flashcards-Anamnese-cardiopulmonar
(30 cards)
Identificação na anamnese
Quais são os elementos essenciais para identificação do paciente na anamnese cardiopulmonar?
Dados essenciais para identificação (NIRCE PR):
- Nome completo
- Idade/Data de nascimento
- Religião (quando relevante)
- Cor/Etnia (autodeclarada)
- Estado civil
- Profissão/Ocupação atual
- Residência/Procedência
Sempre registre a fonte da informação (paciente ou acompanhante) e sua confiabilidade.
Queixa Principal
Como deve ser abordada e registrada a queixa principal do paciente?
Abordagem da Queixa Principal:
- Pergunte de forma aberta: “Qual o principal problema que traz o(a) senhor(a) aqui?”
- Registre a duração: “Há quanto tempo está sentindo isso?”
- Se houver múltiplas queixas, solicite priorização: “Dentre esses problemas, qual o que mais incomoda?”
Importante: Registre a queixa com as palavras exatas do paciente entre aspas.
Exemplo: “Dor no peito há 3 dias”, “Falta de ar quando subo escadas há 2 meses”.
Utilize o acrônimo QDP (Queixa, Duração, Problema principal) para lembrar.
Acrônimo ISCEI MAH
Explique o acrônimo ISCEI MAH para a investigação da História da Moléstia Atual.
ISCEI MAH - Componentes da História da Moléstia Atual:
- Início dos sintomas: Como começou? Foi de repente ou gradual?
- Sintomas associados: Além do sintoma principal, o que mais sentiu?
- Características: Se dor, usar SOCRATES (Sítio, Onset, Caráter, etc.)
- Evolução: Está melhorando, piorando ou igual?
- Impacto: Como afeta seu dia a dia? Consegue realizar suas atividades?
- Medicações: Tomou algo para aliviar? Funcionou?
- Antecedentes do mesmo problema: Já teve isso antes? Como foi tratado?
- História de comorbidades relacionadas: Tem alguma doença que possa estar relacionada?
A ordem do acrônimo facilita a progressão natural do questionamento durante a anamnese.
Acrônimo SOCRATES
O que significa cada letra do acrônimo SOCRATES para caracterização da dor?
SOCRATES - Caracterização Completa da Dor:
- Sítio: “Onde exatamente é a dor? Pode apontar com um dedo?”
- Onset (início): “Como começou? Foi de repente ou gradualmente?”
- Character (caráter): “Como é essa dor? Aperto, queimação, pontada, facada?”
- Radiation (irradiação): “A dor se espalha para algum lugar? Braço, pescoço, costas?”
- Associated symptoms: “Junto com a dor, sente mais alguma coisa? Falta de ar, suor frio?”
- Time (tempo): “Quanto tempo dura cada episódio? É constante ou vai e volta?”
- Exacerbating/relieving: “O que piora a dor? O que alivia? Repouso melhora?”
- Severity (intensidade): “De 0 a 10, sendo 10 a pior dor, qual número daria?”
Este acrônimo é especialmente útil na caracterização de dor torácica para diferenciar causas cardiovasculares e respiratórias.
Antecedentes na anamnese cardiopulmonar
Quais antecedentes pessoais são essenciais investigar na anamnese cardiopulmonar?
Antecedentes essenciais para anamnese cardiopulmonar:
-
Doenças crônicas:
- HAS, DM, dislipidemia (tempo, controle)
- Cardiopatias prévias (IAM, angina, arritmias)
- Pneumopatias (asma, DPOC, tuberculose)
-
Medicamentos em uso:
- Nome, dose, frequência, tempo de uso, adesão
-
Hábitos de vida:
- Tabagismo (calcular maços-ano = nº maços/dia × anos)
- Etilismo (tipo, quantidade, frequência)
- Atividade física, dieta, sono
-
Antecedentes familiares:
- Morte súbita, infartos precoces, cardiopatias
- Pneumopatias hereditárias, TB, câncer
-
História ocupacional:
- Exposição a agentes nocivos, uso de EPIs
O cálculo do tabagismo em maços-ano é essencial para avaliação de risco de DPOC e outras pneumopatias.
