Hepatologia Flashcards
(602 cards)
Os estreitos espaços que separam as placas de
hepatócitos dos sinusoides hepáticos são conhecidos
como…
espaços de Disse
Cada espaço-porta possui em seu interior
- uma vênula (ramo da porta),
- uma arteríola (ramo da artéria hepática),
- um dúctulo biliar e vasos linfáticos
todos eles envoltos por uma bainha de tecido conjuntivo.
No centro de cada lóbulo hepático está um pequeno
e único vaso venoso…
- a vênula central (ou centrolobular).
* Os sinusoides hepáticos “caminham” para o centro do lóbulo, desembocando na vênula central
A veia porta é responsável por… do fluxo sanguíneo hepático, ficando a artéria hepática com apenas…
Cerca de 50-70% da oxigenação do
fígado vem da… e 30-50% da…
70-75%
25-30% do fluxo total.
veia porta
artéria hepática
O espaço tubular formado pela união longitudinal
de vários hepatócitos é denominado…
canalículo biliar (ou bilífero)
*Note que os canalículos
biliares não têm parede própria, e são as primeiras
estruturas coletoras de bile
Os canalículos biliares formam uma extensa
rede, que continua pelas placas celulares, dirigindo-
se do… para…
centro do lóbulo
periferia
*fluxo retrógado (oposto do sangue)
Na periferia, os canalículos biliares desaguam
num…
ducto biliar (canal de Hering) que fica dentro do espaço-porta
*Os ductos biliares vão se unindo
uns aos outros, para formar os ductos hepáticos
(esquerdo e direito), que deixam o fígado.
Uma ligeira hipoglicemia (45 a 60 mg/dl) ocorre em aproximadamente metade dos pacientes com hepatite viral aguda não complicada. Como regra, estes pacientes não são hiperinsulinêmicos. Se a doença hepática aguda for grave (hepatite fulminante), a hipoglicemia pode ser acentuada e potencialmente fatal. Explique
O fígado é o órgão responsável por manter os níveis séricos de glicose (fora dos momentos de alimentação) por meio da glicogenólise e gliconeogênese
***A intolerância a glicose, por outro lado, está
associada mais comumente à doença hepática
crônica e cirrose. As concentrações plasmáticas
de insulina tendem a ser altas, sugerindo um
estado de resistência periférica a este hormônio.
A resistência à insulina também pode refletir
uma maior secreção de glucagon, ou mesmo a
presença do shunt portossistêmico dos pacientes
cirróticos, que faz com que a insulina secretada
pelo pâncreas tenha menos “contato”
com o fígado (impedindo a inibição da gliconeogênese
hepática pela insulina).
O fígado gorduroso (esteatose hepática) reflete
habitualmente um acúmulo excessivo de…, resultante de um desequilíbrio entre a biossíntese destes e sua secreção no plasma na forma de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).
Muitas condições podem ser responsáveis pelo
desenvolvimento da esteatose hepática, e entre
elas destacam-se a
triglicerídios
ingestão de etanol, a desnutrição proteicocalórica, o diabetes mellitus, a terapia com corticoides e a obesidade.
São várias as condições que determinam um
aumento do aporte de amônia para o sistema
nervoso central, e cada uma atua de maneira
diferente:
a) Uma doença hepática grave interfere na depuração
da amônia, predispondo diretamente
à encefalopatia hepática;
b) Caso esta doença curse com hipertensão porta,
o desenvolvimento de shunts portossistêmicos
exacerba mais ainda o processo (a amônia
absorvida no intestino vai direto para o sistema
nervoso central, sem passar pelo fígado);
c) Hemorragia digestiva: o metabolismo da
hemoglobina recém-liberada pelas bactérias da
flora intestinal forma amônia, produto do catabolismo
dos aminoácidos… A amônia é imediatamente
absorvida e, nos pacientes com
disfunção hepática crônica, pode exceder a
capacidade dos hepatócitos em metabolizá-la…
d) Equilíbrio eletrolítico e acidobásico: a hipercalemia
e a acidose metabólica podem desencadear
encefalopatia hepática em cirróticos.
Sabemos que a hipercalemia gera acidose. A
amônia circula em dois estados: dissociado
(NH3) e não dissociado (NH4+), este último
chamado amônio. O pH ácido aumenta a
conversão do NH4+ em NH3. Ao contrário do NH4+, o NH3 é lipossolúvel e, portanto, cruza com facilidade
a barreira hematoencefálica…
V ou F
F
d) Equilíbrio eletrolítico e acidobásico: a hipocalemia
e a alcalose metabólica podem desencadear
encefalopatia hepática em cirróticos.
