varizes 1 Flashcards
(30 cards)
Qual a definição de varizes dos membros inferiores e desde quando essa condição é reconhecida historicamente?
Varizes dos membros inferiores são veias do sistema superficial, dilatadas, tortuosas e com alterações funcionais. A condição é reconhecida historicamente desde o Papiro de Ebers (1550 a.C.) e Hipócrates (460-377 a.C.).
Como a incidência de varizes varia com a idade e gênero, e qual a porcentagem da população afetada por alguma forma de varizes?
A incidência de varizes aumenta com a idade: em homens, de 3% até 30 anos para 40% após 70 anos; em mulheres, de 20% até 30 anos para 60% após 70 anos. Cerca de 50% da população tem alguma forma de varizes.
Quais são os três principais aspectos anatômicos do sistema venoso dos membros inferiores relevantes para a formação de varizes?
Os três principais aspectos anatômicos são: Veias Superficiais, Veias Profundas e Veias Pérfuro-Comunicantes.
Explique o papel das válvulas venosas no retorno venoso e o que a sua ‘abertura’ ou ‘fechamento’ anormal implica na fisiopatologia das varizes.
As válvulas venosas são cruciais para o retorno venoso, garantindo o fluxo unidirecional do sangue para o coração. Válvulas incompetentes (que permanecem ‘abertas’ ou disfuncionais) permitem o refluxo sanguíneo, levando ao aumento da pressão e à dilatação venosa, característicos das varizes.
Descreva a função valvular e dos sistemas de bombeamento (musculoesquelético e respiratório) no retorno venoso.
A função valvular é impedir o refluxo. O sistema de bombeamento do músculo esquelético (‘bomba da panturrilha’) e o sistema de bombeamento respiratório (com a pressão negativa intratorácica na inspiração) impulsionam o sangue venoso de volta ao coração. Na contração muscular, a válvula proximal se abre e a distal se fecha; no relaxamento, a válvula proximal se fecha.
Quais são as três principais categorias de varizes, do ponto de vista classificatório, antes da classificação CEAP?
As três categorias são: Teleangiectasias (e/ou vênulas dérmicas), Varizes Reticulares e Varizes Tronculares.
Qual a classificação atual e mais completa utilizada para Insuficiência Venosa Crônica (IVC), e quais seus pilares?
A classificação atual é a CEAP (Clínica, Etiologia, Anatomia, Patofisiologia), proposta pelo American Venous Forum em 1994.
Detalhe a Classificação CEAP Clínica (C0 a C6) para varizes e Insuficiência Venosa Crônica.
A classificação CEAP Clínica vai de C0 a C6: C0 (Sem doença detectável), C1 (Microvarizes/telangiectasias e/ou veias reticulares), C2 (Varizes), C3 (Varizes com edema), C4 (Alterações cutâneas como hiperpigmentação, coceira ou atrofia branca), C5 (Úlcera cicatrizada) e C6 (Úlcera aberta).
Diferencie Varizes Primárias (Essenciais) de Varizes Secundárias em termos de etiologia e mecanismos.
Varizes primárias (essenciais) são causadas por alterações do sistema venoso superficial, como incompetência valvular primária, enfraquecimento da parede venosa e possível presença de anastomoses arteriovenosas. Varizes secundárias resultam de aumento da pressão nas veias superficiais devido a doença no sistema venoso profundo (congênita, SPT, pós-trauma) ou fístulas artério-venosas.
Quais são os principais fatores desencadeantes ou agravantes das varizes primárias (essenciais)?
Os fatores desencadeantes ou agravantes das varizes primárias incluem: Hereditariedade (50% têm antecedentes positivos), Idade (70% acima de 70 anos), Sexo, Raça (menor incidência em Negros e Árabes), Gestações (devido ao estrogênio e compressão), Obesidade, Postura no trabalho e Dieta (pouca fibra – constipação).
Explique a etiologia da Insuficiência Venosa Crônica (IVC) em relação às varizes primárias, SPT, fístulas arteriovenosas e compressões venosas.
Mais de 90% dos casos de IVC são de varizes primárias de longa duração ou Síndrome Pós-Trombótica (SPT). Fístulas artério-venosas (congênitas como Klippel-Trenaunay ou adquiridas como Parkes-Weber) e compressões venosas também são etiologias importantes.
Descreva a fisiopatologia da Insuficiência Venosa Crônica em termos de Obstrução, Refluxo e Misto, e a consequente Hipertensão Venosa Crônica.
A fisiopatologia da IVC baseia-se em: Obstrução (bloqueio do fluxo venoso), Refluxo (incompetência valvular permitindo fluxo retrógrado) ou Misto (combinação de ambos). Todos esses mecanismos resultam em Hipertensão Venosa Crônica, que é o cerne das manifestações clínicas.