Perguntas específicas para sintomas cardiorrespiratórios
Quais são as perguntas específicas para os principais sintomas cardiorrespiratórios?
Perguntas específicas para sintomas cardiorrespiratórios:
Tosse:
- “É seca ou com catarro? Qual a cor do catarro? Tem sangue?”
- “Em que período do dia é pior? Há quanto tempo?”
Dispneia:
- “Aparece em repouso ou só com esforço? Consegue subir quantos lances de escada?”
- “Acorda à noite com falta de ar? Precisa dormir com quantos travesseiros?”
Dor torácica:
- “Piora quando respira fundo? Melhora sentado e inclinado para frente?”
- “Aparece quando faz esforço? Quanto tempo dura? Como alivia?”
Palpitações:
- “É rápido ou lento? Regular ou irregular? Quanto tempo dura?”
- “O que estava fazendo quando começou? Associado a outras sensações?”
Edema:
- “Em que parte das pernas? Piora ao fim do dia? Melhora ao elevar as pernas?”
- “É de um lado só ou dos dois lados?”
A dispneia paroxística noturna (DPN) e ortopneia são altamente sugestivas de insuficiência cardíaca.
Pressão Arterial
Quais são os passos corretos para a aferição da pressão arterial?
Técnica correta para aferição da PA:
- Paciente em repouso por 5 minutos, sentado, pés apoiados, braço na altura do coração
- Verificar se não ingeriu café, não fumou (30 min), não praticou exercícios (60 min)
- Manguito de tamanho adequado (câmara cobrindo ~80% do braço)
- Posicionar 2-3 cm acima da fossa cubital, centralizando sobre artéria braquial
- Palpar artéria braquial, inflar até sumir pulso + 20-30 mmHg
- Posicionar estetoscópio sobre artéria braquial, desinflar 2-3 mmHg/seg
- Registrar PAS (primeiro som - fase I Korotkoff)
- Registrar PAD (desaparecimento do som - fase V Korotkoff)
- Repetir no outro braço na primeira consulta
Normal: <120/<80 mmHg
Na suspeita de dissecção aórtica, é essencial aferir a PA nos quatro membros.
Frequência Cardíaca
Como avaliar corretamente a frequência cardíaca e quais são os valores de referência?
Técnica para avaliação da FC:
- Palpar artéria radial com dedos indicador e médio
- Contar batimentos por 60 segundos (ou 30s × 2)
- Avaliar ritmo (regular/irregular) e amplitude (normal/↑/↓)
Valores de referência:
- Normal: 60-100 bpm
- Taquicardia: >100 bpm
- Bradicardia: <60 bpm
Exemplo de registro: “FC 76 bpm, regular, amplitude normal”
Se perceber irregularidade no ritmo, conte por 60 segundos completos.
Frequência Respiratória
Como avaliar corretamente a frequência respiratória e quais são os valores de referência?
Técnica para avaliação da FR:
- Observar discretamente movimentos respiratórios do tórax/abdome (sem que o paciente perceba)
- Contar por 60 segundos (ou 30s × 2)
- Avaliar padrão respiratório (profundidade, simetria, uso de musculatura acessória)
Valores de referência:
- Normal (eupneia): 12-20 irpm
- Taquipneia: >20 irpm
- Bradipneia: <12 irpm
Exemplo de registro: “FR 16 irpm, padrão regular, sem uso de musculatura acessória”
FR > 30 irpm em pneumonia é sinal de gravidade e pode indicar necessidade de internação.
SpO₂ e TEC
Como avaliar a saturação de oxigênio e o tempo de enchimento capilar? Quais são os valores normais?
