12 – Farmacologia dos Anestésicos Venoso e Opioides Flashcards

(131 cards)

1
Q

Dê alguns exemplos de anestésicos venosos.

A

barbitúricos, benzodiazepínicos, opioides, etomidato, propofol, cetamina e dexmedetomidina

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2
Q

Quais são os possíveis usos clínicos dos anestésicos venosos?

A
  • Indução anestésica
  • Manutenção da anestesia.
  • Sedação (propofol e a dexmedetomidina, são adequados para a sedação de pacientes sob ventilação mecânica na unidade de terapia
    intensiva (UTI)
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3
Q

Explique o conceito de “anestesia balanceada”. Além dos anestésicos venosos, quais classes de fármacos podem ser usadas
para fornecer a anestesia balanceada?

A

“Anestesia balanceada” = combinar várias classes de fármacos a fim de obter hipnose, amnésia, analgesia e imobilidade com pequenas doses de cada agente, limitando os efeitos colaterais.
Os anestésicos inalatórios, os agentes bloqueadores neuromusculares e os
opioides com frequência são combinados com anestésicos venosos para obter anestesia balanceada.

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4
Q

Qual é a semelhança entre os mecanismos de ação do propofol, barbitúricos, benzodiazepínicos e etomidato?

A

Ativação ou potencialização de correntes inibitórias através do canal de cloreto do ácido γ-aminobutírico do tipo A (GABAA), causando
uma diminuição da transmissão sináptica SNC. No entanto, os efeitos eletrofisiológicos exatos e os locais de ligação ao receptor GABAA diferem entre os fármacos.

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5
Q

Descreva a estrutura química e as propriedades físicas do propofol.

A

O propofol é um anel de fenol derivatizado em ambas as posições orto (2 e 6) por grupos isopropil (um alquilfenol). É altamente lipossolúvel e é formulado como uma emulsão com óleo de soja, glicerol e fosfatídeo de gema de ovo purificado

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6
Q

Por que é necessário que o fabricante inclua um preservativo nas emulsões de propofol e por que é necessária uma técnica asséptica rigorosa durante o manuseio?

A

As emulsões de propofol são um meio rico que rapidamente sustenta o crescimento bacteriano. O fabricante adiciona ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA) ou metabissulfito como conservante. Os frascos ou seringas de propofol devem ser descartados dentro de 12 horas após a abertura e deve-se seguir uma rigorosa técnica asséptica ao preparar o fármaco.

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7
Q

Quais pacientes podem estar em risco de uma reação alérgica potencialmente fatal com o uso de propofol?

A
  • Histórico de atopia ou alergia
    a outros fármacos que também contêm um núcleo de fenil ou grupo isopropílico.
  • Anafilaxia a ovo
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8
Q

Se a meia-vida de eliminação do propofol é lenta (4 a 24 horas), por que os pacientes despertam rapidamente, dentro de 8 a 10 minutos, após uma única injeção em bólus?

A

Devido a cinética de redistribuição (movimento entre compartimentos de tecido) que é diferente da eliminação (remoção do corpo).

Após um bolus venoso o propofol se distribui rapidamente para o cérebro devido ao alto fluxo sanguíneo. Ele atravessa a barreira
hematoencefálica rapidamente devido à sua alta lipofilicidade, levando a perda de consciência dentro de 30 segundos. Ao longo
dos minutos seguintes, o propofol se redistribui rapidamente do cérebro para tecidos menos perfundidos, como o músculo
esquelético. A rápida deterioração da concentração plasmática de propofol leva ao despertar em poucos minutos. Este processo
aplica-se à maioria dos anestésicos venosos administrados como um bólus único.

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9
Q

Como o propofol é eliminado do plasma?

A

redistribuição para locais de tecido inativo e pelo metabolismo rápido pelo fígado

Metabolismo extra-hepático = pulmão

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10
Q

Como a dose de propofol deve ser alterada quando administrada a pacientes
com disfunção hepática?

