Unidade 6 - A necessidade de fundamentação da moral Flashcards

1
Q

O que é a ética ou a filosofia moral?

A

A ética ou a filosofia moral é a área da filosofia que se dedica aos problemas relacionados com o modo como devemos viver.

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2
Q

Qual é o problema em relação ao critério ético da moralidade?

A

A ética normativa, é a ramo da ética que procura responder ao problema: “O que é que torna uma ação moralmente certa ou errada?”

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3
Q

O que é algo com um valor intrínseco?

A

Algo com valor intrínseco, é algo que é feito por si mesmo independentemente daquilo que possa ser alcançado por sua consequência.

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4
Q

O que é algo com um valor instrumental?

A

Algo com valor instrumental, é quando algo é feito apenas com intenção de alcançar certos fins.

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5
Q

O quê que a ética normativa procura determina?

A

A ética normativa procura determinar:

  • O que tem intrinsecamente valor (ou não valor), ou seja, avaliar as diferentes Teorias do Valor;
  • O que é certo ou errado de fazer, ou seja, avaliar as diferentes Teorias da Obrigação.
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6
Q

O que é o Utilitarismo?

A

O Utilitarismo é uma teoria defendida por John Stuart Mill e diz que:

  • A única coisa que tem valor intrínseco é a felicidade; e
  • A ação mais correta é aquela, que de entro todas as opções, promove a felicidade
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7
Q

O que é o princípio da utilidade (ou princípio da maior felicidade), segundo o Utilitarismo?

A

O princípio da utilidade (ou princípio da maior felicidade) é o principal argumento do utilitarismo e diz que:

As ações são corretas na medida em que tendem a promover a felicidade ao maior número de pessoas possíveis, e incorretas na medida em que tendem a gerar o contrário da felicidade.

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8
Q

O que é o Hedonismo, segundo o Utilitarismo?

A

O hedonismo é a perspetiva de que a felicidade consiste apenas no prazer e na ausência de dor.

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9
Q

Qual a diferença entre o hedonismo puramente quantitativo e o hedonismo qualitativo, segundo o Utilitarismo?

A

O hedonismo puramente quantitativo classifica a felicidade como uma formula de: Felicidade = quantidade de prazer - quantidade de dor.

Enquanto o hedonismo qualitativo, afirma que há prazeres que são qualitativamente superiores do que outros, por exemplo, os prazeres intelectuais/espirituais (conhecimento, amizade, amor, etc) são prazeres superiores, comparado aos prazeres corporais (fome, sede, sexo, etc) que são prazeres inferiores.

Portanto, no hedonismo qualitativo, existe uma preferência pelos prazeres superiores, pois, esses são melhores.

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10
Q

Que tipo de teoria moral é o Utilitarismo?

A

O Utilitarismo é uma teoria moral consequencialista e agregacionista.

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11
Q

O que é uma teoria consequencialista?

A

Diz-se que uma teoria moral é consequencialista quando estabelece que o estatuto moral dos atos depende exclusivamente das suas consequências.

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12
Q

O que é uma teoria agregacionista?

A

Diz-se que uma teoria é agregacionista quando uma ação é melhor do que outra, apenas porque promove o bem-estar a um maior número de pessoas, independentemente da forma como este está distribuído.

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13
Q

O que são os princípios secundários do utilitarismo?

A

Os princípios secundários são alguns princípios base que devemos ter em consideração quando tomamos alguma decisão ou ação.

Sendo esses princípios definidos devido a experiências do passado, tal como por exemplo: “Não é correto matar ou roubar.”

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14
Q

Devemos seguir sempre os princípios secundários do utilitarismo como regra?

A

Não, porque por vezes há casos excecionais e nesses casos, quando não é possível recorrer aos princípios secundários, devemos recorrer ao padrão da utilidade para descobrir qual dos deveres deve ter primazia sobre o outro.

Caso seja impossível, devemos olhar para a situação como um árbitro neutro para decidir como agir.

