Mise-en-Scène Flashcards
(5 cards)
O que é a mise-en-scène?
Trata-se dos conteúdos do quadro fílmico e a forma como estão organizados;
Inclui a relação entre os atores e entre os atores e a câmara; inclui ainda o ponto de vista da audiência;
Abarca o que é dado a ver ao público, a forma como esses elementos lhe são apresentados;
Refere-se aos principais elementos de comunicação do cinema e às relações que se estabelecem entre eles.
Que elementos da linguagem cinematográfica a compõem?
Cenário, guarda-roupa, performance, iluminação, performance, enquadramento, cor, movimento de câmara
Que funções pode desempenhar a mise-en-scène?
Confere realismo;
Ajuda a definir o estilo, estética e retórica visual de um filme;
É o que está à frente da câmara e que não seria dado a ver sem o trabalho de câmara, nem, muitas vezes, sem orientação sonora;
Tem um carácter possivelmente transformativo;
Começa fora do texto (na encenação e/ou decisão do realizador. Só se forma totalmente de novo fora do texto (na perceção do espectador).
Como se relacionam elementos da mise-en-scène com o espaço e o tempo no cinema? Dê exemplos de filmes discutidos em aula.
Espaço: O cinema não é composto por planos bidimensionais, são os seus elementos que o
transformam numa arte tridimensional;
O cinema é composto por “quadros”, e que questões como o equilíbrio da composição, o uso de contraste ou da cor podem ser analisadas em filmes como se fossem telas;
É possível analisar o espaço cénico, olhando para questões como a profundidade, movimento e tamanho.
Tempo: Elementos da mise-en-scène condicionam o ritmo do filme e o tempo da narrativa: guiam o nosso olhar no espaço, ou fazem passar o tempo através dessa chamada de atençã - através do trabalho dos atores (por exemplo, o tempo de uma reação) ou através de jogos entre diferentes planos, que dão a ver ou escondem informações vitais para o espetador;
A velocidade e a direção do movimento são muitas vezes vincados pela manipulação de elementos específicos da mise-en-scène.
- Tokyo Story (Yasujiro Ozu, 1953)
Justificação:
A mise-en-scène de Ozu é conhecida pela sua rigidez formal e profunda economia visual, o que tem efeitos diretos na construção do espaço e na percepção do tempo. Ozu filma quase sempre com a câmera fixa a uma altura baixa (nível do tatame), criando uma visão horizontal e serena dos interiores japoneses. Essa escolha formal transforma o espaço doméstico num lugar de contemplação, onde as relações humanas se desenrolam de forma subtil. Além disso, Ozu evita movimentos de câmara e transições narrativas convencionais, preferindo planos de transição estáticos, como imagens de paisagens ou edifícios, que não avançam a ação, mas dilatam o tempo narrativo, criando uma sensação de tempo real e vivido. A mise-en-scène dá importância aos espaços vazios e aos silêncios, refletindo a ausência, a distância emocional e o envelhecimento — temas centrais do filme.
- A Mulher sem Cabeça (Lucrecia Martel, 2008)
Justificação:
Martel usa a mise-en-scène para representar o estado psicológico fragmentado da protagonista após um acidente traumático. O filme trabalha com planos fechados, foco deslocado e um uso sonoro complexo para desfocar o mundo real e transmitir uma sensação de alienação. A personagem parece sempre descentrada em relação ao espaço que a rodeia: corredores, carros e casas são filmados de forma a parecer desorientadores, desfazendo a lógica do espaço.
O tempo, aqui, é subjetivo e psicológico. Não há pressa narrativa; os acontecimentos fluem de forma difusa, e a mise-en-scène transmite essa vivência alterada do tempo — o tempo da culpa, da confusão e do medo. A câmera permanece próxima do corpo da protagonista, mas distante do seu rosto e das suas emoções, criando um espaço opaco, em que o tempo parece estagnado.
Porque pode ser útil definir a mise-en-scène como “estilo visual”?
A mise-em-scéne é útil ser considerada um estilo visual pois contém tudo o que vemos visualmente num filme, deixa mos de lado o foco no trabalho do realizador.
A MS dá-nos evidência para suportar leituras fílmicas e demonstra a habilidade do cinema em expressar ideias e sentimentos visualmente.