Saturação de Oxigênio (SpO₂):
1. Utilizar oxímetro de pulso no dedo (remover esmalte escuro)
2. Aguardar estabilização da leitura
Valores de referência SpO₂:
- Normal: ≥95%
- Hipoxemia leve: 91-94%
- Hipoxemia moderada: 86-90%
- Hipoxemia grave: ≤85%
Tempo de Enchimento Capilar (TEC):
1. Comprimir polpa digital por 5 segundos até ficar pálida
2. Soltar e contar tempo até retorno da coloração
Valores de referência TEC:
- Normal: <3 segundos
- Prolongado: >3 segundos (sugere má perfusão)
O TEC prolongado pode indicar choque, hipotermia ou doença vascular periférica.
Inspeção Pulmonar
Quais são as etapas e os principais achados da inspeção pulmonar?
Etapas da Inspeção Pulmonar:
-
Inspeção Estática:
- Paciente sentado, tórax exposto
- Formato do tórax: normal (1:2), barril (DPOC), escavado, carinado
- Verificar cicatrizes, assimetrias, abaulamentos
-
Inspeção Dinâmica:
- Frequência respiratória (12-20 irpm normal)
- Padrão respiratório (costal, abdominal, misto)
- Simetria dos movimentos respiratórios
- Uso de musculatura acessória (ECM, escalenos, intercostais)
- Tiragem intercostal, batimento de asa de nariz
- Relação inspiração/expiração (normal 1:2)
Registro normal: “Tórax normolíneo, simétrico, sem deformidades. Respiração mista, eupneica, sem uso de musculatura acessória.”
O tórax em barril (diâmetro AP semelhante ao transverso) é característico de DPOC.
Palpação Pulmonar
Quais são as técnicas de palpação pulmonar e o significado de seus achados?
Principais técnicas de palpação pulmonar:
-
Expansibilidade torácica:
- Posicionar-se atrás do paciente
- Mãos em “concha” sobre tórax, polegares próximos à coluna
- Pedir inspiração profunda, observar afastamento e simetria dos polegares
- Normal: expansão simétrica e adequada
- Alterações: diminuída unilateral (derrame, pneumotórax), global (DPOC)
-
Frêmito toracovocal:
- Base da mão sobre tórax, paciente repete “33” ou “trinta e três”
- Palpar pontos simétricos (ápices, bases, etc.)
- Aumentado: consolidação pulmonar (pneumonia)
- Diminuído/abolido: derrame pleural, pneumotórax, obstrução brônquica
O frêmito toracovocal é a percepção tátil da transmissão das vibrações vocais através do tórax.
Percussão Pulmonar
Como realizar a percussão pulmonar e quais são os principais sons percutórios?
Técnica de percussão pulmonar:
- Dedo médio da mão não dominante firmemente apoiado na parede torácica
- Golpear com dedo médio da mão dominante (movimento de punho, não cotovelo)
- Percutir em pontos simétricos, comparando sempre direito vs. esquerdo
- Áreas: posterior (6 pontos em “cruz de grego”), anterior (4 pontos)
Sons percutórios e significados:
- Som claro pulmonar: normal, ressonante como tambor
- Macicez: som abafado, indica consolidação ou derrame pleural
- Submacicez: intermediário, indica condensação parcial
- Hipersonoridade: mais ressonante que o normal, sugere enfisema ou pneumotórax
Registro normal: “Som claro pulmonar em todos os pontos percutidos bilateralmente.”
A percussão é particularmente útil para delimitar nível de derrame pleural.
Ausculta Pulmonar
Como realizar a ausculta pulmonar e quais são os principais achados auscultatórios?
Técnica de ausculta pulmonar:
- Usar diafragma do estetoscópio para maioria dos sons
- Pedir respiração profunda pela boca
- Auscultar pelo menos um ciclo respiratório completo em cada ponto
- Comparar áreas simétricas (mesmos pontos da percussão)
Sons respiratórios normais:
* Murmúrio vesicular: som suave, componente inspiratório > expiratório (3:1)
* Respiração broncovesicular: intensidade semelhante na inspiração e expiração
* Respiração brônquica: normalmente sobre a traqueia
Ruídos adventícios:
* Sibilos: sons agudos, musicais (asma, DPOC)
* Roncos: sons graves como ronco durante sono (bronquite)
* Estertores crepitantes: finos, como “estalar de cabelo” (pneumonia, edema)
* Atrito pleural: som áspero, como couro sendo friccionado (pleurite)
Manobras especiais: Broncofonia, Egofonia (consolidação ou derrame)
A ausência de sibilos em uma crise grave de asma (tórax silencioso) indica obstrução severa e é sinal de alarme!