A

Pacientes com disfunção hepática avançada, como a cirrose, o volume de distribuição é aumentado, mas a ligação das proteínas
é reduzida (devido à hipoalbuminemia).
Não é necessário alterar a dose no geral

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11
Q

Defina a meia-vida contexto-dependente de um fármaco.

A

meia-vida contexto-dependente refere-se ao tempo necessário para que a concentração plasmática de um fármaco diminua em 50% após a interrupção de uma infusão intravenosa / BIC.

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12
Q

Como a meia-vida contexto-dependente do propofol se compara com outros anestésicos venosos?

A

o propofol tem uma meia-vida contexto-dependente mais curta para uma dada
duração de infusão. Isso explica a recuperação rápida da consciência dos pacientes em UTI, mesmo após vários dias de sedação.

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13
Q

Qual é o mecanismo de ação do propofol?

A

Age em canal de íons de cloreto ativado por GABAA e mantê-lo em um estado ativado por um período prolongado, resultando em maiores efeitos inibitórios na transmissão sináptica.

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14
Q

Como o propofol afeta o sistema nervoso central?

A

Diminui a taxa metabólica cerebral de
oxigênio (CMRO2), FSC e pressão intracraniana (PIC). (obs.: PPC = PAM - PIC)
Em doses elevadas, o propofol produz surto-supressão no EEG, tornando-o útil para a neuroproteção durante procedimentos neurocirúrgicos selecionados.

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15
Q

Como o propofol afeta o limiar de convulsão?

A

Propofol é um anticonvulsivante e pode ser usado para tratar convulsões.

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16
Q

Como o propofol afeta o sistema cardiovascular?

A

REDUÇÃO NA PAS maior do que qualquer outro agente de indução.
VASODILATAÇÃO venosa e arterial (resultando
em diminuição da pré-carga e RVS)
Não há evidência clara de depressão direta do miocárdio.

A hipotensão é dose-dependente e piora com injeção rápida, com hipovolemia e em pacientes idosos.

O propofol inibe o reflexo barorreceptor normal e pode resultar em bradicardia profunda.

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17
Q

Dose de indução do propofol?

A

dose de indução de propofol
1,5 a 2,5 mg/kg

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18
Q

Como o propofol afeta a ventilação?

A

Apneia de aproximadamente 30 segundos seguida por um retorno de ventilação respiração rápida e superficial com queda na ventilação minuto por até 4 minutos.
Reduz a resposta ventilatória à hipóxia e à hipercapnia.

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19
Q

Como o propofol afeta os reflexos das vias aéreas e das vias aéreas superiores?

A

Redução nos reflexos das vias aéreas maior do que qualquer outro agente de indução.

Vias aéreas superiores: aumenta a colapsabilidade da musculatura predispondo os pacientes à obstrução das vias aéreas durante o despertar da anestesia com propofol ou durante a sedação

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20
Q

Quais os pacientes em risco para a sindrome de infusão do propofol?

A

Infusões de alta dose (> 4 mg/kg/h)

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21
Q

O que é a síndrome da infusão do propofol e quais achados clínicos devem provocar sua investigação?

A

Acidose metabólica, rabdomiólise e hipercalemia.

Podem ocorrer febre, arritmia, hipertrigliceridemia, hepatomegalia, insuficiência renal ou insuficiência cardíaca.

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22
Q

Como a dor associada à injeção intravenosa de propofol pode ser atenuada?

A

A administração prévia de lidocaína, a
pré-medicação com um opioide ou a mistura de lidocaína com propofol também são técnicas úteis.

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23
Q

Qual é uma dose típica de indução do propofol? Descreva populações de pacientes em que esta dose deve ser ajustada.

A

No geral 1 a 2.5mg/kg

Idosos = redução da dose
Obesos = basear em peso ideal
Crianças = aumento da dose devido distribuição e depuração mais rápida

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24
Q

Como o propofol é administrado para manutenção da anestesia?

A

100 a 200 μg/kg/min

Ex.: 70kg = 7 a 14mg/min

Individualizando conforme necessidade.

