Trauma Pediátrico Não Acidental Flashcards
(19 cards)
papel do radiologista
- estar ciente da possibilidade de abuso infantil
- reconhecer os (sutis) sinais de abuso nas radiografias
- reconhecer as discrepâncias entre a história e a natureza das lesões
- estimar a idade das fraturas, podem estar em diferentes estágios - importância jurídica
- saber os protocolos de imagem em casos de suspeita de abuso
- fazer um relatório adequado dos achados
- pedir TC - crianças menores de 2 anos com história de queda batendo a cabeça. Melhor exame para analisar sangramentos intracranianos.
lesões do SNC
uma das principais causas de morbidade e mortalidade em bebês e crianças relacionadas aos maus tratos. Alguns estudos afirmam que até 80% das mortes de crianças menores de 2 anos resultam de traumatismo craniano não acidental.
causas anatomopatológicas das lesões do SNC
- os músculos do pescoço de um bebê são fracos, pescoço flácido facilita o movimento da cabeça
- a cabeça é grande e pesada em relação ao restante do corpo
- cérebro infantil é pouco mielinizado e cercado por espaços subaracnóideo maiores do que o cérebro de crianças mais velhas e adultos. Calota craniana maior que o encéfalo, precisa de espaço para crescer, o mais comum em maus tratos é o hematoma subdural.
hematoma epidural
geralmente não relacionados aos maus - tratos, principalmente em casos de “abuso crônico”. originados por sangramento arterial (em geral, artéria meníngea média).
hematoma subdural
ocorre no espaço subdural, como é abaixo da dura máter pode escorrer para o encéfalo. Ocorre por ruptura de veia, fica “pingando” na cabeça do paciente.
- a ressonância é uma boa opção para avaliar estágios do sangramento, quando mais escuro está em estágio mais avançado
lesões da medula espinhal
pode ser difícil de documentar.
- crianças podem apresentar apneia ou colapso vasomotor (choque espinhal)
- hematomas subdurais podem ser encontrados ao longo da coluna (preferência pela coluna lombar)
- protocolos de RM para abuso infantil devem, então, incluir imagens da coluna vertebral
lesões esqueléticas
especificidade das fraturas por abuso infantil.
- alta, moderada e baixa especificidade
lesões esqueléticas de alta especificidade
- lesão metafisária clássica
- fraturas de costelas, especialmente posterior
- fraturas de escápula
- fraturas de processos espinhosos
- fraturas de esterno
características lesão metafisária clássica
- fratura de “canto” metafisário, pois as epífises vão crescendo em tamanho e depois vai alargando
- frequentemente bilaterais
- tíbia, fêmures distais e úmeros proximais
- achados sutis - suspeição clínica
características fraturas de costelas
- costela posterior é mais horizontalizada, as da frente parecem estar flutuando devido a cartilagem
- a criança é segurada com muita força ao redor do peito e apertada enquanto é “sacudida”
- compressão das costelas no sentido ântero - posterior - fraturas próximo à fixação das vértebras e lateralmente. Fraturas de costelas laterais e posteriores - alta especificidade para abuso
- na fase aguda não são evidentes no RX, pois ocorre pouco deslocamento
- melhor visualizada quando há formação de calo ósseo
lesões esqueléticas de moderada especificidade
- múltiplas fraturas, especialmente bilaterais
- fraturas em diferentes “idades / estágios”
- fraturas com separação das epífises
- fraturas de corpos vertebrais e subluxações
- fraturas dos dedos
- fraturas complexas da calota craniana
lesões esqueléticas de baixa especificidade
- fraturas com formações subperiosteais
- fraturas de clavícula
- fraturas de diáfise de ossos longos
- fraturas lineares da calota craniana
características fraturas de diáfise de ossos longos
- inespecíficas
- a idade, o estágio de desenvolvimento da criança e a história clínica são fundamentais
- uma “queda da cama” não produz uma fratura diafisária - é necessária muita energia
características fraturas lineares da calota craniana
- comuns no abuso infantil, mas também comuns em traumas acidentais
- sugerem abuso: múltiplas fraturas em “casca de ovo” - caiu, calcificou e a calota cresceu por fora; fraturas de impressão occipital
cicatrização de fraturas
o calo nas fraturas diafisárias geralmente não se forma antes de 5 dias após a fratura, mas geralmente se forma em 14 dias.
- fraturas sem calo - podem ter até 14 dias
- fraturas com calo - tem pelo menos 5 dias
- grande quantidade de calos - pelo menos 2 semanas
lesões abdominais
são mais raras, as mais comuns incluem
- laceração no fígado
- hematoma duodenal
- laceração pancreática
crianças são levadas a urgência dias após, quando uma perfuração já resultou em peritonite e sepse.
- Ausência de sangue faz o órgão ficar mais claro - isquemia.
hemorragia retiniana
achado observado em alta proporção nos casos de abuso infantil em que o “tremor” é documentado.
- exame oftalmológico - padrão ouro (24h após os eventos); RM pode evidenciar achados.
avaliação por imagem em casos de maus tratos
- hospitais devem ter protocolos pré estabelecidos
- Rx do esqueleto é necessário em todas as crianças com menos de 2 anos de idade e suspeita de abuso
- em crianças maiores de 2 anos, um levantamento esquelético só deve ser realizado por indicação
- TC do crânio - encéfalo deve ser realizado em todas as crianças com menos de 1 ano de idade e suspeita de abuso
- crianças com mais de 1 ano e com evidência externa de de traumatismo craniano e/ou sinais e sintomas neurológicos anormais também devem fazer uma TC
- evitar realizar “babygram”
diagnósticos diferenciais
- Traumas acidentais
- Coagulopatias
- Osteogênese imperfeita
- Doença de Menke
- Displasia espondilometafisária
- Doença de Caffey
- Variantes da normalidade