flashcards-cardiopulmonar
(55 cards)
Identificação na anamnese
Dados essenciais para identificação (NIRCE PR):
- Nome completo
- Idade/Data de nascimento
- Religião (quando relevante)
- Cor/Etnia (autodeclarada)
- Estado civil
- Profissão/Ocupação atual
- Residência/Procedência
Sempre registre a fonte da informação (paciente ou acompanhante) e sua confiabilidade.
Queixa Principal
Abordagem da Queixa Principal:
- Pergunte de forma aberta: “Qual o principal problema que traz o(a) senhor(a) aqui?”
- Registre a duração: “Há quanto tempo está sentindo isso?”
- Se houver múltiplas queixas, solicite priorização: “Dentre esses problemas, qual o que mais incomoda?”
Importante: Registre a queixa com as palavras exatas do paciente entre aspas.
Exemplo: “Dor no peito há 3 dias”, “Falta de ar quando subo escadas há 2 meses”.
Utilize o acrônimo QDP (Queixa, Duração, Problema principal) para lembrar.
Acrônimo ISCEI MAH
ISCEI MAH - Componentes da História da Moléstia Atual:
- Início dos sintomas: Como começou? Foi de repente ou gradual?
- Sintomas associados: Além do sintoma principal, o que mais sentiu?
- Características: Se dor, usar SOCRATES (Sítio, Onset, Caráter, etc.)
- Evolução: Está melhorando, piorando ou igual?
- Impacto: Como afeta seu dia a dia? Consegue realizar suas atividades?
- Medicações: Tomou algo para aliviar? Funcionou?
- Antecedentes do mesmo problema: Já teve isso antes? Como foi tratado?
- História de comorbidades relacionadas: Tem alguma doença que possa estar relacionada?
A ordem do acrônimo facilita a progressão natural do questionamento durante a anamnese.
Acrônimo SOCRATES
SOCRATES - Caracterização Completa da Dor:
- Sítio: “Onde exatamente é a dor? Pode apontar com um dedo?”
- Onset (início): “Como começou? Foi de repente ou gradualmente?”
- Character (caráter): “Como é essa dor? Aperto, queimação, pontada, facada?”
- Radiation (irradiação): “A dor se espalha para algum lugar? Braço, pescoço, costas?”
- Associated symptoms: “Junto com a dor, sente mais alguma coisa? Falta de ar, suor frio?”
- Time (tempo): “Quanto tempo dura cada episódio? É constante ou vai e volta?”
- Exacerbating/relieving: “O que piora a dor? O que alivia? Repouso melhora?”
- Severity (intensidade): “De 0 a 10, sendo 10 a pior dor, qual número daria?”
Este acrônimo é especialmente útil na caracterização de dor torácica para diferenciar causas cardiovasculares e respiratórias.
Antecedentes na anamnese cardiopulmonar
Antecedentes essenciais para anamnese cardiopulmonar:
-
Doenças crônicas:
- HAS, DM, dislipidemia (tempo, controle)
- Cardiopatias prévias (IAM, angina, arritmias)
- Pneumopatias (asma, DPOC, tuberculose)
-
Medicamentos em uso:
- Nome, dose, frequência, tempo de uso, adesão
-
Hábitos de vida:
- Tabagismo (calcular maços-ano = nº maços/dia × anos)
- Etilismo (tipo, quantidade, frequência)
- Atividade física, dieta, sono
-
Antecedentes familiares:
- Morte súbita, infartos precoces, cardiopatias
- Pneumopatias hereditárias, TB, câncer
-
História ocupacional:
- Exposição a agentes nocivos, uso de EPIs
O cálculo do tabagismo em maços-ano é essencial para avaliação de risco de DPOC e outras pneumopatias.
Perguntas específicas para sintomas cardiorrespiratórios
Perguntas específicas para sintomas cardiorrespiratórios:
Tosse:
- “É seca ou com catarro? Qual a cor do catarro? Tem sangue?”
- “Em que período do dia é pior? Há quanto tempo?”
Dispneia:
- “Aparece em repouso ou só com esforço? Consegue subir quantos lances de escada?”
