Hematologia Flashcards

(482 cards)

1
Q

Até os 5 anos de idade, todos os ossos têm uma medula que consegue produzir células sanguíneas. Na idade adulta, a medula de muitos deles sofrem degeneração gordurosa e apenas a medula de alguns ossos mantém a função hematopoiética. Que ossos mantém essa função?

A
1 - Ossos da pleve
2 - Esterno
3 - Ossos do crânio
4 - Arcos costais
6 - Vértebras
7 - Epífises femorais é umerais
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2
Q

Descreva a linhagem de produção mieloide.

A

Cel Tronco > CFU-Mieloide > CFU-G/M ou CFU-E/Mega

  • CFU-G/M > Mieloblasto (futuro netro/eosino/basofilo) ou Monoblasto (futuro monócito e, nos tecidos, macrófago)
  • CFU-E/Mega > Eritroblasto (reticulócitos e depois hemácia) ou Megacarioblasto (mrgacariócito e depois plaquetas)
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3
Q

Descreva a linhagem de produção linfoide.

A

Cel tronco > CFU-Linfoide > Pró T (maturação no Timo e posterior Linfócito T) ou Pró B (maturação na própria medula e posterior Linfócito B)

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4
Q

Quem produz as células vermelhas durante os diferentes estágios de desenvolvimento embrionário e fetal?

A
  1. Primeiras semanas de vida: saco vitelínico
  2. Segundo trimestre: fígado (principal), baço e linfonodos
  3. Estágios finais da vida fetal: medula ossea (principal).
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5
Q

Até que estágio do seu desenvolvimento o Eritroblasto possui um núcleo?

A

Até a forma Eritroblasto ortocromátio. Posteriormente há perda do núcleo e formação do reticulócito.

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6
Q

Qual organela é responsável pela produção da hemoglobina?

A

Mitocôndria

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7
Q

Em que estado o ferro da hemoglobina consegue se ligar ao oxigênio e quantas moléculas de O2 a hemoglobina pode carrear?

A

Estado ferroso (FE+2). 4 moléculas de O2.

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8
Q

Descreva os tipos de hemoglobina do adulto e sua porcentagem.

A
  1. Hemaglobina A1 (duas cadeias alfa e duas beta): 97%
  2. Hemoglobina A2 (duas alfa e duas delta): 2%
  3. Hemoglobina F, fetal (duas alfa e duas gama): 1%. É a principal Hb da vida fetal.
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9
Q

Qual a concentração normal de Hb em homens e mulheres? E o hematócrito?

A

Concentração de Hb:
Homens: 13,5 a 17 g/dl (13,2 a 16,7)
Mulheres: 12 a 15 g/dl (11,8 a 14,8)

Hematócrito:
Homens: 39 a 50%
Mulheres: 36 a 44%
Em geral, o hematócrito é 3x o valor da [Hb ]

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10
Q

Quais são as principais adaptações fisiológicas vistas em um estado de anemia para redução da hipóxia tecidual?

A

1 - Aumento do DC
2 - Aumento do 2,3 DPG (difosfoglicerato) na hemácia. Ele reduz a afinidade da Hb pó O2, facilitando a liberação de O2 para os tecidos

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11
Q

Classifique as anemias quanto ao tamanho e coloração.

A

Anemia microcítica - VCM < 80 fl
Anemia Macrocítica - VCM > 100 fl
Anemia normocítica - VCM de 80 a 100

Anemia hipocrômica - HCM < 28 pg e CHCM < 32 g/dl
Anemia normocrômica - HCM de 28 a 32 pg e CHCM de 32 a 35 g/dl.

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12
Q

Cite as causas de anemia microcítica hipocrômica.

A

1 - Anemia ferropriva
2 - Talassemia
3 - Anemia de doença crônica de longa duração (VCM não < 75 fl)
4 - Anemia sideroblástica (forma hereditária)
5 - Anemia do hipertireoidismo

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13
Q

Cite 9 causas de anemia Macrocítica

A

1 - Anemia megaloblástica (VCM mais acentuado 110 a 140 fl. As demais costumam er VCM < 110). Causada por deficiência de folato e/ou cianocobalamina (B9 e B12)

2 - Síndromes mielodisplásicas (inclui a sideroblástica adquirida
3 - Etilismo
4 - Hepatopatia crônica
5 - Medicamentos (AZT e metotrexato)
6 -Anemia aplásica
7 - Anemia do hipotireoidismo
8 - Anemia hemolítica (exceto talassemia), tem reticulocitose importante
9 - Anemia hemorrágica, tem reticulocitose importante

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14
Q

Cite 11 causas de anemia normocítica normocrômica.

A
1 - Anemia ferropriva (inicial)
2 -  Anemia de doença crônica
3 - Anemia da DRC
4 - Anemia da Hepatopatia crônica
5 - Anemia aplásica
6 - Anemias mielodisplásicas
7 - Anemia do hipo/hipertireoidismo
8 - Anemia por ocupação medular (Câncer metastático, leucemias, infecção, mielofibrose idiopática)
9 - Anemia da hemorragia aguda
10 - Anemia hemolítica
11 - Deficiência múltipla (ex.: deficiência de ferro e B12)
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15
Q

Cite achados sugestivos de anemia ferropriva

A

Anemia microcítica hipocrômica com trombocitose associada e rdw de 16%.

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16
Q

Qual a denominação do achado de formas jovens granulocíticas associada a Eritroblastos na periferia e qual o seu significado clínico?

A

Leucoeritroblastose. Significa ocupação medular patológica.

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17
Q

Qual o valor normal de reticulócitos e como calcular o índice de reticulócitos corrigido?

A

40 000 - 100 000 cel/mm3.

Hb/15 (ou Hemat/40) x %reticulócitos

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18
Q

Como calcular o índice de produção reticulocitária e qual o seu significado clínico?

A

IPR = hb/15 (ou ht/40) x %reticulócitos / 2
Serve para avaliar anemias hipo e Hiperproliferativas quando o ht está abaixo de 30. Se IPR > 2% (ou 2,5%) a Anemia é Hiperproliferativa.

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19
Q

O que é poiquilocitose (pecilocitose)?

A

Hemácias com formas incomuns

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20
Q

Qual porção do Intestino é responsável pela absorção de ferro e qual a porcentagem do ferro ingerido é absorvida?

A

Duodeno e terço próximal do jejuno. 10 - 30% média, não ultrapassando 50%.

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21
Q

Qual proteína tem estreita relação com a quantidade de ferro total no organismo, sendo o principal marcador de déficit ou excesso de ferro?

A

Ferritina (no plasma, quando não está ligada ao ferro, chama-se, na verdade, apoferritina). Normal de 20 a 200 ng/ml; em homens, média de 125 ng/ml. Em mulheres, média de 55 ng/ml.

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22
Q

O que é e qual a função da transferrina (siderofilina) ?

A

Glicoproteína sintetizada no fígado responsável pelo transporte plasmático de ferro. Cada transferrina tem a capacidade de ligar dois ferros.

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23
Q

Por que pacientes com adenoma hepático podem apresentar uma Anemia ferropriva refratária à ferroterapia?

A

Porque esse tumor pode fazer hipersecreção de hepcidina, um hormônio que se liga a ferroportina e inibe o transporte de ferro pela membrana basolateral do enterócito em direção ao plasma.

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24
Q

O que é a hemossiderina e qual sua função?

A

É um derivado da ferritina. Também armazena ferro, mas o libera de forma mais lenta