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25
O que é anestesia venosa total (TIVA)?
É uma técnica pela qual um anestésico venoso, mais tipicamente o propofol em 100 a 200 μg/kg/min é combinado com outros sedativos-hipnóticos IV para fornecer anestesia geral.
26
Dose de propofol para sedação?
25 a 75 μg/kg/min Ex.: 70kg = 1.7 a 5.2mg/min continuo. Obs.: Se não tiver BIC pode fazer um bolus inicial e ao atingir um plano bom ir fazendo bolus de 10 a 20mg a cada 2 minutos.
27
Qual é a relação entre o propofol e náuseas e vômitos?
Efeito antiemético
28
Cite alguns dos benzodiazepínicos comumente usados.
Midazolam, Diazepam e Lorazepam
29
Efeitos clínicos e propriedades dos benzodiazepínicos?
- Ansiolíticos - Sedativos - Amnésicos - Doses mais elevadas geram inconsciência - Efeitos anticonvulsivantes - Antieméticos
30
Como o midazolam solúvel em água atravessa a barreira hematoencefálica para obter acesso ao sistema nervoso central?
O midazolam é um fármaco hidrofílico armazenado a pH baixo em uma forma de anel aberto. Quando o midazolam é exposto ao pH do sangue, ele sofre o fechamento do anel e torna-se altamente lipossolúvel. Essa mudança de estrutura permite que ele atravesse rapidamente a barreira hematoencefálica e obtenha acesso ao SNC.
31
Como os benzodiazepínicos são metabolizados?
São altamente lipofílicos. Sofrem metabolismo oxidativo (N-desalquilação e hidroxilação) por enzimas microssomais P450, seguidas de glucuronidação e excreção. Exceto Lorazepam, temazepam e oxazepam
32
Como o metabolismo do lorazepam é diferente do metabolismo de outros benzodiazepínicos?
O lorazepam, juntamente com o temazepam e o oxazepam menos comuns, não sofrem oxidação e são excretados após uma conjugação em etapa única em ácido glicurônico. Por isso mais seguros em doença hepática.
33
Como diferem os metabólitos do diazepam e do midazolam?
O diazepam é metabolizado em compostos de ação prolongada e tem uma meia vida de 100 horas o que pode ser um risco para sedação prolongada O midazolam é mais rapidamente eliminado (cerca de 1 hora) e só possui 1 metabólito ativo
34
O que é remimazolam?
um novo benzodiazepínico de ação ultracurta por ser rapidamente hidrolisada por esterases do sangue e tecidos em um metabólito inativo.
35
Indique dois outros fármacos comumente usados que são metabolizados por um mecanismo semelhante ao remimazolam?
Remifentanil e Esmolol (b-bloqueador) - são fármacos de ação curta decompostos por hidrólise do éster.
36
Qual é o mecanismo de ação dos benzodiazepínicos?
Receptor GABA-A estimulados pelo neurotransmissor inibitório GABA o canal se abre, permitindo que os íons cloreto fluam para dentro da célula. Isso resulta em hiperpolarização do neurônio e uma resistência do neurônio a uma posterior despolarização.
37
Onde estão localizados os receptores de benzodiazepínicos?
O canal iônico GABAA localiza-se nas terminações nervosas pós-sinápticas no SNC. Sendo sua maioria no córtex cerebral.
38
Ordem de potência / afinidade GABAa entre os principais benzodiazepínicos?
Lorazepam > Midazolam > Diazepam
39
Como os benzodiazepínicos afetam o sistema nervoso central?
- Diminuem o FSC e a CMRO2 de forma dependente da dose e limitada. - Efeito anticonvulsivante.
40
Como os benzodiazepínicos afetam o sistema cardiovascular?
Redução da pressão arterial sistêmica devido diminuição da RVS
41
Como os benzodiazepínicos afetam a ventilação e a via aérea superior?
efeitos de depressão ventilatória dependentes da dose / apneia transitória via aérea superior: prejudica a coordenação faríngea e risco de aspiração
42
Qual a frequência das reações alérgicas aos benzodiazepínicos?
Extremamente raras
43
Dose de indução midazolam?
0,1 a 0,3 mg/kg. O tempo de início fica entre 30 e 80 segundos
44
