Hemorragia digestiva Flashcards
(31 cards)
Hemorragia digestiva aguda
Perdas hemáticas visíveis, sob a forma da hematemesess, melenas ou hematoquézias
Hemorragia digestiva crónica
Anemia ferropénica por perdas que não são visíveis
Hemorragia digestiva obscura
Endoscopia digestiva alta + colonoscopia + estudo delgado
HDA - hemorragia digestiva alta
Origem acima do ângulo de Treitz - hematemeses, melena, hematoquézia
HDB - digestiva média/baixa
Média com origem no delgado, baixo com origem no cólon ou reto - hematoquéias ou perdas de menor volume melenas
Tipo de perda sanguínea
Perdas abaixo de 0,5L (500cc) – habitualmente não cursam com repercussão
hemodinâmica
Perdas por volta de 1L – hipotensão, taquicardia e hipotensão ortostática
Perdas acima dos 2L – associadas a choque
Localização
- meios auxiliares
Rádio ureia/creatinina: elevado, presença de sangue no intestino delgado
Sonda nasogástrica: se existirem dúvidas qt à localização, pode ser útil perceber o conteúdo que temos no estágio
Retorno de sangue vivo: sinal de hemorragia ativa
Retorno em borra de café: sinal de existência de sangue no estômago, sem
hemorragia ativa
Ausência de sangue: sinal de que, naquele momento, não existe sangue no
estômago, podendo, no entanto, existir sangue pós-pilórico
Retorno biliar: sinal de que, até D2, não está a haver hemorragia
Toque retal: importante para diferenciar o tipo de perda hemática e confirmar as descrições das fezes dos doentes:
Reposição do volume intravascular
1 acesso endovenoso de bom calibre - 2 veias periféricas ou colocação de CVC para reposição de volémia adequada e atempada
- cristaloides - cloreto de sódio ou lactato de ringer
Análises Laboratoriais
É imprescindível pedir:
Hemograma com plaquetas
Ureia e Creatinina
Tempo de Protrombina e aPTT
Albumina – útil em doentes com suspeita de disfunção hepática ou cirrose hepática
Tipagem do doente – para eventual transfusão
.
Quando transfundir?
Hemorragia digestiva ativa
Hemorragia digestiva não ativa, mas com repercussão hemodinâmica (hipotensão ou
taquicardia – sobretudo taquicardia, uma vez que não responde à reposição de
volémia com cristaloides)
Hb < 7-8g/dL
O que podemos transfundir?
Concentrado eritrocitário (CE)
Plasma Fresco Congelado – 1 Unidade de Plasma por 4-6 unidades de CE
Plaquetas – apenas em contexto de hemorragia digestiva ativa em doentes com
trombocitopenia
Objetivos da transfusão
alvo ronda os 8-10g/dL
HTP - 7a 8 g/dL de Hb
TTO inicial empírico
TODOS os doentes com HDA deve -se dar:
- IBP: bolus 80mg + percussão de 8mg/h - elevação do pH gástrico vai estabilizar o coágulo, facilitando o processo de agregação planetária e influenciando o prog
+
Hipertensão portal:
Vasoconstritores esplénicos: terlipressina ou octreotido
Endoscopia nas 1as 12 a 24h após o evento
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Causas de HDA Aguda As mais frequentes são: Úlcera Péptica Gastroduodenopatia Erosiva Rotura de Varizes Esofágicas Síndrome de Mallory-Weiss
Como causas menos frequentes temos:
Esofagite: patologia comum, mas não se apresenta frequentemente com hemorragia
digestiva de perdas visíveis – pode acontecer nas esofagites graves
Lesões de Cameron: ulceração e erosões ao nível do saco herniário da hérnia de deslizamento – mecanismos que diferem dos da úlcera péptica – neste caso a hemorragia dá-se mais devido a traumatismos, pressão e/ou isquémia do local
Lesão de Dieulafoy: corresponde à erosão de um vaso pela mucosa, não associado a úlcera, condicionando hemorragias com débito significativo. Quando não está em hemorragia ativa, nem sempre é fácil de identificar endoscopicamente
