Unidade 11 - A dimensão religiosa Flashcards
O que se entende por “Deus teísta”?
Por “Deus teísta” entende-se o Deus com as características:
- Omnipotente (que pode fazer tudo);
- Omnisciente (que sabe tudo);
- Sumamente bom (moralmente perfeito);
- Criador; e
- Pessoa (e não uma força da natureza).
Quais são os principais argumentos a favor da existência de um Deus teísta?
Os principais argumentos a favor da existência de um Deus teísta são:
- O cosmológico;
- O teleológico; e
- O ontológico.
Sendo que o argumento ontológico é a priori, ao passo que o cosmológico e teleológico são argumentos a posteriori.
O que consiste o argumento cosmológico?
O argumento cosmológico consiste em comprovar a existência do Deus teísta e explica que todas as coisas no mundo tiveram como origem outras coisas e assim sucessivamente, logo há duas possibilidades para explicar isso:
- Ou há uma cadeia casual que regride infinitamente;
- Ou há apenas uma primeira causa que é a origem da cadeia casual;
Contudo, não é plausível aceitar que há uma cadeia causal que regride infinitamente, portanto, conclui-se que há apenas uma primeira causa, ou seja, Deus, que é a origem da cadeia causal.
Quais são as principais objeções contra o argumento cosmológico?
A objeção central ao argumento cosmológico trata-se que o argumento comete uma falácia do falso dilema, visto que considera apenas duas opções para explicar as coisas que existem no mundo, enquanto na realidade há muitas outras opções que se poderia ter em consideração.
Outras críticas ao argumento cosmológico, consiste que pode haver consistentemente uma cadeia casual infinita, e mesmo assim, com o argumento cosmológico não se pode concluir a existência de Deus, mas no máximo que há alguma primeira causa para o inicio da cadeia causal.
O que consiste o argumento teleológico?
O argumento teleológico consiste em comprovar a existência do Deus teísta, como tal o argumento evidencia que as maravilhas da natureza (tal como a estrutura intrincada de um olho) devem-se ou a um conceção de Deus ou ao acaso. Contudo, dado que tais maravilhas não se devem ao acaso, segue-se que tais maravilhas se devem a uma conceção de Deus.
Quais são as principais objeções ao argumento teleológico?
A principal crítica ao argumento teleológico consiste que o argumento comete a falácia do falso dilema, pois não há apenas duas hipóteses para explicar as maravilhas da natureza. Também se tem como hipótese o darwinismo, que permite explicar a estrutura intrincada de um olho pelo processo de evolução da seleção natural.
Qual é a versão atualizada do argumento teleológico?
O argumento teleológico, após as objeções, em vez de utilizar o exemplo do olho para explicar as maravilhas da natureza, recorre à afinação minuciosa do universo como razão para acreditar em Deus.
Contudo, essa atualização não escapa igualmente à objeção do falso dilema, dado que o argumento não considera a hipótese de existência de várias universos, sendo que o nosso, por acaso, tem os valores corretos para a vida. Além disso, mesmo que o argumento fosse bom, não provaria a existência de Deus teísta, mas sim de algum “designer” sobrenatural.
O que consiste o argumento ontológico?
O argumento ontológico consiste em comprovar a existência do Deus teísta, sendo um argumento a priori, parte da definição de Deus como “ser maior do que o qual nada maior pode ser pensado”. Sendo que a partir dessa definição, conclui-se que Deus existe na realidade, pois se Deus existisse ou se apenas existisse no pensamento, mas não na realidade, não seria aquele ser maior do que o qual nada pode ser pensado.
Quais são as objeções ao argumento ontológico?
A principal objeção ao argumento ontológico é que apresenta uma estrutura lógica que permite provar coisas que não existem.
Por exemplo, ao definir uma “ilha Perfeita” como: “A ilha maior do que a qual nada maior pode ser pensado”. Com base nessa definição, tem que existir uma ilha Perfeita, no entanto, a ilha Perfeita é apenas algo imaginário.
Outra objeção, o predicado “existência” não é um verdadeiro predicado, pois não acrescenta nada ao conceito de uma coisa.
Por fim, o argumento comete a falácia de petição de princípio, dado que usa a própria definição apresentada de Deus estando já comprometido com a ideia que Deus existe na realidade.
O que consiste o argumento do mal?
O argumento do mal consiste em comprovar que Deus não existe, como tal, defende-se que a presença de males no mundo, nomeadamente de males que nos parecem sem sentido ou gratuitos, são um forte indício contra a existência de Deus, pois se Deus é moralmente perfeito, omnisciente e omnipotente, ele saber, quer e tem o poder para eliminar os males gratuitos.
Quais são as objeções ao argumento do mal?
A principal objeção ao argumento do mal pode alegar-se, com recurso ao teísmo cético, que somos ignorantes sobre as razões totais de Deus, e por isso, pode nos parecer, num ponto de vista subjetivo, que existem males gratuitos, no entanto, não quer dizer que exista realmente, num ponto de vista objetivo que existem.
Outra objeções influente consiste em apresentar uma teodiceia, ou seja, um motivo para Deus permitir o mal. A teodiceia mais conhecia, a de Leibniz, defende que Deus permite o mal precisamente porque o melhor de todos os mundos possíveis não implica um mundo sem males. Se Deus eliminasses todos os males, estaria a eliminar as partes boas e valiosas do mundo que superam esses males.
O que consiste o argumento de Pascal?
O argumento de Pascal, não consiste em provar que o Deus teísta existe ou não, mas sim que é mais racional acreditar em Deus ainda que não haja qualquer bom argumento a favor da sua existência.
A ideia de Pascal é que devemos escolher acreditar em Deus dado que tem maiores benefícios práticos para nós do que ao não acreditar. Se Deus existe, estaremos melhor crentes do que não crentes (dado que é melhor ir para o céu do que para o inferno) e se não existir, não é pior acreditar do que não acreditar (dado que o “prejuízo” de acreditar justifica o risco, tal como perder tempo a frequentar as igrejas e missas)
Quais são as objeções ao argumento de Pascal?
A principal crítica ao argumento de Pascal pode assinalar-se que não sabemos que Deus vai recompensar com valor infinito positivo apenas aquelas que acreditam em Deus. Pelo contrário, Deus pode ter alguma razão que desconheçamos, para recompensar todos com valor infinito positivo. Além disso, Pascal está a considerar apenas o Deus teístas, mas também se terá de considerar outras hipóteses, tal como o Deus deísta (Deus ausente).
Outra objeção importante contra o argumento de Pascal, parte da ideia de que a fé não se pode basear num simples cálculo de custos e benefícios, bem como na ideia de que a crença em Deus não é voluntária.