Duas desvantagens dos benzodiazepínicos?
Ausência de propriedades analgésicas Despertar prolongado em indução anestésica
45
Como os efeitos dos benzodiazepínicos podem ser revertidos?
fármaco antagonista específico, o flumazenil antagonista competitivo que se liga ao receptor benzodiazepínico
46
Dose do Flumazenil?
0,2 mg EV a cada 60 segundos até uma dose total de 1 a 3 mg Obs.: Curto tempo de ação (20 minutos)
47
Qual é a melhor escolha, dose e via de administração dos benzodiazepínicos para o tratamento do estado de mal epilético em pacientes hospitalizados?
lorazepam 0,1 mg/kg EV é o fármaco de escolha. diazepam 0,2 mg/kg EV também é eficaz Obs.: Sem acesso EV = midazolam 5 a 10mg IM
48
Paciente convulsionando sem acesso EV?
Midazolam 5 a 10mg INTRAMUSCULAR
49
A cetamina é derivada de qual composto químico?
fenciclidina, também conhecida como PCP
50
Efeitos anestésicos da cetamina?
inconsciência, hipnose, amnésia e analgesia profunda ''anestesia dissociativa''
51
Qual a aparência clínica dos pacientes após uma dose de indução de cetamina?
Estado cataléptico. A aparência do paciente pode ser caracterizada como: - olhos abertos com um nistagmo lento; - manutenção dos reflexos de tosse, deglutição e corneanos; - dilatação moderada das pupilas; - lacrimejamento e salivação; - aumento no tônus do músculo esquelético, com movimentos aparentemente coordenados, mas sem propósito. As doses de indução da cetamina proporcionam uma intensa analgesia e amnésia em pacientes, apesar do paciente parecer estar acordado.
52
Qual é o mecanismo de ação da cetamina?
Inibição do complexo receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) O receptor NMDA é um canal iônico que é controlado pelo neurotransmissor excitador glutamato. Efeito analgésico = ocupação de receptores de μ-opioides no cérebro e na medula espinal
53
O que explica a chance de efeitos tardios da cetamina?
Após sofrer metabolismo hepático ela se torna a norcetamina quetem entre 20% e 30% da potência da cetamina e pode contribuir para alguns dos efeitos retardados da cetamina, especialmente quando administrada como uma infusão contínua.
54
Como a cetamina afeta o sistema nervoso central e quais os achados no EEG?
Vasodilatador cerebral com aumento no metabolismo cerebral, FSC, PIC e CMRO2 EEG = ondas beta e gama (excitação cerebral)
55
Como a cetamina afeta o sistema cardiovascular?
- Eleva PA - Eleva FC e DC - Liberação de norepinefrina endógena (exceto em situações de choque / sepse) Obs.: Atenção com cardiopatas devido aumento da demanda O2 miocárdico.
56
Como a cetamina afeta a ventilação?
Relaxa o músculo liso brônquico, resultando em broncodilatação. Util em asmáticos
57
Dose de indução da cetamina e inicio de ação?
1 a 2 mg/kg - 60 segundo inicio de ação
58
Dose de indução IM da cetamina e inicio de ação?
5 a 10mg/kg - 2 a 4 minutos inicio de ação
59
A que se refere o delírio ao despertar associado à cetamina?
Quando a cetamina é usada como agente único existe um risco aumentado para agitação, alucinações, euforia, excitação ou medo. Reduzir esse risco com o uso de benzodiazepinicos.
60
Quais pacientes apresentam maior risco para tolerância do efeito analgésico da cetamina?
Uso repetido da cetamina, por exemplo, pacientes com queimaduras que recebem cetamina enquanto passam por mudanças recorrentes de curativo.
61
Que tipo de estrutura é o etomidato? Cite outro anestésico que compartilhe essa estrutura
Derivado do imidazol, que é um anel aromático de cinco membros contendo dois nitrogênios. - dexmedetomidina - midazolam
62
Dose de indução do etomidato e início de ação?
0,2 a 0,3 mg/kg Inconsciência em 30 segundos
63
Eliminação plasmática do etomidato?
Hidrólise do éster, sendo transformado em metabólitos farmacologicamente inativos pelo fígado. Tempo de ação muito curto