Inspeção Cardiovascular
Como realizar a inspeção cardiovascular e quais são os principais pontos a serem observados?
Técnica de inspeção cardiovascular:
- Posicionar paciente em decúbito dorsal, cabeceira 30-45°
- Observar de forma sistemática:
Pontos a serem observados:
-
Inspeção do tórax anterior:
- Abaulamentos ou retrações precordiais
- Cicatrizes de cirurgias cardíacas
- Circulação colateral visível
-
Região cervical:
- Turgência jugular (normalmente <3-4 cm acima do ângulo esternal a 45°)
- Pulsos carotídeos visíveis
-
Ictus cordis:
- Normalmente visível como pulsação discreta no 5° EIC esquerdo na linha hemiclavicular
- Pulsações paraesternais (sugerem hipertrofia de VD)
Registro normal: “Tórax simétrico, sem abaulamentos ou cicatrizes. Ausência de estase jugular. Ictus cordis visível no 5° EIC esquerdo.”
Turgência jugular a 45° é sugestiva de insuficiência cardíaca direita.
Palpação Cardiovascular
Como realizar a palpação do ictus cordis e avaliar frêmitos? O que indicam alterações nestes parâmetros?
Palpação do ictus cordis:
- Paciente em decúbito dorsal (30-45°) ou lateral esquerdo
- Palpar com a mão espalmada no 5° EIC esquerdo, linha hemiclavicular
- Avaliar:
- Localização: normal no 5° EIC esquerdo, linha hemiclavicular
- Extensão: normalmente ocupa 1-2 polpas digitais (≤2 cm)
- Intensidade: normalmente pulsação breve e suave
- Duração: normalmente breve e não sustentada
Alterações do ictus:
* Deslocado lateralmente: cardiomegalia, hipertrofia VE
* Extensão aumentada: insuficiência cardíaca, aneurisma VE
* Sustentado: hipertrofia VE, estenose aórtica
Avaliação de frêmitos:
1. Palpar com a palma da mão e depois polpas digitais nos focos:
* Aórtico (2° EIC D), Pulmonar (2° EIC E)
* Tricúspide (4-5° EIC E junto ao esterno), Mitral (5° EIC E, linha MCL)
2. Frêmitos indicam sopros intensos (grau ≥4/6)
* Frêmito sistólico em foco aórtico: estenose aórtica
* Frêmito sistólico em foco mitral: insuficiência mitral
O ictus cordis deslocado lateralmente é um dos achados mais confiáveis de cardiomegalia no exame físico.
Ausculta Cardíaca
Como realizar a ausculta cardíaca e quais são os principais achados auscultatórios?
Técnica de ausculta cardíaca:
- Ambiente silencioso, posicionamento adequado do paciente
- Utilizar diafragma (sons agudos) e campânula (sons graves)
- Auscultar sequencialmente nos focos:
- Aórtico: 2° EIC direito, junto ao esterno
- Pulmonar: 2° EIC esquerdo, junto ao esterno
- Tricúspide: 4-5° EIC esquerdo, junto ao esterno
- Mitral: 5° EIC esquerdo, linha hemiclavicular
Bulhas cardíacas:
* B1: Fechamento mitral e tricúspide, início da sístole
* B2: Fechamento aórtico e pulmonar, início da diástole
* B3: Início da diástole (após B2), sugere IC em adultos
* B4: Final da diástole (antes B1), sugere hipertrofia VE
Sopros cardíacos (caracterização):
* Timing: sistólico, diastólico, contínuo
* Duração: proto/meso/tele/holossistólico ou diastólico
* Intensidade: graduada de I a VI/VI
* Localização: foco onde é melhor audível
* Irradiação: axila (mitral), carótidas (aórtico)
Registro normal: “Bulhas rítmicas, normofonéticas, em dois tempos, sem sopros. B2 com desdobramento fisiológico.”