Telangiectasias: também não são de fácil identificação fora de um quadro de hemorragia ativa, uma vez que por vezes são diminutas e nem sempre a preparação endoscópica é perfeita
Ectasia Vascular Antral / GAVE: corresponde a um grande conglomerado de angiectasias, regra geral a nível do antro
Rotura de varizes gástricas
Gastroduodenopatia Hipertensiva por HTP
Neoplasias
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TTO endoscopio
Injeção de adrenalina - hemoptise temporária
Injeção de esclerosante - polidocanol
Químicos: colas de fibrina, cianoacrilato – injetado nas paredes gástricas estilo “supercola 3”, hemospray – composto que adere à mucosa ulcerada fazendo de tampão, com duração de alguns dias (48-72h)
Elétricos: de contacto ou não – bicap ou árgon
Mecânicos: clips ou laqueação elástica
- Injetáveis: adrenalina ou esclerosantes
- Técnicas térmicas: de contacto, atuando diretamente sob a lesão vascular com uma sonda
- Mecânicas: colocação de clips
Úlceras pépticas - classificação de Forrest
Forrest 1
1A - hemorragia ativa em jato
1B- hemorragia ativa em toalha
Forrest 2
2A -estigmas de hemorragia recente com vaso visível
2B - coágulo aderente
2C - ponteado de hemossiderina - fundo ferruginoso
3 - úlcera de base limpa com fundo fibroso
Úlceras pépticas - classificação de Forrest - tto
1, 2A,2B - endoscópico
2C - não há indicação para endoscópico
3 - não precisa de tto endoscópico
Lesão de Dieulafoy
Erosão de um vaso em mucosa normal, sem úlcera associada, com hemorragia em jato.
O seu tratamento passa muitas vezes pela colocação de clips.
Prognóstico
Escala de Blatchford
Pressão arterial Ureia Hemoglobina Repercussão hemodinâmica – frequência cardíaca Apresentação por melenas Presença de síncope Patologias associadas
Prognóstico
Escala de Rockall
Variáveis clínicas semelhantes às da escala prévia, mas engloba também um score endoscópico, semelhante à classificação de Forrest.
O score completo pressupõe a realização de endoscopia.
Nesta escala, uma pontuação baixa (<2) está associada a uma taxa de mortalidade muito baixa, sendo que nesses doentes a alta precoce é fortemente ponderada.
Algoritmo de Atuação na HDA Aguda
- Ressuscitar o doente: ABC + terapêutica de suporte +
reposição de volume - Iniciar terapêutica empírica – sem receio!
- Lavagem gástrica se for útil, para localizar a hemorragia e perceber se esta está ativa
- Endoscopia digestiva alta – realizada quer em doentes com hemorragia persistente quer com hemorragia parada, diferindo apenas no timing em que é feita
- Terapêutica específica – conforme os achados encontrado na endoscopia
- Angiografia / Cirurgia – perante ausência de resposta à terapêutica endoscópica,
sendo que muitas das vezes se tenta antes um 2o procedimento endoscópico
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CRITÉRIOS DE AUSÊNCIA DE RESPOSTA
Novas hematémeses 2h após endoscopia
Descida de Hb após endoscopia
Rendimento transfusional baixo, constatado pelo score ABRI
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Etiologia para hemorragia digestiva média e baixa
Divertículos do cólon (menos frequentes no delgado)
Angiectasias do cólon (menos frequentes no delgado)
Neoplasias do cólon
Doença Inflamatória Intestinal
Enterocolite isquémica, rádica ou infeciosa
Doença hemorroidária – pode cursar com hemorragias muito significativas
Causas raras: Lesão de Dieulafoy – pode ocorrer em vários pontos do tudo digestivo, nomeadamente no cólon e no delgado Úlceras Isoladas do Cólon/Reto Varizes colorretais
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