Detalhe a cascata de eventos fisiopatológicos da hipertensão venosa crônica que levam a edema, cianose, hiperpigmentação e dermatofibrose.
A estase venosa com aumento da pressão hidrostática causa edema. A estase também leva ao consumo de O2 e produção de CO2, resultando em cianose. A hemoglobina degradada estimula os melanoblastos, causando hiperpigmentação. O edema persistente estimula os fibroblastos, levando à dermatofibrose.
Compare a pressão no tornozelo em repouso e deambulação em indivíduos normais, com varizes e com Síndrome Pós-Trombótica (SPT).
Em repouso, a pressão normal no tornozelo é de 80mmHg. Em deambulação, cai para 20mmHg. Em pacientes com varizes e deambulação, sobe para 50mmHg. Em pacientes com SPT e deambulação, varia de 50-80mmHg.
Quais são as alterações histopatológicas das veias varicosas em relação ao colágeno, elastina, prostaglandinas e enzimas lisossomais?
Em varizes, observa-se alteração no colágeno (que é 30% em varizes vs. 50% no normal), a elastina fica fragmentada, e há alterações nas prostaglandinas e enzimas lisossomais.
Quais são os principais sintomas e sinais clínicos da Insuficiência Venosa Crônica (IVC), incluindo a característica do edema e da dor?
Os sintomas incluem dor em peso, cansaço (melhora ao elevar os pés), calor, prurido e cãibras. O edema é vespertino e peri-maleolar. Sinais incluem eczema e, em casos avançados, úlceras.
Quais os componentes do exame físico para doenças venosas, e quais as provas propedêuticas mencionadas?
O exame físico inclui: Inspeção (varizes, microvarizes, telangiectasias), Palpação (temperatura cutânea, características da pele, aspecto do edema e da musculatura, aspecto dos vasos, dor, hiperemia, calor, enduração, tensão em trajetos venosos e perfurantes), Ausculta e Provas Propedêuticas. As provas mencionadas são: Teste de Brodie, Rima e Trendelenburg, Teste de Perthes e Manobra de Schwarz.
Quais os principais métodos complementares de diagnóstico para varizes e IVC, e qual a função de cada um em termos de morfologia e função?
Os principais métodos são: Duplex-Scan (morfologia e função), Flebografia (morfologia) e Pletismografia (função). O Duplex-Scan pode avaliar veia sem refluxo, refluxo, perfurante insuficiente e perfurante de drenagem.
Descreva a diferença entre as ondas de pletismografia normal e em caso de TVP, conforme o gráfico.
Na pletismografia, a onda normal exibe um padrão de enchimento e esvaziamento rápido e eficiente. Em caso de TVP, o gráfico mostra uma onda de esvaziamento comprometida (mais lenta ou incompleta), indicando obstrução ao fluxo venoso.
Quais os principais diagnósticos diferenciais para varizes e Insuficiência Venosa Crônica, incluindo úlceras de diferentes etiologias?
Os diagnósticos diferenciais incluem: Linfedema, Edemas de origem sistêmica, Alterações hematológicas, Úlceras de origem arterial (isquêmicas, ex: Úlcera de Martorell) e Úlceras de origem neoplásica (ex: Câncer epidermoide, Úlcera de Marjolin).
Quais são os três pilares do tratamento clínico das varizes e IVC?
Os três pilares do tratamento clínico são: Medidas Gerais, Tratamento Medicamentoso e Tratamento Compressivo.
Liste 5 medidas gerais do tratamento clínico das varizes e IVC.
Medidas gerais incluem: Fortalecimento da bomba muscular (da panturrilha), Hidratantes, Vestes adequadas, Emagrecimento, Repousos programados e Elevação dos membros.
Quais os principais grupos de medicamentos venoativos utilizados no tratamento das varizes, citando exemplos de substâncias?
Os principais grupos de medicamentos venoativos são: Benzopironas (Alfabenzopironas como Cumarina/Venalot e Gamabenzopironas/Flavonóides), Escina (Castanha da Índia), Tribenosídeos (Glivenol), Dobesilato de Cálcio e Ginkgo Biloba.
Como a terapia de compressão (meias elásticas) atua na fisiopatologia das varizes e IVC, e quais são os benefícios observados?
A compressão aumenta a pressão nos compartimentos das pernas, fortalecendo a bomba muscular, reduzindo o refluxo do sistema venoso superficial e direcionando o fluxo para o sistema profundo. Isso melhora o calibre das veias, a eficiência das válvulas venosas, a drenagem linfática e a nutrição da derme, resultando na redução de edema, dor e desconforto.