Sabemos que a hipocalemia gera alcalose. A
amônia circula em dois estados: dissociado
(NH3) e não dissociado (NH4+), este último
chamado amônio. O pH alcalino aumenta a
conversão do NH4+ (forma ácida) em NH3
(forma básica). Ao contrário do NH4+, o NH3
é lipossolúvel e, portanto, cruza com facilidade
a barreira hematoencefálica…
A primeira substância formada a partir da protoporfirina
é a biliverdina, mas esta é rapidamente
reduzida à bilirrubina livre insolúvel,
que é liberada dos macrófagos para o plasma.
A bilirrubina livre imediatamente se combina
com a albumina plasmática, para manter a sua
solubilidade, sendo transportada dessa forma
na corrente sanguínea. A bilirrubina ligada à
albumina é chamada de bilirrubina indireta
ou não conjugada
O hepatócito desempenha um papel primordial
no metabolismo da bilirrubina, e três fases básicas
são reconhecidas:
1) Captação;
2) Conjugação;
3) Excreção.
*Dessas etapas, a terceira (excreção) parece
ser a que limita a velocidade do processo, e
é a mais suscetível quando ocorre dano na
célula hepática
Captação
A bilirrubina não conjugada ligada à albumina
chega ao hepatócito e se dissocia, penetrando
a célula e ligando-se a proteínas citoplasmáticas
(de forma a impedir seu retorno ao plasma).
Conjugação
A bilirrubina não conjugada é insolúvel em
água e precisa ser convertida num derivado
hidrossolúvel, para que possa ser excretada do
hepatócito para a bile. Este processo é efetuado
no citoplasma do hepatócito, por conjugação
da bilirrubina com o carboidrato glucoronídeo,
realizada pela importante enzima glucoroniltransferase.
Uma vez conjugada ao glucoronídeo,
a bilirrubina passa a ser chamada de
bilirrubina direta ou conjugada
Excreção para a Bile
A bilirrubina conjugada agora precisa sair do
hepatócito e ganhar os canalículos biliares. Este
processo é chamado de excreção e depende de
ATP. Por isso, como já dito, constitui a etapa
limitante do metabolismo da bilirrubina, e é a
primeira a ser afetada quando de um distúrbio
do hepatócito. Qualquer alteração desta etapa
significa acúmulo de bilirrubina direta no hepatócito,
que então “regurgita” de volta para o
plasma
Após o seu aparecimento na luz intestinal, a
bilirrubina direta pode seguir dois caminhos:
1- Ser excretada nas fezes;
2- Ser metabolizada em urobilinogênio (maior parte).
**Uma vez no intestino grosso, cerca de 50% da
bilirrubina conjugada é convertida em urobilinogênio
(uma substância altamente hidrossolúvel)
pelas bactérias intestinais no cólon ascendente.
Uma pequena parte do urobilinogênio
é reabsorvida pela mucosa intestinal de
volta ao fígado e corrente circulatória de onde
é excretada pelos rins através da urina em quantidade
que não excede 4 mg/dia. Por isso, todo
exame de urina (EAS) apresenta positividade
para urobilinogênio (mas não para bilirrubina!).
Após exposição da urina ao ar, o urobilinogênio
se oxida em urobilina, enquanto nas fezes,
após oxidação, transforma-se em estercobilina,
contribuindo para as colorações características
da urina e das fezes. Parte do urobilinogênio
que chega ao fígado é excretado novamente
na bile
***Nas situações em que a excreção hepática está
aumentada, como na produção exagerada de
bilirrubina (hemólise), os níveis de urobilinogênio
urinários podem subir muito,
A BI,
em virtude de estar fortemente ligada à albumina
(e também por ser insolúvel em água), não é filtrada
pelo glomérulo normal. Já a BD, nas condições
em que circula no sangue, é filtrada no
glomérulo e acaba aparecendo na urina. Portanto,
a hiperbilirrubinemia direta acarreta bilirrubinúria
V ou F
V
Os distúrbios do metabolismo da bilirrubina
podem ocorrer através de cinco mecanismos
básicos. Cite-os
Galeria (foto 1)
Numa classificação mais simplista, porém muito
popularizada, existem três grandes grupos
de icterícia:
- Hemolítica (produção): predomina BI
- Hepatocelular (captação – conjugação – excreção): Mista, predomina BD
- Obstrutiva (colestática): Mista, predomina BD
Devido a sua elevada frequência (7% da população
caucasiana), é o distúrbio hereditário do metabolismo da bilirrubina mais comumente encontrado pelo médico
predomina no sexo masculino
(3:1) e resulta de uma leve deficiência da enzima
que realiza a conjugação da BI dentro do hepatócito
(ou seja, uma deficiência hereditária
“leve” de glucoronil-transferase). Comporta-se
de forma benigna, sem complicações, embora
seja crônica, caracterizando-se por uma hiperbilirrubinemia
indireta leve e persistente
Na maioria das vezes a icterícia se inicia em
torno dos 20 anos de idade, mas costuma ser tão
leve que o paciente geralmente só se dá conta
após exames laboratoriais de rotina, ou então
após um período de jejum prolongado (em que
ela se acentua – ver adiante). Os níveis de bilirrubina
total raramente ultrapassam 5 mg/dl
Tipicamente a icterícia se agravará após:
(1) Jejum prolongado ou retirada das gorduras
da dieta;
(2) Exercício intenso;
(3) Ingestão de álcool;
(4) Administração de ácido nicotínico.