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25
Como é feita a eliminação corporal de ferro?
O organismo humano não é capaz de eliminar ativamente o ferro. Por isso pacientes cronicamente transfundidos podem apresentar intoxicação por ferro. Fisiologicamente, o ferro é eliminado de forma passiva pela descamação da mucosa intestinal. Uma causa não natural de perda de ferro é o sangramento.
26
Cite 3 doenças que aumentam a absorção intestinal de ferro.
1 - Hemocromatose primária 2 - Anemia sideroblástica 3 - Talassemias
27
O que representa a saturação de transferrina e como calculá-la?
Representa a saturação da massa total de transferrina sanguínea e não apenas uma molécula de transferrina. Sat da transferrina = fe sérico/TIBC Sat normal: 30 - 40%
28
O que representa o TIBC!
Representa o somatório de todos os sítios de ligação de ferro de todas as moléculas de transferrina. Indica a capacidade total de transporte plasmático de ferro.
29
Qual as causas mais comuns de anemia ferropriva em idosos?
Sangramento crônico por: 1 - hemorroidas 2 - doença péptica ulcerosa 3 - ca de cólon
30
Em uma criança a termo, até que idade seu estoque de ferro ao nascimento poderia ser suficiente caso ela não ingerisse mais ferro?
6 meses
31
Qual o período após o nascimento de maior vulnerabilidade à Anemia ferropriva?
6 - 24 meses devido ao: 1 - pico de crescimento 2 - esgotamento de estoques do nascimento 3 - desmame sem suplemento de ferro
32
Cite os sinais e sintomas da ferropenia.
1 - glossite (ardência da língua, despapilização) 2 - Queilite angular 3 - unhas quebradiças coiloníquia (unhas em colher) 4 - esclera azulada 5 - esplenomegalia (15%) 6 - perversão alimentar (pagofagia) 7 - Síndrome de plummer-vinson ou Paterson-Brown-Kelly (disfagia secundário à membrana fibrosa formada entre a hipofaringe e o esôfago). * Em crianças anorexia e irritabilidade são comuns.
33
Cite 4 condições clínicas que aumentam o ferro sérico.
1 - Hemocromatose primária e secundária 2 - Talassemia 3 - ACO à base de progesterona 4 - Doença hepática aguda
34
Cite uma situação que o ferro sérico está inadvertidamente elevado e uma que está inadvertidamente reduzido.
Elevado: Anemia hemolítica Reduzida: soros lipêmicos
35
Cite situações em que a transferrina está aumentada.
1 - Anemia ferropriva (Obs.: saturação costuma estar diminuída) 2 - Gestação 3 - ACO à base de progesterona
36
Cite situações em que a transferrina está reduzida.
1 - Anemia de doença crônica (ferritina pode estar aumentada) 2 - Hemocromatose (Obs.: saturação da transferrina e ferritina costumam estar aumentadas) 3 - Síndrome nefrotica 4 - Hipertireoidismo 5 - Desnutrição
37
Cite um dado importante do hemograma para diferenciar Anemia ferropriva de anemia por talassemia minor.
Na Anemia ferropriva o RDW costuma estar aumentado, enquanto que na talassemia minor costuma estar normal
38
Quando exames convencionais não são suficientes, qual é o próximo passo para diferenciar uma anemia ferropriva de uma anemia por doença crônica?
Aspirado de medula óssea (mielograma). Na doença crônica pode-se ver um aumento dos depósitos de ferro, estes corado com azul da Prússia. Outra forma, não muito utilizada no Brasil, é dosagem da proteína receptora da transferrina. TRP elevado: ferropriva TRP reduzido: doença crônica
39
Qual a forma dos poiquilócitos (pecilócitos) em quadros avançados de anemia ferropriva?
Charruto
40
Qual a diferença no padrão de eritropoiese vista em uma anemia ferropriva leve/moderada e grave?
Leve/moderada: padrão hipoproliferativo. Relação M/E (mieloide/eritroide) normal ou alta. Grave: padrão de eritropoiese ineficaz. Relação M/E diminuída por hiperplasia do setor eritroide. Apesar disso, a produção de reticulócitos continua baixa. O que acontece é que o excesso de hemácias disformes recém formadas é destruído na medula.
41
Como é feito o tratamento da Anemia ferropriva?
200-300 mg de ferro elementar ( cerca de 1000mg de sulfato ferroso) em adultos. 5 mg/kg/dia dividido em três tomadas para crianças. Tomar de estômago vazio e associado a vit C facilita a absorção
42
Quanto tempo a terapia da anemia ferropriva deve durar?
3 - 6 meses após normalização do hematócrito (costuma normalizar 2 meses após o início do tto).
43
Quais são as indicações de ferro parenteral?
1 - Síndromes de má absorção dudodenojejunal (ex.: Anemia ferropriva) 2 - falha/intolerância da terapia oral 3 - necessidade de reposição imediata dos estoques de ferro
44
Como calcular a dose parenteral de ferro?
(15 - Hb) x peso x 2,3 + 1000 homens (15 - Hb) x peso x 2,3 + 600 mulheres Resultado em mg
45
Cite as principais causas de anemia de doença crônica.
1 - Infecções subagudas ou crônicas (TB, endocardite, osteomielite, empiema, DIP, pneumonia bacteriana prolongada...) 2 - Doenças inflamatórias não infecciosas (LES, AR, Sarcoidose, trauma importante, vasculites Sistêmicas, DII) 3 - Neoplasias malignas 4 - idiopática
46
Qual a fisiopatologia da anemia de doença crônica?
Liberação de várias citocinas que resultam em: 1 - redução da vida média das hemácias pra cerca de 80 dias; 2 - Redução da produção renal de eritropoietina; 3 - Menor resposta à eritropoietiba; 4 - Aprisionamento do ferro em seus locais de depósito (hepcidina) Destaque para IL6 (estimula o fígado a produzir hepcidina), IL1 (estimula os polimorfonucleares a sintetizarem de lactoferrina - compete com a transferrina e não libera fe para medula), IFN gama (diminui a resposta à eritropoietina e antagoniza outros fatores Pró hematopoiéticos) e TNF.
47
Qual o valor do hematócrito que torna pouco provável o diagnóstico de anemia de doença crônica?
< 25%
48
Caracterize laboratorialmente a anemia de doença crônica.
1 - normocítica normocrômica (mais comum) 2 - Ferritina normal ou aumentada 3 - Ferro sérico diminuído 4 - TIBC normal ou diminuída 5 - Saturação da transferrina pouco baixa 6 - TRP - baixa
49
Descreva o tto da anemia de doença crônica.
Tto da doença base apenas se a anemia não for grave. Em caso de anemia grave (ht < 25%), excluindo-se deficiência de ferro, indica-se eritropoietina recombinante humana (lembrar de administrar fe parenteral também)
50
Com que taxa de filtração glomerular a anemia da IRC costuma aparecer?
30 - 40 ml/min
51
Cite os fatores associadas à deficiência de eritropoietina na gênese da anemia da IRC.
1 - toxinas urêmicas que inibem a eritropoiese medular 2 - Alterações enzimáticas e eletrolíticas nas hemácias que reduzem sua vida média (60 - 70 dias) 3 - Ação do PTH que inibe a eritropoiese e causa mielofibrose leve a moderada
52
Caracterize laboratorialmente a anemia da IRC.
1 - normocítica normocrômica | 2 - esfregaço de sangue pode revelar equinócios (hemácias crenadas) e esquizócitos em capacete (fragmentos de hemácias)
53
Quando o tratamento deve ser iniciado na Anemia da IRC e em qual faixa a Hb deve ser mantida?
Iniciar quando a Hb < 10. Manter entre 10 - 12 g/dl. Não aumentar a Hb além disso pelo risco aumentado de eventos cardiovasculares
54
Cite os mecanismos fiaiopatológicos que podem estar envolvidos na Hepatopatia crônica.
1 - hemodiluição (anemia relativa) 2 - Redução da vida média das hemácias (20 - 30 dias). Pode ser por hiperesplenismo, alterações no metabolismo ou na composição lipídica das hemácias. 3 - Redução da resposta à eritropoietina. Pode ser por efeito do álcool (Hepatopatia alcoólica), anemia megaloblástica (falta de folato), anemia ferropriva (sangramento crônico), possível queda da produção hepática de eritropoietina
55
Descreva a síndrome de Zieve
Episódios autolimitados de anemia hemolítica aguda em estilistas crônicos com doença hepática leve ou incipiente. Quadro clinico: esplenomegalia, icterícia e hiperlipidemia.
56
Caracterize laboratorialmente a anemia da Hepatopatia crônica.
1 - Normo ou Macrocítica 2 - Hiperproliferativa 3 - Macrocitose não costuma exceder 110 fl 4 - macrócitos finos (60%), hemácias em alvo e acabtócitos (5%) são indicativos
57
Descreva o quadro clínico e laboratorial da anemia por ocupação medular.
1 - sinais e sintomas da doença base (neoplasia maligna, infecção...) 2 - Pancitopenia 3 - Anemia normocítica ou Macrocítica (menos comum) 4 - Leucoeritroblastose
58
Cite causa de anemia por ocupação medular.
1 - Neoplasia hematológicas (leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, metaplasia mieloide agnogênica...) 2 - Neoplasias malignas não hematológicas (Crcinoma metastático de mama, pulmão, próstata, estômago) 3 - Infecções granulomatosas disseminadas (TB miliar, micoses profundas) 4 - Doenças inflamatórias não infecciosas (LES, Sarcoidose)
59
Cite duas alterações bastante relacionadas à anemia megaloblástica.
1 - Macrocitose acentuada (110 - 140 fL) | 2 - Hipersegmentação do núcleo dos neutrófilos
60
A qual molécula a vitamina B12 está ligada dutante a sua absorção (99% da absorção total) no íleo?
Fator intrínseco, secretado pelas células parietais no fundo gástrico.
61
Qual o principal transportado plástico de B12?
Transcobalamina I (TC-1)
62
Descreva a bioquímica do folato.
Sua função principal é metilar (doar metileno) para purinas e pirimidinas). O faz sob forma de tetraidrofolato (THF), sendo convertido em diidrofolato (DHF). Para o DHF ser convertido em THF, é necessário a ação da enzima diidrofolato redutase.
63
Descreva a bioquímica da vit B12.
1 - é cofator da reação que converte a forma circulante do folato (metiltetraidrofolato - MTHF) em THF pela enzima metionina sintase. 2 - Na reação acima, o grupo metil do MTHF é transferido para a homocisteína, gerando metionina. Na falta de B12 (ou B9) a hiperhomocisteínemia é lesiva ao endotélio, estando associada à ateroesclerose. 3 - É cofator da conversão do metilmalonil CoA em succinil CoA. Na deficiência de B12, o aumento de metilmalonil CoA está associado ao quadro neurológico (por alterações nos lipídios neuronais e na formação da bainha de mielina). Os níveis séricos e urinários de ácido metilmalônico estão aumentados.
64
Descreva o quadro clínico da deficiência de vit B12.
1 - Anemia megaloblástica, eventualmente trombocitopebia 2 - Glossite e atrofia de papilas, Queilite angular. 3 - Parestesias em extremidades (polineuropatia), diminuição da sensibilidade profunda (proprioceptiva e vibratória), desequilíbrio, marcha atáxica, sinal de Romberg, fraqueza, espasticidade nos membros inferiores (babinski, hiperreflexia profunda), déficits cognitivos, psicose Obs.: Acometimento da sensib. profunda (cordão posterior da medula) + trato piramidal = mielinose finicular = síndrome dos sistemas combinados = deficiência de B12.
65
Qual a fisiopatologia da anemia perniciosa?
Desenvolvimento de autoanticorpos que atacam células do corpo e fundo gástrico reduzindo a produção de suco gástrico, pepsina e fator intrínseco. O resultado é a ocorrência de uma anemia megaloblástica por deficiência de B12. É a causa mais comum de deficiência de B12 no nosso meio. É fator de risco para adenocarcinoma gástrico.
66
Quando suspeitar de anemia sideroblástica?
Quando houver a coexistência paradoxal de hipocromia com ferro sérico alto, ferritina elevada e saturação de transferrina elevada. Obs.: talassemia maior e intermediária também podem causar esse padrão. Eletroforese de hemoglobina descarta essas entidades
67
O que são os corpúsculos de Pappenheimer?
São hemácias no sangue periférico que retém mitocondrias sideróyicos por um breve período. Obs.: sideroblastos em anel aparecem no aspirado da medula
68
Como é estabelecido o diagnóstico de anemia sideroblástica?
Mielograma: > 15% de Eritroblastos do tipo sideroblastos em anel
69
Cite causas reversíveis de anemia sideroblástica.
Alcoolismo, isoniazida e pirazinamida (raro), clorafenicol, deficiência de cobre.
70
Qual é a definição de anemia aplásica?
Estado de pancitopenia associado à um mielograma com menos de 30% do espaço medular ocupado por células hematopoiéticas.
71
Cite as causas de anemia aplásica adquirida.
1 - Idiopática 50% 2 - radiação ionizante 3 - benzeno é outros produtos químicos (inseticidas) 4 - clorafenicol, fenilbutazona, quimioterápicos citotóxicos 5 - Infecções virais do tipo hepatite (vírus não identificado), mononucleose (epstein barr) ou HIV 6 - Reação transfusional enxerto vs hospedeiro
72
Cite causas hereditárias de anemia aplásica
1 - Síndrome de Fanconi - de herança autossômica recessiva, cursa com instabilidade genômica. Paciente pode apresentar nanismo, manchas café com leite, anomalias renais, etc...há risco aumentado de Cá, especialmente de cabeça e pescoço e leucemias 2 - Disceratose congênita - autossômica dominante ou recessiva.
73
Caracterize o quadro clínico da anemia aplásica.
Tríade astenia, hemorragia e febre. Hepatoesplenomegalia falam contra anemia aplásica
74
Caracterize aplásica grave e muito grave.
Grave: 2 dos 3 seguintes: Reticulocitopenia < 20000/mm3 ou menor que 1% na contagem corrigida Plaquetopenia < 20000/mm3 Neutropenia < 500/mm3 Muito grave: Neutropenia < 200/mm3
75
Como é feito o tratamento medicamentoso do paciente com anemia aplásica não candidato à transplante de medula!
Globulina antitimócito (ATG) + Ciclosporina
76
O que são drepanócitos?
Eritrócito similar à foice. Típico da anemia falciforme
77
O que são dacriócitos?
São hemácias em lágrima. Indicam eritropoiese extramedular, podendo ser vistos em doenças infiltrativas da medula, sendo clássicos da mielofibrose
78
O que é e qual a função da haptoglobina?
É uma proteína plasmática que tem por função primordial quelar a hemoglobina. Em casos de anemia hemolítica, principalmente se hemólise intravascular, seus níveis estão diminuídos.
79
Qual é a anemia aplásica mais comum da infância?
Eritroblatopenia transitória da infância. Parece ser autoimune e com frequência sucede um quadro viral. Ocorre recuperação em 1 a 2 meses.
80
O que é a síndrome de pearson?
É uma forma de anemia aplásica congênita resultante de um distúrbio mitocondrial. Caracteriza-se por uma anemia severa associada à Insuficiência pancreática
81
Descreva a síndrome de Diamond-Blackfan.
Anemia macro ou normocítica associada a altos níveis de adenosina-deaminase nas células vermelhas e Hb F elevada. Concomitantemente, há depleção ou ausência de elementos eritroide na medula.
82
Descreva a síndrome de Schwachman-diamond.
Baixa estatura, Insuficiência pancreática e Neutropenia. Mais de 1/3 dos pcts evoluem para anemia aplásica, mielodisplasia ou LMA até os 30 anos
83
Qual o valor de corte da Hb para considerar anemia em crianças de 6 meses a 5 anos?
11 g/dl
84
Em relação à ferritina, ferro sérico, VCM e Hb, qual a ordem de normalização durante o tto da anemia ferropriva?
Hb, VCM, ferro sérico e Ferritina
85
Cite uma verminose que pode causar anemia megaloblástica e qual vitamina está deficiente.
Difolobotríase, causada pelo diphyllobothrium latum. Deficiência de B12.
86
A isoforma de LDH elevada na hemólise é a..., em vez da... elevada na megaloblastose. A... é uma enzima que também se eleva em diversas condições não hematológicas (ex.:...).
LDH-2 LDH-1 LDH-1 IAM e TEP, pela necrose de células miocárdicas e do parênquima pulmonar, respectivamente
87
A haptoglobina, uma alfaglobulina sintetizada pelo fígado, é capaz de se ligar à fração globina da hemoglobina. Na hemólise, os níveis séricos de haptoglobina... ou tornam-se...
diminuem Indetectáveis *Na presença de hemólise (intravascular ou extravascular), as cadeias de globina liberadas unem-se à haptoglobina; este complexo é rapidamente “clareado” pelos hepatócitos.
88
Achados laboratorias que indicam hemólise intravascular
1) Hemoglobinemia Quando a coleta de sangue é realizada sem lesão traumática das hemácias (ou seja, sem hemólise artefatual), esperamos encontrar níveis baixíssimos de hemoglobina no plasma (< 1 mg/dl). Na hemólise intravascular, encontramos hemoglobinemia real. Com um valor acima de 50 mg/ dl, o plasma torna-se avermelhado. 2)Hemossiderinúria Na presença de hemólise intravascular, muitas vezes a capacidade de ligação da haptoglobina é excedida, fazendo com que a hemoglobina seja filtrada pelos rins e reabsorvida pelo túbulo proximal. Nas células tubulares, a hemoglobina é catabolizada e o ferro do heme é armazenado nas proteínas de depósito: hemossiderina e ferritina. As células epiteliais tubulares normalmente descamam, e a hemossiderina é identificada na urina quando empregamos o corante azul da Prússia. 3)Hemoglobinúria Quando a destruição das hemácias no interior dos vasos é ainda mais intensa, ocorre uma saturação da hemossiderina presente nos túbulos. Nesta situação, a hemoglobina filtrada não é reabsorvida e surge na urina a hemoglobinúria. Uma quantidade expressiva de hemoglobina livre na urina provoca uma espécie de “colúria”: urina vermelho-acastanhada ``` *É importante lembrarmos que a hemossiderinúria e hemoglobinúria, quando mantidas, podem levar à depleção das reservas de ferro no organismo, acrescentando ao quadro um componente de anemia ferropriva. ``` 4) Hemopexina e Metemalbumina A hemoglobina liberada no plasma, que não pôde se ligar à haptoglobina, sofre logo oxidação, transformando-se em metemoglobina. O heme é prontamente desligado desse composto, ligando-se em parte a uma proteína chamada hemopexina e, em parte, à albumina, formando metemalbumina. Veja o resultado final: (1) redução dos níveis de hemopexina livre; (2) aumento dos níveis do complexo hemopexina-heme; (3) aumento dos níveis de metemalbumina. Esses achados são altamente sugestivos de hemólise intravascular
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Associe o tipo de pecilócito com possíveis etiologias
- Microesferócitos: Esferocitose hereditária; Anemia imuno-hemolítica. - Eliptócitos: Eliptocitose hereditária. - Células afoiçadas (Drepanócitos): Anemia falciforme; Variantes falcêmicas. - Hemácias em alvo (Leptócitos): Hemoglobinopatia SC; Talassemias; Hepatopatia. - Esquizócitos (fragmentos de hemácia): Microangiopática; Prótese valvar; Queimadura. - Acantócitos: Insuficiência hepática grave; Abetalipoproteinemia.
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Anemia leve a moderada (raramente grave), micro ou normocítica, com hemácias tipicamente HIPERcrômicas (aumento do CHCM), além de reticulócitos e microesferócitos no esfregaço de sangue periférico. É a causa clássica de anemia hipercrômica
Esferocitose hereditária
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Na dúvida quanto à presença de microesferócitos, o... é classicamente indicado! Sua positividade indica microesferocitose em grande número de hemácias. Os microesferócitos, por terem uma área de superfície pequena em relação ao volume eritrocítico, são exageradamente sensíveis à... *OBS: pela acurácia sub-ótima desse teste, um novo método laboratorial vem sendo empregado para diagnóstico dos defeitos da membrana eritrocitária. É a Ektacitometria. Um aparelho chamado viscômetro de difração por laser permite uma análise quantitativa e precisa da deformabilidade das hemácias em função da variação na osmolaridade do meio de suspensão. As hemácias dos portadores de esferocitose e eliptocitose hereditária fornecem curvas de ektacitometria bastante características, bem diferentes daquelas observadas nas hemácias cuja membrana é normal...
Teste de Fragilidade Osmótica hipo-osmolaridade
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Tratamento da esferocitose
O tratamento recomendado é a esplenectomia, exceto para os pacientes com anemia leve ou com hemólise compensada. A esplenectomia (ao remover o principal sítio de hemólise) previne a anemia e as demais complicações da doença, embora não elimine os esferócitos do sangue periférico. Em crianças, ela deve ser evitada antes dos quatro anos de idade, período de maior risco de sepse fulminante por germes encapsulados (ex.: pneumococo e hemófilo). A vacina antipneumocócica deve ser administrada a todos os indivíduos antes do procedimento, e o uso de penicilina profilática após a cirurgia é controverso. De qualquer forma, é necessária uma suplementação constante com ácido fólico (1 mg/dia), a fim de evitar a crise megaloblástica. A crise aplásica deve ser prontamente tratada com hemotransfusão
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é uma desordem autossômica dominante, caracterizada por um distúrbio na síntese da espectrina ou da proteína 4.1, afetando as “forças horizontais” do citoesqueleto da membrana eritrocítica. A maioria dos indivíduos é assintomática, apresentando hemólise leve, não acompanhada de anemia ou esplenomegalia. O sangue periférico revela ovalócitos e eliptócitos, os quais não possuem correlação com o grau de hemólise
Eliptocitose hereditária
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é um distúrbio autossômico recessivo muito raro. Tem como manifestação clínica uma anemia hemolítica grave (necessitando de esplenectomia) e presença de poiquilócitos bizarros, além de hemácias fragmentadas no sangue periférico. A anemia é microcítica. A anormalidade estrutural também consiste em um defeito na síntese de espectrina. Em laboratório, essas hemácias fragmentam-se quando aquecidas a 45ºC em vez de 49ºC, como é o normal
piropoiquilocitose hereditária
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Trata-se de uma doença de caráter autossômico dominante. O defeito de membrana permite que haja grande influxo de sódio e água para o interior da hemácia. Esta torna-se edemaciada com uma redução de sua hemoglobina corpuscular média. A hemácia super-hidratada é vista no sangue periférico com uma área de palidez central semelhante a uma boca. A maioria dos pacientes possui esplenomegalia e anemia hemolítica. A esplenectomia deve ser evitada, pois se associa à ocorrência de eventos tromboembólicos graves (possivelmente devido à trombocitose secundária, que se desenvolve após a retirada do baço). Devemos memorizar que o... pode estar presente em afecções adquiridas e não relacionadas à hemólise, como o alcoolismo e doença hepática.
Estomatocitose hereditária ...estomatócito
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Fisiopatologia por trás da doença causada pela deficiência de G6PD
O paciente se apresenta com “crises hemolíticas”, sempre precipitadas por algum estresse oxidativo. O mais comum é a INFECÇÃO, por ativar neutrófilos que produzem radicais livres de oxigênio. Diversas DROGAS ou substâncias com potencial oxidante também costumam desencadear as crises*. Diversas moléculas são oxidadas: proteínas, lipídios da membrana e a própria hemoglobina. O ferro oxidado forma metemoglobina, incapaz de se ligar ao oxigênio. A desnaturação oxidativa da cadeia de globina produz precipitados intracelulares de hemoglobina desnaturada, os corpúsculos de Heinz. Tais corpúsculos se ligam à banda 3 da membrana eritrocítica, formando agregados dessa proteína. Esses agregados tornam-se “neoantígenos”, promovendo a ligação de autoanticorpos IgG na superfície das hemácias. Ao passar pelos cordões esplênicos, os macrófagos retiram os corpúsculos de Heinz, deixando uma série de hemácias “com um pedaço arrancado”, as famosas “células mordidas” (Figura 5) e “células bolhosas”. Além da hemólise esplênica (extravascular), destaca-se também a hemólise INTRAVASCULAR decorrente da rotura da membrana, resultado da peroxidação de seus lipídios. *Sete drogas comprovadamente iniciam hemólise nos portadores de deficiência de G6PD: dapsona, fenazopiridina (Pyridium), primaquina, nitrofurantoína, azul de metileno, azul de toluideno e rasburicase. Logo, qualquer uma delas está terminantemente proibida nesses indivíduos... Outras têm associação mais ou menos controversa, devendo-se, de um modo geral, evitá-las: sulfonamidas, ácido nalidíxico e naftaleno (“bolinhas de naftalina”). No caso do AAS, vitamina C e vitamina K, embora haja relatos de precipitação de crises hemolíticas, elas só acontecem numa forma bastante grave e rara da síndrome...
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Clinicamente, o paciente com deficiência de G6PD se apresenta com hemólise intravascular aguda, associada a febre, lombalgia, palidez e icterícia, precipitada por uma infecção (ex.: Escherichia coli, estreptococo beta-hemolítico, hepatite viral) ou pela administração de uma das drogas listadas acima... O quadro clínico se instala geralmente 2-4 dias após o fator precipitante. A intensa hemoglobinúria pode lesar os..., levando à... com..., que pode ser grave e necessitar de suporte... Em casos mais agressivos, o colapso vascular pode sobrevir, decorrente de uma anemia aguda muito grave.
túbulos renais necrose tubular aguda insuficiência renal aguda oligúrica dialítico
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Assim como acontece em diversas hemoglobinopatias, como a anemia falciforme e as talassemias (ver adiante), a deficiência de G6PD protege seus portadores contra formas graves de malária! Isso explica porque esta condição é tão frequente em negros e outras etnias originárias de locais com alta endemicidade daquela infecção... Assim que o Plasmodium invade a hemácia, ele produz radicais livres de oxigênio. Logo, as hemácias deficientes em G6PD acabam sendo rapidamente destruídas, o que impede o surgimento de altos níveis de parasitemia! Além disso, existem evidências de que portadores de deficiência de G6PD também têm menos doença coronariana, além de uma menor incidência de neoplasias. A explicação para estes dois últimos achados não foi totalmente elucidada, mas possivelmente justifica uma maior expectativa de vida para esses indivíduos Assim como acontece em diversas hemoglobinopatias, como a anemia falciforme e as talassemias (ver adiante), a deficiência de G6PD protege seus portadores contra formas graves de malária! Isso explica porque esta condição é tão frequente em negros e outras etnias originárias de locais com alta endemicidade daquela infecção... Assim que o Plasmodium invade a hemácia, ele produz radicais livres de oxigênio. Logo, as hemácias deficientes em G6PD acabam sendo rapidamente destruídas, o que impede o surgimento de altos níveis de parasitemia! Curiosamente, existem evidências de que portadores de deficiência de G6PD também têm menos doença coronariana, além de uma menor incidência de neoplasias. A explicação para estes dois últimos achados não foi totalmente elucidada, mas possivelmente justifica uma maior expectativa de vida para esses indivíduos V ou F
V
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``` De uma forma geral, as esplenomegalias... são as principais condições associadas ao hiperesplenismo na prática médica. Duas causas assumem grande importância: (1)... (2)... Nessas entidades, a instalação da... determina a esplenomegalia ```
congestivas (1) Cirrose Hepática; (2) Esquistossomose Hepatoesplênica. hipertensão portal
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Mais importante do que a própria anemia hemolítica | é a... do hiperesplenismo
trombocitopenia
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Esta anemia se desenvolve em 5% dos pacientes com cirrose hepática avançada, especialmente a cirrose alcoólica. São pacientes que já possuem um prognóstico reservado pela sua doença de base (mortalidade de 90% em um ano). A hepatopatia avançada aumenta o teor de colesterol e lecitina na membrana eritrocítica, gerando as “famosas” hemácias em alvo (leptócitos), como vimos no Vol. I (“anemia da hepatopatia crônica”). Quando o teor de colesterol supera o de lecitina, surge um tipo morfológico de hemácia chamado... (spur cell). ``` Há outras causas (raras) dessa anemia: uma doença hereditária autossômica recessiva chamada abetalipoproteinemia, também conhecida por síndrome de Bassen-Kornswig, além de outra desordem genética, chamada “coreia com...”. ```
anemia hemolítica com acantocitose ...acantócito ...acantocitose
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Nesse tipo de anemia hemolítica, os autoanticorpos são do tipo IgG. Eles se ligam à superfície do eritrócito na temperatura corpórea. Os anticorpos IgG são fracos ativadores do sistema complemento: a ativação só é possível quando duas moléculas de IgG estão bem próximas entre si na superfície da hemácia. Veja o resultado: quando há um pequeno número de anticorpos IgG revestindo a hemácia, a opsonização depende exclusivamente da interação macrófago-anticorpo; mas se houver um grande número de anticorpos na membrana eritrocítica, o complemento é ativado e então a hemácia passa a ser revestida tanto por IgG quanto por C3b – isso aumenta a intensidade da opsonização e a gravidade da hemólise no sistema reticuloendotelial. Os autoanticorpos IgG são habitualmente dirigidos contra antígenos do sistema Rh (D, C, E, c, e). O principal local de hemólise é no baço
Anemia hemolítica por anticorpos quentes (IgG)
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Nesse tipo de anemia, os autoanticorpos são do tipo IgM e reagem com as hemácias em baixas temperaturas (0 a 10 °C). Apesar de não servirem como agentes “opsonizantes” diretos, os anticorpos IgM são potentes ativadores do sistema complemento. Uma única IgM já pode desencadear a formação de C3b. Na prática, algumas poucas moléculas de IgM se ligam à membrana eritrocítica, ativando o complemento, o que resulta na ligação de uma grande quantidade de moléculas de C3b à superfície das hemácias. A hemólise extravascular é mediada pela “opsonização” dependente do complemento. Os macrófagos hepáticos (células de Kuppfer) são os grandes responsáveis pela destruição das hemácias revestidas por C3b. Raramente, um número grande de anticorpos IgM se liga à membrana das hemácias. Nesse caso, a ativação do complemento é tão intensa, que pode-se formar o chamado “complexo de ataque à membrana” (C5b-C9), provocando hemólise intravascular. Isso acontece pouco na prática, pois os anticorpos “frios” têm pouca atividade na temperatura corporal.
Anemia hemolítica com anticorpos frios (IgM)
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Principais causas de AHAI IgG mediada
- 50% idiopática - principais: alfametildopa, LES, leucemia linfocítica crônica e linfomas não Hodgkin. - outras: esclerodermia, artrite reumatoide, retocolite ulcerativa, mieloma múltiplo, timoma, cisto dermoide de ovário, sarcoma de Kaposi, carcinomas, infecções do tipo tuberculose, CMV e a doença agamaglobulinemia hereditária
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A forma idiopática da AHAI IgG é mais comum em... e predomina na faixa etária entre... Em mulheres jovens, a doença pode se acentuar na... por efeito...
Mulheres 50-60 anos gestação estrogênico
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A associação AHAI por IgG com a PTI (Púrpura Trombocitopênica Autoimune) é conhecida como
síndrome de Evans
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Exames laboratoriais e métodos diagnósticos da AHAI por IgG
Os achados laboratoriais incluem anemia de variada intensidade, reticulocitose (10-30%) e um VCM que pode ser normal (normocítica) ou aumentado (macrocítica). Este último caso é justificado pela reticulocitose acentuada (média de 28%) e pela presença das “shift cells” na periferia. Como vimos, pode haver bicitopenia, ou mesmo pancitopenia. O esfregaço do sangue periférico pode ser idêntico ao da esferocitose hereditária, com presença de microesferócitos (cap. 1) e reticulócitos. A formação dos microesferócitos pode ser explicada pela fagocitose parcial no baço, retirando “pedaços” de membrana eritrocitária. O diagnóstico é confirmado pelo teste de Coombs direto. Este é um dos principais exames da hematologia que devem ser bem compreendidos pelo clínico... Alguns autores preferem chamá-lo de Teste da Antiglobulina Direta. Este teste identifica a presença de anticorpos ou complemento ligados à superfície das hemácias do paciente.
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A hemólise clinicamente significativa na AHAI por IgG deve ser tratada com... A preferência deve ser para a... na dose de 1-2 mg/kg/dia ou 40 mg/m2 de superfície corporal
glicocorticoides prednisona
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Cerca de 20-40% dos indivíduos com AHAI por IgG, mostram-se refratários à corticoterapia, ou necessitam de altas doses de prednisona para manter a doença em remissão. Tais doses, como sabemos, provocam uma série de efeitos adversos em longo prazo. Para os pacientes que não respondem ou não toleram a terapia com corticoide, atualmente se recomenda o emprego de... ou a...
rituximab (anticorpo monoclonal anti-CD20, que depleta linfócitos B com taxa de resposta de 80% na AHAI) esplenectomia
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Não se deve esquecer de prescrever... para todos os pacientes que apresentam hemólise crônica.
ácido fólico
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Na AHAI por IgG, a transfusão de sangue ABO e Rh compatível é permitida, mesmo com a “prova cruzada” mostrando aglutinação V ou F
V
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O que é a doença da crioaglutinina?
AHAI por IgM idiopática Trata-se de uma expansão clonal de linfócitos B, levando à produção excessiva de uma IgM monoclonal (produzida por apenas um clone linfocitário) com atividade de crioaglutinina. Essa entidade é mais comum em adultos velhos e idosos (entre 50-70 anos)
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Na AHAI por IgM, a aglutinação transitória de hemácias nos vasos da derme ou dos dígitos pode provocar ... e ... por exposição ao frio. Pode se relacionar com doenças linfoproliferativas, como os linfomas não Hodgkin e a macroglobulinemia de Waldenström. O LES pode também raramente se associar à doença das crioaglutininas