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15
Q

Quais são as críticas à ética de Mill (Utilitarismo)?

A

Há 5 grandes críticas ao utilitarismo, tal como:

  • Objeção ao argumento a favor do princípio da utilidade;
  • Objeção ao hedonismo;
  • Objeção ao agregacionismo;
  • Objeção da permissividade extrema;
  • Objeção da exigência extrema;
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16
Q

Qual é a objeção ao argumento a favor do princípio da utilidade?

A

A Objeção ao argumento a favor do princípio da utilidade é uma crítica ao utilitarismo e afirma que o argumento do princípio da utilidade é uma falsa analogia, porque compara as propriedades como algo ser visível e algo ser audível, com a propriedade de algo ser desejável.

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17
Q

Qual é a Objeção ao hedonismo?

A

A Objeção ao hedonismo é uma crítica ao utilitarismo e, afirma que o hedonismo é falso, porque a felicidade não se resume ao total de prazer menos o total de dor.

Para demonstrar isso, Robert Nozick, criou a experiência mental conhecida como “A máquina de experiências” que é uma máquina que ficaria ligada para sempre ao Homem, o mesmo viveria uma vida repleta de prazeres que deseja com a ausência de dor, contudo, a maioria das pessoas, não aceitaria ligar-se à máquina.

Logo, a felicidade não depende só do prazer e da ausência de dor, porque as pessoas têm mais preferências, tal como realizar certas ações, desenvolver certos projetos e não apenas, ter a sensação de o fazer. O que mostra que o hedonismo é falso.

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18
Q

Qual é a Objeção ao agregacionismo?

A

A Objeção ao agregacionismo é uma crítica ao utilitarismo e mostra que pensar no maior total de bem-estar agregado não é uma boa forma de pensar, pois uma pequena minoria seria sacrificada em prol do bem-estar dos outros e isso não é justo nem correto.

Por outro lado, a teoria agregacionista, prefere a existência de uma população de um maior numero de pessoas mas que vive em miséria do que de uma pequena população que vive em boas condições, pois o total de bem-estar agregado da pequena população é menor à da grande população.

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19
Q

Qual é a Objeção da permissividade extrema?

A

A Objeção da permissividade extrema é uma crítica ao utilitarismo e afirma que não há limites para uma ação ser permissível, desde que seja em nome da maior felicidade.

Por exemplo, é aceitável cometer uma injustiça ou fazer algo moralmente condenável, tal como matar ou torturar inocentes, desde que resulte numa maior felicidade. No entanto, não parece ser correto tratar umas pessoas como meios para os fins de outras.

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20
Q

Qual é a Objeção da exigência extrema?

A

A Objeção da exigência extrema é uma crítica ao utilitarismo e afirma que o utilitarismo é demasiado exigente, pois, nunca é aceitável fazer menos do que maximizar a felicidade geral.

Portanto, não é possível realizar aquilo que nós desejamos caso haja a possível de fazer algo que fosse fornecer um maior número de felicidade no total. Por exemplo, se o sonho de uma pessoa for ser biólogo marinho, não poderá ser, pois ser médico ou polícia iria fornecer uma maior felicidade geral.

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21
Q

O que é a ética Deontológica?

A

A ética Deontológica é uma teoria defendida por Immanuel Kant e diz que:

  • A única coisa que tem valor intrínseco é a boa vontade; e
  • A ação correta é aquela que é executado por uma boa vontade, isto é, que é motivada pelo puro cumprimento do dever.
22
Q

O que é uma ação executada por uma boa vontade?

A

Uma ação executada por uma boa vontade, é aquela que age motivada pelo puro cumprimento do dever, e não por qualquer interesse ou inclinação pessoal.

23
Q

O que é uma ação correta, segundo a ética deontológica?

A

Seguindo a ética deontológica, uma ação é correta se, e só se, é executada por uma boa vontade.

24
Q

Que tipos de ações é que existem e quais, segundo a deontologia?