- “Acorda à noite com falta de ar? Precisa dormir com quantos travesseiros?”
Dor torácica:
- “Piora quando respira fundo? Melhora sentado e inclinado para frente?”
- “Aparece quando faz esforço? Quanto tempo dura? Como alivia?”
Palpitações:
- “É rápido ou lento? Regular ou irregular? Quanto tempo dura?”
- “O que estava fazendo quando começou? Associado a outras sensações?”
Edema:
- “Em que parte das pernas? Piora ao fim do dia? Melhora ao elevar as pernas?”
- “É de um lado só ou dos dois lados?”
A dispneia paroxística noturna (DPN) e ortopneia são altamente sugestivas de insuficiência cardíaca.
Pressão Arterial
Técnica correta para aferição da PA:
- Paciente em repouso por 5 minutos, sentado, pés apoiados, braço na altura do coração
- Verificar se não ingeriu café, não fumou (30 min), não praticou exercícios (60 min)
- Manguito de tamanho adequado (câmara cobrindo ~80% do braço)
- Posicionar 2-3 cm acima da fossa cubital, centralizando sobre artéria braquial
- Palpar artéria braquial, inflar até sumir pulso + 20-30 mmHg
- Posicionar estetoscópio sobre artéria braquial, desinflar 2-3 mmHg/seg
- Registrar PAS (primeiro som - fase I Korotkoff)
- Registrar PAD (desaparecimento do som - fase V Korotkoff)
- Repetir no outro braço na primeira consulta
Normal: <120/<80 mmHg
Na suspeita de dissecção aórtica, é essencial aferir a PA nos quatro membros.
Frequência Cardíaca
Técnica para avaliação da FC:
- Palpar artéria radial com dedos indicador e médio
- Contar batimentos por 60 segundos (ou 30s × 2)
- Avaliar ritmo (regular/irregular) e amplitude (normal/↑/↓)
Valores de referência:
- Normal: 60-100 bpm
- Taquicardia: >100 bpm
- Bradicardia: <60 bpm
Exemplo de registro: “FC 76 bpm, regular, amplitude normal”
Se perceber irregularidade no ritmo, conte por 60 segundos completos.
Frequência Respiratória
Técnica para avaliação da FR:
- Observar discretamente movimentos respiratórios do tórax/abdome (sem que o paciente perceba)
- Contar por 60 segundos (ou 30s × 2)
- Avaliar padrão respiratório (profundidade, simetria, uso de musculatura acessória)
Valores de referência:
- Normal (eupneia): 12-20 irpm
- Taquipneia: >20 irpm
- Bradipneia: <12 irpm
Exemplo de registro: “FR 16 irpm, padrão regular, sem uso de musculatura acessória”
FR > 30 irpm em pneumonia é sinal de gravidade e pode indicar necessidade de internação.
SpO₂ e TEC
Saturação de Oxigênio (SpO₂):
1. Utilizar oxímetro de pulso no dedo (remover esmalte escuro)
2. Aguardar estabilização da leitura
Valores de referência SpO₂:
- Normal: ≥95%
- Hipoxemia leve: 91-94%
- Hipoxemia moderada: 86-90%
- Hipoxemia grave: ≤85%
Tempo de Enchimento Capilar (TEC):
1. Comprimir polpa digital por 5 segundos até ficar pálida
2. Soltar e contar tempo até retorno da coloração
Valores de referência TEC:
- Normal: <3 segundos
- Prolongado: >3 segundos (sugere má perfusão)
O TEC prolongado pode indicar choque, hipotermia ou doença vascular periférica.
Inspeção Pulmonar
Etapas da Inspeção Pulmonar:
-
Inspeção Estática:
- Paciente sentado, tórax exposto
- Formato do tórax: normal (1:2), barril (DPOC), escavado, carinado
- Verificar cicatrizes, assimetrias, abaulamentos
-
Inspeção Dinâmica:
- Frequência respiratória (12-20 irpm normal)
- Padrão respiratório (costal, abdominal, misto)
- Simetria dos movimentos respiratórios
- Uso de musculatura acessória (ECM, escalenos, intercostais)
- Tiragem intercostal, batimento de asa de nariz
- Relação inspiração/expiração (normal 1:2)
Registro normal: “Tórax normolíneo, simétrico, sem deformidades. Respiração mista, eupneica, sem uso de musculatura acessória.”
