Epilespsias na infancia Flashcards

(36 cards)

1
Q

Qual a definição de Epilepsia e de Estado de Mal Epiléptico (EME), incluindo a duração de uma crise para ser considerada EME?

A

Epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada pela recorrência de crises epilépticas ao longo do tempo. Estado de mal epiléptico é uma crise epiléptica prolongada ou que se repete a intervalos suficientemente curtos, sem recuperação da consciência entre os episódios, produzindo uma condição duradoura, sendo a crise considerada EME se durar > 30 minutos.

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2
Q

Diferencie crises parciais de crises generalizadas em termos de localização das descargas elétricas e prevalência das generalizadas.

A

Crises parciais são localizadas em determinada área do cérebro, com manifestação clínica de acordo com o local afetado. Crises generalizadas envolvem descargas elétricas anormais em ambos os hemisférios, envolvendo reciprocamente as conexões talamocorticais, correspondendo a 40% a 45% dos casos.

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3
Q

Quais são as 4 etiologias mais comuns de epilepsia na infância, e qual a porcentagem de casos com causas não determinadas?

A

De 30% a 50% das causas de epilepsia não são determinadas. As causas identificáveis mais comuns são: Malformações cerebrais, Anoxia neonatal, Trauma craniano na primeira infância e Infecções.

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4
Q

Cite 4 infecções intrauterinas e 3 infecções pós-natais que podem causar epilepsia na infância, e qual vírus causa encefalite severa no lobo temporal.

A

Infecções intrauterinas: toxoplasmose, CMV, rubéola e sífilis. Infecções pós-natais: Meningites, Encefalites virais (com crises focais, como Herpes simples e Vírus Epstein-Barr que causa encefalite severa no lobo temporal), Neurocisticercose, Equinococose e Tuberculose (tuberculoma).

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5
Q

Quais os tipos de trauma craniano na infância que podem causar epilepsia, e como se define a epilepsia pós-trauma de início precoce?

A

Traumas que podem causar epilepsia incluem ferimento penetrante, tocotraumatismo e fratura craniana linear ou com afundamento de calota craniana. A epilepsia pós-trauma de início precoce refere-se à maioria dos casos de convulsão que ocorrem logo após o evento traumático.

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6
Q

Quais malformações cerebrais (dos hemisférios e corticais) e síndromes neurocutâneas estão associadas à epilepsia na infância?

A

Malformações dos hemisférios incluem Esquizencefalia, Heterotopias e Hemimegalencefalia. Malformações corticais incluem Lisencefalia e Displasia cortical de Taylor (Tipo I e Tipo II). Síndromes neurocutâneas associadas à epilepsia são: Esclerose tuberosa (75-90% dos casos), Síndrome de Sturge-Weber e Síndrome de von Hippel-Lindau.

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7
Q

Quais são os principais aspectos a serem abordados na anamnese de uma criança com epilepsia, além da idade de início e tipo de crise?

A

A anamnese deve incluir: idade de início, tipo de crise, frequência, duração e horário (noturna/diurna), fatores desencadeantes (exercício físico, estimulação luminosa, etc.), antecedentes de Estado de Mal Epiléptico (EME) e uso de FAEs. Também é importante investigar antecedentes gestacionais, perinatais e neonatais, histórico familiar de epilepsia e doenças neurológicas.

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8
Q

Descreva os tipos de crise atônica, ausência e automatismo, incluindo suas características semiológicas e duração típica.

A
  • Atônica: Redução ou perda súbita do tônus muscular, sem evento tônico ou mioclônico prévio, duração de 1 a 2 segundos, envolvendo musculatura da cabeça, tronco, queixo ou membros.
  • Ausência: Início súbito, interrupção das atividades, olhar vazio, possível breve desvio dos olhos para cima, paciente arresponsivo, duração de segundos com rápida recuperação.
  • Automatismo: Atividade motora coordenada (mais ou menos), imitando movimento voluntário, pode ser continuação inapropriada de atividade pré-crise (ex: movimento mastigatório).
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9
Q

Diferencie Espasmos, Crises Clônicas e Crises Mioclônicas em termos de descrição semiológica e duração.