A

Há 3 tipos de ações, segundo a ética deontológica, sendo:

  • As ações contrários a dever;
  • As ações conformo o dever;
  • As ações por dever;
25
Q

O que são as ações contrárias ao dever, segundo a ética deontológica?

A

As ações contrários ao dever, segundo a ética deontológica, são as ações proibidas, coisas que nunca podemos intencionalmente fazer, pois implicam violar os direitos fundamentais das pessoas.

Exemplo: Matar, roubar, torturar inocentes, etc…

26
Q

O que são as ações conforme o dever, segundo a ética deontológica?

A

As ações conforme o dever, segundo a ética deontológica, são as ações que se encontram de acordo com o dever, porém não são realizadas por dever, mas sim por interesses ou inclinações pessoais.

27
Q

O que são as ações por dever, segundo a ética deontológica?

A

As ações por dever, segundo a ética deontológica, são as únicas ações que têm valor moral intrínseco, visto que são realizadas por si mesmas, e não por aquilo que por seu intermédio possa vir a ser alcançado.

28
Q

O que é uma máxima?

A

Uma máxima é uma regra ou um princípio que nos manda agir de uma determinada maneira.

As máximas traduzem-se em imperativos que seguimos quando agimos.

29
Q

Quantos e que tipos de imperativos das máximas é que existem?

A

Há 2 tipos de imperativos para as máximas:

  • Imperativos hipotéticos;
  • Imperativos categóricos;
30
Q

O que são os imperativos hipotéticos?

A

Os imperativos hipotéticos têm a forma de “Faz X, se queres Y!”, ou seja, a ação que recomendam não é realizada por si mesma, mas sim, tendo em vista um determinado fim.

31
Q

O que são os imperativos categóricos?

A

Os imperativos categóricos têm a forma de “Faz X!”, ou seja, são absolutamente incondicionais, isto é, presentam a ação como objetivamente necessária.

32
Q

Que tipos de imperativos é que correspondem a uma ação correta, segundo Kant?

A

Segundo Kant, apenas os imperativos categóricos é que podem levar as ações por dever, isto é, ações realizadas por se reconhecer que é aquilo que objetivamente deve ser feito, portanto, só esses imperativos é que têm valor moral.

33
Q

Que tipo de ética é a ética de Kant?

A

A ética de Kant corresponde a uma ética deontológica, pois sustenta que as consequências não são o único fator relevante para determinar o estatuto moral das nossas ações.

34
Q

O que é a Primeira fórmula do imperativo categórico: a fórmula da lei universal, segundo a ética deontológica?

A

A fórmula da lei universal da ética deontológica, é um principio fundamental do imperativo categórico que recomenda o seguinte:

“Age sempre segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.”

35
Q

Para Kant, o que é necessário que aconteça para uma ação ser correta?

A

Para Kant, uma ação é correta se, e só se, podemos consistentemente querer que a máxima se converta numa lei universal.

36
Q

Para descobrir se uma máxima deve se converter a uma lei universal, que testes é que a máxima necessita de passar, segundo Kant?

A

Para uma máxima se converter a uma lei universal, é necessário passar pelo teste de universalização, que possui duas componentes:

1º- O teste de consistência da máxima; e
2º- O teste da consistência da vontade;

A máxima passa para o 2º teste, se responder que “sim” no 1º, e é aceite como lei, se responder como “sim” nos dois testes.

37
Q

O que é o teste da consistência da máxima, segundo Kant?

A

O teste da consistência da máxima, segundo Kant, trata-se de responder à primeira pergunta:

  • É possível todos agirem segundo esta máxima?

Ou seja, procurar determinar se é possível converter essa máxima como uma lei universal da natureza.

38
Q

O que é o teste da consistência da vontade, segundo Kant?

A

O teste da consistência da vontade, segundo Kant, trata-se de responder à segunda perguntar:

  • Podemos consistentemente querer que essa máxima se converta em lei universal da natureza?