A presença de B3 em adultos é um sinal altamente específico de insuficiência cardíaca.
Avaliação dos Membros Inferiores
Como avaliar edema e sinais de TVP nos membros inferiores? O que é o sinal de Godet/cacifo?
Avaliação de edema:
1. Pressionar com o polegar na região maleolar, pré-tibial ou dorso do pé por 5 segundos
2. Observar formação de depressão (cacifo/Godet) após remover o dedo
3. Classificar em cruzes:
* +/4+: Leve (2mm)
* ++/4+: Moderado (4mm)
* +++/4+: Intenso (6mm)
* ++++/4+: Muito intenso (8mm ou mais)
4. Avaliar distribuição (unilateral/bilateral) e extensão
Sinais de TVP:
* Sinal de Homans: dor na panturrilha à dorsiflexão passiva do pé
* Sinal da Bandeira: dor à compressão lateral da panturrilha
* Sinal de Bancroft: dor ao comprimir panturrilha contra tíbia
* Aumento de volume, calor, rubor ou dor espontânea na panturrilha
Palpação de pulsos periféricos:
* Femorais, poplíteos, tibiais posteriores e pediosos
* Graduação: 0 (ausente) a 4+ (muito aumentado)
Registro normal: “Membros inferiores simétricos, sem edema ou varizes. Pulsos periféricos palpáveis e simétricos (2+/4+). TEC <3s. Sinais de TVP negativos.”
Edema bilateral simétrico sugere IC, enquanto edema unilateral sugere TVP.
Infarto vs. Angina
Como diferenciar Infarto Agudo do Miocárdio de Angina Estável?
Infarto Agudo do Miocárdio:
* Dor retroesternal em aperto/pressão
* Duração >20 minutos
* Não alivia com repouso
* Sudorese, náuseas, palidez, sensação de morte iminente
* Exame físico: possível B4 quase constante
* Possível sopro sistólico (disfunção do músculo papilar)
* Possível hipotensão se choque cardiogênico
Angina Estável:
* Dor retroesternal em aperto/queimação
* Desencadeada por esforço físico
* Duração de 3-5 minutos
* Alívio rápido com repouso (dentro de 10 min)
* Padrão estável e previsível
* Exame físico geralmente normal entre crises
* Durante crise: possível taquicardia, elevação da PA
IAM e angina instável são parte da síndrome coronariana aguda, enquanto a angina estável é condição crônica.
Pericardite vs. Dor Isquêmica
Quais são as características que diferenciam pericardite de dor isquêmica (angina/IAM)?
Pericardite:
* Dor precordial/retroesternal
* Piora em decúbito dorsal
* Melhora sentado e inclinado para frente
* Pode irradiar para trapézio esquerdo
* Frequentemente história recente de infecção viral
* Atrito pericárdico na ausculta
* Pode ter febre associada
Dor Isquêmica (Angina/IAM):
* Dor retroesternal em aperto/pressão
* Sem relação com posição ou respiração
* Relação com esforço físico (principalmente angina)
* Irradiação típica para MSE, mandíbula
* Fatores de risco cardiovascular (HAS, DM, dislipidemia)
* Ausência de atrito pericárdico
* IAM: B4 quase constante, possível sopro mitral
O atrito pericárdico pode ser muito fugaz, por isso deve ser auscultado em diferentes posições e momentos do exame.
Dissecção Aórtica
Quais são as características essenciais da dissecção aórtica e a manobra diagnóstica imprescindível?