livedo reticularis e acrocianose
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Quando uma causa específica de AHAI por IgM é identificada, a mais comum é...
a infecção por Mycoplasma pneumoniae. *O paciente apresenta um quadro de pneumonia atípica, evoluindo com discreta anemia e icterícia após a primeira semana da doença. Outros agentes infecciosos relacionados são: vírus Epstein- -Barr (mononucleose infecciosa), caxumba, CMV. Quando associada a infecções, a crioaglutinina é policlonal (produzida por diversos clones linfocitários).
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Diagnóstico da AHAI por IgM
O laboratório é típico... Um simples exame à beira do leito pode revelar o diagnóstico: colhemos o sangue do paciente em um tubo contendo anticoagulante (para hemograma); em seguida, colocamos o tubo na geladeira (temperatura de 4oC); na presença de crioaglutininas em títulos satisfatórios, formar-se-ão diversos grumos na parede do tubo, que logo se desfazem após o aquecimento à temperatura corpórea (na mão). Os grumos representam, na verdade, a aglutinação macroscópica de hemácias. Como o exame à beira do leito pode falhar (falso-negativo), devemos buscar o diagnóstico através do já descrito Teste de Coombs Direto e pela pesquisa dos Títulos Séricos de Crioaglutinina. O teste da crioaglutinina é obtido observando- -se a diluição (título) máxima do soro do paciente capaz de aglutinar, na temperatura de 0oC, hemácias ABO compatíveis e fator I positivo. Na infecção por micoplasma, os títulos superam 1:32, enquanto que na forma idiopática monoclonal, os títulos excedem 1:1.000.
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Tto da AHAI por IgM
Atualmente, a droga de escolha para tratar a doença da crioaglutinina é o rituximab (taxa de resposta = 60%). Nos demais casos, pode-se tentar imunossupressores ou agentes alquilantes como o clorambucil. Se o paciente possuir um linfoma, este deverá ser tratado de forma específica. Lembre-se que, como as hemácias são destruídas no fígado, não há resposta aos corticosteroides e muito menos à esplenectomia... A exposição ao frio deve ser evitada!
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Este anticorpo é colocado como um subitem à parte, por apresentar características especiais e estar relacionado a uma síndrome diferente das que já foram descritas. Apesar de ser um autoanticorpo da classe IgG, possui características de um anticorpo “frio”, apresentando atividade máxima em temperaturas entre 0 a 10oC. Sua especificidade é contra o antígeno P da membrana eritrocitária. Foi descrito inicialmente associado à sífilis terciária. ``` Trata-se de uma potente hemolisina, na verdade uma “crioemolisina”. Sua notável capacidade de ativar o sistema complemento (apesar de ser da classe IgG), permite a formação do “complexo de ataque à membrana” (Cb5-C9), provocando hemólise no espaço INTRAVASCULAR (pela súbita entrada de água na célula). ``` Essa rara entidade é mais comum em crianças, após infecções virais, manifestando-se com um quadro hemolítico leve a moderado (às vezes, grave), associado à hemoglobinúria (daí chama-se essa síndrome de “crioemoglobinúria paroxística”). O anticorpo se liga à membrana do eritrócito quando ele passa pela circulação periférica (baixas temperaturas) e depois ativa o complemento, promovendo hemólise intravascular. O curso costuma ser autolimitado.
nticorpo de Donath-Landsteiner
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Quais são os mecanismos possíveis por trás da anemia imunoinduzida por drogas
(1) Tipo Autoimune: tem como protótipo o uso de alfametildopa (mais comum) e levodopa. A droga altera a estrutura do complexo antigênico Rh, tornando-o um autoantígeno. Autoanticorpos da classe IgG (anticorpos “quentes”) se ligam à superfície das hemácias, situação idêntica à encontrada na AHAI por IgG idiopática. É interessante notarmos que 10-25% dos pacientes que utilizam alfametildopa por mais de 3-6 meses tornam-se positivos no teste de Coombs direto, enquanto que anemia hemolítica é vista em 0,8% dos casos. (2) Tipo Hapteno: quando uma molécula não proteica, ao se combinar com uma proteína do organismo, forma um complexo antigênico, passa a ser denominada hapteno. Existem dois subtipos de hemólise do tipo hapteno: (1) “tipo penicilina”; e (2) “tipo quinidina”. O primeiro é descrito após a administração de altas doses de penicilina G cristalina (10-20 milhões de unidades por dia). Forma-se um complexo antigênico penicilina-proteína na membrana do eritrócito, provocando a ligação de anticorpos da classe IgG. Esse fenômeno pode também ocorrer com a cefalotina. No segundo tipo, a quinidina se liga fracamente à glicoproteína da membrana, tempo suficiente para que se liguem anticorpos IgM e ocorra a ativação do complemento. Depois que o processo foi desencadeado, a quinidina se desloca da membrana, atuando como um “espectador inocente”, enquanto o sistema complemento se encarrega de promover hemólise intravascular (geralmente grave). Esse fenômeno também é descrito com as sulfas e a clorpromazina.
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As hemolisinas são substâncias (anticorpos ou peçonhas) capazes de ativar o sistema complemento até a formação do “complexo de ataque à membrana” (C5b-C9), de modo a induzir rotura da membrana do eritrócito pela súbita entrada de água na célula. Existem duas hemolisinas extremamente potentes:
(1) os anticorpos do sistema ABO; (2) o veneno da aranha marrom (Loxosceles sp.). O veneno loxoscélico é a esfingomielinase-D, com atividade sobre os constituintes das membranas das hemácias e do endotélio vascular. Por ativar o sistema complemento (e talvez por efeito direto), o veneno provoca intensa hemólise intravascular. O envenenamento manifesta-se com necrose no local da picada, seguida por um quadro de anemia hemolítica aguda, icterícia, urina vermelho-acastanhada (hemoglobinúria) e insuficiência renal aguda oligúrica. O quadro pode ser fatal. O soro antiaracnídeo deve ser administrado prontamente na dose de dez ampolas, associado à prednisona 1 mg/kg/dia.
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Em nosso meio existe uma parasitose que se comporta como uma clássica causa de hemólise intravascular:
Malária. A rotura dos eritrócitos é mecânica, pela divisão e proliferação celular da fase esquizogônica. A forma mais grave de malária é a por Plasmodium falciparum. Outras causas infectoparasitárias de hemólise intravascular são: babesiose, bartonelose, infecção grave pelo Clostridium perfrigens (ação de uma toxina).
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é uma desordem adquirida da célula-tronco (stem cell) que tem como principal característica a produção de subpopulações de granulócitos, plaquetas e hemácias hipersensíveis ao sistema complemento. O clone mutante da stem cell produz progenitores “defeituosos” que originam hemácias, plaquetas e granulócitos alterados – as chamadas células HPN. Estas células, especialmente as hemácias, possuem extrema sensibilidade à lise pelo complemento, o que explica uma desordem hemolítica intravascular crônica. É conhecida a associação entre anemia aplásica e essa doença. Cerca de 15-30% dos pacientes com anemia aplásica adquirem a doença em questão.
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
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Por que pacientes com HPN apresentam maior propensão à trombogênese?
as plaquetas “se defendem” do “complexo de ataque à membrana” (C5b-C9) removendo-o em pequenas vesículas de membrana. A superfície dessas vesículas atrai o fator V e o fator Xa, promovendo a formação da trombina. A trombina é, por sua vez, um potente ativador plaquetário. Como as plaquetas dos pacientes com HPN estão mais propensas ao ataque pelo sistema complemento, a “vesiculação” acentua-se, resultando num estado de hipercoagulabilidade e ativação plaquetária (trombogênese), capaz de explicar a grande propensão destes pacientes aos eventos trombóticos
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além de citopenias e trombose, portadores de HPN apresentam ainda uma maior incidência de
espasmo esofagiano e disfunção erétil A base fisiopatológica desses achados parece ser a deficiência de óxido nítrico: sabemos que na hemólise intravascular a hemoglobina liberada “consome” o óxido nítrico circulante... O óxido nítrico é um importante regulador da motricidade do esôfago e dos vasos penianos
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Síndrome caracterizada por trombose das veias supra- hepáticas, evoluindo com hepatomegalia congestiva, ascite e hipertensão portal
Síndrome de Budd-Chiari
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Qual a origem do nome hemoglobinuri paroxística noturna
A hemoglobinúria, um sinal clássico da síndrome, é referida como queixa inicial em somente 25% dos casos. O paciente relata urina de tonalidade escura pela manhã, pois os episódios de hemólise ocorrem mais frequentemente à noite, durante o sono. Acredita-se que a explicação para este fenômeno seja a seguinte: durante o sono, o pH sanguíneo tende a cair discretamente (isto é, ocorre uma tendência à acidose). Pequenas diminuições do pH já são capazes de acelerar a ativação do complemento e a lise de hemácias... Outras causas, que nestes indivíduos propiciam uma destruição acelerada das hemácias, incluem infecções e exercício físico extenuante.
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Diagnóstico da HPN
citometria de fluxo, que identifica subpopulações de células sanguíneas deficientes em CD59 e/ou CD55.
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TTO da HPN
Quando necessário, medidas de suporte como a hemotransfusão devem ser indicadas. Sabemos que as hemácias transfundidas têm boa sobrevida nos pacientes com HPN, e a correção dos valores de hemoglobina inibe a liberação de formas jovens e defeituosas de eritrócitos pela medula... Os corticosteroides reduzem a taxa de hemólise por um mecanismo pouco compreendido, porém, NÃO são indicados de rotina. A reposição de ferro deve ser empreendida em todo doente com depleção dos estoques corporais deste elemento. O ácido fólico também deve ser suplementado na vigência de hemólise crônica. Um novo medicamento foi aprovado para o tratamento da HPN: o anticorpo monoclonal anti-C5, chamado eculizumab (Soliris®). Ao inibir a cascata do complemento a partir de C5 (evitando a formação do “complexo de ataque à membrana”), o eculizumab reduz a taxa de hemólise intravascular, diminuindo a necessidade de hemotransfusões! Esta droga também reduz a ocorrência de tromboses, por evitar a vesiculação das plaquetas. Seu principal efeito colateral é o aumento no risco de infecção por Neisseria meningitidis (meningococo). Pacientes com indicação de eculizumab (isto é, hemólise grave e/ou trombose) devem receber vacina antimeningocócica antes de iniciar o tratamento.
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Qual o aparente mecanismo por trás da hemólise nas anemias microangiopáticas
O processo que geralmente desencadeia a fragmentação eritrocitária é a deposição de fibrina decorrente de lesão endotelial. A malha de fibrina na microcirculação faz com que as hemácias passem com mais dificuldade e, muitas delas, pela força da corrente sanguínea, acabam por se fragmentar. O consumo plaquetário na formação dos microtrombos acarreta trombocitopenia
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Principais entidades clínicas associadas à anemia microangiopática
(1) Síndrome hemolítico-urêmica. (2) Púrpura trombocitopênica trombótica. (3) CIVD, ou coagulação intravascular disseminada. (4) Gestações complicadas (eclâmpsia, síndrome HELLP). (5) Hipertensão arterial maligna. (6) Crise renal da esclerodermia. (7) Carcinomatose disseminada. (8) Presença de hemangiomas gigantes (síndrome de Kasabach-Merrit
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Cite causas de hemólise por efeito tóxico direto nas hemácias
(1) Queimaduras extensas. (2) Exposição a altas temperaturas (> 49 °C). (3) Lise osmótica (infusão de água destilada). (4) Agentes químicos (dapsona, fenazopiridina, nitrato de amila, nitrato de isobutila, nitrato de potássio, fenacetina). (5) Doença de Wilson (intoxicação pelo cobre). (6) Ingestão de sulfato de cobre.
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Qual a causa da anemia falciforme?
a substituição do ácido glutâmico pela valina, na posição 6 da cadeia de β-globina, cria uma molécula de hemoglobina com comportamento totalmente anômalo: a hemoglobina S (“s” de sickle, ou foice em inglês).
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Descreva os diferentes espectros da doença falciforme
Anemia Falciforme (HbSS ): - Homozigose para o geneβS - Doença mais grave, pior prognóstico Traço Falcêmico (HbAS) - Heterozigose com o gene βA, que representa a cadeia β normal - Manifestações sutis, bom prognóstico Hemoglobinopatia SC - Heterozigose com o gene βC (hemoglobina C) - Gravidade intermediária entre a anemia falciforme e o traço falcêmico HbS/β-talassemia - Heterozigose com alguma forma de β-talassemia (β0 ou β+) - Gravidade intermediária entre a anemia falciforme e o traço falcêmico HbS/HPFH - Heterozigose com o gene da HPFH - Indivíduo assintomático *HPFH = Persistência Hereditária da Hemoglobina Fetal.
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Por que indivíduos com traço falcêmico apresentam uma vantagem adaptativa contra a malária?
Quando o Plasmodium invade a hemácia portadora do traço falcêmico, a HbS presente nessa célula se desnatura de forma extremamente rápida. Tal fenômeno se acompanha de uma modificação antigênica na membrana plasmática: agregação da proteína banda 3. Autoanticorpos anti-banda 3, fisiologicamente presentes na circulação, opsonizam a superfície externa das hemácias parasitadas, aumentando a taxa de eritrofagocitose (remoção de hemácias pelo baço). O rápido clearance dessas células impede o surgimento de altos níveis de parasitemia, dando tempo ao sistema imune para se adaptar e atingir o controle espontâneo da infecção!
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Indivíduos com a doença falciforme apresentam proteção ainda maior do que portadores do traço falcêmico contra a malária V ou F
F Vale dizer que os portadores de HbSS (anemia falciforme), em oposição ao “traço falcêmico”, têm maior chance de morrer quando infectados pelo Plasmodium... A explicação é: ainda que a mesma modificação antigênica na membrana também ocorra nesses indivíduos (agregação da banda 3), a presença de ASPLENIA (perda da função do baço – maiores detalhes adiante) inviabiliza o aumento no clearance das células parasitadas! Assim, portadores de HbSS exacerbam sua taxa básica de hemólise quando acometidos por malária, o que agrava tanto a anemia crônica quanto a malária aguda... De fato, a malária é a principal causa de óbito em crianças falcêmicas nas áreas endêmicas!
135
Fisiopatologia por trás da anemia falciforme
1: BAIXA SOLUBILIDADE A troca do ácido glutâmico pela valina resulta em perda de eletronegatividade e ganho de hidrofobicidade. A menor carga elétrica negativa da cadeia βS, aliada à sua maior “repulsa pela água”, gera uma tendência à autoagregação, que pode culminar na súbita formação de polímeros de hemoglobina S no interior do citoplasma (perda de solubilidade), polímeros esses que, por constituírem fibras alongadas e rígidas, alteram o formato da célula (afoiçamento), prejudicando sua deformabilidade. Os polímeros de HbS não carreiam oxigênio. 2: “INSTABILIDADE MOLECULAR” A HbS é uma molécula “instável”, no sentido de que ela tende a sofrer oxidação com mais facilidade do que a hemoglobina normal. A HbS possui uma taxa de auto-oxidação espontânea moderadamente alta (cerca de 40%). No entanto, o que chama a atenção é sua absurda instabilidade perante o contato com os fosfolipídeos da membrana celular: a oxidação aumenta em 340%, levando à formação de macromoléculas “desnaturadas” compostas por fragmentos de globina, ferro (separado dos grupamentos heme, que são destruídos) e fosfolipídeos
136
No portador de anemia falciforme, o afoiçamento de hemácias raramente acontece de forma espontânea, se tornando extremamente exacerbado na vigência de um ou mais dos seguintes fatores: (1) hipóxia; (2) acidose; (3) desidratação celular. V ou F
F No portador de anemia falciforme, o afoiçamento de hemácias acontece de forma espontânea em graus variados, não sendo um evento raro
137
Todas as células vermelhas no sangue de um falcêmico (e não só aquelas com formato de foice) apresentam níveis aumentados de estresse oxidativo V ou F
V
138
O aumento episódico na exposição de fatores adesiogênicos pelas células endoteliais (aliado a um aumento no afoiçamento de hemácias) explica o fenômeno da vaso-oclusão capilar que caracteriza as crises falcêmicas agudas (ex.: crises álgicas). Já a lesão crônica da parede vascular, em associação à hipercoagulabilidade, explica a vasculopatia macroscópica subjacente a certas complicações, como o AVE isquêmico e a hipertensão pulmonar. V ou F
V
139
A Velocidade de Hemossedimentação (VHS) não é útil na anemia falciforme! As hemácias falcêmicas não formam rouleaux, logo, a VHS é sempre baixa nesses doentes, mesmo quando existe inflamação sistêmica importante. V ou F
V
140
os níveis de HbA2 são praticamente normais na anemia falciforme e no traço falcêmico. Se um paciente que tem HbS na eletroforese de hemoglobina apresentar também níveis elevados de HbA2 (> 3%) isso indica a existência de heterozigose com alguma forma de β-talassemia! Para definir o tipo de β-talassemia, olhamos para a HbA1: se esta for detectável, a heterozigose só pode ser com β+-talassemia!!!Caso contrário (ausência de HbA1), a heterozigose só pode ser com β0-talassemia. Lembre-se: a HbA1 é composta por 2 cadeias α e 2 cadeias β. Na anemia falciforme não há cadeias β “normais”, logo, não há como formar HbA1. Na p resença do gene β+ ocorre alguma formação de cadeias β (e, consequentemente, de HbA1).Já o gene β0 não determina a formação de cadeias β, logo, não há HbA1 se este gene estiver presente em homozigose (betatalassemia major) ou em heterozigose com o gene βS. V ou F
V
141
Nas gestações onde existe risco de HbSS no concepto (ex.: HbSS ou traço falcêmico em ambos os pais) pode-se realizar o diagnóstico pré-natal da doença por meio da... coletada entre 8-10 semanas de gestação e submetida à análise genética
biópsia de vilo coriônico
142
Tabela com os resultados possíveis dos padrões de hb no teste do pezinho
- FA: Apenas HbF e HbA (Padrão Normal) - FS: apenas HbF e HbS (Anemia Falciforme; HbS/β0 talassemia*; HbS/HPFH*) - FAS: presença de HbF, HbA e HbS, sendo que há mais HbA do que HbS (Traço Falcêmico) - FSA: presença de HbF, HbS e HbA, sendo que há mais HbS do que HbA (HbS/β+-talassemia) - FC: HbF e HbC (Hemoglobinopatia C) - FSC: HbF, HbS e HbC (Hemoglobinopatia SC) ``` - FAC: HbF, HbA e HbC, sendo que há mais HbA do que HbC (Traço C) ``` ``` - FCA: HbF, HbC e HbA, sendo que há mais HbC do que HbA (HbC/β+-talassemia) ``` *Na heterozigose HbS/β0-talassemia não há formação de hemoglobina A normal, pois não existem cadeias βA. O diagnóstico dessa variante falcêmica deve ser cogitado quando um dos pais não for portador de anemia falciforme nem de traço falcêmico... Na HbS/HPFH níveis elevados de HbF persistem após os primeiros 6 meses de vida, fazendo com que o indivíduo não desenvolva sintomas de anemia falciforme. O diagnóstico definitivo, em ambos os casos, só pode ser dado pela análise genética.
143
Os principais “órgãos-alvo” da anemia falciforme são:
(1) baço; (2) ossos; (3) rins; (4) cérebro; (5) pulmões; (6) pele; (7) coração
144
Quadro contendo a Terapia Modificadora de Doença na Anemia Falciforme
Galeria (foto 1)
145
Existem duas modalidades básicas de hemotransfusão na AF: (1) transfusão simples; (2) transfusão de troca parcial (exsanguinitransfusão parcial). Ambas podem ser realizadas de maneira episódica, mas quando é necessário transfundir cronicamente o paciente indica-se apenas a...
transfusão de troca parcial, já que com este procedimento o risco de sobrecarga de ferro é menor
146
Na transfusão simples, as bolsas de hemácias são ministradas conforme a necessidade. Lembre- se que cada bolsa, num adulto médio, eleva a hemoglobina em cerca de 1 g/dl (o que equivale a um aumento de 3% no hematócrito). Tal estratégia, em falcêmicos, deve trazer a Hb e o Ht até um máximo de...
10 g/dl e 30%, respectivamente. Valores de Hb/Ht acima desses limiares produzem hiperviscosidade sanguínea na presença de HbS...
147
Na transfusão de troca parcial, parte das hemácias falcêmicas é removida da circulação em troca de hemácias normais. Isto pode ser feito sequencialmente, através de uma flebotomia (retirada de 10 ml/kg de sangue) seguida pela transfusão de hemácias. Também se pode realizar a troca de forma concomitante, por meio de um aparelho automatizado. Os alvos de Hb e Ht são os mesmos: 10 g/dl e 30%. No entanto, além de aumentar Hb e Ht, a transfusão de troca possui uma vantagem adicional:
redução na quantidade de HbS circulante. Neste procedimento, objetiva-se manter a proporção de HbS < 30%.
148
Não existem evidências de que os falcêmicos talvez se beneficiem da reposição das vitaminas A, C, D e E ou de outros agentes imunoestimulantes e antioxidantes como zinco e acetilcisteína V ou F
F Existem evidências crescentes de que os falcêmicos talvez se beneficiem da reposição das vitaminas A, C, D e E, além de outros agentes imunoestimulantes e antioxidantes como zinco e acetilcisteína...
149
O transplante de células-tronco hematopoiéticas representa a única chance de CURA da AF. O transplante, no entanto, não é indicado de rotina devido à... O transplante pode ser indicado nas crianças HbSS que têm fenótipo mais agressivo, com anemia profunda refratária à HU e múltiplas disfunções orgânicas precoces.
dificuldade em se obter doadores compatíveis e também – principalmente – devido à elevada morbimortalidade do procedimento em si! Segundo a literatura atual sua taxa de mortalidade na AF gira em torno de 10%. Nos 90% restantes, a sobrevida livre de eventos adversos é de cerca de 80% num período de mais ou menos cinco anos...
150
é o sintoma inicial da AF em > 25% dos casos, e representa o principal motivo que leva esses doentes a procurar auxílio médico
Crise álgica *A forma mais comum de crise álgica é a “crise esquelética”, sendo seu mecanismo causal a vaso-oclusão no interior da medula óssea produzindo infarto ósseo. **Em crianças com menos de dois anos de idade a primeira crise álgica costuma ser a síndrome mão-pé (dactilite falcêmica). Ocorre dor e edema nas extremidades, em consequência à isquemia/infarto dos pequenos ossos das mãos e pés.
151
Um dado importantíssimo que ajuda a afastar a existência de abdome agudo “cirúrgico” no contexto da crise abdominal falcêmica é...
presença de peristalse ao exame clínico
152
A hidratação é outro ponto essencial no manuseio da crise álgica, devendo ser feita preferencialmente pela via oral (60 ml/kg/dia). A hidratação venosa passa a ser indicada nos casos em que a hidratação oral não é adequada ou não pode ser garantida, tendo em mente que todo cuidado é pouco a fim de evitar a hipervolemia iatrogênica (particularmente em falcêmicos adultos, que costumam apresentar disfunção cardíaca crônica). O grau de hidratação pode ser objetivamente avaliado através da...
monitorização diária do EAS, que deve ter | a densidade urinária mantida < 1.010.
153
``` A hemoglobina pode cair de 1 a 2 g/dl na vigência de uma crise álgica. Tal achado, em geral, não indica a necessidade de hemotransfusão V ou F ```
V
154
CRISE APLÁSICA: caracterizada por uma interrupção transitória na proliferação dos precursores eritrocitários na medula óssea, cursa como um quadro de queda súbita nos níveis de hemoglobina acompanhada de reticulocitopenia. Em crianças, a causa mais comum é... Em adultos, por outro lado, as principais causas de crise aplásica são:
a infecção pelo Parvovírus B19 (68% dos casos), um vírus que invade especificamente os eritroblastos da medula promovendo uma “parada” em sua maturação. infecções por pneumococo, Salmonella, outros estreptococos e o vírus Epstein-Barr e infartos ósseos extensos, que comprometem o funcionamento da medula óssea
155
A ocorrência de infarto extenso de medula | óssea é sugerida pela combinação de
- crise aplásica (queda da Hb com reticulocitopenia) - crise álgica intensa - febre - leucoeritroblastose no sangue periférico (presença de formas jovens de hemácias e leucócitos na circulação). * O tratamento é feito com hemotransfusões simples de acordo com a necessidade.
156
Descreva as CRISES DE “SEQUESTRO” (ESPLÊNICO, | HEPÁTICO ou PULMONAR).
Nas crises de “sequestro” ocorre obstrução aguda da rede de drenagem microvenular de determinados órgãos, em consequência à vaso-oclusão local, culminando em represamento de sangue no interior do órgão (que acaba funcionando como uma verdadeira “esponja” de sangue, com risco, inclusive, de ruptura e hemorragia interna fatal). O órgão mais frequentemente acometido é o baço, devido à maior propensão ao afoiçamento de hemácias nos cordões esplênicos. No entanto, o sequestro também pode ocorrer nos sinusoides hepáticos e na circulação venocapilar pulmonar... O que caracteriza o “sequestro” é a queda súbita nos níveis de hemoglobina acompanhada por um aumento da reticulocitose. Costuma haver também plaquetopenia, e o paciente pode apresentar sinais de hipovolemia... No caso do sequestro esplênico o baço aumenta rapidamente de tamanho, enquanto no sequestro hepático ocorre hepatomegalia aguda dolorosa. No sequestro pulmonar pode haver hemorragia alveolar (com hemoptise) e insuficiência respiratória. As crises de sequestro podem ser desencadeadas por infecções, mas também podem ser espontâneas. Na AF o sequestro esplênico só acontece nos primeiros anos de vida (em geral em menores de cinco anos, já tendo sido relatado numa idade tão baixa quanto cinco semanas): após esse período, a maioria dos pacientes já completou o processo de autoesplenectomia, secundário à destruição do parênquima esplênico em decorrência de múltiplos infartos teciduais cumulativos. O baço de um falcêmico adulto é absolutamente atrófico e fibrosado. Já na hemoglobinopatia SC e na heterozigose HbS/β+-talassemia, as crises de sequestro esplênico podem aparecer em adultos, uma vez que nestas condições não ocorre a autoesplenectomia! Cerca de 30% das crianças falcêmicas vão desenvolver sequestro esplênico. Em até 15% das vezes o episódio inicial é fatal... A taxa de recidiva é de 50%. Por este motivo, após o primeiro episódio, já se indica a esplenectomia cirúrgica profilática. O tratamento agudo das crises de sequestro consiste na reposição volêmica com hemotransfusão.
157
A principal crise hiper-hemolítica da AF é a
Reação Hemolítica Tardia *Sabemos que até 30% dos falcêmicos tornam-se aloimunizados após algumas hemotransfusões, desenvolvendo aloanticorpos contra antígenos de grupos sanguíneos “menores” (Kell, Duffy, Kidd). Esses aloanticorpos podem desaparecer da circulação com o tempo, sendo novamente produzidos diante da reexposição ao sangue incompatível (resposta amnéstica tardia). Quando isso acontece, um paciente que, a princípio, teve prova cruzada compatível com o sangue doado, apresenta uma queda inexplicada dos níveis de hemoglobina após 4 a 10 dias, acompanhada por sinais laboratoriais de agravamento da hemólise (piora dos níveis de LDH, bilirrubina indireta, haptoglobina e surgimento de hemoglobinúria). Curiosamente, hemácias do próprio paciente também podem ser destruídas, devido ao efeito bystander (lise de células não dotadas do antígeno “alvo”), o que resulta numa anemia ainda mais profunda do que aquela que motivou a hemotransfusão
158
Outra causa clássica de crise hiper-hemolítica é a... que pode coexistir com a AF e só se manifestar quando o paciente é exposto a algum medicamento indutor de hemólise.
deficiência de G6PD (glicose 6-fosfato desidrogenase),
159
Nos falcêmicos, o resultado final do hipoesplenismo causado por repetidas microoclusões é
a perda da habilidade em remover bactérias que atingem a circulação sistêmica, além de uma queda na capacidade de sintetizar e secretar opsoninas (deficit de opsonização). O risco de infecções invasivas por germes encapsulados, como pneumococo e Haemophilus, torna-se extremamente aumentado!
160
Quadro com principais infecções e seus agentes etiológicos na AF
Galeria (foto 2)
161
Em face do elevado risco de infecções invasivas em crianças falcêmicas, todo episódio de febre acima de 38,5ºC neste subgrupo deve ser abordado como um caso de bacteremia pelo pneumococo até prova em contrário. Desse modo, é mandatório hospitalizar o paciente e iniciar antibioticoterapia empírica (droga de escolha = ceftriaxone) após coleta de culturas (sangue ± liquor). Em locais onde o pneumococo já adquiriu um alto grau de resistência, a droga de escolha para a terapia empírica passa ser a vancomicina.
V ou F
162
Em face do elevado risco de infecções invasivas em crianças falcêmicas, todo episódio de febre acima de 38,5ºC neste subgrupo deve ser abordado como um caso de bacteremia pelo pneumococo até prova em contrário. Desse modo, é mandatório hospitalizar o paciente e iniciar antibioticoterapia empírica (droga de escolha = ceftriaxone) após coleta de culturas (sangue ± liquor). Em locais onde o pneumococo já adquiriu um alto grau de resistência, a droga de escolha para a terapia empírica passa ser a vancomicina. V ou F
V
163
Além da maior incidência de AVE isquêmico, é importante ter em mente que a AF também predispõe ao AVE hemorrágico (que pode cursar como hemorragia subaracnoide, intraparenquimatosa e/ou intraventricular). O mecanismo costuma ser
a ruptura de aneurismas, os quais têm incidência aumentada na AF * A explicação para a maior ocorrência de dilatação aneurismática nessa doença é: existe um processo multifatorial de “enfraquecimento” da telial crônica, oclusão falcêmica dos vasa-vasorum (que promove isquemia da parede arterial) e estresse mecânico mediado pelo próprio fluxo sanguíneo, que se torna turbulento nas regiões onde existe lesão endotelial subjacente
164
A... pode ser encontrada em até 30% dos falcêmicos. Trata-se de uma hiperproliferação de pequenos vasos colaterais a partir de uma grande artéria cerebral estenosada, lembrando, na angiografia, o aspecto de uma “nuvem de fumaça saindo da ponta de um cigarro” (significado da expressão... em japonês). Este emaranhado de vasos colaterais tende a ser friável, sofrendo ruptura e/ou trombose com uma certa facilidade. Assim, portadores dessa doença estão sob risco aumentado de AVE hemorrágico, isquêmico, crises convulsivas e/ou deficit cognitivo.
doença de Moyamoya expressão Moyamoya
165
Até 1/3 dos AVE’s em falcêmicos se manifesta como..., logo, tal evento deve motivar a realização de exames de neuroimagem
crise convulsiva isolada
166
``` Existem evidências consistentes de que um programa de... reduz em > 90% a chance de um primeiro AVE nos pacientes de alto risco, restabelecendo a média de 1% ao ano ```
transfusão de troca parcial crônica (mantido indefinidamente)
167
O programa de exsanguineotransfusão parcial crônica, além de prevenir o AVE, acaba protegendo também contra a ocorrência de crises álgicas, infecções bacterianas, síndrome torácica aguda e hospitalizações em geral. V ou F
V
168
Como grupo, as... constituem a principal causa de óbito em falcêmicos na atualidade
complicações pulmonares
169
Em falcêmicos, Infiltrados pulmonares novos nos exames de imagem, que se associam a pelo menos um dos seguintes achados: febre, tosse, dor torácica, secreção purulenta, dispneia e/ou hipoxemia, caracterizam a chamada
Síndrome torácica aguda
170
Em crianças a STA costuma ser precedida por febre, sugerindo que o fator etiológico mais importante nesta faixa etária seja... Em adultos, na maioria das vezes a STA é precedida por uma... , sugerindo que a principal etiologia deve ser...
Infecções respiratórias crise álgica esquelética a embolia gordurosa secundária ao infarto da medula óssea
171
Manejo da STA
medidas de suporte conforme a necessidade (ex.: analgesia, suplementação de O2 (se SpO2 < 92%) ou ventilação mecânica) além de antibioticoterapia empírica com cobertura contra germes “típicos” (ex.: pneumococo e Haemophilus) e “atípicos” (Mycoplasma, Chlamidophyla e Legionella). Exemplos de esquemas antimicrobianos empíricos são: (1) fluoroquinolona respiratória em monoterapia; (2) betalactâmico + macrolídeo... A transfusão de troca parcial (visando Hb = 10 g/dl, Ht = 30% e HbS < 30%) está indicada para os pacientes que evoluem com desconforto respiratório intenso e/ou hipoxemia refratária à suplementação de O2 (com pO2 mantida < 70 mmHg).
172
HIPERTENSÃO PULMONAR. Sua prevalência aumenta em função da idade, sendo encontrada em até 60% dos falcêmicos adultos. Diversos mecanismos etiopatogênicos parecem operantes, como o tromboembolismo pulmonar crônico (episódios subclínicos) e a descompensação cardíaca progressiva secundária à própria anemia de base. Não obstante, acredita-se que o fator de maior impacto em sua gênese seja...
a depleção do óxido nítrico endotelial secundária | à hemólise intravascular contínua
173
História prévia de STA é fator de risco para hipertensão pulmonar no futuro V ou F