Ou seja, procurar determinar se uma determinada vontade pode efetivamente querer que essa máxima se converta em uma lei universal sem cair forçosamente em contradição consigo mesma.

39
Q

Para Kant, existem vários tipos de deveres, quais são?

A

Para Kant existem 2 tipos de deveres, sendo os:

  • Deveres perfeitos; e
  • Deveres imperfeitos;
40
Q

Segundo Kant, o que é um dever perfeito?

A

Para Kant, os deveres perfeitos são aqueles que são obrigatórios e necessários.

41
Q

Segundo Kant, o que é um dever imperfeito?

A

Para Kant, os deveres imperfeitos são aqueles que dizem respeito simplesmente ao que é bom que se faça, por isso, são altamente recomendáveis.

42
Q

Entre os deveres perfeitos e os deveres imperfeitos, qual é que tem prioridade sobre o outro?

A

Os deveres perfeitos têm sempre prioridade sobre os deveres imperfeitos.

43
Q

O que é uma máxima que viola o dever perfeito?

A

Uma máxima que viola o dever perfeito, é uma máxima que não passa no teste de universalização, (ou seja, não passa sequer no 1º teste, da consistência da máxima).

44
Q

O que é uma máxima que viola o dever imperfeito?

A

Uma máxima que viola o dever imperfeito, é uma máxima que não passa no teste da consistência da vontade, (ou seja, não passa no 2º teste).

45
Q

O que é uma vontade autónoma?

A

Uma vontade é autónoma se, e só se, um agente age segundo leis que formula para si mesma. (segue o dever)

46
Q

O que é uma vontade heterónoma?

A

Uma vontade é heterónoma, quando um agente em vez de fornecer a si mesma a sua própria lei, esta é-lhe imposta a partir de fora. (está conforme o dever)

47
Q

Que tipo de objeções é que a ética deontológica enfrenta?

A

A ética deontológica enfrenta 5 grandes objeções, sendo:

  • O problema da indeterminação;
  • O conflito de deveres;
  • Há máximas imorais universalizáveis;
  • O problema além das pessoas;
  • O lugar das emoções na ética;
48
Q

Qual é o problema da indeterminação, na ética deontológica?

A

O problema da indeterminação na ética deontológica, é quando não é possível fazer uma avaliação conclusiva de uma ação quando não somos capazes de determinar com exatidão qual é a máxima subjacente à mesma.

49
Q

Qual é o conflito de deveres na ética deontológica?

A

O problema de conflito de deveres na ética deontológica, é quando não permite resolver conflitos entre deveres absolutos.

Por exemplo: Não matar e não mentir, são deveres absolutos, mas e se tiver que mentir para não matar? É um conflito irresolúvel, visto que não há forma de os hierarquizar ou estabelecer uma prioridade entre eles.

50
Q

O que é a objeção das máximas imorais universalizáveis na ética deontológica?

A

A objeção das máximas imorais universalizáveis é uma objeção, pois é possível haver máximas incorretas que passam no teste da universalização.

Exemplo: Mata qualquer pessoa que te estorve.

51
Q

Qual é a objeção do problema além das pessoas na ética deontológica?

A

A objeção do problema além das pessoas na ética deontológica, é que a ética deontológica afirma que é nossa obrigação respeitar a direitos fundamentais de todos agentes racionais, dotados de autonomia e dignidade em todas as nossas ações, porém, há recém-nascidos, deficientes mentais profundos e alguns animais não humanos que não possuem essas caracterizas, porém temos igualmente obrigações morais.

52
Q

Qual é a objeção do lugar das emoções na ética, segundo a ética deontológica?

A

Segundo a ética deontológica, para agir moralmente temos que nos abstrair de todas as nossas inclinações e agir segundo um imperativo ditado pela razão, porém, não se esta a ter em consideração certas emoções tal como a compaixão, simpatia e o remorso, como tal, a ética kantiana não deixa espaço para esse papel, por isso, torna-se uma limitação na teoria.