O tórax em barril (diâmetro AP semelhante ao transverso) é característico de DPOC.
Palpação Pulmonar
Principais técnicas de palpação pulmonar:
-
Expansibilidade torácica:
- Posicionar-se atrás do paciente
- Mãos em “concha” sobre tórax, polegares próximos à coluna
- Pedir inspiração profunda, observar afastamento e simetria dos polegares
- Normal: expansão simétrica e adequada
- Alterações: diminuída unilateral (derrame, pneumotórax), global (DPOC)
-
Frêmito toracovocal:
- Base da mão sobre tórax, paciente repete “33” ou “trinta e três”
- Palpar pontos simétricos (ápices, bases, etc.)
- Aumentado: consolidação pulmonar (pneumonia)
- Diminuído/abolido: derrame pleural, pneumotórax, obstrução brônquica
O frêmito toracovocal é a percepção tátil da transmissão das vibrações vocais através do tórax.
Percussão Pulmonar
Técnica de percussão pulmonar:
- Dedo médio da mão não dominante firmemente apoiado na parede torácica
- Golpear com dedo médio da mão dominante (movimento de punho, não cotovelo)
- Percutir em pontos simétricos, comparando sempre direito vs. esquerdo
- Áreas: posterior (6 pontos em “cruz de grego”), anterior (4 pontos)
Sons percutórios e significados:
- Som claro pulmonar: normal, ressonante como tambor
- Macicez: som abafado, indica consolidação ou derrame pleural
- Submacicez: intermediário, indica condensação parcial
- Hipersonoridade: mais ressonante que o normal, sugere enfisema ou pneumotórax
Registro normal: “Som claro pulmonar em todos os pontos percutidos bilateralmente.”
A percussão é particularmente útil para delimitar nível de derrame pleural.
Ausculta Pulmonar
Onde normalmente se localiza a ânquica?
Normalmente sobre a traqueia.
Quais são os tipos de ruídos adventícios?
- Sibilos: sons agudos, musicais (asma, DPOC)
- Roncos: sons graves como ronco durante sono (bronquite)
- Estertores crepitantes: finos, como ‘estalar de cabelo’ (pneumonia, edema)
- Atrito pleural: som áspero, como couro sendo friccionado (pleurite).
O que indica a ausência de sibilos em uma crise grave de asma?
Indica obstrução severa e é sinal de alarme!
Como realizar a inspeção cardiovascular?
- Posicionar paciente em decúbito dorsal, cabeceira 30-45°
- Observar de forma sistemática.
Quais são os principais pontos a serem observados na inspeção cardiovascular?
- Inspeção do tórax anterior: abaulamentos ou retrações precordiais, cicatrizes de cirurgias cardíacas, circulação colateral visível.
- Região cervical: turgência jugular (normalmente <3-4 cm acima do ângulo esternal a 45°), pulsos carotídeos visíveis.
- Ictus cordis: normalmente visível como pulsação discreta no 5° EIC esquerdo na linha hemiclavicular.
Qual é o registro normal na inspeção cardiovascular?
“Tórax simétrico, sem abaulamentos ou cicatrizes. Ausência de estase jugular. Ictus cordis visível no 5° EIC esquerdo.”
O que sugere a turgência jugular a 45°?
Sugestiva de insuficiência cardíaca direita.
Como realizar a palpação do ictus cordis?
- Paciente em decúbito dorsal (30-45°) ou lateral esquerdo
- Palpar com a mão espalmada no 5° EIC esquerdo, linha hemiclavicular.
Quais são os parâmetros a serem avaliados na palpação do ictus cordis?
- Localização: normal no 5° EIC esquerdo, linha hemiclavicular.
- Extensão: normalmente ocupa 1-2 polpas digitais (≤2 cm).
- Intensidade: normalmente pulsação breve e suave.
- Duração: normalmente breve e não sustentada.
O que indica um ictus cordis deslocado lateralmente?
Cardiomegalia, hipertrofia VE.