suspeita-se desta síndrome quando o paciente apresenta hiperbilirrubinemia não conjugada leve e persistente, mas:
a) Não há outros sinais ou sintomas sistêmicos;
b) Não há hemólise laboratorialmente reconhecida;
c) As provas de função hepática são normais;
d) A biópsia (não necessária) é normal – embora
em alguns casos possa haver depósitos inespecíficos
de lipofuscina na zona centrolobular
Não é necessário tto. Alguns pacientes, por motivos puramente
estéticos (como modelos), podem receber fenobarbital
cronicamente em baixas doses para reduzir
a intensidade da icterícia. Esta droga aumenta
a atividade da glucoronil-transferase
A única consequência clínica potencial é o acúmulo de algumas drogas de metabolização hepática. Um exemplo é o quimioterápico irinotecan, que pode causar diarreia e mielotoxicidade.
síndrome de Gilbert
Os recém-nascidos desenvolvem hiperbilirrubinemia
indireta que pode atingir 45 mg/dl (a
BD está caracteristicamente ausente). Em
geral, essas crianças morrem dentro do primeiro
ano de vida (decorrente do kernicterus),
embora tenha sido relatada sobrevivência até
os 30 anos. A BI, ao contrário da BD, passa
facilmente a barreira hematoencefálica, provocando
efeitos tóxicos no SNC. As provas
de função hepática são normais, assim como
a histologia hepática.
A plasmaférese é considerada o melhor tratamento
clínico para esses pacientes. A fototerapia
pode reduzir de maneira temporária e
transitória o nível de bilirrubina não conjugada,
pela formação de um isômero “excretável” na
bile ou urina.
Da mesma forma, a inibição da
síntese de bilirrubina, pela administração de
inibidores da heme-oxigenase, como a tin-
-protoporfirina ou a tin-mesoporfirina, é útil
nas crises. O fenobarbital (indutor da transferase)
não é eficaz, já que não há nenhuma enzima
para ser induzida.
O transplante hepático é a única opção definitiva
de cura.
Síndrome de Crigler-Najjar Tipo I
Deficiência completa da glucoronil trasnferase
*O tipo II resulta de uma deficiência parcial
(moderada a grave) da glucoronil-transferase,
e suas consequências são menos graves que no
tipo I. Os níveis séricos de BI são relativamente
mais baixos (6 a 20 mg/dl), a icterícia pode
não aparecer até a adolescência e as complicações
neurológicas são raras. A bile contém
quantidades variáveis de BD.
O fenobarbital é eficaz na redução dos níveis
séricos de BI, na medida em que é um “indutor”
da transferase, e pode ser utilizado, inclusive,
na diferenciação entre o tipo I e o tipo II da
síndrome, já que no primeiro não há resposta
a esse medicamento.
também conhecida
como icterícia crônica idiopática, é um
distúrbio hereditário que resulta de um defeito na
fase de excreção, secundário a um defeito no gene
MRP2 – os hepatócitos não conseguem mais
excretar a bilirrubina já conjugada para a bile.
Trata-se de condição típica de judeus Sefarditas
(isto é, originários da região do Irã/Iraque)…
Os níveis de bilirrubina estão entre 2-5 mg/dl na
maioria dos casos (mas podem chegar a 25 mg/
dl). Predomina a fração direta, embora os níveis
de BI também estejam aumentados. Os anticoncepcionais
orais podem acentuar a icterícia, ou
mesmo produzir o primeiro episódio desta.