64
O Etomidato é uma boa escolha para utilização em bomba de infusão contínua?
Apesar de sua meia vida contexto dependente ser rápida ele raramente é administrado como uma infusão em razão de preocupação com os efeitos colaterais endócrinos.
65
Qual é o mecanismo de ação do etomidato?
efeitos agonistas no receptor GABAA (semelhante ao propofol, benzodiazepínicos e barbitúricos – embora os locais de ligação específicos provavelmente sejam diferentes entre essas classes de fármacos)
66
Como o etomidato afeta o sistema nervoso central?
Vasoconstritor cerebral que diminui a FSC, PIC e CMRO2 EEG = Surto-supressão
67
Como o etomidato afeta o limiar de convulsão e qual a importância clínica?
Aumenta a atividade de focos convulsivos em um EEG Pode ser utilizado na fase intraoperatória a fim de facilitar o mapeamento intraoperatório de focos convulsivos para a ablação cirúrgica Etomidato produz mioclonia em mais da metade dos pacientes e isso pode corresponder a uma atividade semelhante à convulsão no EEG.
68
Como o etomidato afeta o sistema cardiovascular?
Alterações mínimas na frequência cardíaca, PAM, pressão venosa central, volume sistólico ou índice cardíaco. ''cardioestável''
69
Como o etomidato afeta a ventilação?
Pouco. Efeito menos depressivo na ventilação do que propofol ou tiopental.
70
Quais são os efeitos endócrinos do etomidato?
Inibe a 11β-hidroxilase, uma enzima fundamental na via de síntese do cortisol o que causa supressão na função adrenocortical
71
Indique as populações específicas de pacientes que podem se beneficiar da escolha do etomidato como agente de indução.
- DAC - Estenose Aórtica grave - Sepse / Trauma (considerar risco de supressão adrenal) - Sequencia rápida em pacientes com TCE devido redução da PIC - Boa opção em eletroconvulsoterapia pois permite duração mais longa das convulsões.
72
Quais são alguns dos potenciais efeitos negativos associados à administração do etomidato?
- Supressão adrenal - Dor a injeção venosa - Tromboflebite superficial - Aumento NVPO - Movimentos mioclonicos involuntários
73
Que tipo de estrutura é a dexmedetomidina?
Imidazol
74
Como a dexmedetomidina é eliminada do plasma?
Rápido metabolismo hepático e os metabólitos são excretados através da bile e da urina.
75
Como se comporta a meia vida contexto dependente da dexmedetomidina?
Meia-vida contexto-dependente aumenta junto com a duração ampliada da administração.
76
Qual é o mecanismo de ação da dexmedetomidina?
Agonista α2-adrenérgico altamente seletivo - ativação de receptores α2 Efeitos analgésicos e hipnóticos
77
Como a sedação produzida pela dexmedetomidina é diferente da sedação de outros anestésicos venosos?
Ativação das vias endógenas do sono produz um estado que se assemelha ao sono fisiológico.
78
Quais são os efeitos da dexmedetomidina no fluxo sanguíneo cerebral?
Diminuição do FSC sem alterações significativas na PIC ou CMRO2.
79
Como a dexmedetomidina afeta o eletroencefalograma?
Características com o sono fisiológico. Não supressão de focos convulsivos tornando-a um agente útil durante a cirurgia de epilepsia com mapeamento intraoperatório de focos convulsivos.
80
Como a infusão de dexmedetomidina afeta o sistema cardiovascular?
- Reduz PA devido bradicardia
81
Compare os efeitos hemodinâmicos de uma injeção em bolus de dexmedetomidina com os efeitos hemodinâmicos de uma infusão mais lenta.
Infusão = Diminuição da FC e da PA devido à inibição da saída simpática do SNC. Bolus = aumento na PA e redução na FC por vasoconstrição por receptores α2-adrenérgicos periféricos.
82
Como a dexmedetomidina afeta o sistema respiratório?
Pequenas diminuições no volume corrente sem muitas alterações na frequência respiratória
83