F História prévia de STA não é fator de risco para HP no futuro
174
espécie de “hepatite isquêmica microvascular” caracterizada por um aumento leve a moderado das enzimas (AST em torno de 300 U/l) e da bilirrubina sérica (que não ultrapassa 15 mg/dl). O quadro se resolve espontaneamente dentro de 3-14 dias, devendo ser abordado com as mesmas medidas de suporte comuns às demais crises vaso-oclusivas (hidratação, analgesia). No entanto, nos casos que evoluem com indícios de falência hepática (ex.: encefalopatia), deve-se realizar a transfusão de troca parcial (objetivando uma HbS < 30%).
Crise hepatocelular aguda
175
Os níveis de creatinina sérica são bastante sensíveis para detectar IR precoce em falcêmicos, sendo indicados como método de rastreamento a partir dos 35 anos de idade
F Os níveis de creatinina sérica são curiosamente pouco sensíveis para detectar este problema: além de terem menos massa muscular, falcêmicos secretam mais creatinina no túbulo proximal, o que faz com que este marcador demore muito a refletir a queda na TFG! Sinais de lesão renal estrutural, como HAS, hematúria, proteinúria e uma piora inexplicada da anemia (pela carência de eritropoietina) são indícios muito mais fidedignos do que a creatininemia para identificar os pacientes com probabilidade de já possuir IRC avançada.
176
AF é uma das causas clássicas de insuficiência renal crônica com rins de tamanho normal ou aumentado V ou F
V
177
Uma alteração invariavelmente presente, inclusive nos portadores de traço falcêmico, é a hipostenúria (perda da capacidade de concentração urinária máxima). Na vigência de deprivação hídrica esses indivíduos desidratam com mais facilidade, já que não conseguem evitar a perda de água pela urina. O resultado é uma tendência à hipernatremia e à hipovolemia, eventos que podem desencadear as crises vaso- -oclusivas em falcêmicos. V ou F
V *A origem da hipostenúria é a seguinte: a medula renal é um ambiente altamente propício à ocorrência de afoiçamento, por se tratar de uma região pouco vascularizada, com baixas tensões de oxigênio, além de ser naturalmente mais acidótica e hiperosmolar que o plasma. Falcêmicos e portadores de traço apresentam afoiçamento ininterrupto na microcirculação medular renal, justificando o surgimento de múltiplos infartos teciduais que comprometem as estruturas aí presentes (como os túbulos coletores responsáveis pela concentração urinária).
178
Entre 20-30% dos falcêmicos desenvolve proteinúria, sendo que uma fração desses indivíduos evolui com franca síndrome nefrótica. A lesão glomerular tipicamente associada à AF é a
glomeruloesclerose segmentar focal (GESF secundária)
179
``` existe associação entre traço falcêmico e carcinoma de medula renal, porém tal associação não é observada na anemia falciforme V ou F ```
V
180
Manejo do priapismo na AF
- após 2h de ereção involuntária o paciente deve procurar a emergência, recebendo hidratação venosa e analgesia. - Se o quadro persistir por mais de 4h deve-se proceder à aspiração percutânea dos corpos cavernosos, podendo-se instilar agonistas alfa-adrenérgicos em seu interior. - Priapismos refratários e com > 12h de duração devem ser tratados com exsanguinitransfusão parcial (visando uma HbS < 30%)
181
Todo indivíduo falcêmic deve realizar... para acompanhamento, indicando-se a... para os casos com indícios de retinopatia falcêmica. Na presença de neovascularização (retinopatia proliferativa) está indicada a...
fundoscopia anual angiografia com fluoresceína panfotocoagulação a lase
182
Nas gestantes falcêmicas, as hemotransfusões devem ser realizadas conforme as indicações habituais, acrescidas das seguintes indicações específicas:
(1) antes da cesária; (2) pré-eclâmpsia; (3) gestação gemelar; (4) história prévia de morte perinatal. *Se a hemoglobina estiver entre 8-10 g/dl (ou nas situações em que transfusões repetitivas são necessárias), o método transfusional deve ser a exsanguineotransfusão parcial.
183
Em termos clínicos, portadores de traço falcêmico são essencialmente assintomáticos, não apresentando anemia ou crises vaso-oclusivas. Sua expectativa de vida é idêntica à da população geral, e não se esperam múltiplas disfunções orgânicas progressivas. Assim, a princípio não há necessidade de qualquer tipo de tratamento, mas existem certos cuidados especiais que não podem ser negligenciados V ou F
V *se um portador de traço for submetido a um ambiente com baixa tensão atmosférica existe risco de sequestro esplênico (mesmo na vida adulta). Tal evento já foi bem documentado em pacientes que realizaram escaladas ou voos despressurizados a altas altitudes (acima de 10.000 pés, ou 3.000 metros). Voos comerciais geralmente têm pressão de O2 dentro da aeronave compatível com uma altitude de 8.000 pés, e por isso não representam risco para portadores de traço **É válido relembrar que, mesmo ao nível do mar, portadores de traço – assim como os falcêmicos – desenvolvem lesão isquêmica da medula renal (região fisiologicamente hipóxica, acidótica e hiperosmolar do rim). A lesão medular renal se expressa pelo achado de hipostenúria no EAS (perda da capacidade de concentrar a urina maximamente)... Raramente estes indivíduos evoluem com necrose de papila renal, o que tende a ocorrer quando algum insulto orgânico promove hipoperfusão renal transitória (ex.: sepse)...
184
é a forma mais comum de talassemia no Brasil, sendo a terceira hemoglobinopatia registrada (menos prevalente que a anemia falciforme e a hemoglobinopatia SC).
Betatalassemia
185
Classifique os diferentes tipos de betatalassemia de acordo com os alelos do portador
- os homozigotos para o gene β0 (genótipo β0/β0) não produzem absolutamente nenhuma cadeia beta, e os duplos heterozigotos (genótipo β0/β+) produzem pouquíssima cadeia beta. O paciente desenvolve a betatalassemia major (anemia de Cooley), um quadro de extrema gravidade e letalidade, dependente de hipertransfusão para a sobrevivência (este é considerado o fenótipo mais grave da doença) - os heterozigotos para o gene β0 ou β+ (genótipo β0/β ou β+/β) apresentam a chamada betatalassemia minor ou “traço talassêmico”. Um gene (ex.: o gene paterno) produz cadeia beta normalmente, enquanto o outro (ex.: o gene materno) não produz ou produz menos esta cadeia... Estes indivíduos são totalmente assintomáticos, embora tenham típicas alterações nos índices hematimétricos do hemograma Os homozigotos para o gene β+ (genótipo β+/ β+) costumam dar origem à betatalassemia intermedia, um quadro moderadamente grave de talassemia, mas não dependente da hipertransfusão. Raramente, o genótipo heterozigoto β0/β pode cursar com uma espécie de betatalassemia intermédia “mais branda”, assim como o genótipo β+/β+ também pode se apresentar como uma betatalassemia major “menos grave” que a β0/β0 e a β0/β+, especialmente quando o gene β+ é do tipo mediterrâneo
186
O que acontece quando a cadeia beta está em quantidade reduzida ou ausente nas células eritroides?
Duas consequências sobrevêm: (1) diminui a síntese de hemoglobina, promovendo microcitose, hipocromia e anemia; (2) sobram cadeias alfa no citoplasma do eritroblasto. As cadeias alfa livres são completamente insolúveis e precipitam no citoplasma da célula. O seu efeito tóxico culmina na destruição dos eritroblastos na própria medula óssea, um processo chamado eritropoiese ineficaz. Os poucos que sobrevivem originam hemácias “defeituosas”: além de microcíticas e hipocrômicas, estas hemácias contêm corpúsculos de inclusão (remanescentes de cadeia alfa), que as tornam suscetíveis aos macrófagos do baço, explicando a hemólise extravascular crônica. * Ainda há um outro problema... A eritropoiese ineficaz acaba estimulando (por um mecanismo desconhecido) a absorção intestinal de ferro, levando à hemossiderose (ou hemocromatose), mesmo na ausência da reposição inadvertida de sulfato ferroso. Este é o fenômeno da hemocromatose eritropoiética
187
Com até os 3-6 meses de idade a hemoglobina predominante é a HbF (α2γ2), não ocorrendo hemólise significativa. A partir dessa faixa etária, a doença se instala com anemia grave (Hg entre 3,0-5,0 g/dl) e icterícia. O ritmo acelerado de destruição de células eritroides (tanto na medula, quanto na periferia) estimula fortemente (por intermédio da eritropoietina renal) a proliferação e maturação dos eritroblastos (hiperplasia eritroide). Como consequência, há uma grande expansão da medula óssea (mais do que em qualquer outra anemia), levando às clássicas deformidades ósseas talassêmicas, a saber: proeminência dos maxilares (“fácies talassêmico” ou “fácies de esquilo” – Figura 1), aumento da arcada dentária superior, com separação dos dentes e bossa frontal. Enquanto as reservas metabólicas são utilizadas para a expansão do eritron, outras funções, como o crescimento, desenvolvimento e resposta imunológica ficam prejudicadas. Por isso, baixa estatura torna-se uma regra, bem como disfunção endócrina, inanição e suscetibilidade a infecções. Pela hemólise crônica, as crianças talassêmicas estão sujeitas à litíase biliar (cálculos de bilirrubinato de cálcio) e a úlceras maleolares. A hepatoesplenomegalia é um achado clássico. As talassemias estão entre as causas de esplenomegalia de grande monta... O aumento dessas vísceras se dá (1) pela hemólise crônica (hiperplasia reticuloendotelial); e (2) pela eritropoiese extramedular (o intenso estímulo à hiperplasia dos eritroblastos faz com que o baço e o fígado retomem a sua produção de células eritroides, tal como na vida fetal).
Betatalassemia major (anemia de cooley)
188
Na betatalassemia major, a radiografia de crânio pode revelar os aspectos clássicos da expansão medular... Na radiografia de mão, notamos adelgaçamento cortical, com expansão dos espaços entre as trabéculas ósseas.
adelgaçamento da cortical, alargamento da cavidade medular e a imagem do “hair-on-end”, ou “cabelos na extremidade”.
189
Laboratório da betatalassemia major
- anemia grave, microcítica e hipocrômica, com VCM entre 48-72 fL e CHCM entre 23-32 g/dl. - As alterações características de hemólise extravascular encontram-se presentes: hiperbilirrubinemia indireta, aumento do LDH, redução da haptoglobina, reticulocitose. Como a anemia não é exclusivamente pela hemólise, o índice de reticulócitos é de apenas 5-15%, menor do que o esperado para a gravidade da anemia. - O hemograma pode apresentar leucocitose neutrofílica, mas a plaquetometria está normal. - O esfregaço do sangue periférico é bastante rico. Há anisopoiquilocitose, com predomínio de hemácias microcíticas e hipocrômicas e de hemácias em alvo (leptócitos). A eritroblastose é marcante, decorrente da hiperplasia eritroide exagerada. Os eritroblastos na periferia (“hemácias nucleadas”), correspondem a mais de 10% da contagem leucocitária, ou mais de 200/mm3. Eventualmente, o hematologista se surpreende com a contagem extrema de 50.000-100.000 eritroblastos por mm3. A hematoscopia também pode revelar hemácias com pontilhado basofílico (tal como na anemia sideroblástica e no saturnismo).
190
O paciente com betatalassemia minor é assintomático, sendo o seu problema descoberto acidentalmente no seu hemograma. Alguns possuem uma anemia discreta (Hg > 10 g/dl), outros não apresentam anemia. Os grandes marcadores desta entidade são
microcitose (VCM entre 60-75 fL) e hipocromia (HCM entre 18-21pg). *O sangue periférico contém hemácias em alvo e pontilhado basofílico.
191
Nas betatalassemias, como há menos cadeias beta (ou simplesmente não há), as hemoglobinas formadas por outras cadeias não alfa sobressaem, como a HbA2 e a HbF. Valores de HbA2 entre... são característicos
3,5 a 8%
192
O percentual de HbF depende do grau de deficiência da cadeia beta: na forma major, esse percentual pode ultrapassar..., enquanto que na forma minor...
90% pode ser normal ou levemente elevado.
193
Tto da betatalassemia major
Hipertransfusão crônica A hipertransfusão é feita na dose de 5-10 ml/kg a cada 3-5 semanas, com o objetivo de manter a hemoglobina média de 12 g/dl e mínima de 10 g/dl A reposição de ácido fólico 1 mg/dia é rotineira. A esplenectomia é recomendável sempre que as necessidades de transfusão aumentarem mais de 50% em um ano ou ultrapassem 200 ml/kg/ ano. Parar prevenção de hemocromatose secudária, A terapia com deferoxamina, um quelante do ferro parenteral, representa a abordagem clássica. A via de administração é subcutânea, infundida em 12h (por meio de um dispositivo próprio), com a dose variando de 1,5-2,5 g/dia, cinco vezes por semana. Atualmente, no entanto, tem-se preferido um novo quelante de ferro: o deferasirox (20-30 mg/kg/ dia), que pode ser feito pela via oral, com os mesmos benefícios.
194
Transplante alogênico de medula (células- -tronco): esta terapia tem excelentes resultados na betatalassemia major, quando indicada corretamente. As crianças sem hepatomegalia e fibrose periportal, com uma boa adesão à terapia quelante de ferro (classe I), apresentam uma chance de sobrevida longa livre de doença (considerado “cura”) acima de 90%. Aquelas que apresentam hepatomegalia ou fibrose periportal (classe II), essa taxa cai para 80%. As que têm hepatomegalia e fibrose periportal (classe III), a chance passa a ser inferior a 50%. Neste último caso, o transplante, a princípio, não está indicado. V ou F
V
195
Enquanto que as betatalassemias ocorrem por mutações pontuais qualitativas nos genes beta, as alfatalassemias são decorrentes de deleção de um ou mais genes alfa (quatro genes da cadeia alfa de globina, dispostos no cromossomo 16, dois alelos em cada braço) V ou F
V
196
Descreva os tipos de alfatalassemia
αα/αα: normal αα/α_ (1 deleção) Carreador assintomático αα/_ _ (2 deleções) Alfatalassemia minor (heterozigoto α0) α_/α_ (2 deleções) Alfatalassemia minor (homozigoto α+) α_/_ _ (3 deleções) Doença da HbH _ _/_ _ (4 deleções) Hidropsia fetal
197
Sem nenhuma cadeia alfa, as cadeias gama se juntam, formando tetrâmeros γ4, denominados... Essa hemoglobina é muito ávida por O2, não sendo possível a entrega do precioso gás para os tecidos do feto. A anemia e hipóxia grave provocam falência cardíaca e edema fetal (hidropsia).
Hb Barts
198
Descreva a doença da hemoglobina H
ausência de três genes (genótipo α_/_ _) permite o nascimento da criança sem maiores problemas, mas já com anemia. O quadro clínico se desenvolve tal como uma talassemia intermedia, com hemólise extravascular e moderada eritropoiese ineficaz. Os pacientes chegam à fase adulta sem necessidade de hemotransfusões. Apresentam esplenomegalia e uma anemia moderada microcítica hipocrômica. A sobra de cadeias beta não possui o efeito tóxico grave das cadeias alfa livres (como nas betatalassemias). Forma-se um tetrâmero de cadeias beta (β4), denominado HbH. Esta última pode se precipitar nas hemácias, aparecendo no esfregaço do sangue periférico, corado pelo azul brilhante de cresil, como um pontilhado eritrocítico.
199
Na doença da HbH, a HbA2 e a HbF estão proporcionalmente normais ou aumentadas V ou F
F ``` A HbA2 e a HbF estão proporcionalmente normais ou reduzidas (ao contrário das betatalassemias). ```
200
O que caracteriza as leucemias como “agudas” é o acúmulo de..., células que recebem a denominação de... Os... leucêmicos são incapazes de se diferenciar em células maduras, devido a um bloqueio de maturação, o grande marco fisiopatológico da doença. As leucemias crônicas são caracterizadas pelo acúmulo de células ... Estas podem ser derivadas de clones neoplásicos mais jovens, que seguiram o processo normal de maturação.
progenitores de linhagem linfoide ou mieloide blastos (blasto = célula jovem) blastos maduras ou quase maduras.
201
Em 80% das LLA, a origem da neoplasia é na... No restante (20%), a fonte é a... Neste último caso, a leucemia pode cursar com proliferação de linfoblastos do..., levando a uma entidade análoga ao linfoma linfoblástico, um tipo de linfoma não Hodgkin de alto grau de malignidade, típico de crianças
linhagem B linhagem de células T timo
202
Tabelas com subtipos de LMA e LLA (leitura)
Galeria (foto 3)
203
O grande marco clínico das leucemias agudas é...
Pancitopenia por ocupação medular dos clones neoplásicos
204
O termo “leucemia” é aplicado às neoplasias hematológicas originárias da medula óssea, nas quais o clone leucocitário aparece no sangue periférico (leucemia = “células brancas no sangue”). No entanto, eventualmente o diagnóstico é feito numa fase em que a neoplasia ainda se encontra restrita à medula (“leucemia aleucêmica”). V ou F
V
205
Os blastos da LMA são um pouco... que os da LLA e geralmente apresentam... em seu citoplasma, o que define a linhagem... A presença no citoplasma de filamentos eosinofílicos – ... – é patognomônica de LMA, embora presente apenas nos subtipos M1, M2, M3 e M4.
maiores grânulos azurófilos granulocítica (M2, M3,M4) os bastonetes de Auer
206
A coloração positiva para mieloperoxidase ou Sudan Black B indica..., e para esterases não específicas indica...
LMA mieloblástica (M1, M2, M3, M4) LMA monoblástica (M4,M5)
207
A coloração positiva para PAS (ácido periódico de Schiff) sugere... Já a coloração positiva para fosfatase ácida indica...
LLA derivada de células B LLA derivada de células T
208
Para definir com precisão o subtipo de célula leucêmica criou-se a..., método considerado “padrão-ouro” para tipar as leucemias
imunofenotipagem * A positividade para um determinado marcador é vista pela presença de atividade fluorescente na membrana ou citoplasma da célula neoplásica, diretamente ao microscópio, ou então – de preferência – por um processo automatizado chamado citometria de fluxo
209
os marcadores de membrana CD13, CD14 e CD33 definem a origem... do blasto. O CD34 é um marcador da... e confere pior prognóstico... Já o marcador TdT citoplasmático é detectado nos... Os marcadores de membrana CD10 (CALLA = Common Acute Lymphoblastic Leukemia Antigen), CD19 e CD20 caracterizam o blasto linfoide. A presença do Fator de Von Willebrand e Glicoproteína IIb/IIIa na superfície do blasto caracteriza a...
mieloide célula--tronco (stem cell) linfoblastos LMA-M7 (megacariocítica). (galeria foto 4)
210
Em mais de 50% dos casos de LMA são observadas alterações cromossomiais no clone leucêmico. As mais importantes e mais cobradas em provas de residência são as translocações e as inversões... Algumas são específicas para determinado subtipo de leucemia, por exemplo: t(15;17) na... inv (16) ou t(16;16) na..., t(8;21) na...
M3 (promielocítica), M4 (mielomonocítica) com eosinófilos M2 (mieloide diferenciada). *(galeria foto 5)
211
Na LLA as alterações cromossomiais são bastante frequentes, sendo observadas em mais de 85% dos casos. A hiperploidia descreve um número de cromossomos superior a 46 (que pode chegar a > 60), e é uma alteração típica da forma infantil desta leucemia, indicando... prognóstico
bom
212
As leucemias agudas podem ser primárias, quando surgem em um paciente sem nenhuma doença hematológica e sem uso prévio de quimioterápicos leucemogênicos, ou secundárias, quando surgem em pacientes com (1) doenças hematológicas pré-leucêmicas, tais como as síndromes mielodisplásicas (importante causa de LMA em idosos), síndromes mieloproliferativas (ex.: LMC, P. vera, hemoglobinúria paroxística noturna); ou (2) uso prévio de certos quimioterápicos, como os agentes alquilantes (clorambucil, bussulfan, mostarda nitrogenada, melfalan etc.) e os inibidores da topoisomerase II (etoposídio, tenoposídio). As leucemias “secundárias” possuem geralmente um melhor prognóstico. As leucemias secundárias são normalmente do tipo LMA. V ou F
F Toda leucemia “secundária” possui um prognóstico reservado, pois em geral seu clone neoplásico tende a ser mais resistente ao tratamento!!! As leucemias secundárias são normalmente do tipo LMA.
213
Classificação das leucemias agudas da OMS
Galeria (foto 6)
214
LMA é a leucemia aguda mais comum! Sua incidência começa a se elevar a partir dos 15 anos e tende a aumentar progressivamente com a idade. Assim, um adulto com leucemia aguda provavelmente tem LMA! Sabemos que a doença possui ligeira preferência pelo sexo masculino V ou F
V
215
A tríade | sintomática da leucemia aguda é:
(1) astenia; (2) hemorragia; (3) febre *Essa tríade é a mesma da anemia aplásica, sendo este o diagnóstico diferencial mais importante, principalmente quando não houver leucocitose no hemograma. Doenças infecciosas graves, tais como a meningococemia, também podem se apresentar de forma semelhante
216
Outros sinais e sintomas são decorrentes da infiltração leucêmica de órgãos e tecidos. Vejamos alguns exemplos... A hepatoesplenomegalia é uma manifestação frequente assim como ocorre na anemia aplásica. A esplenomegalia das leucemias agudas não é tão proeminente quanto a da LMC... A linfadenopatia pode ocorrer, embora seja mais comum na LLA. A dor óssea (também mais comum na LLA) é um sintoma decorrente da expansão medular pela proliferação dos blastos ou da invasão do periósteo V ou F
F Outros sinais e sintomas são decorrentes da infiltração leucêmica de órgãos e tecidos. Vejamos alguns exemplos... A hepatoesplenomegalia é uma manifestação frequente e pode diferenciar clinicamente a leucemia aguda de uma anemia aplásica (que não cursa com hepatoesplenomegalia).
217
Algumas manifestações infiltrativas são características de certos subtipos de LMA. O exemplo mais clássico é o da..., comum nos subtipos M4 e M5 (monocíticos)
hiperplasia gengival
218
é uma tumoração extramedular de blastos, que pode se apresentar como um tumor de órbita ou em outros locais, como ossos, pulmões, SNC, ovário, útero etc. Esta última apresentação pode ocorrer em qualquer subtipo de LMA, embora seja mais frequente nos casos com a translocação t(8;21).
Sarcoma granulocítico (cloroma)
219
Quando a leucometria alcança valores exorbitantes (> 50.000 ou > 100.000/mm3, dependendo da referência) – uma condição conhecida como hiperleucocitose, mais comum nos subtipos M4 e M5 – a síndrome da leucostase pode se instalar. Descreva-a
Os leucócitos (neste caso, os blastos) aumentam a viscosidade sanguínea e podem se aderir ao endotélio das vênulas pulmonares e outros órgãos, como o cérebro. O paciente apresenta sintomas neurológicos (cefaleia, borramento visual, parestesias, torpor, coma, crise convulsiva), pulmonares (dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória com hipoxemia grave) e geniturinários (priapismo, insuficiência renal aguda). Esta condição deve ser imediatamente tratada com leucoaférese (retirada de leucócitos do sangue) + quimioterapia.
220
O hemograma de uma leucemia aguda é caracterizado | pela presença de
Anemia + plaquetopenia (“bicitopenia”), com leucometria variável. *A anemia é um achado quase universal, sendo geralmente moderada a grave (Hb entre 5-9 g/dl), normocítica, normocrômica e sem reticulocitose. O grau de plaquetopenia varia, com cerca de 25% dos pacientes possuindo plaquetas abaixo de 20.000/mm3. A leucocitose é um achado comum, embora alguns casos abram com leucopenia
221
A hiperuricemia está presente em 50% dos pacientes com LMA, pelo aumento na produção de ácido úrico decorrente da hiperproliferação celular V ou F
V
222
O aumento dos níveis séricos de lisozima (substância presente nos grânulos dos monócitos e monoblastos) é característico dos subtipos M4 e M5 da LMA e pode ter consequências clínicas, como a....
lesão tubular renal, levando à insuficiência | renal aguda
223
A... podem ocorrer especialmente quando o sangue colhido demora a ser processado no laboratório
pseudo-hipercalemia e a pseudo-hipoglicemia *(os blastos no tubo de ensaio liberam potássio e consomem glicose...).
224
Os... neoplásicos secretam fatores pró-coagulantes, tais como o próprio fator tecidual (desencadeador da via extrínseca da coagulação), induzindo uma síndrome de CIVD (Coagulação Intravascular Disseminada). Estes pacientes apresentam um quadro clínico marcado principalmente pelo sangramento, desproporcional ao grau de plaquetopenia. Até pouco tempo atrás, este era um dos subtipos de LMA de pior prognóstico, pois os pacientes apresentavam quadros graves de hemorragia (inclusive AVE hemorrágico) nos primeiros dias ou semanas. A própria quimioterapia induzia a CIVD, ao liberar fatores prócoagulantes quando da destruição dos blastos neoplásicos... Felizmente, com o advento da terapia com ácido transretinoico (ATRA, também chamado de tretinoína), hoje estes pacientes apresentam um prognóstico muito mais favorável, tornando-se, na verdade, o subtipo de LMA de melhor prognóstico!!!
LMA M3 | ..promielócitos
225
A classificação da OMS aceita o diagnóstico de LMA em pacientes com < 20% de blastos na MO quando existe um sarcoma mieloide, ou quando certas alterações citogenéticas são identificadas, como t(8;21), inv(16) e t(15;17). V ou F
V
226
A Remissão Completa (RC) da LMA é definida | por:
(1) desaparecimento dos blastos do sangue periférico; (2) medula óssea com menos de 5% de blastos; (3) ausência de células com bastonetes de Auer; (4) recuperação hematopoiética (hemograma com mais de 1.000/mm3 neutrófilos e mais de 100.000/mm3 plaquetas – a contagem de hemácias não entra nesse critério). A avaliação quanto à ocorrência ou não de RC geralmente é feita 1 semana após o término da QT,
227
Existem três possibilidades de terapia pósremissão na LMA, cite-as:
(1) quimioterapia de consolidação; | (2) transplante alogênico de células hematopoiéticas; (3) transplante autólogo de células hematopoiéticas
228
Um dos principais efeitos colaterais da | ara-C em altas doses é
toxicidade cerebelar * tende a ocorrer com maior frequência em idosos e pode deixar sequelas irreversíveis.
229
é considerado a terapia pós remissão mais eficaz da LMA, em termos de cura, embora possua alta toxicidade, com mortalidade em torno de 20%.
Transplante alogênico de células hematopoiéticas *O transplante alogênico deve ser fortemente considerado como primeira opção de terapia pós-remissão (em vez da quimioterapia de consolidação) em pacientes sem cariótipo favorável ou com outros fatores de mau prognóstico (ex.: hiperleucocitose), principalmente se a idade for < 55-60 anos e existir um doador HLA compatível
230
Embora não seja mielotóxico, o ácido transretinoico (ATRA) pode provocar um importante efeito adverso: a síndrome da diferenciação da leucemia promielocítica, presente em 25% dos casos dentro das primeiras três semanas de tratamento. Cite-a
Surgem febre, edema periférico, taquidispneia, hipoxemia, infiltrado pulmonar, polisserosite, disfunção renal e hepática, com metade dos pacientes apresentando hiperleucocitose. ``` Sua fisiopatogênese é explicada pela adesão das células neoplásicas recém-diferenciadas ao endotélio da microcirculação (principalmente pulmonar), causando um “entupimento” semelhante àquele observado na síndrome de leucostase. O quadro se resolve de forma rápida com a suspensão provisória do ATRA e dexametasona 10 mg IV 12/12h por 3-5 dias. ```
231
A LLA infantil responde muito bem à quimioterapia, com chance de cura em torno de 90%. A LLA também pode ocorrer no adulto. Nesse caso, a doença apresenta pior prognóstico, com uma taxa de cura de apenas 25 a 40%. V ou F
V
232
O quadro clínico da LLA é muito semelhante ao da LMA. Contudo, algumas diferenças devem ser destacadas:
(1) a dor óssea é muito frequente – 80% dos casos; (2) adenomegalia cervical ou generalizada é mais frequente – 75% dos casos; (3) podem ocorrer massas mediastinais no subtipo de células-T do timo; (4) o acometimento do sistema nervoso central e dos testículos (especialmente na recidiva) é mais comum; (5) a febre neoplásica é mais comum – 70% dos casos; (6) a hiperplasia gengival não faz parte do quadro clínico.
233
No TTO da LLA é necessário necessidade de profilaxia com sulfametoxazol- trimetoprim contra a..., devido ao uso de...
pneumocistose altas doses de corticoide
234
Dos QTX utilizados na LLA, a... é neurotóxica, podendo causar neuropatia periférica sensitiva altamente sintomática
vincristina
235
a LLA possui grande tendência à recidiva no SNC (meningite leucêmica) após a quimioterapia. O SNC funciona como um “santuário” para os linfoblastos, pois os quimioterápicos da indução e consolidação não passam pela barreira hematoencefálica. A profilaxia é iniciada junto com o esquema de indução, sendo feita com metotrexate (MTX) intratecal (infundido por punção lombar), na dose 10 mg/m2 a cada 20 dias por 8 doses (duração do tratamento: 3-6 meses). Alguns protocolos utilizam um esquema intratecal triplo com MTX + ara-C + prednisona, ou MTX + ara-C + dexametasona (MADIT). A radioterapia craniana com 12 Gy (1.200 rads) é acrescentada no 8o mês de tratamento nos pacientes de alto ou intermediário risco de recidiva. A radioterapia com 24 Gy (2.400 rads) tem sido abandonada pelo maior risco de sequelas neuropsiquiátricas e tumor intracraniano. Antes de se iniciar a profilaxia, deve-se colher o liquor para avaliar a presença de leucemia meníngea (observada em 5% dos casos e definida como presença de mais de 5 blastos/mcL de liquor), pois neste caso, deve-se fazer radioterapia craniana com 24 Gy V ou F
V
236
O uso do metotrexato exige o chamado “resgate” com ácido folínico (leucovorin), para diminuir a...
toxicidade medular (pancitopenia) e mucosa (mucosite e translocação bacteriana)
237
O tratamento da doença enxerto-versus-hospedeiro aguda é indicado nos graus... ou seja, quando há comprometimento hepático e intestinal. A terapia é feita com... Somente metade dos pacientes apresenta resposta e a mortalidade continua alta, especialmente no estágio IV. O paciente acaba evoluindo com insuficiência orgânica múltipla
II, III e IV, metilprednisolona 2 mg/kg/dia Estágio - Grau 1: Rash < 25% da superfície corporal; diarreia 500-1.000 ml/dia; bilirrubinas 2-3 mg/dl - Grau 2: Rash 25-50% da superfície corporal; diarreia 1.000-1.500 ml/dia; bilirrubinas 3-6 mg/dl - Grau 3: Eritrodermia generalizada; diarreia > 1.500 ml/dia; bilirrubinas 6-15 mg/dl - Grau 4: Descamação e bolhas; Íleo metabólico; bilirrubinas > 15 mg/dl
238
A doença enexerto vs hospedeiro crônica por definição é aquela que ocorre 3 meses após o tx. Assemelha-se a uma doença autoimune multissistêmica, manifestando- se com rash malar, poliartrite, síndrome de Sjögren, colestase intra-hepática e bronquiolite obliterativa. Os sinais e sintomas costumam resolver com a terapia imunossupressora, composta por... A terapia deve ser mantida por 1-3 anos.
prednisona + ciclosporina
239
Sobre as complicações taridas do Tx de medula óssea, a maioria dos pacientes evolui com disfunção gonadal (amenorreia, esterilidade) e muitos desenvolvem hipotireoidismo subclínico ou clínico, necessitando de hormônios tireoidianos. Outras complicações tardias possíveis são: fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crônica. Há também um aumento da incidência de linfomas não Hodgkin relacionados ao vírus Epstein-Barr, ocorrendo em 5-10% dos pacientes. V ou F
V
240
O pico de incidência da LMC é na infância, por volta dos 15 anos, porém pode ocorrer em adultos (até 2% das leucemias). Existe um discreto predomínio no sexo masculino V ou F
F O pico de incidência da LMC é na fase adulta, por volta dos 55 anos, porém pode ocorrer em crianças (até 2% das leucemias da infância). Existe um discreto predomínio no sexo masculino
241
O clone neoplásico da LMC provavelmente é uma célula-tronco (stem cell). Por razões desconhecidas essas células adquirem uma anomalia citogenética denominada...
cromossomo Filadélfia *que, na verdade, é uma translocação entre os braços longos do cromossomo 9 (banda 34) e 22 (banda 11), representada por t(9;22) (q34; q11) – Essa simples translocação aproxima o gene c-abl, presente no cromossomo 9, a um gene do cromossomo 22 denominado bcr (breakpoint cluster region). **A aposição desses genes forma um oncogene híbrido, chamado bcr/abl, responsável pela síntese da proteína P210 (uma tirosina quinase com peso molecular de 210 KDa) incriminada no aumento da divisão celular e no bloqueio da apoptose (morte celular programada) – alternativamente, a fusão do gene BCR-ABL pode ocorrer em outras duas regiões diferentes, dando origem a proteínas com pesos moleculares distintos, como a P190 (encontrada em pacientes com LLA cromossomo Ph +, implicada em pior prognóstico nesta patologia) ou a P230 (encontrada na LMC variante – casos com curso mais indolente).
242
Na LMC, cerca de 99,9% dos pacientes apresentam o cromossomo filadélfia V ou F
F Cerca de 95% dos pacientes com LMC apresenta o cromossomo Filadélfia ou t(9;22),
243
Na LMC, os monócitos e as plaquetas podem se elevar (monocitose, trombocitose), porém a hematimetria tende a se reduzir (anemia) por conta da ocupação medular neoplásica, inibindo a eritropoiese. V ou F
V
244
Qual o marco da LMC
Leucocitose Neutrofílica Acentuada com desvio à esquerda + Esplenomegalia de Grande Monta
245
O exame físico da LMC demonstra esplenomegalia em 60-80% dos casos, que pode ser de grande monta (> 5 cm do RCE), e algumas vezes com o baço palpável na fossa ilíaca esquerda. A esplenomegalia pode ser indolor ou dolorosa V ou F
V
246
Uma anemia ...(tipo da anemia) está presente na apresentação em 50% dos casos. Em relação às plaquetas, a regra é a..., ocorrendo em metade dos casos já na apresentação clínica
normocítica normocrômica trombocitose (plaquetometria > 400.000/mm3) *Regra na LMC: Anemia + Hiperleucocitose + Trombocitose
247
Em um hemograma com grande leucocitose, o encontro de granulações tóxicas grosseiras nos neutrófilos, com vacuolização citoplasmática (os chamados corpúsculos de Döhle) aponta para o diagnóstico de...
