semana, sem malformações ou causas uterinas;
Parto prematuro (<34 semanas) por pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou insuficiência placentária, sem outra explicação.
Por que abortos precoces isolados não são suficientes para o diagnóstico de SAF?
Abortos precoces são comuns por inviabilidades fetais naturais; a repetição (>3) sem causa aparente e a exclusão de fatores uterinos ou genéticos justificam a investigação de SAF.
- Como deve ser avaliada clinicamente a suspeita de SAF em gestações com eventos incompletos?
Mesmo sem cumprir todos os critérios classificatórios, casos com abortamentos múltiplos e eventos como pré-eclâmpsia precoce em gestantes sem comorbidades justificam forte suspeita clínica e investigação complementar.
Qual o segundo sítio mais comum de trombose arterial na SAF e quais suas manifestações cardíacas?
O coração é o segundo sítio mais comum. A SAF pode causar trombose coronariana (infarto), espessamento e disfunção valvar (regurgitação ou estenose), além de vegetações em válvulas cardíacas, presentes em 30 a 50% dos casos.
Como diferenciar clinicamente um quadro de infarto agudo do miocárdio de etiologia aterosclerótica daquele por SAF?
Clinicamente semelhantes, a suspeita de SAF surge especialmente em pacientes jovens sem fatores de risco tradicionais, com evidência laboratorial de autoanticorpos e ausência de placas ateroscleróticas significativas na cinecoronariografia.
Qual é a principal lesão renal associada à SAF e como ela se manifesta histologicamente?
A SAF acomete os rins por meio de microangiopatia trombótica, caracterizada por trombos na microvasculatura renal, sem depósitos imunes.
Como diferenciar o acometimento renal por SAF e por LES em um paciente com ambas as doenças?
Por biópsia renal:
SAF: microangiopatia trombótica, sem depósitos imunes.
LES: glomerulonefrite lúpica com deposição de imunocomplexos (padrão granular, visualizado por imunofluorescência).
O rim é um órgão frequentemente acometido na SAF?
Não é o órgão mais acometido, mas pode ser atingido. Estudos mostram acometimento vascular renal importante, especialmente na forma secundária à associação com LES.
Quais são os vasos renais acometidos pela SAF e qual o padrão resultante de lesão?
A SAF pode acometer artérias, arteríolas e capilares glomerulares, resultando em microangiopatia trombótica com risco de hipertensão arterial maligna, insuficiência renal aguda e proteinúria.