Os pacientes com esta síndrome ou são assintomáticos,
ou apresentam sintomas gastrointestinais
vagos, como hepatomegalia discreta
e hipersensível. Os estigmas de colestase, como
prurido e esteatorreia, em geral estão ausentes.
Os níveis séricos de fosfatase alcalina (bem
como qualquer outra enzima hepática) estão
caracteristicamente normais.
Neste contexto,
a dosagem da coproporfirina urinária confirma
o diagnóstico: nestes pacientes, apesar de os
níveis serem normais, a fração predominante
é a coproporfirina I, em vez da coproporfirina
III (que predomina em pessoas normais).
centrolobular
dos lóbulos hepáticos é característico (embora
a biópsia hepática seja desnecessária para
o diagnóstico).
Este pigmento representa a deposição tecidual
de polímeros de metabólitos da bilirrubina que
não consegue ser excretada. Macroscopicamente
o fígado adquire uma coloração completamente
enegrecida!
O prognóstico da síndrome de Dubin-Johnson
é excelente e não há necessidade de tratamento
Síndrome de Dubin-Johnson
É um distúrbio do armazenamento da bilirrubina
conjugada, que acaba retornando ao sangue antes
de ser excretada na bile – em muitos aspectos é
semelhante à síndrome de Dubin-Johnson. Diferencia-
se desta por haver aumento de 3-5 vezes
nos níveis urinários de coproporfirina e pelo fato
de não haver pigmentação característica nos hepatócitos
– aqui a biópsia também é desnecessária
Síndrome de Rotor
*olhar foto 2 galeria
A histopatologia demonstra acúmulo de pigmento
biliar nos hepatócitos e células de Kupffer.
Nos casos de doença do sistema de drenagem
biliar intra ou extra-hepático, observa-se dilatação
dos canalículos biliares entre os hepatócitos,
edema e degeneração hepatocitária (por efeito
detergente dos ácidos biliares), apoptose e alterações
nos espaços-porta (proliferação de dúctulos
biliares, edema, infiltrado neutrofílico).
Clinicamente, o paciente apresenta icterícia
(forte predomínio da BD) e o restante da síndrome
colestática: além da icterícia, colúria,
acolia fecal, prurido. O prurido tem fisiopatogênese
desconhecida, e parece estar relacionado
a um aumento no tônus opioidoérgico
(tanto que melhora com a administração de um
antagonista dos receptores opioides, o naloxone).
Também pode ter um componente de acúmulo
de ácidos e sais biliares na pele… A esteatorreia
e a deficiência de vitaminas lipossolúveis,
especialmente a vitamina K (coagulopatia),
ocorrem nos casos mais acentuados.
Laboratorialmente, as enzimas presentes
na superfície dos canalículos e dúctulos
biliares se elevam na corrente sanguínea, pelo
efeito detergente dos ácidos biliares. São elas:
fosfatase alcalina e gama-GT (gama-glutamil-
transpeptidase). A enzima 5’-nucleotidase
também é muito citada pela literatura estrangeira
como um eficiente marcador de colestase
a ser usado em conjunto com a fosfatase alcalina,
exatamente como a gama-GT.
Síndrome colestática
*Colestase intra-hepática
As causas de colestase intra-hepática incluem
as condições em que o hepatócito é incapaz de
excretar a bile (hepatite), e aquelas em que há
algum problema com a drenagem da bile pela
árvore biliar dentro do próprio parênquima
hepático. As principais são:
(a) Hepatite viral (especialmente a hepatite A
aguda);
(b) Hepatite tóxica e medicamentosa (principalmente
fenotiazinas e estrogênios);
(c) Doenças infiltrativas do fígado;
(d) Cirrose biliar primária (uma doença autoimune
dos dúctulos biliares).
** Colestase Extra-Hepática
A colestase extra-hepática ocorre por obstrução
de alguma grande via biliar (principalmente o
colédoco). As principais causas de obstrução
são os cálculos e as neoplasias. A colangite
esclerosante é uma doença autoimune que leva
a estenoses múltiplas no sistema biliar extra e
intra-hepático.
• Icterícia Rubínica (alaranjada) →
Leptospirose (disfunção hepatocelular + vasodilatação cutânea).
Icterícia associada a Telangiectasias, eritema palmar, linhas brancas transversais nas unhas (sinal de Muehrcke= hipoalbuminemia), diminuição de pilificação
secundária →
Cirrose
Icterícia + sopro arterial sobre o fígado →
Hepatite alcoólica
Carcinoma hepatocelular
Vesícula palpável indolor (ou mesmo visível
– Sinal de Courvoisier) + Icterícia →
Neoplasia periampular