reação leucemoide *pois indica que os neutrófilos circulantes foram “ativados” pelo estímulo infeccioso/inflamatório. Outro parâmetro laboratorial que também reflete a ocorrência de “ativação” neutrofílica é o aumento da fosfatase alcalina leucocitária. Na LMC, a fosfatase alcalina leucocitária está baixa para o grau de leucocitose, ao passo que na reação leucemoide (e também nas outras síndromes mieloproliferativas) ela está tipicamente aumentada! Por fim, mais um dado que auxilia na diferenciação é a presença de eosinofilia e, principalmente, basofilia na LMC. Nas reações leucemoides (que são respostas a um estresse agudo), espera-se eosinobasopenia
248
Na LMC, apesar da contagem de plaquetas alta, os pacientes estão propensos ao sangramento, pois existe disfunção plaquetária. Ao mesmo tempo, têm um risco aumentado de trombose, pela leucostase e pela trombocitose acentuada V ou F
V
249
Apesar da contagem total de leucócitos ser maior na LMC do que na LMA, a síndrome da leucostase é mais frequente nesta última. Explique
Os blastos aumentam mais a viscosidade sanguínea do que os neutrófilos maduros, considerando a mesma contagem na periferia (os blastos são “grandes” e “pouco deformáveis”)
250
Após um período médio 3-5 anos, virtualmente todos os pacientes com LMC não tratada evoluem para a chamada...
crise blástica *uma leucemia aguda rapidamente fatal (sobrevida média de três meses); a causa mais comum de óbito na doença. Se a leucemia for do tipo LMA, denomina-se crise blástica mieloide (a mais comum); se for do tipo LLA, chama-se crise blástica linfoide. Um terço dos pacientes evolui diretamente para a crise blástica, enquanto que os dois terços restantes, antes de chegar à crise blástica, passam por uma fase acelerada da LMC, caracterizada por uma alta contagem granulocítica (neutrófilos, basófilos) e esplenomegalia refratárias à terapia mielossupressora e pela perda progressiva da capacidade de diferenciação do clone neoplásico, surgindo maior número de blastos na medula e sangue periférico. A explicação para a progressão para as fases acelerada e blástica da doença está na aquisição de anomalias citogenéticas ou moleculares adicionais pelo clone leucêmico da LMC (fenômeno chamado de “evolução clonal”).
251
Critérios diagnósticos da crise blástica segundo a OMS
Pelo menos um dos seguintes: - Blastos ≥ 20%* (medula óssea ou sangue periférico) - - Grandes focos ou grupamentos de blastos na medula óssea - Cloroma ou sarcoma mieloblástico (tumor extramedular) *Por outros critérios que não os da OMS, a crise blástica é definida por um número ≥ 30% de blastos na medula e periferia.
252
O... revolucionou a terapêutica da LMC ao propiciar taxas impressionantes de remissão da doença. Este tem sido o tratamento de primeira linha, ficando o transplante alogênico de células hematopoiéticas em segundo plano
mesilato de imatinibe (Gleevec) *um inibidor específico da tirosina-quinase “mutante” codificada pelo gene bcr/abl. Logo, ele atua apenas nas células neoplásicas, bloqueando o estímulo hiperproliferativo, o que evita seu acúmulo no organismo! Em geral os efeitos adversos são leves a moderados, incluindo anasarca, náuseas, diarreia, hemorragias, cãibras e rash cutâneo. A dose padrão é 400 mg/ dia, via oral.
253
Em casos de intolerância ou falência terapêutica com o Gleevec, ual a conduta?
Trocar por outro inibidor de tirosina-quinase mais potente, ou então, encaminhar o paciente para o transplante de células hematopoiéticas. Se decidirmos pela troca do medicamento, é preciso antes realizar uma análise mutacional do bcr/ abl, a fim de identificar a melhor opção farmacológica. Em geral, a escolha recai sobre algum dos inibidores de tirosina-quinase de 2a geração, como o dasatinibe (Sprycel, 300- 400 mg/2x dia) ou o nilotinibe (Tasigna, 100 mg/dia). Tais drogas são bem mais potentes que o Gleevec (30-300x mais), sendo capazes de “salvar” até 90% dos pacientes em falência terapêutica... Outro inibidor de tirosinaquinase de 2a geração (de desenvolvimento mais recente), o bosutinibe (Bosulif, 500 mg/ dia), vem sendo empregado em pacientes que não respondem ou não toleram o dasatinibe e o nilotinibe.
254
Com o tempo alguns pacientes tornam-se refratários a todos os inibidores de tirosina-quinase de 1a e 2a geração, e raros pacientes já se mostram refratários desde o início do tratamento... Tais indivíduos geralmente possuem a mutação T315I no gene bcr/abl, o que acarreta resistência cruzada a todas essas drogas! Felizmente, para estes casos já foi desenvolvida uma droga de 3a geração: o ponatinibe (Iclusig, 45 mg/dia). O grande problema do ponatinibe é que ele aumenta o risco de
trombose arterial (ex.: IAM, AVC)...
255
Qual a composição da terapia paliativa na LMC?
As drogas mielossupressoras, em especial o bussulfan e a hidroxiureia, são capazes de promover a remissão hematológica (diminuir a contagem leucocitária e plaquetária) e controlar os sintomas e a esplenomegalia. Estudos comparativos entre o bussulfan (historicamente a primeira droga utilizada com eficácia na LMC) e a hidroxiureia revelaram uma importante vantagem desta última (dose 15 mg/kg/dia, via oral), com menos toxicidade, menor chance de transformação para crise blástica e maior sobrevida média. A remissão citogenética quase nunca é atingida e, portanto, os agentes mielossupressores não modificam a história natural da doença. O alopurinol é utilizado como medida de prevenção da gota e da nefropatia por deposição de urato (síndrome de lise tumoral).
256
A LLC praticamente não é vista em pessoas com menos de 30-40 anos de idade e não acomete crianças. Segundo a classificação atual da OMS, a LLC é colocada ao lado dos linfomas, no grupo das Neoplasias ou Síndromes Linfoproliferativas V ou F
V
257
A LLC está relacionada à radiação ionizante, benzeno ou agentes alquilantes. Em cerca de 10% dos casos a história familiar de LLC ou outras neoplasias linfoproliferativas é positiva, sugerindo a existência de uma variante “familiar” da doença, que tende a se manifestar numa idade mais precoce V ou F
F A LLC não está relacionada à radiação ionizante, benzeno ou agentes alquilantes
258
Pacientes com LLC têm uma maior incidência | de outras neoplasias não hematológicas, principalmente...
Ca de pulmão e gastrointestinal.
259
Na LLC, por definição, a linfocitose é > 5.000/mm3. Depois da linfocitose, a adenomegalia cervical é o achado mais comum, presente em 2/3 dos pacientes na apresentação da doença. Os linfonodos aumentados inicialmente são inferiores a 2 cm, móveis e de consistência elástica, sugerindo benignidade. Posteriormente, evoluem para um aumento de tamanho e confluência, podendo se apresentar como grandes massas cervicais. A adenomegalia pode se generalizar, acometendo inclusive linfonodos viscerais. V ou F
V
260
O marco da LLC é
Linfocitose Acentuada + Adenomegalia
261
Uma alteração que pode chamar atenção para o diagnóstico de LLC é o encontro de linfócitos destruídos ou “amassados” – denominados
smudge cells ou manchas de Gumprecht
262
uma... pode ocorrer em 10% dos casos em algum momento da doença. É o diagnóstico mais provável quando a anemia se instala de forma abrupta, associada à icterícia por elevação da bilirrubina indireta e reticulocitose no sangue periférico. Essa anemia responde aos glicocorticoides (ou ao Rituximab) e não está associada a mau prognóstico
anemia hemolítica autoimune (Coombs | direto positivo) por anticorpo “quente” (IgG)
263
Outro achado típico da LLC é a... decorrente do bloqueio de maturação dos linfócitos B neoplásicos.
hipogamaglobulinemia,
264
é a síndrome de Richter, descrita em 5% | dos casos. Trata-se de...
uma transformação neoplásica da LLC em um linfoma não Hodgkin agressivo, geralmente o linfoma B difuso de grandes células. O paciente evolui com grandes massas linfonodais de crescimento rápido, febre, emagrecimento e acometimento extranodal. A sobrevida média é de poucos meses, pois a resposta à quimioterapia é precária.
265
A indicação de tratar a LLC passa a existir quando o paciente desenvolve um ou mais dos seguintes:
(1) fadiga progressiva; (2) linfadenopatia sintomática; (3) anemia; (4) trombocitopenia
266
é um tipo incomum de leucemia crônica (< 1-2% dos casos), porém a realização deste diagnóstico é crucial, devido ao prognóstico geralmente favorável e à ótima resposta terapêutica. A doença acomete adultos, com média de idade em torno de 50 anos, e tem uma forte predominância no sexo masculino (5:1). O clone neoplásico é derivado do linfócito B. Ele infiltra a medula óssea e produz fatores ativadores de fibrose, justificando o encontro frequente de mielofibrose na biópsia. Essa célula possui um citoplasma que apresenta projeções em forma de pelo – daí o seu consagrado nome
LEUCEMIA DE CÉLULAS PILOSAS (“HAIRY CELL LEUKEMIA”) ou tricoleucemia
267
Na tricoleucemia, o quadro clínico lembra muito o das síndromes mieloproliferativas, sendo comum uma esplenomegalia de grande monta e rara à adenomegalia. O hemograma geralmente revela pancitopenia (neutropenia + anemia + plaquetopenia), incluindo a monocitopenia (monócitos < 100/mm3), um marco da doença V ou F
V **O motivo é uma combinação de ocupação medular pelas células leucêmicas, secreção de fatores inibidores da hematopoiese, mielofibrose e hiperesplenismo. Em geral, se observa leucopenia (< 4.000/mm3) com linfocitose relativa (> 30%), constituída pelas células B pilosas, embora uma linfocitose absoluta superior a 10.000/mm3 seja observada em 20% dos pacientes
268
Achados característicos da tricoleucemia
Pancitopenia + Esplenomegalia de Grande Monta Linfocitose Relativa + Monocitopenia + Aspirado SECO
269
um tipo raro de leucemia, manifestando-se com intensa linfocitose (> 100.000/mm3), esplenomegalia de grande monta e citopenias. Os prolinfócitos são células maiores e possuem um único nucléolo, bem proeminente. A doença costuma ter uma sobrevida média de três anos e uma resposta precária à terapia.
Leucemia prolinfocítica crônica
270
Os linfomas B que leucemizam com certa frequência | são o
- linfoma folicular - linfoma esplênico com células vilosas - linfoma de células do manto
271
Características comuns das síndromes mieloproliferativas
1- Esplenomegalia 2- Evolução indolente 3- Medula Hiperplásica na fase inicial 4- Possível evolução para Mielofibrose com Metaplasia Mieloide 5- Possível progressão para Leucemia Mieloide Aguda Secundária
272
Como vimos anteriormente, a LMC é definida pela t(9;22), ou “cromossomo filadélfia”, que determina a produção de uma tirosina quinase anômala codificada pelo gene de fusão BCR/ ABL. Já as outras três síndromes mieloproliferativas (PV, TE e MF) têm em comum uma alta incidência da mutação...
JAK-2 *A sigla JAK se refere à enzima Janus-Kinase, um segundo mensageiro na cascata de sinalização intracelular de vários receptores para fator de crescimento, como os receptores de eritropoietina e trombopoietina. Na vigência dessa mutação ocorre uma ativação constitutiva, ininterrupta, daquelas vias de sinalização intracelular, induzindo a célula progenitora a se proliferar mesmo na ausência do respectivo fator de crescimento
273
Trata-se de uma desordem mieloproliferativa neoplásica, de curso insidioso, que geralmente acomete indivíduos na faixa etária ente 50-80 anos, com discreto predomínio no sexo masculino. É a síndrome mieloproliferativa mais comum.
Policitemia vera *É a síndrome mieloproliferativa mais comum, seguida pela LMC, mielofibrose idiopática e trombocitemia essencial, em ordem decrescente de frequência.
274
Alguns pacientes apresentam eritrocitose relativa crônica, geralmente homens de meia-idade, hipertensos e fumantes ‒ uma condição denominada... A patogênese é multifatorial, sendo o tabaco um dos principais fatores: o monóxido de carbono (CO) presente no cigarro liga-se de forma irreversível a algumas moléculas de hemoglobina, tornando-as incapazes de transportar oxigênio aos tecidos (carboxi-hemoglobina). A resposta renal é um aumento discreto da produção de eritropoietina que tem como consequência um leve aumento da massa eritrocitária.
síndrome de Gaisböck
275
Quadro clínico policitemia vera
Os sintomas são provenientes do aumento da viscosidade sanguínea: cefaleia, tontura, turvação visual, parestesias. Como igualmente acontece em outras síndromes mieloproliferativas (devido à elevada taxa de metabolismo celular replicativo), queixas como fraqueza e perda ponderal, febre baixa e sudorese costumam ocorrer. A HIPERvolemia está presente e pode levar à hipertensão arterial sistêmica (70% dos pacientes têm PA sistólica > 140 mmHg). A hipervolemia, associada à hiperviscosidade sanguínea, sobrecarrega o coração, levando à congestão pulmonar e dispneia O prurido é um achado frequente na policitemia vera, ocorrendo em quase 50% dos casos, provavelmente devido à basofilia e consequente hiper-histaminemia. De forma característica, o prurido é desencadeado pelo banho quente (“prurido aquagênico”). A resposta aos anti-histamínicos costuma ser boa. O exame físico do paciente revela pletora facial (Figura 1) e esplenomegalia em 70% dos casos. A pletora facial (“vermelhidão”) é mais proeminente nas bochechas, nariz, lábios, orelhas e pescoço. A esplenomegalia geralmente não é de grande monta, como na LMC e na mielofibrose idiopática. Hepatomegalia está presente em 40% dos casos. A pletora conjuntival (ingurgitamento dos vasos da conjuntiva) e a eritrocianose das extremidades (Figura 2) também são características da doença. Os vasos da retina estão dilatados e pode haver hemorragias (Figura 3). As equimoses são comuns, bem como as lesões urticariformes.
276
Explique a associação da policitemia com a anemia ferropriva
A incidência de úlcera péptica e hemorragia digestiva está elevada na policitemia vera, por conta da basofilia e hiper-histaminemia (a histamina estimula a secreção gástrica de ácido). O sangramento gastrointestinal crônico pode levar à ferropenia. Em alguns casos, a ferropenia reduz o hematócrito, que pode ficar normal ou no limite superior da normalidade. Curiosamente, as hemácias estarão microcíticas, sendo esta combinação de achados (isto é, hematócrito normal com hemácias intensamente microcíticas) um indício clássico da coexistência de P. vera com ferropenia.
277
A única neoplasia hematológica que se apresenta com “Pancitose” (aumento de hemácias, leucócitos e plaquetas) é a...
Policitemia Vera
278
Critérios diagnósticos da OMS para policitemia vera
Critérios Maiores A1. Hb > 18,5 g/dl homens Hb > 16,5 g/dl mulheres A2. Presença da mutação JAK-2 Critérios Menores B1. Medula óssea com aumento das três linhagens hematopoiéticas (hemácias, leucócitos e plaquetas), isto é, “pancitose” B2. Eritropoietina sérica abaixo do valor de referência B 3 . F o r m ação de colônia eritroide endógena in vitro Diagnóstico A1 + A2 + qualquer B A1 + pelo menos 2 B
279
Na PV, o principal determinante do risco de trombose é a eritrocitose, e não a trombocitose V ou F
V
280
Apesar da forte associação com trombose, portadores de PV também têm risco aumentado de eventos hemorrágicos
V * . A explicação para este fenômeno é curiosa: trata-se de uma forma adquirida da doença de von Willebrand que acontece quando a contagem de plaquetas fica muito aumentada... Com um aumento expressivo da plaquetometria começa a haver sequestro (por adsorção na superfície plaquetária) e proteólise do fvWb circulante, que assim tem seus níveis reduzidos. Logo, apesar de existir um grande número de plaquetas, a hemostasia primária encontra-se prejudicada, pois a deficiência do fvWb impede uma adequada adesão plaquetária
281
``` A flebotomia comprovadamente aumenta a sobrevida do portador de P. vera, permitindo que ela ultrapasse a marca de dez anos (sem tratamento a P. vera sintomática tem sobrevida de 6-18 meses) V ou F ```
V
282
Tríade clássica vista no esfregaço de sangue periférico da mielofibrose idiopática
(1) leucoeritroblastose; (2) poiquilocitose com predomínio de Hemácias em Lágrima, ou Dacriócitos; (3) plaquetas gigantes degranuladas (“fragmentos de megacariócitos”)
283
O termo “esplenomegalia maciça” significa...
que o baço está palpável na fossa ilíaca esquerda, ou então ultrapassou a linha média do abdome
284
Causas d esplenomegalia maciça
Hematológicas - Leucemia Mieloide Crônica (LMC) - Mielofibrose Idiopática - Fase avançada da P. Vera ou da T. Essencial - Linfoma Esplênico - Tricoleucemia - Raros casos de Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) - Raros casos de Mieloma Múltiplo - Raros casos de Macroglobulinemia de Waldenström Infecciosas - Calazar - Malária (forma crônica) - Esquistossomose hepatoesplênica Outras - Doença de Gaucher - Síndrome de Felty
285
Não se faz esplenectomia de rotina no tratamento da mielofibrose idiopática, pois a chance de complicações pós-operatórias é muito alta! Cerca de 30% desses pacientes evolui com infecções, sangramentos e, principalmente... Curiosamente ‒ por motivos desconhecidos ‒ a realização de esplenectomia também aumenta o risco de ...
trombose de veias intra-abdominais transformação leucêmica
286
A trombocitemia essencial é na verdade uma causa RARA de trombocitose (3% dos casos). As etiologias mais frequentes são:
(1) infecções (principal causa, respondendo por 20-30% dos casos); (2) injúrias teciduais (politrauma, IAM, cirurgia); (3) anemia ferropriva; (4) sangramen sangramento agudo; (5) pós-esplenectomia; (6) em crianças, as anemias hemolíticas. * Outras condições também podem causar trombocitose, às vezes acentuada: doença inflamatória intestinal, neoplasias... Nestas (bem como nas infecções e injúrias teciduais), o aumento de plaquetas é secundário à secreção de fatores estimuladores de colônias de megacariócitos, como a interleucina-6 (IL-6), pelas células inflamatórias ou neoplásicas. É a chamada trombocitose reativa.
287
Na trombocitemia essencial, são considerados de “alto risco”, tanto para eventos trombóticos quanto para eventos hemorrágicos, os pacientes que possuem: (1) idade > 60 anos; (2) leucócitos > 11.000/mm3; (3) história prévia de evento trombótico. Para tais pacientes existe indicação de controle da plaquetometria, que deve ser mantida abaixo de 500.000/mm3. O tratamento é feito com...
agentes mielossupressores, como hidroxiureia e anagrelida. Esta última deve ser associada à hidroxiureia em casos refratários, ou substituí-la em caso de intolerância. O PEG- -interferon-alfa também pode ser usado... Na vigência de trombose aguda, a anticoagulação plena está indicada. Em caso de evento hemorrágico grave, as plaquetas podem ser prontamente reduzidas através da plaquetaférese. O AAS costuma ser prescrito de forma rotineira na ausência de contraindicações (podendo ser associado à terapia mielossupressora se esta estiver indicada). A principal contraindicação é observada nos pacientes com tendência hemorrágica. Vale lembrar que ele também é a droga de escolha para o tratamento agudo da eritromelalgia.
288
Descreva as camadas dos linfonodos e sua composição
- A camada cortical é formada por inúmeros folículos linfáticos, onde se encontra a maior parte dos linfócitos B do organismo -Durante a estimulação antigênica, os folículos linfáticos crescem pela proliferação e modificação dos linfócitos B, tornando-se folículos secundários. Eles adquirem um CENTRO GERMINATIVO, circundado pela ZONA DO MANTO.O contato com o antígeno ativa um grupo de linfócitos B, que então se transformam em células maiores e proliferativas, chamadas de centroblastos (ou grandes células não clivadas), localizadas no pólo interno (medular) do centro germinativo. Estas células dão origem aos centrócitos (ou pequenas células clivadas), que ocupam o pólo externo do centro germinativo. Na zona do manto, permanecem os linfócitos B “virgens” (células do manto), não participantes do atual estímulo antigênico.Após interação com as células dendríticas (apresentadoras de antígeno) e com os linfócitos TH2, os centrócitos mais específicos são selecionados para sobreviver, enquanto os demais sofrem uma morte programada (apoptose). Os que sobrevivem transformam- se em linfócitos B de memória ou em plasmablastos e plasmócitos - Eventualmente, em volta do “manto”, acumulam- se alguns linfócitos B de memória, que apresentam um pouco mais de citoplasma (células monocitoides), uma região denominada ZONA MARGINAL - A ZONA PARACORTICAL é rica em linfócitos T e os fornece para os centros germinativos durante a resposta antigênica. - A REGIÃO MEDULAR, rica em plasmablastos e plasmócitos (em migração) e pobre em linfócitos, é composta de cordões medulares e seios medulares que recebem a linfa proveniente da camada cortical e desaguam nos linfáticos eferentes
289
O tecido linfoide esplênico constitui a sua “polpa branca”, formada por... Existem folículos linfáticos, contendo linfócitos B, e a região parafolicular, contendo linfócitos T. Os folículos esplênicos sempre contêm uma zona marginal de células B de memória, localizada entre a zona do manto e a região parafolicular.
- bainhas de linfócitos em volta das arteríolas
290
é um órgão linfoide subdividido em lóbulos, cada um contendo uma camada cortical e uma camada medular. O tecido desses lóbulos é composto basicamente por linfócitos T, em várias fases de maturação, entremeados por algumas células epiteliais reticulares. Na zona medular, predominam linfoblastos, linfócitos jovens e células reticulares, enquanto que na zona cortical, há um verdadeiro aglomerado de linfócitos T maduros.
Timo
291
Qual a relação entre o EBV, linfoma não hodking e AIDS?
O vírus Epstein-Barr infecta os linfócitos B, estimulando a proliferação dessas células... Em estados de imunodepressão celular (queda do CD4), esse vírus poderia se replicar descontroladamente, permitindo a proliferação desordenada dos linfócitos B e aumentando a chance da formação de um ou mais clones neoplásicos.
292
O linfoma... é uma entidade praticamente específica da AIDS, estando associado ao vírus Epstein-Barr e ao vírus herpes 8 (o vírus do sarcoma de Kaposi).
de cavidades serosas (originário da pleura, peritônio e/ou pericárdio)
293
O transplante de órgãos sólidos coloca o indivíduo em risco para o desenvolvimento de LNH V ou F
V *O risco aumenta cerca de 30-60 vezes em relação à população normal. Isso se deve principalmente ao emprego de terapias imunossupressoras prolongadas. Os linfomas predominam nos transplantados cardíacos e de coração-pulmão, sendo mais raros após o transplante renal. O transplante de medula óssea, por exigir um esquema breve de imunossupressão (inferior a seis meses), aumenta muito pouco o risco de LNH. Tal como na AIDS, predominam os linfomas B, de alto ou médio grau de malignidade, quase sempre associados ao vírus Epstein-Barr. Recebem a nomenclatura de “doença linfoproliferativa pós-transplante” e podem ser de dois tipos: monomórfico ou polimórfico. Esses linfomas também podem ser policlonais.
294
O HTLV-I, como o próprio nome sugere, encontra- se associado com a leucemia/linfoma de ... um tipo endêmico de neoplasia linfoide no Oriente Asiático (Japão) e regiões do Caribe (ex.: Jamaica). Sabemos que no Japão cerca de 6 a 20% da população é soropositiva para o HTLV-I. Adiante veremos as manifestações clínicas e o lamentável prognóstico desta neoplasia (“o pior linfoma de todos”).
células T do adulto,
295
Helicobacter pylori – A infecção pelo H. pylori leva ao aparecimento de tecido linfoide em regiões da mucosa do estômago, predispondo ao linfoma MALT gástrico (o tipo mais comum de linfoma MALT). A erradicação da bactéria, contudo, não afeta o prognódtico do linfoma V ou F
F Tal é a relação desse linfoma com esta bactéria, que a sua erradicação com antibioticoterapia é capaz de fazer regredir o linfoma.
296
Esta colagenose autoimune causa infiltração linfocítica nas glândulas lacrimais e salivares, do tipo sialoadenite mioepitelial. O linfoma B tem uma incidência 40 vezes maior nesses pacientes. O linfoma é do tipo MALT e surge nas glândulas salivares e linfonodos cervicais. Antes do linfoma, alguns pacientes evoluem para um quadro de “pseudolinfoma” (proliferação policlonal pleomórfica). Alguns desses casos se transformam em linfomas verdadeiros
Síndrome de Sjögren
297
Quase todos os casos de linfoma tireoidiano são do tipo MALT e estão associados a...
tireoidite de Hashimoto
298
Doença Celíaca – Esta doença, também chamada de enteropatia pelo glúten, aumenta em cerca de 40 vezes o risco de linfoma intestinal. O linfoma relacionado à enteropatia acomete o jejuno, sendo um linfoma...
de células T, abreviado como EATL (Entheropathy | Associated T Lymphoma).
299
Antigamente, era descrita como uma condição pré-linfomatosa, mas atualmente é considerada um linfoma B de baixo grau que infiltra de forma difusa a lâmina própria do duodeno e do jejuno proximal. Há infiltração de células linfoplasmocitoides produzindo cadeia pesada de imunoglobulina do tipo alfa. Esta entidade é mais comum em países do Mediterrâneo, daí o nome “linfoma intestinal mediterrâneo”. Está associado às verminoses.
Doença intestinal imunoproliferativa
300
A exposição a herbicidas na agricultura, radiação ionizante, solventes orgânicos e resinas de cabelo aumenta o risco de LNH. Curiosamente, o tratamento curativo para o linfoma de Hodgkin aumenta em 20 vezes a chance de se desenvolver um LNH. V ou F
V
301
quando dizemos que um linfoma tem padrão folicular, significa que a proliferação de células neoplásicas, no linfonodo, fica praticamente restrita aos... Por outro lado, o acometimento dito difuso é caracterizado por...
folículos linfáticos comprometimento, pelas células tumorais, de toda a arquitetura do gânglio, com perda da estrutura folicular
302
Cumpre ressaltar que cerca de 85% dos LNH derivam de..., enquanto os 15% restantes derivam de
células B células T ou NK
303
A grande maioria dos pacientes com linfoma (seja ele não Hodgkin ou Hodgkin) se apresenta com... Essa é a manifestação inicial de 2/3 dos pacientes com LNH. A adenomegalia predomina nas cadeias... porém, qualquer cadeia pode ser acometida
linfadenomegalia periférica não dolorosa. cervicais, supraclaviculares ou inguinais,
304
É importante termos em mente que devemos indicar biópsia para qualquer linfonodo que apresente uma das características a seguir:
1- Tamanho superior a 2 cm. 2- Localização supraclavicular ou escalênica. 3- Crescimento progressivo. 4- Consistência endurecida, aderido aos planos profundos.
305
Os LNH possuem um padrão de comprometimento ganglionar diferente da doença de Hodgkin. Eles acometem com mais frequência o anel de Waldeyer (amígdalas palatinas, faríngeas, linguais e adenoide), os linfonodos epitrocleares e os abdominais (mesentéricos e retroperitoneais). Por outro lado, os linfonodos mediastinais encontram-se comprometidos somente em 20% dos pacientes com LNH (contra 60% no linfoma de Hodgkin). Apenas o linfoma linfoblástico (mais comum em crianças) e a forma mediastinal primária do linfoma difuso de grandes células B (mais comum em mulheres jovens) têm a preferência pelo mediastino. V ou F
V
306
Os chamados “sintomas B” (descreva) são observados em 40% dos casos de LNH, uma cifra discretamente superior à do linfoma de Hodgkin (35%). Possuem essa nomenclatura, pois são utilizados no estadiamento dos linfomas: sufixo “B” (presença de pelo menos um dos sintomas) ou “A” (ausência de todos eles). São indicativos de pior prognóstico.
- febre > 38º C, - sudorese noturna - perda ponderal superior a 10% nos últimos seis meses
307
O LNH é a causa mais comum de massa testicular em indivíduos idosos. V ou F
V
308
Clinicamente, os linfomas B são divididos em três grupos: (1) linfomas indolentes, cujo protótipo é o... (2) linfomas agressivos, cujo protótipo é o... (3) linfomas altamente agressivos, representados pelos dois principais linfomas infantis:
linfoma folicular; linfoma difuso de grandes células; o linfoma de Burkitt e o linfoma linfoblástico.
309
O LNH mais comum (pela última estatística americana e europeia) é o..., responsável por 30% de todos estes linfomas, seguido pelo..., correspondendo a 20% de todos os LNH.
linfoma difuso de grandes células B linfoma folicular
310
É derivado dos linfócitos B dos centros germinativos, que já tiveram contato antigênico e encontram-se em fase de transformação. Essas células são representadas pelos centrócitos (pequenas células clivadas) e pelos centroblastos (grandes células não clivadas). A idade média de apresentação é de 60 anos, com um ligeiro predomínio no sexo feminino (1,3:1). A doença se manifesta geralmente com linfadenomegalia de início insidioso, predominando nos linfonodos cervicais, supraclaviculares, axilares e inguinais A terapia não influi muito no prognóstico e deve ser reservada para os poucos casos de doença localizada (terapia curativa) ou na presença de sintomas ou complicações (terapia paliativa), como dor, obstrução linfática (ex.: linfedema) ou compressão orgânica (ex.: intestinal, ureteral). A grande maioria dos casos não tem cura e virtualmente todos morrem do próprio linfoma. Citogenética: cerca de 85% dos casos apresentam a translocação cromossomial t(14;18), justapondo dois genes que então se tornam capazes de produzir a proteína Bcl-2, responsável por bloquear a apoptose dessas células
Linfoma folicular
311
É a forma linfomatosa da Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)! Portanto, é derivado de um subgrupo de linfócitos B maduros “virgens” recirculantes, sem competência imunogênica (anérgicos) e carreando na superfície anticorpos autorreativos. Esses linfócitos não se convertem em plasmócitos, o que justifica o aparecimento de hipogamaglobulinemia, à medida que esta neoplasia vai se disseminando. A idade média deste linfoma é semelhante à da LLC (por volta dos 65 anos). A diferença entre ele e a LLC é apenas didática, pois, na verdade, trata-se da mesma doença, com uma outra forma de apresentação
linfoma linfocítico pequeno
312
Existe uma forte associação com o vírus da hepatite C, que é implicado na patogênese deste linfoma em alguns pacientes
Linfoma B da zona marginal esplênica
313
17Quais são as duas situações clínicas mais frequentes na hemoglobinopatia SC em relação à hemoglobinopatia SS homozigótica? a) Esplenomegalia e insuficiência cardíaca. b) Colelitíase e úlceras maleolares. c) Priapismo e osteomielite por Salmonella d) Retinopatia e necrose de cabeça de fêmur
D
314
QUANDO UM PORTADOR DE HBS APRESENTAR AUMENTO DE HBA2 (> 3%) TEMOS QUE PENSAR NA
COEXISTÊNCIA DE HETEROZIGOSE ENTRE A ANEMIA FALCIFORME COM ALGUMA FORMA DE BETATALASSEMIA.
315
Descreva a estrutura da imunoglobulina
Galeria (foto 7)
316
é o principal representante das neoplasias plasmocitárias. Afeta caracteristicamente a população > 50 anos (idade média de apresentação = 65 anos), sendo muito raro em indivíduos com menos de 40 anos (2% do total). Representa cerca de 10% das neoplasias hematológicas, sendo mais comum no sexo masculino e na raça negra. Os marcos da doença são: plasmocitose medular + gamopatia monoclonal + lesões de órgão- -alvo (anemia, lesões ósseas líticas, hipercalcemia e insuficiência renal).
Mieloma Múltiplo
317
A medula então se torna repleta de plasmócitos neoplásicos – as “células do mieloma” – alguns de morfologia semelhante aos plasmócitos normais e outros com características atípicas: assincronia núcleo-citoplasmática (núcleo imaturo, com nucléolos, e citoplasma maduro, com retículo endoplasmático bem formado), plasmócitos grandes, binucleados ou trinucleados, com vacúolos citoplasmáticos – as famosas
células de Mott
318
As “células do mieloma” se proliferam na medula óssea, ocupando o espaço das células hematopoiéticas. Neste processo, liberam substâncias que inibem a proliferação dos eritroblastos (justificando a anemia e a eventual pancitopenia) e ativam os osteoclastos – células incriminadas na reabsorção óssea. A hiperatividade osteoclástica (associada à inibição osteoblástica) em volta dos focos de neoplasia medular é o principal mecanismo da destruição óssea que acompanha a doença... As “células do mieloma”, na verdade, interagem com diversas células da medula óssea, ativando umas, inibindo algumas e sendo ativadas por outras (células dendríticas, osteoblastos, osteoclastos, células do estroma). A interleucina-6 (IL-6) é uma citocina fundamental para a proliferação das células mielomatosas V ou F
V
319
A anemia do mieloma múltiplo tem como mecanismo principal a ocupação medular V ou F
A anemia é decorrente não só da ocupação medular, mas principalmente dos fatores inibitórios da eritropoiese secretados pelas “células do mieloma”. Está quase sempre presente no momento do diagnóstico.
320
Em cerca de 80% dos casos de mieloma múltiplo aparecem cadeias leves na urina, as quais são chamadas de... As cadeias leves são naturalmente sintetizadas numa proporção maior que as cadeias pesadas, o que faz com que toda vez que uma imunoglobulina seja produzida, ocorra uma “sobra” de cadeias leves que circulam de forma livre no plasma e são rapidamente filtradas nos glomérulos. No MM, devido à síntese exagerada de imunoglobulina (componente M), na maioria das vezes há uma produção igualmente exagerada de cadeias leves, determinando proteinúria significativa... Por serem tóxicas aos túbulos renais, as cadeias leves acabam causando uma nefropatia crônica nesses doentes – o famoso “rim do mieloma”.
proteína de Bence Jones.
321
A grande produção de imuglobulina no contexto do mieloma múltiplo confere ao paciente algumaresistência às infecções V ou F