A
  • Espasmos: Súbita flexão, extensão ou mistura de ambas dos músculos proximais e tronco, mais sustentada que mioclonia, mas não tão mantida como nas crises tônicas, ocorrem em salvas.
  • Clônicas: Abalos simétricos ou assimétricos, repetem-se regularmente, envolvem os mesmos grupos musculares.
  • Mioclônicas: Contração(ões) súbita(s), breve (<100ms), involuntária, única ou múltipla de músculos ou grupos musculares, menos repetitivas e sustentadas que o clônus.
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10
Q

Quais as duas fases das Crises Tônico-Clônicas Generalizadas (CTCG) e seus principais sinais e sintomas, incluindo duração de cada fase?

A
  • Fase Tônica: Perda completa de consciência simultânea a espasmos em flexão, extensão prolongada da coluna, pescoço e MM, olhos abertos, possível choro ou grito. Dura 10 a 30 segundos.
  • Fase Clônica: Tremor rápido e, a seguir, lento de extremidades e tronco. Dura 30 a 60 segundos. Acompanha cianose, midríase, sialorreia, hipertermia, incontinência urinária e sudorese.
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11
Q

Quais são os 4 exames complementares (LCR, EEG, TC, RNM) e suas indicações na investigação de epilepsia em crianças, e qual é o exame de imagem de escolha para investigação ambulatorial?

A
  • LCR: Se suspeita de meningite ou meningoencefalite.
  • EEG: Principalmente para diferenciar crises parciais de generalizadas.
  • TC: Em situações agudas para diagnosticar massas e hemorragias.
  • RNM: Exame de imagem de escolha quando a investigação for ambulatorial.
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12
Q

O que é a Síndrome de West e qual a sua tríade clínica clássica?

A

A Síndrome de West é uma epilepsia generalizada, secundária (80% dos casos), do lactente, com início dos 2 aos 15 meses (pico 5-8 meses). A tríade clássica é: espasmos infantis (espasmos bruscos ou mioclonias maciças de flexão/extensão do tronco e MM), retardo do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) e EEG com hipsarritmia.

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13
Q

Como os espasmos infantis na Síndrome de West se manifestam, incluindo frequência e intensidade, e qual o relato comum dos pais?

A

Os espasmos são bruscos, ou mioclonias maciças, que provocam flexão da cabeça e do tronco, adução dos membros superiores e flexão dos membros inferiores. Raramente, são em extensão (cabeça/tronco projetados para trás, MMSS abduzidos e MMII estendidos). Podem ser discretos movimentos. Ocorrem em salvas (3-10 movimentos em breves segundos), repetindo-se várias vezes ao dia. Pais relatam como ‘sustos’ ou ‘cólicas súbitas’, seguidas de choro.

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14
Q

Qual a alteração patognomônica no EEG da Síndrome de West, e o que um traçado normal significa para o diagnóstico?

A

O EEG patognomônico da Síndrome de West é a hipsarritmia (padrão caótico de ondas e espículas de alta voltagem e frequência irregular). Se o traçado do EEG for normal, afasta o diagnóstico de Síndrome de West.

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15
Q

Descreva a Síndrome de Dravet (Epilepsia mioclônica grave da infância) em termos de início, quadro clínico e histórico familiar.

A

Inicia em lactentes previamente sadios. O quadro clínico inclui crises tônicas ou tônico-clônicas generalizadas ou unilaterais, na vigência de febre, crises prolongadas ou EME. Crises mioclônicas, ausências atípicas e crises focais também podem ocorrer (entre 1 e 4 anos). Há progressivo atraso no DNPM e histórico familiar positivo de epilepsia e crises febris.

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16
Q

Qual a faixa etária de início da Epilepsia Mioclônica Benigna da Infância e quais as características do quadro clínico e fatores desencadeantes?

A

A idade de início é entre 6 meses e 3 anos. O quadro clínico se caracteriza por mioclonias da cabeça, tronco e MMSS, com fotossensibilidade. As crises são desencadeadas por estímulo tátil ou auditivo. Há histórico familiar positivo de epilepsia ou crises febris.

17
Q

O que é a Epilepsia Benigna da Infância com Paroxismos Centrotemporais (Epilepsia Rolândica) e qual a sua prevalência?

A

É a forma mais comum de epilepsia parcial da criança.

18
Q

Descreva o quadro clínico da Epilepsia Rolândica, focando nos fenômenos sensitivo-motores bucofaringolaríngeos e seu acompanhamento.