Dissecção Aórtica - Características Essenciais:
Clínicas:
* Dor torácica súbita, lancinante (“rasgando” ou “facada”)
* Intensidade máxima desde o início
* Irradiação para dorso/abdome
* Dor migratória (segue o trajeto da dissecção)
* Fatores de risco: HAS, Síndrome de Marfan, gravidez, trauma
Exame Físico:
* Assimetria de pulsos entre MMSS ou MMII
* Diferença de PA >20 mmHg entre os braços
* Possível sopro diastólico (se afetar válvula aórtica)
* Déficit neurológico focal (se afetar vasos cerebrais)
Manobra Diagnóstica Imprescindível:
* Aferição da PA nos 4 membros
* Palpação cuidadosa de todos os pulsos periféricos
A dissecção aórtica é uma emergência médica com alta mortalidade se não diagnosticada e tratada rapidamente.
Insuficiência Cardíaca
Quais são os achados típicos da Insuficiência Cardíaca na anamnese e exame físico?
Insuficiência Cardíaca - Achados Típicos:
Anamnese:
* Dispneia aos esforços progressiva
* Ortopneia (dificuldade para respirar deitado)
* Dispneia paroxística noturna (acorda com falta de ar)
* Fadiga, fraqueza
* Edema de membros inferiores (piora ao fim do dia)
* História de IAM prévio, HAS, valvopatias
Exame Físico:
* B3 (galope ventricular) - melhor audível em decúbito lateral esquerdo
* Ictus cordis deslocado lateralmente
* Turgência jugular (ICC direita)
* Refluxo hepatojugular (ICC direita)
* Estertores crepitantes bibasais (ICC esquerda)
* Edema de MMII com sinal de Godet positivo (ICC direita)
* Hepatomegalia (ICC direita)
A presença de B3 e refluxo hepatojugular são achados com alta especificidade para IC.
Pneumonia vs. Tuberculose
Como diferenciar pneumonia de tuberculose?
Pneumonia:
Anamnese:
* Febre alta, geralmente súbita
* Tosse produtiva, frequentemente purulenta
* Dor torácica pleurítica (piora à inspiração)
* Início agudo (dias)
* Calafrios, sudorese
Exame Físico:
* Frêmito toracovocal aumentado na área afetada
* Macicez à percussão na área afetada
* Estertores crepitantes localizados
* Maior frequência em bases pulmonares
* Sopro tubário (em casos de consolidação)
Tuberculose:
Anamnese:
* Tosse persistente (>3 semanas)
* Febre baixa vespertina
* Sudorese noturna
* Perda de peso
* Hemoptise ocasional
* Evolução insidiosa (semanas a meses)
Exame Físico:
* Macicez à percussão nos ápices pulmonares
* Estertores finos nos ápices
* Emagrecimento
* Pode haver linfonodos cervicais palpáveis
A pneumonia geralmente acomete bases pulmonares, enquanto a TB tem predileção pelos ápices.
Derrame Pleural vs. Pneumotórax
Como diferenciar derrame pleural de pneumotórax?
Derrame Pleural:
Anamnese:
* Dispneia progressiva (instalação gradual)
* Dor torácica pleurítica
* Tosse seca frequente
* Sintomas da doença de base (pneumonia, ICC, neoplasia)
Exame Físico:
* Macicez à percussão na área afetada
* Frêmito toracovocal abolido na área do derrame
* Murmúrio vesicular abolido na área afetada
* Egofonia no limite superior do derrame
* Mobilidade do nível com mudanças de posição
Pneumotórax:
Anamnese:
* Dor torácica súbita, intensa
* Dispneia súbita
* Dor pleurítica, piora à inspiração
* Fatores de risco: tabagismo, DPOC, trauma
Exame Físico:
* Hipersonoridade à percussão no lado afetado
* Frêmito toracovocal abolido no lado afetado
* Murmúrio vesicular abolido no lado afetado
* Desvio da traqueia para lado oposto (se hipertensivo)
* Ausência de mobilidade do limite com mudanças de posição
A principal diferença na percussão é macicez no derrame versus hipersonoridade no pneumotórax.