F Apesar do total de imunoglobulinas estar bastante elevado, devido ao componente M, o nível das imunoglobulinas normais encontra-se baixo (hipogamaglobulinemia funcional), sendo este um dos principais mecanismos da susceptibilidade às infecções dos pacientes com mieloma múltiplo
322
As lesões ósseas no MM são extremamente comuns em sítios que possuem medula óssea funcionante, como as costelas, corpos vertebrais, calota craniana, esterno e porções proximais das cinturas pélvica e escapular. Inicialmente, os pacientes se queixam de dor intermitente, localizada em geral na região lombar e, menos comumente, nas extremidades e região torácica. A dor pode irradiar para os membros inferiores, sugerindo
radiculopatia associada.
323
A dor óssea no MM é tipicamente intermitente, associada ao movimento, quando se torna contínua devemos suspeitar de
fratura patológica
324
As alterações radiológicas características consistem sempre em... Nas costelas, as lesões assumem um aspecto “pontilhado” A radiografia de crânio apresenta..., o que é sugestivo, mas não específico (pois também podem ocorrer no...)
lesões líticas, arredondadas, do tipo “insuflantes” (punched out), múltiplas lesões líticas Ca de pulmão, tireoide ou mama metastático
325
Duas são as principais diferenças entre o mieloma múltiplo e as metástases carcinomatosas:
(1) a dor óssea no MM geralmente é movimento-dependente, enquanto na metástase, a dor costuma ser contínua e com piora noturna (lembrar que no MM tal padrão também pode ocorrer, mas sugere a presença de fratura); (2) as lesões do MM poupam os pedículos vertebrais, enquanto a metástase tem preferência por essas estruturas.
326
As lesões ósseas do mieloma geralmente não são detectadas pela cintilografia óssea, pois a atividade osteoblástica está inibida, não havendo neoformação óssea V ou F
V *Os exames de imagem capazes de detectá-las são a radiografia convencional, a TC e a RNM, bem como o PET-scan (método mais sensível). Por motivo semelhante, a fosfatase alcalina sérica (enzima produzida pelos osteoblastos hiperativos, aumentada na maioria das doenças ósseas) costuma ter valores normais!
327
É um tumor ósseo constituído de plasmócitos neoplásicos monoclonais. Apresenta-se como uma lesão única, cística, de maior tamanho e mais irregular do que a lesão “pontilhada” observada no MM. Nesta condição, não observamos acometimento de outras áreas do esqueleto e o componente M é inexistente – “Mieloma Localizado”. Mesmo quando estamos frente a uma lesão compatível, a fim de afastarmos mieloma MÚLTIPLO, devemos examinar áreas da medula óssea distantes da lesão (que podem ainda não ser clinicamente evidentes). Infelizmente, boa parte destes pacientes acaba desenvolvendo MM no futuro, mesmo aqueles com tumor “curado” por cirurgia ou radioterapia.
Plasmocitoma solitário
328
Principal causa de morte no MM
Infecção bacteriana
329
Os agentes infecciosos mais comuns nas fases precoces do MM são as... Tais agentes provocam pneumonias e sinusites de repetição. Em fases tardias e durante o tratamento, a sepse por... passa a ser o principal problema
bactérias encapsuladas, principalmente o Streptococcus pneumoniae, seguido pelo Haemophilus influenzae Staphylococcus aureus ou por Gram-negativos entéricos
330
As cadeias leves da imunoglobulina são pequenas o suficiente para serem filtradas pelo glomérulo e aparecerem na urina. Ganham a nomenclatura de Proteína de Bence Jones (ver adiante em “Laboratório”). Podem provocar lesões irreversíveis às células tubulares. As células tubulares proximais endocitam a proteína de BJ, extraindo-a do fluido tubular. Contudo, esta proteína é extremamente tóxica para as células, levando a uma disfunção tubular proximal... o MM é a causa mais comum desta síndrome em adultos
a Síndrome de Fanconi (bicarbonatúria ou acidose tubular tipo II, aminoacidúria, glicosúria, hipofosfatemia, hipouricemia);
331
Numa fase mais avançada da neoplasia, o excesso de proteína de BJ provoca insuficiência renal crônica (“Rim do mieloma”). Veja o mecanismo: as células tubulares proximais lesadas não mais conseguem reabsorver a proteína de BJ, permitindo que ela alcance a alça de Henle e o néfron distal, onde então se liga à proteína de Tamm-Horsefall, formando ...
os Cilindros de Cadeia Leve. Estes cilindros se acumulam, obstruindo de forma generalizada o lúmen tubular e lesando outros segmentos tubulares e o interstício renal. É uma nefropatia crônica obstrutiva por cilindros (“Cast myeloma nephropathy”).
332
Qual a principal causa de IR no MM?
Hipercalcemia
333
Quando uma proteinúria é reconhecida pelo exame de urina habitual (indicando a presença de macroalbuminúria) em um paciente com MM, a chance de ser nefropatia amiloide é bem provável, pois, como veremos, a proteína de BJ não é detectada no exame de urina convencional (EAS, urina I). V ou F
V
334
Principal causa de alteração do estado mental em pacientes com MM?
Crise hiperecalcêmica *Níveis de cálcio superiores a 12 mg/dl já são suficientes para causar esta complicação. O paciente refere cefaleia, náuseas, vômitos e evolui com desorientação, convulsões generalizadas, torpor e coma. No início do quadro surge poliúria aquosa (diabetes insipidus nefrogênico), que pode evoluir com oligúria devido à expoliação volêmica (hipovolemia por perda renal)... Curiosamente, alguns pacientes com níveis muito altos de cálcio são assintomáticos do ponto de vista neurológico. A explicação pode ser a capacidade do componente M de se ligar ao cálcio, reduzindo a fração livre deste íon.
335
Em cerca de 0,5-3% dos pacientes inicialmente diagnosticados com MM, as lesões esqueléticas apresentam um importante componente blástico, isto é, existe HIPOTRANSPARÊNCIA na radiografia... Tais indivíduos comumente têm um mieloma osteoesclerótico, uma doença que, na verdade, é diferente do MM clássico! O mieloma osteosclerótico apresenta um menor número de lesões ósseas e tem curso indolente, com sobrevida média de 13 anos. Clinicamente, ele se expressa através da clássica síndrome POEMS (...)
``` Polineuropatia, Organomegalia, Endocrinopatia, Monoclonal gamopatia Alterações cutâneas ou Skin changes ``` *A polineuropatia está sempre presente, sendo seu principal determinante; trata-se de uma polineuropatia sensitivomotora simétrica que pode levar o paciente à incapacidade física absoluta. As lesões osteoescleróticas podem ser difusas (55% dos casos) ou localizadas (45% dos casos). A organomegalia refere- -se à hepatoesplenomegalia (50% dos casos), por vezes associada à linfadenopatia. A endocrinopatia mais comumente encontrada é o hipogonadismo, e as principais alterações cutâneas são hiperpigmentação, hipertricose, telangiectasias, pletora e acrocianose. Todos apresentam uma gamopatia monoclonal do tipo cadeia leve lambda, por vezes associada ao tipo IgA ou IgG. A doença de Castleman (adenopatia hiperplásica angiofolicular) associa- se à síndrome POEMS em 15% dos casos. O diagnóstico é firmado pela presença dos dois critérios maiores (polineuropatia + gamopatia monoclonal) com pelo menos mais uma característica (ex.: lesões osteoescleróticas). O tratamento é o mesmo do MM, e os melhores resultados (melhora da polineuropatia) podem ser observados com o transplante autólogo.
336
Achados laboratoriais inespecíficos do MM
- Anemia (Hb entre 7,0-10 g/dl): Normocítica e normocrômica, presente em praticamente todos os pacientes. - Fenômeno de rouleaux no sangue periférico As paraproteínas anulam as cargas negativas da membrana das hemácias normais, produzindo uma alteração vista como “empilhamento de hemácias”. - VHS caracteristicamente > 50 mm/h Mecanismo semelhante ao rouleaux. - Hipercalcemia (Ca > 10,5 mg/dl) 15% dos casos ao diagnóstico (este percentual aumenta com a progressão da doença). O ECG na hipercalcemia mostra encurtamento do intervalo QT. - Albumina baixa Associada ao aumento da IL-6. - Creatinina elevada 25% dos casos ao diagnóstico. - Beta-2-microglobulina elevada (>2,5 mg/L) 75% dos pacientes. Essa proteína é produzida e secretada pelas células do mieloma; níveis acima de 5,5 mg/L indicam prognóstico reservado por corresponderem a uma alta “carga tumoral”.
337
A pesquisa do componente M (ou paraproteína M) e a sua quantificação no soro e/ou na urina é fundamental para o diagnóstico e acompanhamento do mieloma múltiplo. O exame utilizado para a detecção deste componente no soro é a
eletroforese de proteínas, feita em | placas de ágar-gel,
338
``` A eletroforese de proteínas no soro detecta o componente M em cerca de 80% dos pacientes. A imunoeletroforese urinária detecta o componente M (no caso, uma cadeia leve) em cerca de 75% dos pacientes. A realização dos dois exames em conjunto é capaz de encontrar o componente M em 99% dos casos V ou F ```
V
339
Como vemos, o tipo mais comum é o MM-IgG, seguido pelo MM-IgA e o mieloma de cadeia leve. Neste último, o componente M é composto apenas pela cadeia leve, porém, qualquer dos componentes M formados por imunoglobulina completa pode também liberar a cadeia leve livre na circulação. De uma forma geral, a cadeia leve mais encontrada é a kappa (κ), numa proporção de 2:1 sobre a lambda (λ). O MM-IgE é o mais raro. A gamopatia monoclonal com IgM não se chama mieloma, mas sim
macroglobulinemia de Waldenström *Implicações Prognósticas: o MM-IgG é um mieloma de melhor prognóstico, com uma chance menor de insuficiência renal, hipercalcemia e amiloidose. Não obstante, cursa com um nível maior de componente M e com mais infecções. O MM-IgA causa mais hipercalcemia e hiperviscosidade, com menor chance de infecções. O mieloma de cadeia leve é considerado um tipo de mau prognóstico. Estes pacientes têm uma chance maior de insuficiência renal, hipercalcemia, lesões ósseas disseminadas, amiloidose e sobrevida média mais curta. Finalmente, o MM-IgD é o pior. Praticamente 100% deles já apresenta insuficiência renal ao diagnóstico. A sobrevida média é a menor de todas: 21 meses
340
Descreva os NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS | DE MIELOMA MÚLTIPLO (2014)
O CRITÉRIO OBRIGATÓRIO continua válido: plasmocitose medular ≥ 10% e/ou presença de plasmocitoma (confirmado por biópsia). Além do critério obrigatório, para receber o diagnóstico de MM é preciso ter um ou mais dos critérios a seguir: (1) Presença de alguma lesão de órgão-alvo. As lesões de órgão-alvo do MM são lembradas através do mnemônico “CARO”: C álcio (hipercalcemia) A nemia R im (insuficiência renal) O sso (lesões ósseas líticas) (2) Presença de algum “biomarcador”. Os “biomarcadores” são dados que apontam para um comportamento biológico mais agressivo da doença, indicando maior risco de evolução desfavorável em curto prazo, mesmo que ainda não tenham surgido lesões de órgão-alvo. - Plasmocitose medular ≥ 60% - Dosagem de cadeias leves livres no soro com relação cadeias “envolvidas”/cadeias “não envolvidas” ≥ 100 - Presença de > 1 lesão focal vista por RNM Assim, o diagnóstico de MM agora é confirmado por: CRITÉRIO OBRIGATÓRIO + 1 OU 2 CRITÉRIOS ADICIONAIS. Perceber que o diagnóstico pode ser confirmado independentemente da presença de um componente M no soro e/ou na urina (o que garante o reconhecimento dos MM “não secretores”)
341
Diante de um paciente com supeita de MM, os seguintes exames costumam ser solicitados: - Hemograma completo - Ureia, creatinina, sódio, potássio, cálcio, ácido úrico - LDH, fosfatase alcalina, Beta-2-microglobulina, dosagem de imunoglobulinas séricas - Eletroforese de proteínas séricas com imunofixação - Proteinúria de 24h, com imunoeletroforese e imunofixação - Aspirado e biópsia de medula óssea (incluindo avaliação citogenética) - Inventário radiológico do esqueleto (incluindo coluna, pelve, crânio, úmero e fêmur) - Dosagem sérica de cadeia leve livre (se disponível) V ou F
V
342
``` O diagnóstico diferencial deve ser feito com: gamopatia monoclonal de significado indeterminado, smoldering myeloma (ou “mieloma assintomático”), plasmocitoma solitário. Quadro diferenciando essas entidades. ```
Galeria (foto 8)
343
Atualmente, o estadiamento do MM é feito | através do International Staging System (ISS). Quais são os parâmetros avaliados por ele?
ele leva em conta apenas os níveis de: - albumina e - beta-2-microglobulina (o que reflete de forma bastante acurada a “carga tumoral” no corpo do paciente)
344
TTO mínimo do MM
A abordagem mínima consiste na combinação de um agente imunomodulador (ex.: talidomida, lenalinomida – com preferência por esta última, que é um análogo da talidomida mais eficaz e menos tóxico) + glicocorticoide em doses moderadas a altas (ex.: dexametasona 40 mg/dia durante quatro dias/mês). Nos dias de hoje, costuma-se acrescentar ainda uma terceira droga da nova classe dos inibidores de proteassoma, o Bortezomib. Em poucas palavras, os inibidores de proteassoma têm como efeito principal a indução de apoptose... Assim, um dos esquemas iniciais mais empregados na prática atual é chamado de RVD: lenalinomida (cujo nome comercial é Revlimid) + bortezomib (Velcade) + dexametasona **Os principais paraefeitos da lenalidomida são: neutropenia, trombocitopenia, tromboembolismo venoso e neuropatia periférica. O principal paraefeito do bortezomib é a neuropatia (tanto periférica quanto autonômica) – o risco diminui se a medicação for feita pela via subcutânea, em vez de intravenosa... Como você pode perceber, o grande problema da quimioterapia contra o MM é elevado risco de NEUROPATIA PERIFÉRICA. Pacientes que evoluem com esta complicação agora devem substituir o bortezomib pelo Carfilzomib (Kyprolis), um inibidor de proteassoma de 2a geração que não induz lesão neurológica.
345
Todo paciente com idade inferior a 76 anos deve | ser encaminhado para
o transplante autológo de células hematopoiéticas após um tratamento inicial bem-sucedido com esquema RVD, visando a “consolidação” da resposta terapêutica. *O transplante autólogo aumenta a sobrevida nesses casos... Terapia de manutenção em longo prazo com talidomida ou lenalidomida após o transplante é outra medida que prolonga ainda mais a sobrevida, porém, existem controvérsias se o uso de tais medicamentos nesse contexto aumentaria a chance de surgirem neoplasias secundárias não relacionadas ao mieloma **O transplante alogênico de células hematopoiéticas é potencialmente curativo mas, curiosamente, acarreta uma taxa de letalidade desproporcionalmente alta nos portadores dessa doença (40-50%), não sendo habitualmente indicado...
346
É importante estar atento, todavia, para o risco de... associado ao uso prolongado de bisfosfonados venosos em altas doses, principalmente
osteonecrose osteonecrose da mandíbula, uma gravíssima complicação (antes de iniciar o tratamento o paciente precisa passar por uma avaliação ondontológica e manter seus dentes em bom estado de conservação).
347
Manejo da crise hipercalcêmica no MM
já pode ocorrer com cálcio sérico > 12 mg/dl e provoca poliúria, vômitos, desidratação, IRA e encefalopatia, sendo potencialmente fatal. Os pontos básicos do tratamento resumem-se em: (1) soro fisiológico 0,9%: deve ser infundido no intuito de manter o débito urinário em torno de 2.000- 3.000 ml ao dia. O aumento da excreção urinária de sódio encontra-se associado a uma maior eliminação de cálcio; (2) furosemida: este diurético tem um conhecido efeito calciúrico (ao contrário dos tiazídicos, contraindicados na hipercalcemia); nos pacientes já hidratados, porém com débito urinário insatisfatório, podemos empregar a furosemida na dose de até 80 mg (4 ampolas) intravenosa a cada duas horas; (3) corticoterapia: a maioria dos pacientes responde a prednisona na dose de 25 mg quatro vezes ao dia. Os pacientes que apresentam confusão mental e não conseguem ingerir a medicação, devem receber metilprednisolona ou dexametasona; (4) bifosfonatos: esta classe de drogas age diminuindo a atividade dos osteoclastos. As drogas mais frequentemente empregadas são o pamidronato de sódio e o zolendronato, em dose única. A redução do cálcio ocorre em 70 a 100% dos pacientes.
348
A Insuficiência renal aguda no MM pode ser revertida | através de
hidratação venosa (SF 0,9%) e plasmaferese (para retirar boa parte da cadeia leve do plasma do paciente) ``` **Na presença de hipercalcemia, adiciona-se um bifosfonato e na presença de hiperuricemia, o alopurinol 300 mg/dia. Nos pacientes com síndrome urêmica, deve-se instalar a hemodiálise ou a diálise peritoneal. Porém a melhor forma de melhorar a função renal destes pacientes é tratando o mieloma múltiplo. ```
349
Compressão medular no MM: após a confirmação desta condição por meio de ressonância magnética, devemos iniciar
dexametasona (4-10 mg IV a cada seis horas) + radioterapia local. A descompressão cirúrgica é indicada nos casos refratários
350
A apresentação clínica mais comum | da Macroglobulinemia de Waldenström é a
síndrome de hiperviscosidade! *Os sinais e sintomas da hiperviscosidade do sangue são provenientes do prejuízo ao fluxo orgânico cerebral e retiniano, da sobrecarga cardíaca e de alterações na hemostasia. O paciente se queixa de cefaleia refratária, tonteira, vertigem, borramento visual, diplopia ou sonolência. Pode evoluir para crise convulsiva, torpor e coma. A fundoscopia revela achados característicos: “vasos em salsicha” (veias retinianas com dilatações e constricções), hemorragias, papiledema e exsudatos. Pode haver perda visual. O prejuízo à hemostasia leva ao sangramento das mucosas (gengival, epistaxe). O aumento da viscosidade sanguínea, somado à expansão plasmática e à anemia podem descompensar uma ICC em um cardiopata prévio e em idosos. O tratamento da síndrome de hiperviscosidade deve ser realizado de imediato com a plasmaferese (retirada de plasma).
351
Em 40% dos casos LNH difuso de grandes células B, a apresentação é extranodal, com preferência pelo
``` trato gastrointestinal (estômago, delgado ou cólon). ```
352
é o segundo linfoma mais comum da infância, correspondendo a 30% dos casos, perdendo apenas para o linfoma linfoblástico de células pré-T. Embora relativamente comum em crianças, é um linfoma bastante raro em adultos, representando menos de 1% dos LNH, exceto em pacientes HIV positivos, quando se torna o segundo mais comum (perdendo apenas para o linfoma imunoblástico). É derivado provavelmente de uma população de linfócitos B do centro germinativo e que, tal como os centrócitos, já foram submetidos à ativação antigênica. ``` Existem três formas sob o ponto de vista epidemiológico e etiopatogênico: (1) forma esporádica; (2) forma endêmica africana; (3) forma em pacientes HIV positivos. Em todas elas, o linfoma possui um comportamento altamente agressivo, com crescimento tumoral muito rápido, acometimento extranodal, mas com chance razoável de cura pela poliquimioterapia ``` Forma esporádica: esta é a forma mais comum nos EUA, na Europa e provavelmente no Brasil. A idade média de apresentação é de 11 anos, sendo mais comum no sexo masculino (3:1 ou 4:1). Os pacientes geralmente se apresentam com doença extranodal abdominal, acometendo o trato gastrointestinal, especialmente a região ileocecal. As manifestações clássicas são: dor abdominal, ascite e massa abdominal palpável. Embora seja um linfoma bastante agressivo, os sintomas B não são uma manifestação comum (apenas 20% dos casos)... Alguns casos apresentam- se como leucemia aguda, na verdade, um subtipo da LLA (L3), correspondendo a 5% dos casos desta leucemia infantil. Ao contrário da forma endêmica, a associação com o vírus Epstein-Barr é discreta e controversa (este vírus só é encontrado em 20-30% dos casos) Forma endêmica africana: esta forma é típica da África equatorial, na zona do cinturão da malária. Há uma forte associação deste linfoma de Burkitt com a infecção pelo vírus Epstein- -Barr, encontrado em mais de 95% dos casos. A idade média de apresentação é de sete anos, também com predomínio de 2-3 vezes no sexo masculino. O tumor abre o quadro com uma massa mandibular ou facial na maioria dos pacientes, disseminando-se posteriormente para órgãos internos
linfoma de Burkitt *Histopatológico: segue o padrão difuso de infiltração linfocítica, com pequenas células não clivadas (daí a sinonímia “linfoma B de pequenas células não clivadas”). O aspecto clássico “em céu estrelado” é justificado pela presença de macrófagos esparsos que acabaram de ingerir fragmentos de células apoptóticas. As células neoplásicas são linfócitos B de pequeno a médio tamanho, próximas umas das outras, com núcleos arredondados, múltiplos nucléolos e citoplasma abundante vacuolado e basofílico. A taxa de proliferação é caracteristicamente alta: todas as células encontram-se em ciclo de divisão. **Linfoma Burkitt-símile: trata-se de uma variante histológica do linfoma de Burkitt, contendo células maiores (centroblastos e imunoblastos) misturadas às pequenas células não clivadas. Este tipo predomina em adultos, com idade média de 55 anos, apresentando-se com acometimento linfonodal, da nasofaringe, trato gastrointestinal, medula óssea e SNC. A evolução e o prognóstico são intermediários entre o linfoma de Burkitt e o linfoma B difuso de grandes células.
353
É o representante dos linfomas T indolentes. É um linfoma T cutâneo primário e possui esse nome desde que foi descoberto em 1806 pelo dermatologista francês Alibert, que descreveu lesões cutâneas semelhantes a cogumelos. O linfoma é derivado dos linfócitos T helper (CD4 positivo) presentes na derme. Tem uma idade média de apresentação entre 55-60 anos (embora possa ocorrer em pessoas mais jovens); é mais comum no sexo masculino (2:1). É o mais comum linfoma T cutâneo primário e representa 0,5% de todos os LNH. As lesões cutâneas da micose fungoide evoluem de forma indolente, durante anos, passando por sucessivos estágios: - Estágio I (“pré-micótico”): caracteriza-se por lesões inespecíficas: máculas ou placas -eritematodescamativas hipocrômico-descamativas, de caráter pruriginoso, com áreas de eczematização que podem generalizar (parapsoríase). Biópsia inespecífica Estágio II: as placas eritematosas são múltiplas e apresentam-se infiltradas e descamativas. A configuração das placas é extremamente variável, desde difusamente homogêneas até anulares pelo clareamento central ou arciformes ou serpiginosas. Biópsia pode fazer o diagnóstico Estágio III: caracteriza-se pelo aparecimento de lesões vegetantes (tumores) de cor vermelho- acastanhada, com dimensões variáveis, e que frequentemente se ulceram Eritrodermia esfoliativa difusa: há uma forma clínica desse linfoma (15-20% dos casos) que se inicia com eritrodermia esfoliativa difusa, na qual a pele torna-se eritematosa, espessada, infiltrada e descamativa, às vezes acompanhada de fácies leonina.
micose fungoide *Histopatológico: o diagnóstico da micose fungoide é feito pelo histopatológico da lesão cutânea em qualquer estágio exceto o primeiro. O exame demonstra um infiltrado linfocítico na epiderme e derme superior (epidermotropismo) e os patognomônicos microabscessos de Pautrier (agregados linfocitários intraepiteliais).
354
é uma variante da micose fungoide, marcada pela eritrodermia esfoliativa difusa, associada à linfadenopatia e a leucemização da micose fungoide: aparecimento no sangue periférico de linfócitos com núcleos cerebriformes (células de...).
Síndrome de Sezary ...Células de Sezary
355
Em algumas estatísticas aparece como o linfoma mais comum da infância, responsável por 40% dos casos. É derivado das células pré-T em transformação presentes no timo. Acomete crianças na fase escolar ou adolescentes, com predomínio no sexo masculino (2:1), com um segundo pico de incidência entre 20-30 anos. É um linfoma de comportamento altamente agressivo, tal como o linfoma de Burkitt... Clinicamente, costuma se manifestar com massa mediastinal de crescimento rápido (50-75% dos casos), associado às complicações compressivas, como obstrução traqueal e a síndrome da veia cava superior, além de derrame pleural e/ou pericárdico (com ou sem tamponamento). Pode também se apresentar com massa linfonodal cervical, supraclavicular ou axilar (em 50% dos casos) e, menos comumente, com acometimento extranodal (testículos, ossos). Em 80% dos casos este linfoma já se encontra no estágio III ou IV e os sintomas B estão presentes em 50% dos pacientes. O LDH está elevado na maioria dos casos
Linfoma linfoblástico de células pré-T *Histopatológico: observa-se um infiltrado difuso de células com núcleo de tamanho pequeno a médio, com citoplasma escasso e nucléolo indistinto ou ausente. A morfologia é igual ao linfoma linfoblástico de células pré-B, diferenciando-se do mesmo clinicamente (o linfoma pré-B não costuma cursar com massa mediastinal) e pela imunofenotipagem.
356
Este linfoma tem o pior prognóstico dentre os LNH, mesmo com a terapia, especialmente especialmente quando se apresenta com a forma aguda leucemizada. É um linfoma de comportamento altamente agressivo, sem uma resposta adequada à quimioterapia. Acomete adultos, com idade média em torno de 43 anos. A maioria dos casos é registrada no Japão ou países do Caribe, como a Jamaica. Possui 4 formas de apresentação: 1- Forma aguda leucêmica (60% dos casos). 2- Forma linfomatosa (20% dos casos). 3- Forma crônica (15% dos casos). 4- Forma latente (5% dos casos). A forma aguda leucêmica se manifesta com linfocitose à custa de linfócitos com núcleo em forma de “folha de trevo” ou “em flor” , semelhante a uma célula de Sezary, associada aos seguintes achados: hipercalcemia sintomática, lesões cutâneas semelhantes à micose fungoide, lesões ósseas líticas, linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia e infiltrado pulmonar intersticial difuso. A sobrevida média é de cinco meses. A forma linfomatosa é caracterizada pela linfadenopatia generalizada, sem leucemização. A forma crônica manifesta-se com lesões cutâneas e linfocitose, sem hipercalcemia, e a forma latente, com lesões cutâneas e pulmonares.
Linfoma/leucemia de células T HTLV-1 relacionado. *Por definição está relacionado à infecção pelo vírus HTLV-1, adquirido via sexual, transfusional e por via desconhecida. É derivado de linfócitos T helper CD4+, transformados após infecção pelo vírus.
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Trata-se de um importante linfoma de células T, derivado dos linfócitos T ou de “células nulas” (linfócitos sem marcadores de células T ou B) em transformação blástica presentes na região paracortical dos linfonodos (forma sistêmica) ou da pele (forma cutânea primária). Uma minoria dos casos (20%) pode ser derivada de células B... É composto de grandes células pleomórficas, multinucleadas com o marcador CD30 positivo, também chamado antígeno Ki-1, que infiltram os linfonodos obliterando os seios medulares. Uma variante morfológica deste linfoma pode ser confundida com o linfoma de Hodgkin, subtipo esclerose nodular. A idade média de apresentação é de 34 anos, com ligeiro predomínio no sexo masculino. Manifesta-se com linfadenopatia periférica e/ ou retroperitoneal, associada a sintomas B e a lesões cutâneas linfomatosas em 25% dos casos. Não é incomum a apresentação extranodal, em geral no trato gastrointestinal. Pode ser curado em até 80% dos casos, especialmente quando se trata de crianças. Dos linfomas agressivos, é o que apresenta os melhores resultados terapêuticos.
Linfoma anaplásico de grandes células T *Histopatológico: o linfoma é difuso e composto por grandes células pleomórficas (que podem se assemelhar a histiócitos ou até mesmo a células epiteliais), multinucleadas, com núcleos em ferradura, citoplasma abundante e nucléolo único proeminente. Essas células invadem via de regra os seios medulares do linfonodo. Existe uma variante morfológica bastante parecida com a doença de Hodgkin, subtipo esclerose nodular e deve ser diferenciada da mesma pela imunofenotipagem
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Este é o linfoma associado à doença celíaca de longa data! Manifesta-se inicialmente com esteatorreia resistente à dieta restrita em glúten. Evolui para a formação de lesões jejunais ulceradas circunferenciais que podem sangrar ou perfurar. O prognóstico é ruim e o paciente costuma falecer de complicações intestinais. O tratamento precoce da doença celíaca pode prevenir este linfoma
Linfoma T intestinal associado à enteropatia (EATL)
359
acomete indivíduos entre 60-70 anos, apresentando- se com linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia, lesão cutânea e, algumas vezes, a síndrome hemofagocítica. Esta última é caracterizada por pancitopenia, disfunção orgânica múltipla, ferritina sérica alta e a presença de histiócitos contendo hemácias fagocitadas. Encontra-se inicialmente em estágio IV em 65% dos casos e possui um prognóstico reservado em relação aos linfomas B agressivos, com alta taxa de recidiva pós-quimioterapia. Morfologicamente, apresenta um infiltrado difuso de linfócitos pequenos e grandes atípicos. Quando há um grande número de células epitelioides, define-se o “linfoma de células linfoepitelioides” ou linfoma de Lennert.
Linfoma T periférico não especificado
360
a conduta em casos de linfoma indolente avançado (ex linfoma folicular, linfocítico pequeno e marginal) porém oligo/assintomático deve ser...
expectante
361
Só se indicam terapias específicas para os linfomas indolentes em estágio avançado quando
surgem sintomas decorrentes da doença (ex.: sintomas B, linfadenopatia volumosa, organomegalia maciça, citopenias e doença em transformação, com comportamento mais agressivo)! Em tais casos, no entanto, mesmo quando ocorre uma resposta inicial satisfatória, a RECIDIVA é a regra em questão de pouco tempo.
362
Qual é o nome e a origem do clone neoplásico da doença de hodgkin
A célula Reed-Sternberg é o clone neoplásico da doença e que é derivado de linfócitos B do centro germinativo do linfonodo, embora seus marcadores de imunofenotipagem não sejam marcadores linfocíticos! Ou seja, na verdade o linfoma de Hodgkin é um linfoma B
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O linfoma de Hodgkin possui dois picos de maior incidência: o primeiro ocorrendo entre 20-30 anos, e o segundo entre 50-60 anos de idade. A doença distribui-se com um leve predomínio do sexo feminino (1,3:1), mas o seu principal tipo histológico (esclerose nodular – ver adiante) tem preferência por homens jovens V ou F
F O linfoma de Hodgkin possui dois picos de maior incidência: o primeiro ocorrendo entre 20-30 anos, e o segundo entre 50-60 anos de idade. A doença distribui-se com um leve predomínio do sexo masculino (1,3:1), mas o seu principal tipo histológico (esclerose nodular – ver adiante) tem preferência por mulheres jovens
364
A célula de Reed-Sternberg é patognomônica da doença de Hodgkin V ou F
V o patologista precisa encontrar as células de Reed-Sternberg num adequado “pano de fundo” formado por linfócitos, plasmócitos e eosinófilos, pois células idênticas ou semelhantes à célula do linfoma de Hodgkin podem ser encontradas nos linfonodos de pacientes com mononucleose infecciosa, carcinomas, sarcomas ou linfomas não Hodgkin
365
Alguns linfomas não Hodgkin de grandes células (especialmente o...) podem se assemelhar histopatologicamente à doença de Hodgkin, devido ao aspecto bilobulado de suas células. Quando existe dúvida diagnóstica por parte do patologista, a lâmina deve ser preparada para imuno- -histoquímica, à procura dos marcadores celulares. A célula de Reed-Sternberg do linfoma de Hodgkin clássico possui dois marcadores, cuja presença confirma o diagnóstico de Hodgkin:
linfoma anaplásico de grandes células T CD15 (Leu-M1) e CD30 (Ki-1)
366
Pela classificação da OMS, o linfoma de Hodgkin é dividido em dois tipos diferentes quanto à imunofenotipagem:
(1) LH Clássico (LHC), com marcadores CD15 e CD30 positivos, subdividido em quatro subtipos - esclerose nodular - celularidade mista - rico em linfócitos - depleção linfocitária (2) LH com Predomínio Linfocitário (LHPL), com marcadores de linfócitos B (CD20).
367
Quais subtipos de linfoma de hodgkin associado ao EBV e ao HIV?
O LH celularidade mista - está associado ao vírus Epstein-Barr (em cerca de 70% o genoma desse vírus é detectado nas células de RS). É o subtipo mais comum no LH em pacientes HIV positivos com AIDS e o LH depleção linfocitária (LH clássico de pior prognóstico)
368
A forma imunofenotípica não relacionada do linfoma de Hodgkin, o LH com predomínio linfocitário é caracterizado pela presença de inúmeros linfócitos no “pano de fundo” contendo eventuais células de RS, numa forma variante, com núcleos multilobulados e nucléolo relativamente pequeno, as chamadas células L&H (linfo-histiocíticas), ou, pelo aspecto semelhante à pipoca, “células em pipoca”. Geralmente apresenta bom prognóstico, com doença localizada (estágio I) à apresentação e comportamento indolente (alta taxa de recaída, porém, com boa resposta terapêutica). V ou F
V
369
A manifestação mais frequente do LH é a
adenomegalia * Os linfonodos acometidos geralmente são móveis e de consistência elástica, porém maiores que 1,5-2 cm e persistentes. Eventualmente estão endurecidos pela fibrose associada ``` Cervical anterior e/ou supraclavicular esquerdos 70% Cervical anterior e/ou supraclavicular direitos 62% Mediastinais 60% Baço 36% Para-aórticos 34% Axilares esquerdos 25% Axilares direitos 25% Hilares 21% Ilíacos, inguinais ou femorais 16% ```
370
A febre geralmente não tem um padrão definido, mas em alguns casos, ela pode ter um comportamento sugestivo – a febre de Pel-Ebstein:
dias de febre alta alternados com | dias sem febre, bastante sugestiva de linfoma
371