A

O quadro clínico inclui fenômenos sensitivo-motores na esfera bucofaringolaríngea: movimentos clônicos ou tônicos hemifaciais (rima bucal desviada para o lado contralateral ao foco), acompanhados de endormecimento ou tumefação da hemilíngua, gengivas ou dentes. A linguagem é perturbada (disartria ou anartria), com salivação intensa. Movimentos clônicos podem se propagar para o membro superior e, raramente, para o inferior.

19
Q

Quando as crises da Epilepsia Rolândica ocorrem tipicamente, e qual o achado característico no EEG e a resposta ao tratamento?

A

As crises ocorrem geralmente durante o sono, com a criança acordando, mas a consciência é preservada durante a crise, que é de curta duração. O EEG apresenta surtos de pontas (às vezes pontas-ondas lentas) de projeção rolândica ou centrotemporal. Responde bem à carbamazepina e tende a desaparecer na adolescência (14 anos).

20
Q

Quais as características da Epilepsia Occipital Benigna da Infância em termos de quadro clínico e manifestações pós-crise?

A

O quadro clínico se inicia com amaurose súbita, fosfenos, ilusões e alucinações, seguidas por crises clônicas hemigeneralizadas. A pós-crise se caracteriza por cefaleia intensa, náusea e vômitos de longa duração.

21
Q

Descreva as crises de ausência da infância em termos de manifestações motoras, duração e fatores desencadeantes.

A

Consistem de breves episódios de comprometimento de consciência acompanhados por manifestações motoras muito discretas, como automatismos orais e manuais, piscamento, aumento ou diminuição do tônus muscular e sinais autonômicos. Duram 10 a 30 segundos, com início e término abruptos, ocorrendo várias vezes ao dia. Fatores desencadeantes incluem a hiperventilação.

22
Q

Qual o achado patognomônico no EEG da Epilepsia Ausência da Infância e seu prognóstico?

A

O EEG patognomônico apresenta surtos bilaterais e difusos de pontas-ondas que se repetem a 3 ciclos/segundo, inclusive no período intercrítico. O prognóstico é normalmente bom, com desaparecimento dos sintomas em 2 a 3 anos após o início, quando não relacionado com outro tipo de crise.

23
Q

Descreva a Síndrome de Doose (Epilepsia com crises mioclônus-astáticas) em termos de quadro clínico e idade de início, e qual a manifestação principal da crise.

A

Idade de início: 18 meses e 5 anos. O quadro clínico se caracteriza por crises mioclônus-astáticas (abalo mioclônico maciço) que provocam flexão da cabeça e tronco com queda ao solo. O DNPM é normal antes do início.

24
Q

Quais as características da Epilepsia com Ausências Mioclônicas em relação ao gênero, histórico familiar e manifestações principais da crise?

A

70% dos casos ocorrem em meninos. Há histórico familiar de epilepsia em 20% dos casos. As ausências são sempre acompanhadas de mioclonias (ombros, braços e pernas). Liberação de esfíncter vesical pode ocorrer. Crises tônico-clônicas em metade dos pacientes. Duram 10 a 60 segundos, dezenas de vezes/dia, e são provocadas por hiperventilação.

