Plaquetopenia Imune Flashcards
(10 cards)
Primária vs Secundária:
-A plaquetopenia imune primária ou também conhecida como idiopática é um quadro da queda do número de plaquetas sem que haja um motivo ou uma causa subjacente.
-Já a secundária, consiste no mesmo quadro de queda do número de plaquetas porém é possível realizar uma relação de causa e efeito com algum problema/doença.
Causas de plaquetopenia imune secundária:
-Doenças autoimunes
-Neoplasias hematológicas
-Infecções
-Uso de certos medicamentos
Mecanismos fisopatológicos: primária
Na Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI), o gatilho inicial é a perda da tolerância imunológica, resultado de falhas nos mecanismos de seleção negativa de linfócitos T no timo e da regulação de células B na medula óssea e órgãos linfoides. Essa falha permite a sobrevivência de linfócitos B autorreativos, que se transformam em células plasmáticas produtoras de autoanticorpos IgG contra glicoproteínas da membrana plaquetária, como GPIIb/IIIa (integrina αIIbβ3) e GPIb-IX-V (receptor do fator de von Willebrand). O processo é mediado por linfócitos T helper (CD4+), que ativam linfócitos B específicos. As plaquetas opsonizadas pelos autoanticorpos são reconhecidas por receptores Fcγ nos macrófagos esplênicos, promovendo sua fagocitose e remoção da circulação. Citocinas pró-inflamatórias como TNF-α e IFN-γ intensificam a atividade fagocítica, agravando a destruição plaquetária.
Mecanismos fisopatológicos: causada medicamentos
- Alguns medicamentos atuam como haptenos, estimulando a formação de anticorpos contra plaquetas.
Estes medicamentos, quando se ligam a proteínas do corpo (como glicoproteínas na membrana das plaquetas), passam a ser reconhecidos pelo sistema imunológico como antígenos. - Dessa forma, a destruição plaquetária ocorre quando o fármaco está presente, sendo revertida com a suspensão do medicamento.
- Além disso, alguns quimioterápicos e imunossupressores causam supressão medular direta, reduzindo a produção de plaquetas.
- Algumas drogas envolvidas nesse processo são:
Heparina: Trombocitopenia Induzida por Heparina (TIH), formação de anticorpos contra o complexo PF4-heparina, causando ativação plaquetária e trombose paradoxal.
Sulfas, Vancomicina, Linezolida: estimulam resposta imune contra plaquetas.
Anticonvulsivantes (Fenitoína, Ácido Valproico): afetam a produção medular de plaquetas.
Mecanismos fisopatológicos: causada por infecção viral
-Mimetismo Molecular:
.Antígenos virais compartilham sequências de aminoácidos semelhantes às glicoproteínas plaquetárias, levando a uma resposta cruzada.
.Exemplo: O Epstein-Barr vírus (EBV) pode gerar anticorpos contra proteínas plaquetárias, como GPIIb/IIIa.
-Infecção Direta de Megacariócitos:
.Alguns vírus, como HIV e Dengue, podem infectar diretamente megacariócitos na medula óssea, reduzindo a produção de plaquetas.
.O vírus da Dengue se liga ao receptor TIM-1 em megacariócitos e plaquetas, induzindo apoptose via caspase-8.
-Ativação do Sistema Complemento:
.Vírus podem ativar a via clássica do complemento (C1q), promovendo lise plaquetária.
Mecanismos fisopatológicos: causada por doenças autoimunes
-No Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), a desregulação imune leva à produção de autoanticorpos IgG contra as plaquetas.
-A Síndrome Antifosfolípide promove ativação excessiva da coagulação, consumindo plaquetas.
.Ocorre hiperativação das células B via sinalização do Toll-like receptor (TLR-7 e TLR-9).
📌 Citocinas envolvidas:
.IFN-α (aumenta produção de autoanticorpos).
.BAFF (B-cell activating factor) (promove proliferação de células B autorreativas).
Plaquetopenia imune vs púrpura trombocitopênica imune:
-A plaquetopenia imune (PTI ou PIP) é uma doença autoimune adquirida, onde o sistema imunológico ataca as próprias plaquetas, reduzindo sua quantidade no sangue e causando risco de sangramentos. O termo plaquetopenia imune refere-se ao mecanismo de destruição plaquetária mediado pelo sistema imune, enquanto a Púrpura Trombocitopênica Imune (PIP ou PTI) é o nome clínico dado a essa condição.
- Plaquetopenia imune (ou trombocitopenia imune) é o mecanismo da doença (ou seja, um tipo de destruição autoimune das plaquetas). Já a púrpura trombocitopênica é um termo clínico usado para descrever a doença quando ela causa manifestações hemorrágicas visíveis, como púrpura e petéquias.
Quadro Clínico: PTI
A PTI geralmente se manifesta com início abrupto de sangramento cutâneo, como petéquias e equimoses, podendo vir acompanhado de sangramento mucoso (epistaxe, gengivorragia, menorragia, hematúria, sangramento gastrointestinal e, mais raramente, hemorragia no SNC). O sangramento intestinal aparece como melena ou, raramente, hematêmese. Hemorragia subaracnoide é a forma mais comum de sangramento cerebral, ocorrendo em cerca de 1% dos casos. Bolhas hemorrágicas na mucosa oral (“púrpura úmida”) ou hemorragia retiniana indicam risco iminente de hemorragia intracerebral. Em mulheres, menometrorragia pode ser o primeiro sinal. Ao exame físico, predomina o quadro purpúrico; esplenomegalia importante é rara, sendo mais comum apenas a ponta do baço palpável.
Diagnóstico PTI (primária):
O diagnóstico da PTI é feito por exclusão de outras causas de trombocitopenia periférica, como hiperesplenismo, hepatopatias ou CIVD. Confirma-se o diagnóstico pela presença de trombocitopenia isolada (plaquetas < 100.000/mm³) sem alterações nas demais séries do hemograma e no esfregaço, e pela ausência de outras doenças associadas. A pesquisa de autoanticorpos antiplaquetários não é obrigatória, pois tem baixa sensibilidade, apesar de estar presente em 70 a 80% dos casos. É importante investigar sorologias para HIV, HBV e HCV, pois esses vírus também podem causar plaquetopenia.
Tratamento: PTI
Após o diagnóstico de PTI, o tratamento só é necessário se houver sangramento ativo ou alto risco hemorrágico. Pacientes com sangramento e plaquetas abaixo de 20.000/µL devem ser internados. O objetivo é controlar o sangramento e aumentar a contagem de plaquetas, sem precisar normalizá-la.
O tratamento inicial é com prednisona (1–2 mg/kg/dia), reduzindo a dose conforme a resposta, que deve ocorrer em 4–6 semanas. Se não houver resposta, troca-se a abordagem. Imunoglobulina em alta dose é usada em casos graves ou preparação cirúrgica, com resposta rápida, mas transitória. A esplenectomia é indicada para casos refratários, eliminando o principal local de destruição das plaquetas.
Se necessário, também podem ser usados agonistas do receptor de trombopoetina (romiplostim, eltrombopague). A transfusão de plaquetas é evitada, exceto em hemorragia grave, pois as plaquetas transfundidas também são destruídas.