Outros sintomas clássicos da doença, mas sem relação com o prognóstico, são o prurido (que pode preceder a adenopatia) e a dor nos linfonodos desencadeada pela ingestão de bebidas alcoólicas (característica da doença). Por não modificarem o prognóstico, conceitualmente tais sintomas não são classificados como “B”... Das neoplasias hematológicas, vimos duas que frequentemente cursam com prurido:
a policitemia vera | e o linfoma de Hodgkin.
372
eosinofilia é um achado frequente no LH, principalmente naqueles que manifestam prurido. V ou F
V
373
Os efeitos adversos imediatos da radioterapia são: boca seca, alteração do paladar, faringite, náusea, tosse seca, dermatite. Eles tendem a desaparecer rapidamente. Os efeitos que aparecem 1-3 meses após são: sinal de Lhermitte (o mais comum, aparecendo em 15% dos casos), caracterizado por..., pneumonite e pericardite.
uma sensação de choque irradiando pelas costas e membros inferiores após a flexão da cabeça *O sinal de Lhermitte costuma desaparecer em poucos meses... Os efeitos tardios são o hipotireoidismo, a infertilidade (irradiação pélvica) e as neoplasias secundárias.
374
Esquema de Qt do LH
Esquema ABVD - Adriamicina (doxorrubicina) 25 mg/m2 - Bleomicina 10 mg/m2 - Vinblastina 6 mg/m2 - Dacarbazina 375 mg/m2 É feita uma dose de cada uma das quatro drogas (um ciclo) a cada 15 dias, num total de pelo menos quatro ciclos.
375
Estágio Precoce com Prognóstico Favorável (EC I – II A/B sem fatores de risco): 2 ciclos de ABVD + RT campo envolvido 30 Gy V ou F
V
376
Estágio Avançado ou Estágio Precoce com Prognóstico “Desfavorável” (EC III – IV): 4 ciclos de ABVD ± RT 30 Gy V ou F
F 6 ciclos de ABVD ± RT 30 Gy
377
Para fins de diagnóstico da neutropenia febril, considera-se como “neutropenia” uma contagem de neutrófilos
< 500 cél/microL ou < 1.000 cél/microL com previsão de queda abaixo de 500 cél/microL nas próximas 48h. Uma contagem < 100 cél/microL é classificada por alguns autores como “neutropenia profunda”.
378
Na maior parte das neutropenias febris nenhuma infecção é documentada. Acredita-se que em tais casos o principal mecanismo etiopatogênico seja a translocação de bactérias a partir do trato gastrointestinal acometido por mucosite. Se a duração da neutropenia for prolongada (> 7 dias), o risco de... aumenta, inicialmente por... e posteriormente por...
infecções fúngicas “leveduras” presentes na microbiota intestinal, como Candida sp., “bolores” inalados do meio ambiente, como Aspergillus e Fusarium.
379
Quais são os pacientes considerados de alto risco na neotropenia febril
1. Expectativa de neutropenia por mais de 7 dias. 2. Disfunções orgânicas crônicas, como DPOC, IRC, cirrose hepática etc. 3. Alterações agudas da homeostase (ex.: instabilidade hemodinâmica, confusão mental, hipoxemia, IRA, insuficiência hepática). 4. Sintomas gastrointestinais compatíveis com mucosite intensa (ex.: dor abdominal, náuseas, vômitos e/ou diarreia). 5. Sinais de infecção em cateter venoso profundo (ex.: flogose local).
380
se a vancomicina foi iniciada de maneira empírica (devido à presença das “situações especiais”, mas nenhum Gram-positivo foi isolado após 96 horas, devemos suspender a vancomicina V ou F
F se a vancomicina foi iniciada de maneira empírica (devido à presença das “situações especiais” descritas na Tabela 7), mas nenhum Gram-positivo foi isolado após 48h, devemos suspender a vancomicina,
381
Persistência da febre após o 2º dia de tratamento, num doente inicialmente classificado como de “baixo risco”, implica em
uma importante mudança terapêutica: tais indivíduos devem ser reinternados (se estiverem recebendo tratamento ambulatorial) e devem ser tratados com drogas IV como se fossem de “alto risco” (ex.: trocar ciprofloxacina + amoxicilina-clavulanato VO por betalactâmico antipseudomonas IV).
382
Persistência da febre nos primeiros 2-4 dias de tratamento, num paciente de alto risco ESTÁ- VEL, implica em
por si só não indica uma mudança “às cegas” no esquema empírico. O reajuste dos antimicrobianos neste momento deverá ser feito conforme o que discutimos antes: isolamento bacteriano e/ou diagnóstico clínico de uma infecção específica! Nos demais casos o tratamento é mantido, porém, um protocolo de reavaliação diagnóstica deverá ser realizado (ver adiante).
383
Pacientes neutropenicos febris que continuam com febre inexplicada por > 3 dias a despeito do tratamento antimicrobiano empírico devem ter um novo set de hemoculturas coletado, além de uma TC de tórax + seios da face realizada. A finalidade deste último exame é detectar sinais precoces de infecção fúngica (ex.: sinal do halo - infiltrado evanescente (hiperemia) em torno de um nódulo, chamado de aspergiloma. Este é o sinal clássico inicial da aspergilose angioinvasiva em neutropênicos.) V ou F
V
384
Vale ressaltar que, no caso de queixas abdominais importantes (dor + diarreia), recomenda-se realizar:
(1) pesquisa de toxina do C. difficile (colite pseudomembranosa); (2) TC de abdome, para pesquisar sinais de enterocolite neutropênica (“tiflite”)
385
O tratamento antifúngico “empírico” deve ser iniciado nos pacientes que permanecem com febre (ou apresentam recidiva da febre) após... Pacientes que se encontram clinicamente instáveis entre o 2º e 4º dia de tratamento antimicrobiano também já podem começar a receber antifúngicos
após 4-7 dias de tratamento antimicrobiano
386
Além do sinaldo halo, indique outras formas de se investiga infecção fúngica em pacientes com neutropenia febril sem outros sintomas ou sinais clínicos
- dosagem de antígenos fúngicos no soro do paciente. Estamos falando da beta-Dglucana e da galactomanana, moléculas que compõem a parede de várias espécies de fungo. - BETA-D-GLUCANA: Candida, Aspergillus, Fusarium, Trichosporon e Pneumocystis. - GALACTOMANANA Aspergillus e Penicillium. - RT-PCR
387
Pacientes que recebem fluconazol profilático têm chance aumentada de apresentar infecções fúngicas por... Nestes casos, a droga mais indicada é o...
espécies de Candida naturalmente resistentes ao fluconazol (como C. krusei e C. glabrata), ou então, por fungos filamentosos (“bolores”), principalmente Aspergillus. voriconazol (primeira escolha para o tratamento da aspergilose invasiva).
388
Demonstra-se que o cateter é a fonte da bacteremia quando a hemocultura coletada através de seu lúmen se torna positiva > 60 min antes da hemocultura coletada simultaneamente em veia periférica. V ou F
F Demonstra-se que o cateter é a fonte da bacteremia quando a hemocultura coletada através de seu lúmen se torna positiva > 120min antes da hemocultura coletada simultaneamente em veia periférica.
389
Qual a função fisiológica dos antígenos ABO?
eles participam de um curioso mecanismo de defesa: quando secretados na circulação, bloqueiam a interação entre certos micro-organismos (ex.: Candida, meningococo, pneumococo) e seus receptores celulares. Logo, indivíduos “não secretores” de antígenos ABO são mais suscetíveis às infecções invasivas por estes germes
390
Principal alvo dos autoanticorpos produzidos na anemia hemolítica autoimune
I/i
391
Pode ser alvo de autoanticorpos induzidos por infecções virais e sífilis, gerando hemoglobinúria paroxística “fria”
P *O anti-P (chamado de anticorpo de Donath-Landsteiner) se liga às hemácias em temperaturas reduzidas (ex.: quando o sangue transita pelas extremidades do corpo), fixando o complemento. Quando o sangue é levemente reaquecido (ex.: retorno à região central do corpo) o complemento é ativado provocando hemólise
392
Hemostasia primária vs secubdária
(1) Hemostasia Primária – aquela que estanca o sangramento, pela formação do trombo ou tampão plaquetário; (2) Hemostasia Secundária – aquela que evita o ressangramento, pela formação de uma rede adesiva de fibrina que consolida o trombo (a partir daí chamado de coágulo).
393
A formação do tampão plaquetário no sítio de | injúria vascular (hemostasia primária) requer a integridade de três sistemas:
adesão, ativação e agregação
394
No contexto da adesão plaquetária é correto concluir que, se o fvW não existisse (ou seu receptor, a GP Ib), a força da corrente sanguínea arrastaria as plaquetas para longe do colágeno exposto (e o paciente sangraria sem parar). A adesão mediada pela GP Ia/IIa e pela GP VI, apesar de representar o primeiro contato com a matriz subendotelial, não é capaz de “segurar” as plaquetas de maneira duradoura e eficaz V ou F
V
395
No contexto da ativação plaquetária, a estimulação pelos agonistas (inicialmente o próprio colágeno, mas também epinefrina e trombina) induz a síntese de... pela enzima... ... amplifica a ativação plaquetária, fechando uma alça de retroalimentação positiva. Sua principal função é recrutar plaquetas ainda “em repouso” que estejam passando próximo à área lesada
Tromboxane A2 (TxA2) ciclo-oxigenase 1 (COX-1). O TxA2
396
A agregação plaquetária é um fenômeno mediado pela..., utilizando o... como “ponte” para ligar uma plaqueta à outra.
glicoproteína IIb/IIIa (GP IIb/IIIa ou integrina alfaIIb-beta3) fibrinogênio *Antes do processo de ativação, a GP IIb/IIIa é incapaz de ligar fibrinogênio. A ativação plaquetária promove uma alteração conformacional desses receptores, que passam a interagir fortemente com o fibrinogênio circulante, permitindo agregação e, consequentemente, a formação de um trombo mais coeso
397
Os monômeros de fibrina se polimerizam e formam uma “rede” em volta do plug plaquetário, acumulando também hemácias e leucócitos: é o chamado trombo vermelho, geralmente formado na circulação venosa. O trombo branco é composto quase que exclusivamente por plaquetas (pouca fibrina), e predomina na circulação arterial. V ou F
V
398
``` TODOS os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, EXCETO O FATOR V! Hoje sabemos que este último é sintetizado no endotélio V ou F ```
``` F TODOS os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, EXCETO O FATOR VIII! Hoje sabemos que este último é sintetizado no endotélio ```
399
É interessante destacar que alguns fatores de coagulação necessitam de modificações pós- -sintéticas para funcionar adequadamente. Estamos nos referindo aos fatores “dependentes de vitamina K”, que constituem o chamado Complexo Protrombínico. Que fatores são esses?
São os fatores II, VII, IX, X, além das proteínas C e S (que na verdade são anticoagulantes). *E no que consiste esta modificação? A vitamina K é necessária para a carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico dessas moléculas
400
Imagem com a cascata de coagulação
Galeria (foto 9) * A via intrínseca é desencadeada pelo contato do sangue com uma superfície que tenha cargas elétricas negativas (vidro, caolin, colágeno). O exame utilizado para avaliá-la é o Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada, o “PTTa”. Nestas superfícies, o Cininogênio de Alto Peso Molecular (CAPM) ativa o fator XII (fator de Hageman), que por sua vez converte a pré-calicreína (PK) em calicreína (K). A calicreína aumenta a formação do fator XII numa alça de retroalimentação positiva... O fator XIIa também converte o fator XI em fator XIa. Este último, a partir do fator IX (fator anti-hemofílico B ou fator de Christmas), forma o fator IXa. Na superfície das plaquetas, utilizando seu componente fosfolipídico, e na presença de cálcio ionizado e do fator VIIIa, o fator IXa ativa o fator X (fator de Stuart). Esse complexo multimolecular é chamado de Tenase da via intrínseca! O produto dessa reação é o fator Xa. O fator VIII é ativado pela trombina (que será formada adiante). **A via extrínseca é iniciada com a liberação do Fator Tecidual (TF, de “Tecidual Factor”), que está localizado nas células subendoteliais (músculo liso, fibroblastos) e entra em contato com o sangue em caso de lesão do endotélio. O exame que mede a eficiência desta via é o Tempo e Atividade da Protrombina, o famoso “TAP”. Na membrana celular, o fator VII (pró-convertina) se liga ao TF na presença de cálcio ionizado, convertendo-se em fator VIIa. O complexo TF-fator VIIa ativa o fator X (fator de Stuart), produzindo o fator Xa. Essa é a Tenase da via extrínseca! O fosfolipídio plaquetário e o cálcio ionizado também participam na formação deste complexo enzimático multimolecular... ***O fator Xa também se liga ao fosfolipídio plaquetário para converter o fator II (protrombina) em fator IIa (trombina), na presença de cálcio ionizado e de um cofator – o fator Va. Esse complexo multimolecular é chamado de Protrombinase! Uma grande quantidade de trombina será formada nesse momento, devido ao mecanismo de amplificação da “cascata da coagulação”. A trombina transforma o fibrinogênio plasmático (fator I) em monômeros de fibrina, que se combinam para formar um polímero (rede de fibrina). A trombina também ativa os fatores V (pró-acelerina), VIII e XIII, além de ser um potente ativador plaquetário. As ligações fibrina-fibrina são estabilizadas (tornam-se covalentes) pela ação do fator XIIIa (fator estabilizador de fibrina). A rede de fibrina reveste e estabiliza o plug plaquetário, finalizando o processo hemostático.
401
pacientes que apresentam deficiências congênitas de fator XII, pré-calicreína, ou mesmo cininogênio de alto peso molecular, não apresentam nenhum distúrbio hemorrágico, apesar de terem o PTT alargado V ou F
V
402
Mas se a via intrínseca não é importante para a coagulação “in vivo”, como explicar os graves distúrbios hemorrágicos decorrentes da deficiência hereditária do fator VIII (hemofilia A) e do fator IX (hemofilia B), dois fatores da via intrínseca?
o fator VIIa (da via extrínseca) também ativa o fator IX, que por sua vez ativa o fator X, na presença do fator VIIIa (tenase da via intrínseca). Isso quer dizer que a via extrínseca ativa a enzima mais importante da via intrínseca, retroalimentando positivamente o sistema (gerando trombina). Este fenômeno é crucial para a continuidade do processo, já que a tenase da via extrínseca (TF + VIIa) é rapidamente inativada pelo TFPI (Tissue Factor Pathway Inhibitor), bloqueando a continuidade desta via. Logo, se houver deficiência dos fatores IX e VIII, um grave distúrbio da coagulação se instala (hemofilia)
403
Como o endotélio inibe a hemostasia primária?
Secreção de óxido nítrico, prostaciclina e conversão do ADP (um dos grandes ativadores do processo hemostático ) em adenosina (um dos maiores inibidores da função plaquetária) por meio de um receptor que funciona como “ADPase” (CD 39)
404
Como o endotélio inibe a hemostasia secundária?
``` A Trombomodulina, expressa na superfície luminal, forma um complexo com a trombina quando esta última é sintetizada (na cascata de coagulação). Tal complexo ativa a Proteína C, também presente na membrana plasmática, que passa a degradar os fatores VIIIa (via intrínseca) e Va (via final comum). ``` • A Proteína S era tradicionalmente considerada um cofator da proteína C... Sem dúvidas ela tem esta função, mas hoje sabemos que ela também pode inativar, de maneira independente, os fatores Va, VIIIa, e a protrombinase (fator Xa). • Moléculas de Heparan-sulfato (um proteoglicano) revestem a superfície do endotélio e ativam a antitrombina III circulante (o mesmo cofator da heparina). Tal interação acelera a hidrólise, pela AT III, dos fatores dependentes da vitamina K (II, VII, IX, X), interrompendo tanto a via extrínseca quanto a via intrínseca e a via final comum. • O Inibidor da Via do Fator Tecidual (TFPI) inibe o complexo Fator Tecidual-VIIa-Xa, e corta a via extrínseca “pela raiz”!
405
A “trombofilia” hereditária mais frequente na | população (40-50% dos casos) é a
síndrome de resistência à proteína C ativada
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Caracterize o sangramento plaquetário
predomina na pele e nas mucosas. Os sinais e sintomas mais frequentes são: gengivorragia, epistaxe, menorragia (se for mulher), hematúria, petéquias e equimoses (particularmente em tronco e de grande tamanho). As petéquias e equimoses são tipos de púrpura, definida como uma “mancha” cutânea por extravasamento de hemácias por pequenos vasos. As petéquias são manchas puntiformes decorrentes de hemorragias capilares na derme. Geralmente ocorrem em grupo, predominando nas regiões dependentes de gravidade (membros inferiores, nádegas) ou submetidas à pressão externa (ex.: cintura). Outra característica dos distúrbios plaquetários é a persistência do sangramento após cortes superficiais (ex.: após fazer a barba), já que o defeito está na hemostasia primária. Esse problema também pode surgir após uma cirurgia (ex.: extração dentária). O sangramento persiste em pequenas quantidades por longos períodos, mas pode ser controlado por tamponamento mecânico
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Descreva o sangramento das coagulopatias
predomina nos órgãos e tecidos internos. Os sinais e sintomas mais frequentes são: hemartrose, hematoma dissecante profundo, hematomas musculares, retroperitoneais ou em órgãos internos. O hematoma é definido como uma “coleção de sangue”, podendo eventualmente ter efeito compressivo, do tipo pseudotumor. A hemartrose, por razões desconhecidas, ocorre preferencialmente nas hemofilias. Após extração dentária ou outras cirurgias, o sangramento cessa de imediato, entretanto recidiva horas depois como um sangramento de grande monta e de difícil controle, refletindo problemas com a hemostasia secundária.
408
O paciente extremamente plaquetopênico pode sangrar como se tivesse um distúrbio da hemostasia secundária (ao contrário do padrão cutaneomucoso que normalmente esperaríamos) V ou F
V *Bem, já enfatizamos a importância das plaquetas para o sistema de coagulação... Lembra do fosfolipídio plaquetário (fosfatidilserina, chamada de Fator Plaquetário ou Fator III)? A formação dos complexos enzimáticos multimoleculares (as duas tenases e a protrombinase) acontece graças ao “ancoramento” propiciado pela superfície fosfolipídica rica em “fator plaquetário”. Na vigência de trombocitopenia extrema (por exemplo, abaixo de 10.000 céls/ml), o paciente desenvolve deficit de fosfolipídio, e o sistema de coagulação também acaba sendo prejudicado! Plaquetopenia leve a moderada não apresenta este problema, pois é necessário um número relativamente pequeno de plaquetas para que se tenha fosfolipídio suficiente para o processo de hemostasia secundária
409
Alguns sangramentos são comuns aos dois | tipos de desordem hemostática, tais como:
- hemorragia cerebral, - hemorragia retiniana, - hemorragia digestiva, - hematúria, - menorragia
410
As condições que mais elevam o PTTa são:
- uso de heparina não fracionada - deficiência do fator VIII (hemofilia A), - deficiência do fator IX (hemofilia B), - CIVD - presença de inibidores circulantes (anticorpos antifator VIII, anticoagulante lúpico etc.). Este último é um anticorpo antifosfolipídio que bloqueia a “cefalina” (“tromboplastina parcial”). *Vale lembrar que, na doença de von Willebrand, pode haver uma deficiência leve a moderada do fator VIII, não a ponto de causar hemofilia, mas capaz de alargar o PTTa.
411
O exame TP, assim como o PTT, é feito no plasma descalcificado pelo uso de citrato (“tubo de tampa azul”). A diferença em relação ao PTT é a adição de um extrato de tecido animal que contém, além do fosfolipídio plaquetário, o próprio fator tecidual. Tal extrato é denominado “tromboplastina completa”. O TP e o INR estão elevados nas coagulopatias da via extrínseca ou comum, geralmente quando a deficiência é moderada ou grave. As condições que mais elevam este tempo são: na.
- uso de cumarínicos (warfarim), - deficiência de vitamina K - insuficiência hepática - deficiência do fator VII - deficiência do fator X. ``` * A anticoagulação por cumarínicos é eficaz a partir de um INR de 2 e traz maiores riscos de hemorragia com um INR acima de 3,5. **A heparina geralmente não alarga o TP, pois algumas tromboplastinas utilizadas no teste podem ter atividade inibidora da heparina ```
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O Tempo de Trombina (TT) é medido adicionando- se trombina humana a uma amostra de plasma. A trombina converte o fibrinogênio solúvel em fibrina, formando o coágulo. O tempo normal é de 5-15s, sendo que, após 60 segundos, o coágulo encontra-se sólido, firme e aderente à parede do tubo quando este é invertido. Um tempo de trombina alargado ou a formação de um coágulo sem as características citadas significa que existe afibrinogenemia, hipofibrinogenemia (fibrinogênio plasmático < 100 mg/dl) ou disfibrinogenemia. A... é o principal exemplo de hipofibrinogenemia grave adquirida. O TT também está alargado na presença de fatores antitrombínicos, como a heparina e o veneno botrópico. Neste caso, usa-se o Teste de Reptilase, um teste baseado no efeito trombina-símile da reptilase (um veneno de cobra). Este só estará alargado nos distúrbios do fibrinogênio, não no uso de heparina ou envenenamento botrópico
Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD)
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Se houver trombocitopenia significativa (< 50.000/mm3), com PTTa e TAP normais (sem coagulopatia), o diagnóstico está claro. Devemos procurar as causas de trombocitopenia... Só para lembrar: a trombocitopenia justifica o prolongamento do TS e do tempo de retração do coágulo.
- Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI), - Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT), - Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU), - anemia aplásica - leucemia, - hiperesplenismo etc.
414
Se houver trombocitopenia + coagulopatia (alargamento do PTTa e/ou do TAP), devemos pensar em
- insuficiência hepática com hiperesplenismo, - CIVD ou - uso de heparina (a heparina, além de alargar o PTTa, pode induzir trombocitopenia imunomediada). *Para a pesquisa de CIVD devemos solicitar o tempo de trombina, ou a dosagem do fibrinogênio plasmático, e dosar os Produtos de Degradação de Fibrina (PDF). Se fibrinogênio baixo e PDF altos, confirma-se CIVD
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``` Se a plaquetometria for normal, mas o Tempo de Sangramento (TS) for anormal (> 10min), a suspeita recai sobre... A presença da combinação TS alargado + PTTa alargado, com o restante das provas hemostáticas normais, indica... Neste distúrbio hereditário relativamente comum a deficiência parcial do fator VIII explica o alargamento do PTTa ```
a doença de von Willebrand ou os distúrbios hereditários da função plaquetária (raros) ou adquiridos (uremia etc.). doença de von Willebrand!
416
Se as provas da hemostasia primária forem normais, mas as da hemostasia secundária (PTTa e TAP) estiveram alteradas, teremos as possibilidades abaixo: 1) PTTa alterado e TAP normal (o problema está na Via Intrínseca!): uso de heparina, deficiências hereditárias da via intrínseca, como fator VIII (hemofilia A), fator IX (hemofilia B), fator XI, doença de von Willebrand (redução de fator VIII), anticorpos antifator VIII, IX ou XI. As deficiências de fator XII, pré- -calicreína ou cininogênio de alto peso molecular alargam o PTTa mas não se associam a sangramento. Desordem provavelmente adquirida – pensar em uso de heparina ou anticorpo antifator VIII. Desordem provavelmente hereditária – pensar em hemofilia e quantificar fatores da via intrínseca cuja deficiência pode levar ao sangramento (VIII, IX, XI). 2) PTTa normal e TAP alterado (o problema está na Via Extrínseca!): insuficiência hepática, deficiência de vitamina K (por exemplo: colestase), uso de cumarínicos (nesses 3 casos a deficiência predominante é do fator VII), alguns casos de CIVD, anticorpo antifator VII, deficiência hereditária da via extrínseca (fator VII). Desordem provavelmente adquirida – pensar em insuficiência hepática, deficiência de vitamina K ou uso de cumarínicos. Desordem provavelmente hereditária – quantificar o fator VII. 3) PTTa e TAP alterados (o problema está na Via Comum): insuficiência hepática, deficiência de vitamina K, uso de cumarínicos, uso de heparina, CIVD e deficiências hereditárias da via comum (fibrinogênio, protrombina, fator X ou fator V). Desordem provavelmente adquirida – medir o Tempo de Trombina (TT) ou dosagem diretamente o fibrinogênio plasmático, dosar os PDF. Se anormais, praticamente confirma CIVD; se normais, pensar em insuficiência hepática, deficiência de vitamina K ou uso de cumarínicos. Desordem provavelmente hereditária – quantificar os fatores da via comum (fibrinogênio, protrombina, fator X ou fator V). O TT está alterado nos distúrbios do fibrinogênio (pedir testes especiais para disfibrinogenemia). 4) PTTa e TAP normais: se todos os testes convencionais da hemostasia estiverem normais, incluindo aqueles da hemostasia primária, as hipóteses passam a ser: (1) doença de von Willebrand (alguns casos podem ter TS e PTTa normais); (2) hiperfibrinólise; (3) deficiência de fator XIII; (4) disfibrinogenemia. Desordem provavelmente adquirida – pensar em distúrbios relacionados à hiperfibrinólise. O teste da lise da euglobulina e o aumento dos PDF (Produto de Degradação da Fibrina) confirmam o diagnóstico. Desordem provavelmente hereditária – considerar deficiência de fator XIII, deficiência de alfa-2-antiplasmina e disfibrinogenemia. O exame mais importante nesse momento é o Teste da Solubilidade do Coágulo a Ureia 5M (molar). Este teste é feito adicionando-se ureia na concentração 5M ao coágulo formado. Normalmente, não há dissolução – se houver, há forte suspeita da deficiência de fator XIII. Na deficiência de alfa-2-antiplasmina, o Teste da Lise da Euglobulina pode sugerir o diagnóstico. V ou F
V
417
Tabela com as causas de trombocitopenia
galeria (foto 10)
418
Define-se “PTI aguda” como aquela que dura < 3 meses; em crianças, sabemos que a PTI se resolve de maneira espontânea em cerca de 30-40% dos casos, logo, a forma aguda predomina neste grupo etário... Seu pico de incidência fica entre 1-4 anos de idade, e ambos os sexos são afetados na mesma proporção. Cerca de 70% das crianças evolui com a forma crônica da doença (duração > 12 meses) V ou F
F Define-se “PTI aguda” como aquela que dura < 6 meses; em crianças, sabemos que a PTI se resolve de maneira espontânea em cerca de 70-80% dos casos, logo, a forma aguda predomina neste grupo etário... Seu pico de incidência fica entre 1-4 anos de idade, e ambos os sexos são afetados na mesma proporção. Cerca de 20% das crianças evolui com a forma crônica da doença (duração > 12 meses)
419
Em até 65% dos casos de PTI infantil a trombocitopenia ocorre 1-4 semanas após uma infecção viral respiratória ou exantemática e, menos comumente, após vacinação. Embora plaquetometrias inferiores a 20.000/mm3 sejam encontradas com frequência, manifestações hemorrágicas graves não comuns na PTI infantil V ou F
V
420
Três classes farmacológicas são consideradas de primeira linha na PTI infantil, podendo ser prescritas de forma intercambiável ou em associação:
(1) glicocorticoides; (2) imunoglobulina humana intravenosa (IVIG); (3) imunoglobulina anti-D. *A imunoglobulina anti-D é feita em dose única de 50-75 mcg/kg, exercendo efeito semelhante ao da IVIG, porém, com uma particularidade: ela só funciona em portadores do antígeno D do fator Rh (isto é, só funciona em quem é “Rh-positivo”). Antes de prescrever Ig anti- -D temos que nos certificar de que o paciente não é portador de autoanticorpos anti-hemácia (o Coombs direto tem que ser negativo). Se o Coombs direto for positivo, a Ig anti-D é contraindicada, pois há risco de hemólise grave!
421
A transfusão de plaquetas na PTI é indicada quando as plaquetas estiverem < 20.000 V ou F
F A transfusão de plaquetas é contraindicada, exceto se houver hemorragia grave.
422
Se houver sangramento agudo grave, com ameaça à vida, uma conduta multimodal de urgência deve ser tomada! Na vigência, por exemplo, de hemorragia no SNC, preconiza-se a realização conjunta de:
(1) pulsoterapia com metilprednisolona (30 mg/kg/dia IV, por 3-5 dias); (2) IVIG com ou sem Ig anti-D; (3) transfusão de plaquetas. Medidas adicionais específicas (ex.: neurocirurgia, EDA) também devem ser tomadas em função do sítio de sangramento. Nos casos refratários pode-se acrescentar a esplenectomia de urgência
423
Pacientes pediátricos com PTI refratários podem ser abordados com rituximab (anticorpo monoclonal anti- CD20, que depleta linfócitos B) e/ou agonistas do receptor de trombopoietina (romiplostin ou eltrombopag), que estimulam a produção de plaquetas pela medula óssea. A esplenectomia é considerada como último recurso nos pacientes refratários ou para pacientes que não podem ou não querem receber os medicamentos descritos V ou F
V
424
Em relação ao manejo da PTI no adulto, indica-se: • Indivíduos assintomáticos, com plaquetometria > 30.000/ml, podem ser apenas monitorados sem necessidade de tratamento. • Diante de plaquetometria < 30.000/ml o tratamento deve ser instituído mesmo na ausência de sintomas, pelo risco de sangramentos. • Na presença de sintomas hemorrágicos e plaquetometria > 30.000/ml o tratamento costuma ser instituído. • A primeira linha terapêutica são os glicocorticoides em monoterapia. Os dois esquemas mais usados são: (1) prednisona 1 mg/kg/dia (principal); (2) dexametasona 40 mg/dia por quatro dias, repetindo a cada 14-28 dias de acordo com a necessidade • Se uma plaquetometria < 30.000/ml persistir após o início da corticoterapia, ou se houver melhora inicial com recidiva após desmame, recomenda-se lançar mão de uma estratégia de segunda linha, cujas opções são: ▪▪Esplenectomia ▪▪Rituximab ▪▪IVIG ± Ig anti-D (elevações rápidas e transitórias da plaquetometria) ▪▪Agonistas do receptor de trombopoietina (romiplostin, eltrombopag) V ou F
V
425
é caracterizada pela oclusão trombótica disseminada da microcirculação, levando à síndrome de anemia hemolítica microangiopática (com esquizócitos na periferia), trombocitopenia, sintomas neurológicos, febre e insuficiência renal. A doença é mais comum em mulheres (relação 2:1), acometendo especialmente a faixa etária entre 20-40 anos.
Púrpura trombocitopênica trombótica
426
Clinicamente, a PTT é definida pela pêntade:
(1) anemia hemolítica; (2) trombocitopenia; (3) sintomas neurológicos; (4) febre; (5) insuficiência renal *Esta pêntade é encontrada em 40% dos pacientes; no restante dos casos, a doença se manifesta apenas como anemia hemolítica, plaquetopenia e distúrbio neurológico. Os primeiros sintomas da síndrome geralmente são mal-estar e fraqueza, seguidos por um quadro neurológico variável: cefaleia, paralisia de pares cranianos, afasia, hemiparesia, confusão mental, torpor, coma e crise convulsiva. A febre está presente no quadro inicial em 50% dos pacientes. No exame físico, são comuns a púrpura (petéquias e equimoses) e mucosas descoradas e ligeiramente ictéricas. A insuficiência renal não costuma ser grave, a ponto de causar sintomas urêmicos.
427
Na PTT, ao contrário da CIVD, as provas da coagulação (TP, PTTa) estão caracteristicamente normais, a não ser por um leve aumento dos PDF (Produtos de Degradação da Fibrina) V ou F
V
428
Manejo da PTT
A plasmaferese deve ser realizada retirando-se diariamente todo o plasma do paciente (40 ml/ kg), trocando-o por unidades de plasma fresco congelado. As trocas devem continuar até a completa estabilização do paciente e normalização dos exames laboratoriais. O período médio é de dez dias. Muitos médicos também administram corticosteroides em doses imunossupressoras (ex.: prednisona 2 mg/kg/dia) em conjunto com a plasmaferese, cujo objetivo é reduzir a formação de anticorpos patogênicos, como o anti-ADAMST 13. Tão logo o paciente responda devemos reduzir a dose de corticoterapia
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Pacientes com PTT que apresentam plaquetas < 10.000 devem receber plaquetas V ou F
``` F transfusão de plaquetas é formalmente CONTRAINDICADA na PTT, pelo risco de aumentar a formação dos microtrombos, piorando a função neurológica e renal. ```
430
Esta condição autossômica recessiva se caracteriza por uma agregação plaquetária defeituosa em resposta ao ADP, colágeno, trombina e adrenalina. O defeito consiste em uma deficiência da glicoproteína IIb/IIIa (ver capítulo anterior). Este receptor é fundamental para a ligação do fibrinogênio. Este último é o elemento responsável por unir uma plaqueta à outra em um fenômeno que já descrevemos como agregação. Dessa forma, encontramos no laboratório um tempo de sangramento prolongado, ausência de clamps plaquetários no esfregaço do sangue periférico e plaquetas que não se agregam in vitro. A doença se manifesta em crianças com menos de cinco anos, como uma diátese hemorrágica moderada a grave, com o típico sangramento plaquetário. O tratamento é feito com transfusão de plaquetas de repetição
Trombastenia de Glanzmann
431
Esta desordem autossômica recessiva é extremamente rara. Ela se caracteriza por uma deficiência da glicoproteína Ib, responsável pela ligação ao fator de von Willebrand durante a adesão plaquetária ao subendotélio. As plaquetas encontram-se muito grandes (plaquetas gigantes ou “linfocitoides” – figura 2) e eventualmente podem ser contadas como hemácias ou leucócitos pelo Coulter. Uma trombocitopenia leve é um achado comum. O quadro clínico e o tratamento são semelhantes aos da doença de Ganzmann, porém com menor gravidade
Síndrome de Bernard-Soulier
432
Pacientes com síndrome urêmica apresentam uma função plaquetária prejudicada V ou F