25
Qual a gravidade da Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG) e como as crises se manifestam, incluindo as 'astático-acinéticas' e as 'ausências atípicas'?
A SLG é a forma mais grave das epilepsias generalizadas na criança, geralmente secundária. As crises são sempre de vários tipos. As mais frequentes são as crises astático-acinéticas ou atônicas: perda súbita do tônus muscular, com queda brusca. As ausências atípicas têm início e fim menos abruptos, com fenômenos motores variáveis e perda de consciência parcial.
26
Descreva o 'estado de mal de ausência atípica' na SLG, sua duração e manifestações clínicas.
O estado de mal de ausência atípica na SLG manifesta-se como estupor ou obnubilação mental, com criança dificilmente fixa atenção, reações lentas, linguagem pobre e entrecortada, fácies inexpressivo, sialorreia, e parece 'desligar' ou 'sair do ar'. Dura horas, dias e até semanas.
27
Quais as características da Epilepsia Mioclônica Juvenil (EMJ) em termos de idade de início, manifestações das crises e fatores precipitantes?
Início entre 12 e 18 anos (média: 14 anos). Manifesta-se por abalos mioclônicos bilaterais, súbitos, únicos ou repetitivos, arrítmicos e irregulares, acometendo principalmente braços (com queda do paciente ou objetos das mãos). Ocorrem tipicamente ao despertar. Precipitadas por: privação do sono, fadiga, estresse e concentração mental com atividade manual. Podem ocorrer CTC e ausências.
28
Quais as características da Epilepsia Ausência Juvenil em relação ao sexo, idade de início e frequência de crises?
Afeta igualmente ambos os sexos. Inicia na puberdade, entre 7 e 19 anos.
29
Quais as características da Epilepsia Ausência Juvenil em relação ao sexo, idade de início e frequência de crises?
Afeta igualmente ambos os sexos. Inicia na puberdade, entre 7 e 17 anos (máximo: 10-12 anos). As crises são menos frequentes que as ausências infantis. Crises tônico-clônicas são mais frequentes e podem preceder a ausência. ## Footnote Mioclonias também podem ocorrer.
30
Descreva as Epilepsias Límbicas, focando nas auras e nos automatismos comportamentais e orolabiais.
As crises focais sem perda de consciência podem ter auras com sensação epigástrica ascendente, sintomas neurovegetativos (taquicardia, taquipneia, rubor facial), auras experienciais (déjà vu, jamais vu) ou psíquicas (sensação súbita de medo). Incluem automatismos comportamentais (esfregar a mão na roupa/objetos, abrir/fechar a mão) e orolabiais (mastigação, deglutição). Duram 1 a 2 minutos.
31
O que é Paralisia de Todd e qual sua relação com crises focais ou hemicrises prolongadas?
Paralisia de Todd é um déficit transitório da função motora pós-ictal, caracterizado por imobilidade do membro ou hemicorpo acometido, podendo durar minutos, horas ou, raramente, poucos dias. É uma consequência de crises focais simples ou de hemicrises (prolongadas).
32
Descreva a Marcha Bravais-Jacksoniana no contexto das epilepsias focais motoras.
Marcha Bravais-Jacksoniana ocorre quando os movimentos da crise focal motora se propagam de um segmento para os segmentos corpóreos vizinhos, como da mão para o antebraço, braço e face.
33
Quais as manifestações das Epilepsias Neocorticais em relação aos lobos occipital, parietal e temporal?
* **Lobo occipital**: escotomas, amaurose ictal, flashes luminosos. * **Lobo parietal**: parestesias, dores, metamorfopsia, distúrbios da linguagem. * **Lobo temporal**: alterações da linguagem, sintomas auditivos, vertiginosos e alucinações visuais.
34
O que é a Síndrome HHE (Hemiconvulsão, Hemiplegia, Epilepsia) e qual a sua faixa etária mais comum?
A Síndrome HHE é quando a paralisia após uma hemicrise prolongada é definitiva, configurando uma hemiplegia permanente, e o paciente evolui para epilepsia parcial ou complexa. 80% dos casos ocorrem abaixo dos 2 anos de idade.
35
Descreva a Afasia Epiléptica Adquirida (Síndrome de Landau-Kleffner) em termos de idade de início, crises e distúrbios neuropsicológicos associados.
Início entre 2 e 8 anos de idade. Caracteriza-se por crises epilépticas e distúrbios neuropsicológicos, incluindo afasia subaguda e flutuante, além de hiperatividade e agressividade.
36
Liste 5 FAEs (Fármacos Antiepilépticos) e os tipos de crises para as quais são indicados na profilaxia das epilepsias.
* **Fenobarbital**: Crises Parciais (CP), Crises Generalizadas Tônico-Clônicas (CGTC). * **Fenitoína**: CP, CGTC. * **Clobazam**: Crises de Ausência (CA), Crises Atônicas (CAt), Crises Mioclônicas (CM), CP, CGTC. * **Clonazepam**: CA, CAt, CM, CP, CGTC. * **Valproato de Sódio/Divalproato de Sódio**: CGTC, CA, Espasmos (E), CM, CP. * **Carbamazepina/Oxcarbazepina**: CP, CGTC. * **Topiramato**: CGTC, CA, E, CM, CP. * **Lamotrigina**: CGTC, CA, CM, CP. * **Etossuximida**: CA, CAt, CM. * **Levetiracetam**: CP, CM, Epilepsias Generalizadas Idiopáticas (EGI).