V *Na uremia, o acúmulo de ácido guanidinossuccínico, entre outras toxinas nitrogenadas, pode levar a uma diminuição na ativação, agregação e, sobretudo, na adesividade plaquetária. As plaquetas de pacientes com insuficiência renal necessitam de uma maior quantidade de fator de von Willebrand (fvW) para se manterem aderidas à parede do vaso **Sabemos que a anemia, com valores de hematócrito inferiores a 24%, piora a função das plaquetas. A correção para níveis superiores a 26% melhora o sangramento nos pacientes compensados em hemodiálise.
433
é a desordem hemorrágica hereditária mais comum, afetando 1% da população (pelo Cecil) ou 1 em cada 800 indivíduos (pelo Harrison). primário da hemostasia, pelo prejuízo à adesão plaquetária. Na maioria das vezes é do tipo brando, manifestando-se apenas pelo aumento da hemorragia imediatamente após procedimentos invasivos, como a extração dentária. A depleção do fator VIII ocorre pelo aumento da sua degradação enzimática, mas não a ponto de causar hemorragia por distúrbio da hemostasia secundária. A desordem é herdada quase sempre com padrão autossômico dominante, ou seja, a história familiar geralmente é positiva Há 3 tipos dessa doença Tipo 1: Tipo 1, responsável por 80% dos casos, há uma redução leve a moderada nos níveis plasmáticos do fator (50% de atividade ou 0,5 mg/dl). Tipo 2, os níveis plasmáticos são normais, porém, há um defeito qualitativo do fator ou no tamanho dos multímeros Tipo 3 é raríssima. Nesta situação temos ausência quase total do fator com atividade do fator VIII muito baixa no sangue. É o único tipo de herança autossômica recessiva e que se manifesta com diátese hemorrágica grave (semelhante à hemofilia).
Doença de Von Willebrand
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Os achados nas provas de hemostasia na dvW são
1- Tempo de Sangramento (TS) prolongado. 2- PTTa alargado (pela deficiência secundária parcial do fator VIII). 3- Demais provas da hemostasia normais. *a dvW pode cursar com todas as provas da hemostasia normais!
435
A confirmação diagnóstica da dvW é feita pelos seguintes testes:
(1) medida da atividade do fvW pelo Teste da Ristocetina; (2) medida do antígeno do fvW por métodos sorológicos (ELISA) *A ristocetina é capaz de induzir agregação plaquetária em plasma rico em plaquetas de indivíduos normais. Este antimicrobiano induz a aglutinação de plaquetas inativas usando como “ponte” o fvW (em vez do fibrinogênio). Na dvW, a agregação plaquetária pela ristocetina está especificamente prejudicada. Assim, na dvW Tipos 1 e 3 (distúrbios quantitativos), tanto a dosagem do fvW quanto o teste da ristocetina estarão reduzidos, ao passo que na dvW Tipo 2 (distúrbio primariamente qualitativo), o teste da ristocetina estará muito mais alterado que a dosagem do fvW...
436
Manejo da dVw
- A orientação de evitar drogas antiplaquetárias (AAS e outros AINES) deve ser bem frisada. - No Tipo 1 (o mais comum), tanto a profilaxia do sangramento operatório quanto o tratamento das hemorragias leves podem ser feitos com DDAVP (desmopressina), um agente que aumenta a liberação do fvW a partir de seus sítios de estoque, como as células endoteliais (aumento de 2-7x nos níveis séricos). OBS: O efeito do DDAVP nos tipos 2 e 3 da doença é menos confiável, sendo contraindicado no Tipo 2A. - A terapia mais eficaz da dvW, independente do tipo, é a reposição de concentrados ricos no fvW, que devem ser feitos como primeira escolha na vigência de sangramento grave, ou como “resgate” diante da refratariedade ao DDAVP. Os mais empregados na atualidade são os concentrados de fator VIII de alta ou intermediária purificação (Humate-P) - Para procedimentos dentários, em pacientes com a forma branda da doença, uma opção é a profilaxia com antifibrinolíticos. O ácido epsilon-aminocaproico (EACA) e o ácido tranexâmico são os dois mais utilizados
437
As hemofilias são distúrbios da coagulação de caráter hereditário, com herança... O defeito consiste numa atividade muito baixa do... ou do...
ligada ao sexo (cromossoma X), sendo, portanto, quase exclusivos do sexo masculino. fator VIII (hemofilia A) fator IX (hemofilia B).
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Geralmente as manifestações clínicas da forma grave das hemofilias ocorrem por volta dos 2-4 anos de idade (pré-escolares), quando a criança começa a deambular sem ajuda dos pais, e se caracterizam pelo aparecimento de
hemartroses *A hemartrose se manifesta como uma monoartrite de grandes articulações. A articulação mais frequentemente acometida é o joelho, seguida do cotovelo, tornozelo e quadril. Esta hemorragia é proveniente dos capilares subsinoviais e provoca edema e dor intensa. A articulação encontra-se inflamada, semifletida, com eritema e apresenta difícil mobilização
439
punção do espaço articular em hamartroses em pacientes hemofílicos não deve ser realizada pelo risco de infecções (a não ser em caso de dúvida diagnóstica) V ou F
V
440
O laboratório da hemofilia | (seja A ou B) revela
apenas um distúrbio da via intrínseca da coagulação, ou seja, um PTTa alargado, na ausência de outras alterações nas provas hemostáticas. O Tempo de Coagulação (TC) também pode se alterar, porém este teste é muito menos fidedigno do que o PTTa.
441
Manejo da hemofilia A
Reposição de fator VIII purificado ou recombinate - Terapia Adjuvante: nos casos de hemorragia branda, podemos utilizar o DDAVP (desmopressina), que tem como efeito principal aumentar a atividade do fator para 5-10% (4-6 vezes). Os antifibrinolíticos (EACA, ácido tranexâmico) podem ser usados como adjuvantes antes de procedimentos na cavidade oral. OBS: Vale ressaltar que os antifibrinolíticos são contraindicados na vigência de hematúria: pela chance de formar coágulos obstrutivos do sistema uroexcretor.
442
Manejo da hemofilia B
reposição de fator IX purificado | e de fator IX recombinante.
443
são desordens autossômicas recessivas ou dominantes, nas quais o fibrinogênio produzido é uma molécula defeituosa, com propriedades alteradas. Algumas vezes, o problema está na reação com a trombina, outras vezes, na própria formação do coágulo. A maioria dos indivíduos é assintomática, porém alguns apresentam sangramento, especialmente após procedimentos cirúrgicos. A cicatrização pode estar prejudicada e a deiscência de sutura é uma complicação comum. O coagulograma revela um PTTa e um TP que podem estar alargados ou normais. O tempo de trombina está caracteristicamente prolongado e o coágulo formado possui alterações da sua consistência. Os níveis de fibrinogênio plasmático encontram-se dentro da normalidade. O tratamento pode ser feito com crioprecipitado
Disfibrinogenemias
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é uma desordem autossômica recessiva bastante rara, porém importante pelas suas especiais características. O paciente sangra desde o nascimento (pelo cordão umbilical) e, eventualmente, evolui para hemorragia hemorragia grave. O PTTa e o TP encontram-se normais, bem como o tempo de trombina e a dosagem de fibrinogênio plasmático. Neste caso, o diagnóstico pode ser confirmado pelo teste de solubilidade do coágulo à ureia (Teste da Ureia). O coágulo é lentamente dissolvido com 5M de ureia apenas nos indivíduos que têm uma deficiência grave deste fator (< 2% de atividade). O diagnóstico diferencial deve ser feito com uma causa hereditária de hiperfibrinólise – a deficiência de alfa-2-antiplasmina
Deficiência do fator XIII (fator estabilizador da fibrina)
445
Os estados deficitários de vitamina K principais | da prática médica são os seguintes:
(1) Recém-nato (“Desordem Hemorrágica do Recém-Nato”). (2) Paciente debilitado em uso de antibióticos. (3) Síndromes de má absorção intestinal. (4) Colestase e hepatopatias.
446
Por que, na deficiência da vitamina K, o TP se alarga muito antes do que o TTPa?
Porque dos fatores dependentes de vitamina K (II, VII, IX e X) o VII é o que tem menor meia vida
447
A heparina é um polissacarídeo capaz de ligar- | -se ao..., aumentando intensamente a sua atividade...
anticoagulante endógeno antitrombina III antitrombina e antifator Xa (em menor escala, anti-IXa, anti-XIa e anti-XIIa) *Com isso, inibe as vias comum e intrínseca da coagulação, alargando, especialmente, o PTTa. **O TP (INR) pode ou não alargar: algumas tromboplastinas utilizadas neste teste contêm substâncias neutralizadoras da heparina
448
Qual a diferença entre a heparina não fracionada e a de baixo peso molecular?
de fragmentos polissacarídeos de diversos tamanhos e pesos moleculares, com uma média entre 4.000 e 16.000 daltons. É perfeitamente capaz de inativar a trombina (IIa) e o fator Xa, na presença da antitrombina III. Para que haja inibição da trombina, a molécula de heparina precisa envolver todo o complexo antitrombina III-trombina, sendo necessário, portanto, um tamanho acima de 6.000 daltons. Por outro lado, para inativar o fator Xa, basta que o polissacarídeo se ligue à antitrombina III, sem a necessidade de envolver todo o complexo. A Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) é um preparado de polissacarídeos menores, com um peso médio entre 4.000 e 5.000 daltons. Por isso, esta forma de heparina inibe fortemente o fator Xa e fracamente a trombina. Enquanto a relação da atividade anti-Xa/antitrombina é de 1:1 com a HNF, chega a 4:1 com a HBPM. Pela fraca inibição antitrombina, a HBPM frequentemente não alarga o PTTa (o alargamento deste teste necessita no caso da inibição de vários fatores da via comum e intrínseca, quando o grau de inibição é leve a moderado...) Uma outra diferença básica entre as duas formas de heparina é na farmacocinética. Os grandes polímeros da HNF se ligam a proteínas plasmáticas, ao fator 4 plaquetário e ao endotélio. Algumas proteínas ligadoras de heparina são reagentes de fase aguda, exacerbando a ligação em pacientes críticos. A ligação proteica limita o efeito da droga, por reduzir a quantidade de polímeros disponíveis para ativar a antitrombina III. O resultado é uma resposta extremamente variável de paciente para paciente, tornando obrigatório o controle terapêutico com o PTTa (que deve manter uma relação entre 1,5 e 2,5). Por exemplo, se o controle for 35 segundos, devemos manter o PTTa em torno de 70 segundos (entre 50-90 segundos). Acima de 90 segundos, a chance de complicações hemorrágicas aumenta sobremaneira. Como a ligação proteica é desprezível com a HBPM, não há necessidade de se monitorar o PTTa quando esta forma de heparina é escolhida (até porque este teste costuma não se alterar...)
449
Os efeitos adversos da heparina são:
sangramento, trombocitopenia imune (discutida no capítulo anterior), osteoporose (uso crônico), pela ativação de osteoclastos e outros efeitos (urticária, broncoespasmo, elevação das transaminases, etc.). A HBPM tem uma chance menor de trombocitopenia e de osteoporose, mas também pode provocar estas complicações... A trombocitopenia, por ser idiossincrásica, pode ocorrer até com doses mínimas, como no flush de heparina utilizado no circuito do cateter de Swan-Ganz...
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Manejo do sangramento no paciente usando heparina
O tratamento da hemorragia por heparina começa com a suspensão de sua infusão. Se o sangramento for leve, essa medida é suficiente, pois a meia-vida da heparina é curta (0,5-1h). Se o sangramento for moderado ou grave, administra- -se protamina, o seu antídoto específico. A dose de protamina dependerá do tempo transcorrido desde a última dose de heparina... Se a protamina for utilizada para reverter a heparinização em um procedimento (por exemplo, na angioplastia ou na circulação extracorpórea), a dose deve ser 1 mg de protamina para cada 100 U de heparina administrada. Se a última dose de heparina foi feita há 30min – 1h, a dose de protamina será 0,5 mg para cada 100 U de heparina. Por fim, se o tempo transcorrido desde a última dose de heparina for > 2h, devemos utilizar 0,25 mg de protamina para cada 100 U de heparina *A protamina deve ser infundida lentamente (50 mg/ 10min), para evitar efeitos adversos do tipo bradicardia, depressão miocárdica, hipotensão arterial grave e até mesmo coagulopatia.
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nas primeiras 48h de uso, o cumarínico pode ter efeito pró-coagulante, piorando a trombose ou provocando uma complicação clássica:
Necrose Cutânea Hemorrágica, pela trombose de pequenos vasos, também chamada de WISN (Warfarim-Induced Skin Necrosis). Esse evento adverso é mais comum com doses excessivas do fármaco ou em indivíduos heterozigotos para deficiência de proteína C.
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Descreva a conduta para os pacientes em uso de cumarínicos que realizarão um procedimento cirúrgico
1- Cirurgia/procedimento de emergência, realizada no mesmo dia: - Suspender o cumarínico e administrar plasma fresco congelado + vitamina K venosa ou subcutânea (5-10 mg). 2- Cirurgia/procedimento de urgência, realizada entre 1-4 dias: - Suspender o cumarínico e administrar vitamina K oral (2-4 mg). 3- Cirurgia ou procedimento eletivos, com risco de sangramento, em pacientes com baixo risco de trombose: - Suspender o cumarínico cinco dias antes e liberar para o procedimento se INR < 1,5 e Atividade de protrombina > 50%. 4- Cirurgia ou procedimento eletivos, com risco de sangramento, em pacientes com alto risco de trombose: - Suspender o cumarínico cinco dias antes, iniciando-se a heparina (HNF ou HBPM) 12h após; Liberar para o procedimento se INR < 1,5 e Atividade de protrombina > 50%; Suspender a heparina horas antes do procedimento. Pacientes com alto risco de trombose: - Prótese valvar mecânica; - Fibrilação atrial de alto risco para tromboembolismo (doença mitral reumática, FE < 40%, hipertensão, hipertireoidismo, idade > 65 anos, história de evento prévio); - Trombose venosa ou TEP há menos de três meses; - Estado de hipercoagulabilidade com história de evento tromboembólico.
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cite causas de CIVD
- sepse bacteriana por Gram-negativos (ex.: meningococo, enterobactérias, pseudomonas), - complicações obstétricas (descolamento prematuro de placenta, feto morto retido, embolia amniótica), - - neoplasias malignas (adenocarcinoma mucinoso, LMA promielocítica – M3), - politrauma, - grande queimado, - hemólise intravascular aguda, *Além dos Gram-negativos, outros agentes infecciosos podem eventualmente se associar a quadros de CIVD (estafilococcia, estreptococcia, arboviroses, riquetsioses, malária, histoplasmose disseminada etc.).
454
A liberação ou a exposição do... é o principal fator na gênese da CIVD
fator tecidual
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De todos os fatores, o mais depletado na CIVD é o... que pode chegar a valores indetectáveis. Como consequência à hiperfibrinólise, temos o aumento dos PDF (Produtos de Degradação de Fibrina, entre eles o...), que podem ser dosados no plasma.
fibrinogênio (fator I) D-dímero *O D-dímero é um produto de significado especial, pois só é liberado pela degradação direta dos polímeros de fibrina, e não dos monômeros ou do fibrinogênio. Ou seja, aparece quando a fibrinólise é resultado da formação prévia de trombos. Na fibrinólise primária (uma outra entidade), os PDFF estão elevados, mas o D-dímero está normal
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Existem duas formas de CIVD: (1) Forma Aguda: relacionada à sepse, trauma, complicações obstétricas, LMA. O consumo de fatores da coagulação e de plaquetas não consegue ser compensado por um aumento da produção hepática e medular. Estes pacientes se manifestam muito mais com sangramento. (2) Forma Crônica: quase sempre relacionada a... Como há uma resposta compensatória hepática e medular, o consumo excessivo de fatores da coagulação e de plaquetas é reposto. As manifestações principais passam a ser de repetidas tromboses.
tumores sólidos secretores de fator tecidual.
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Os critérios que definem o diagnóstico de CIVD são:
1- Hipofibrinogenemia (< 70-100 mg/dl) 2- Aumento dos PDF, especialmente o D-dímero 3- Alargamento do PTTa, do TP e do TT (tempo de trombina) 4- Trombocitopenia 5- Anemia hemolítica com esquizócitos
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A apoplexia suprarrenal (...) é clássica da..., levando ao choque refratário.
(síndrome de Waterhouse-Friederichson) meningococcemia
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Manejo da CIVD
A princípio, os pacientes com critério laboratorial para CIVD, mas sem sangramento ou trombose, não necessitam de terapia específica. O sangramento deve ser abordado com a reposição de plaquetas (se contagem < 50.000/ mm3), plasma fresco congelado e crioprecipitado, este último visando manter os níveis plasmáticos de fibrinogênio acima de 100 mg/dl. Na CIVD crônica, a heparinização está indicada para tratar os eventos macrotrombóticos. Os antifibrinolíticos são contraindicados em qualquer forma de CIVD, pois podem agravar a microtrombose
460
O aparecimento de autoanticorpos antifator VIII (do tipo IgG) pode ocorrer em algumas circunstâncias da prática médica, tais como
(1) o hemofílico A que recebeu componentes do sangue; (2) na puérpera; (3) no lúpus eritematoso sistêmico; (4) em algumas imunodeficiências. *O diagnóstico é suspeitado quando a adição de plasma não corrige o PTTa do paciente e descarta-se a possibilidade do anticoagulante lúpico. O paciente não responde à reposição de crioprecipitado, plasma fresco congelado ou fator VIII purificado, pois o anticorpo inibe o fator VIII exógeno também!! A alternativa mais viável é a infusão do concentrado de complexo protrombínico – o Prothromplex – por conter pequenas quantidades dos fatores II, IX e X ativados, “bypassando” o fator VIII na cascata da coagulação.
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Qual a aplicação da leucodepleção de um CHAD
O CHA leucodepletado diminui também a chance de transmissão do CMV (vírus que permanece em estado latente dentro dos leucócitos) e de aloimunização contra o HLA (Antígeno Leucocitário Humano). Por conseguinte, imunossuprimidos crônicos (ex.: receptores de transplantes) com sorologia anti-CMV negativa, obrigatoriamente devem receber CHA’s leucodepletados ou então obtidos de indivíduos igualmente anti-CMV negativo. O mesmo é válido para pacientes cuja doença de base se associa a uma elevada demanda transfusional: o CHA leucodepletado evita a aloimunização contra o HLA.
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A LAVAGEM do CHA é feita para
remover o plasma (cerca de 20% do volume da bolsa) em pacientes com história de reação transfusional alérgica (ex.: urticária). *O plasma é o grande responsável por esse tipo de reação, principalmente quando o receptor possui deficiência congênita de IgA (1 a cada 700 nascidos-vivos). Neste caso, uma transfusão prévia sensibiliza o receptor, levando-o a produzir anticorpos anti-IgA que justificarão o surgimento da reação alérgica após nova transfusão.
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O Regulamento Técnico de Procedimentos Hemoterápicos, cuja última versão foi instituída pela portaria nº 2.172 de 12/11/2013, do Ministério da Saúde, estabelece que, em nosso meio, exames específicos para rastreio das seguintes doenças devem ser rotineiramente realizados em todo sangue doado:
- Sífilis - Doença de Chagas - Hepatites B e C - HIV - HTLV I e II * A pesquisa de Citomegalovírus (CMV) será obrigatória somente quando o hemocomponente for destinado a pacientes que se enquadrem em uma das categorias a seguir: - Receptores de transplantes (órgãos sólidos ou células hematopoiéticas) com IgG anti- -CMV negativo - Recém-nascidos de mães IgG anti-CMV negativo ou sorologia desconhecida com peso ao nascimento < 1.200 g - Transfusão intrauterina *A pesquisa de malária também deverá ser feita, porém, somente em regiões endêmicas.
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A IRRADIAÇÃO do CHA serve para
“inativar” os leucócitos remanescentes na bolsa após a leucodepleção. * A radiação ionizante (2.500 cGy) promove quebras na cadeia de DNA e, consequentemente, induz a morte das células nucleadas (lembre-se: hemácias e plaquetas não têm núcleo, logo, não são afetadas pela irradiação da bolsa). Este cuidado deve ser tomado quando o CHA for transfundido num paciente profundamente imunodeprimido, ou quando doador e receptor forem parentes de primeiro grau. Nestas situações é grande a chance de doença enxerto versus hospedeiro transfusional (os leucócitos do doador não são eliminados pelo sistema imune do receptor, passando a atacar os órgãos e tecidos deste último), o que pode ser evitado com a irradiação da bolsa
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É a reação imune mais comum (1-4 casos a cada 100 transfusões). Seu mecanismo é a presença de anticorpos anti-HLA no soro do receptor que “atacam” os leucócitos do doador, levando à liberação de citocinas pirogênicas. Logo, esta reação pode ser prevenida com a leucodepleção dos hemocomponentes... Trata-se de um diagnóstico de exclusão, estabelecido quando outras causas de febre são afastadas num paciente que apresenta calafrios e aumento da temperatura corporal ≥ 1ºC durante a transfusão
Reação Febril Não Hemolítica
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Nos dias de hoje, esta é a principal causa de morte relacionada à hemotransfusão. Seu mecanismo é a presença de anticorpos anti-HLA no soro do doador que “atacam”os leucócitos do receptor, promovendo sua agregação e degranulação no interior do leito vascular pulmonar, o que aumenta a permeabilidade dos capilares alveolares causando edema agudo de pulmão não cardiogênico (isto é, edema agudo de pulmão não relacionado a um aumento nas pressões de enchimento do coração esquerdo). O quadro se inicia durante ou até 6h após o término da transfusão, evoluindo com dispneia progressiva, hipoxemia (relação P/F < 300) e infiltrados bilaterais no RX de tórax. Os doadores geralmente são mulheres multíparas, que possuem chance aumentada de aloimunização contra o HLA
Injúria Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão (TRALI)
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É causada pela presença de aloanticorpos pré-formados no soro do receptor que “atacam” as hemácias transfundidas, promovendo hemólise intravascular. A forma mais comum é a incompatibilidade ABO, mas outros grupos sanguíneos, como Rh, Kell e Duffy, eventualmente podem ser responsabilizados. Na maioria das vezes a causa é um ERRO OPERACIONAL, devido à etiquetagem incorreta do hemocomponente ou transfusão do paciente errado. O quadro clínico é marcado pela ocorrência (minutos após o início da transfusão) de desconforto na região do acesso venoso, febre com calafrios, taquipneia, taquicardia, hipotensão arterial, dor no peito, nos flancos e urina “escura”. Laboratorialmente, observam-se marcadores de hemólise (aumento de LDH e bilirrubina indireta, queda da haptoglobina, hemoglobinemia, hemoglobinúria), além de coagulação intravascular disseminada (alargamento do TAP e PTTa, queda das plaquetas e do fibrinogênio, aumento de PDF’s como o D-dímero). A CIVD é induzida pela liberação de fator tecidual a partir das hemácias lisadas... Em casos mais graves, sobrevém Injúria Renal Aguda (IRA), pela deposição de imunocomplexos e/ou Necrose Tubular Aguda (NTA) secundária à hemoglobinúria Além de interromper a hemotransfusão, é preciso hiper-hidratar o paciente, “forçando” sua diurese. Nesse sentido, com o paciente volemicamente reposto, podemos administrar furosemida ou manitol. O objetivo é “lavar” a hemoglobina dos túbulos renais, evitando a NTA..
Reação Hemolítica Transfusional AGUDA
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Reação Alérgica/Anafilática – É mediada por proteínas plasmáticas do doador contra as quais o receptor foi previamente sensibilizado. Nas formas brandas, onde apenas reações cutâneas urticariformes são notadas, deve-se interromper a hemotransfusão e ministrar anti-histamínicos (ex.: difenidramina 50 mg), podendo retomar a hemotransfusão assim que os sinais e sintomas se resolverem por completo. Pacientes com história de reação urticariforme à hemotransfusão devem ser pré-medicados com anti-histamínicos, recebendo, como vimos, concentrados de hemácias “lavadas”... Nas formas graves, por outro lado, o quadro de anafilaxia (urticária, edema de glote, broncoespasmo, hipotensão arterial) já se inicia após a infusão dos primeiro mililitros de sangue, devendo ser abordado com a suspensão imediata da hemotransfusão e administração subcutânea de adrenalina (0,5-1 ml da solução 1:1.000), além de anti-histamínicos e glicocorticoide IV. A chance de reação anafilática é maior em portadores de deficiência congênita de IgA, os quais só poderão receber hemácias lavadas e PFC oriundo de pacientes igualmente deficientes em IgA. V ou F
V
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Caracteriza-se pelo surgimento de trombocitopenia progressiva 7-10 dias após uma transfusão de plaquetas, incidindo tipicamente em mulheres. Seu mecanismo é a formação, pelo sistema imune
Púrpura Pós-Transfusional
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É o principal diagnóstico diferencial da TRALI, sendo que aqui existe aumento nas pressões de enchimento do coração esquerdo (isto é, trata-se de um edema agudo de pulmão “cardiogênico”). Os hemocomponentes são excelentes expansores volêmicos, logo, em indivíduos com função cardíaca limítrofe uma infusão rápida demais (ou em grande quantidade) pode levar à congestão circulatória... O quadro clínico é marcado por dispneia, hipoxemia e infiltrados bilaterais no RX de tórax, além de hipertensão arterial (predominantemente sistólica). A prevenção é feita através de uma administração IV lenta, e o tratamento envolve suspensão temporária da transfusão associada à diureticoterapia, além é claro, das medidas de suporte cabíveis (ex.: VNI, suplementação de O2).
Sobrecarga Circulatória Associada à Transfusão | TACO
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Quais distúrbios eletrolíticos e acidobásicos podem ser causados pela transfusão de sangue?
Com o passar do tempo, é natural que o K+ extravase das células armazenadas nas bolsas de sangue. Assim, a hemotransfusão de bolsas “mais velhas” (principalmente quando maciça) pode acarretar hipercalemia, em particular nos neonatos e portadores de doença renal crônica avançada. Tais indivíduos só devem receber hemácias “frescas” ou “lavadas” (o processo de lavagem, ao remover o plasma, elimina o excesso de potássio no interior da bolsa). O citrato é comumente empregado como anticoagulante na conservação do CHAD pois o citrato é um quelante de cálcio, e o cálcio é um cofator imprescindível para a cascata da coagulação... Na vigência de uma transfusão maciça existe risco de hipocalcemia aguda (parestesia perioral e de extremidades, tetania, crise convulsiva). No corpo, o citrato é convertido em bicarbonato, o que pode ocasionar alcalose metabólica.
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Numa “hemotransfusão maciça” (troca da volemia por concentrados de hemácias, geralmente maior que...) o paciente pode apresentar:
8-10 bolsas/24h - TACO - Hipotermia - Diátese Hemorrágica (hipotermia + trombocitopenia e coagulopatia “dilucionais”) - Hipercalemia e Hipocalcemia - Alcalose Metabólica
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Quando o receptor é usuário de... existe risco de hipotensão arterial induzida pela hemotransfusão
inibidores da ECA (ex.: captopril) * A explicação é que, assim como no caso do K+, com um tempo de armazenamento prolongado ocorre acúmulo de bradicinina no interior da bolsa. A ECA, além de converter a angiotensina I em angiotensina II, funciona também como uma cininase (enzima que degrada a bradicinina). Logo, ao receberem uma hemotransfusão esses doentes podem ter seus níveis de bradicinina (uma citocina vasodilatadora) subitamente aumentados, o que reduz a resistência vascular periférica e a pressão arterial. A conduta é conservadora.
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HEMORRAGIA AGUDA. Uma perda volêmica superior a... sempre requer transfusão de CHA, em conjunto com a reposição de cristaloides. Na vigência de instabilidade hemodinâmica, anemia preexistente, hemorragia ininterrupta ou doença cardiorrespiratória/cerebrovascular crônica, a transfusão já está indicada com perdas volêmicas superiores a ... Devemos ressaltar que o hematócrito pode ser normal nas primeiras 48- 72h do sangramento, não representando, portanto, um bom parâmetro para indicar transfusão... O volume de sangue perdido é mais bem estimado pela inspeção do sangramento (se possível) e pelos sinais vitais do paciente (FC >100 bpm, queda > 30 mmHg na PA sistólica, oligúria e alteração do sensório indicam perdas volêmicas bastantes expressivas).
a 30% (> 1.500 ml em um adulto de 70 kg) 15% (> 750 ml em adultos de 70 kg)
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PRÉ-OPERATÓRIO. Recomenda-se transfundir se Hb < 8 g/dl ou Ht < 24% nas seguintes situações: Recomenda-se transfundir se Hb < 10 g/dl ou Ht < 30% na seguinte condição: Em todos os outros casos, recomenda-se transfundir apenas se Hb < 7 g/dl ou Ht < 21%.
Hb < 8 g/dl ou Ht < 24% • Perda sanguínea prevista ≥ 250 ml/h ou ≥ 1L • Distúrbio da hemostasia Hb < 10 g/dl ou Ht < 30% • Perda sanguínea prevista ≥ 250 ml/h ou ≥ 1L em pacientes com comorbidades (doença cardiorrespiratória ou cerebrovascular).
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ANEMIA. Recomenda-se transfundir os casos de “anemia descompensada”, isto é, quando o paciente desenvolve as seguintes manifestações POR CAUSA da anemia:
* Insuficiência cardíaca congestiva * Angina * Alteração do sensório
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Como é feito o cálculo da quantidade de concentrados de plaquetas a ser reposta?
uma unidade de plaquetas randômicas para cada 10 kg de peso, sendo a média no adulto em torno de seis unidades. Isso equivale a uma unidade extraída por aférese (CPDU), que portanto serve como opção.
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Indicações de transfusão de plaquetas
Transfusão TERAPÊUTICA – presença de sangramento ativo + pelo menos um dos abaixo: - Plaquetometria < 50.000/mm3. - Disfunção plaquetária provável (tempo de sangramento >12min, uso de antiplaquetários). - Pós-operatório de cirurgia cardíaca com CEC + plaquetometria < 150.000/mm3. Transfusão PROFILÁTICA – ausência de sangramento ativo + pelo menos um dos abaixo: - Procedimento invasivo com plaquetometria < 50.000/mm3. - Neurocirurgia ou cirurgia oftalmológica com plaquetometria < 100.000/mm3. - Plaquetometria < 10.000/mm3 em pacientes pós-quimioterapia ou com leucemia/anemia aplásica, sem febre ou pequenos sinais hemorrágicos*. - Plaquetometria < 20.000/mm3 em pacientes pós-quimioterapia ou com leucemia/anemia aplásica, com febre ou pequenos sinais hemorrágicos*.
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Considera-se que o paciente é refratário à | transfusão de plaquetas quando
o incremento após uma hora for inferior a 10.000/mm3, obedecida a dose de seis unidades de plaquetas randômicas ou uma unidade extraída por aférese, ou se o incremento for inferior a 2.000 pontos por cada unidade de plaquetas randômicas transfundida
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Só para lembrar: a transfusão plaquetária é | formalmente CONTRAINDICADA na
- PTT (Púrpura Trombocitopênica trombótica) - HIT (Trombocitopenia Induzida por Heparina), por aumentar a formação de trombos e agravar as consequências clínicas de ambas as doenças!!!
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As indicações atuais de plasma fresco congelado são para reposição de fatores da coagulação. A dose é de 15-20 ml/kg. Os principais distúrbios ou condições que indicam a reposição de PFC são:
1- Intoxicação por cumarínicos 2- Insuficiência hepática 3- CIVD – Coagulação Intravascular Disseminada 4- PTT – Púrpura Trombocitopênica Trombótica 5- Coagulopatias Hereditárias (exceto Hemofilia A) *Na presença dos distúrbios acima, o PFC só estará indicado se: (1) houver sangramento por coagulopatia; ou (2) se o paciente for submetido a procedimento invasivo e tiver um coagulograma com INR > 1,5, atividade de protrombina < 50% ou PTTa > 55s (relação > 1,5). Na PTT, a transfusão de plasma fresco pode ser uma alternativa à plasmaférese.
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O crioprecipitado é derivado do plasma fresco congelado – ver anteriormente – sendo rico nos seguintes elementos: fibrinogênio, fator VIII (uma unidade de crio equivale a 80 UI de FVIII) e fvW, além de fator XIII e fibronectina. Cada bolsa de crioprecipitado contém metade da quantidade de fibrinogênio presente numa bolsa de plasma (200 mg versus 400 mg), porém, com um volume dez vezes menor (30-50 ml)... Na... (sua principal indicação), a dose é de 1-2 bolsas para cada 10 kg de peso (1 bolsa para cada 5 kg), o que faz o fibrinogênio sérico aumentar em média 70-100 mg/dl num adulto com peso em torno de 70 kg.
CIVD Outras indicações do crioprecipitado são a reposição de fibrinogênio na afibrinogenemia/ hipofibrinogenemia congênita. Conforme já explicado, sua grande vantagem sobre o PFC (que também tem fibrinogênio) é o menor volume infundido, já que seus constituintes estão bastante concentrados... Eventualmente, o crioprecipitado é usado no tratamento da doença de von Willebrand. Na rara deficiência de fator XIII, basta uma única unidade de plasma fresco congelado para normalizar a hemostasia, não sendo necessário se dispor do crioprecipitado