Quais são as doses típicas de dexmedetomidina quando utilizada como infusão na sala de cirurgia?
anestesia gera - dose de indução: 0,5 a 1 mcg/kg por 10 a 15 minutos seguida de uma infusão de: 0,2 a 0,7 mcg/kg/h)
84
Quais são alguns dos usos clínicos comuns para a dexmedetomidina?
- Adjuvante na anestesia geral - Sedação - IOT acordado
85
Qual foi o primeiro opioide completamente sintético?
A meperidina foi o primeiro opioide completamente sintético. É uma estrutura básica de fenilpiperidina, e os congêneres do fentanil são versões mais complexas desta mesma estrutura
86
Em termos gerais, descreva o estado ácido-base, a ligação à proteína e o estado ionizado da classe de medicamentos opioides
Em geral, os opioides são bases fracas altamente solúveis que são altamente ligadas a proteínas e amplamente ionizadas em pH fisiológico. As propriedades fisicoquímicas dos opioides, como a ligação a proteínas, a fração ionizada e a lipossolubilidade, afetam seu comportamento clínico
87
Qual é o mecanismo de ação dos opioides?
Os opioides exercem seus efeitos através de suas ações agonistas nos receptores opioides. A principal ação dos opioides parece ser através da interação com as proteínas G, resultando em inibição da atividade da adenilato ciclase e aumento da condutância do potássio. Isso resulta em hiperpolarização da célula e leva a uma supressão da transmissão sináptica
88
Descreva os locais e as classes de receptores opioides.
Os receptores de opioides estão localizados em vários tecidos em todo o sistema nervoso central (SNC) e exercem seus efeitos terapêuticos em múltiplos locais. Eles inibem a liberação da substância P pelos neurônios sensoriais primários no corno dorsal da medula espinhal, mitigando a transferência de sensações dolorosas para o cérebro. As ações de opioides no tronco encefálico modulam a transmissão nociceptiva no corno dorsal da medula espinhal através de vias inibitórias descendentes. Foram identificados três receptores de opioides clássicos: μ, κ e δ. Mais recentemente, também foi identificado um quarto ligante do receptor de opioide, ORL1 (também conhecido como receptor de opioides nociceptina [NOP]), mas sua função é bastante diferente da dos receptores de opioides clássicos. Embora tenha sido proposta a existência de subtipos de receptores de opioides (p. ex., μ1, μ2), não está claro, pelas técnicas de biologia molecular, que genes distintos codifiquem para eles.
89
. Como os opioides são metabolizados?
Em geral, os opioides são metabolizados pelo fígado, embora alguns sofram conjugação hepática e sejam excretados pelos rins.
90
Quais opioides têm metabólitos ativos?
Tanto a meperidina quanto a morfina possuem metabólitos ativos que podem se acumular na insuficiência renal e, portanto, esses fármacos devem ser usados com precaução nesta população de pacientes. As variações genéticas no metabolismo da codeína também podem afetar o efeito clínico do medicamento.
91
Quais são os quatro principais comportamentos farmacocinéticos dos opioides?
Os quatro principais comportamentos farmacocinéticos dos opioides são (1) tempo para o pico da concentração no local efetor após a injeção em bólus (isto é, cinética front-end de uma injeção em bólus), (2) o tempo de decaimento clinicamente relevante da concentração após injeção em bólus (isto é, cinética back-end de uma injeção em bólus), (3) tempo para a concentração no estado de equilíbrio após o início de uma infusão contínua (isto é, cinética front-endde uma infusão) e (4) tempo de decaimento clinicamente relevante da concentração após o término da infusão contínua (isto é, cinética back-end de uma infusão)
92
Que propriedades de um opioide afetam o seu tempo de latência até o pico de efeito (isto é, cinética front-end de uma injeção em bólus) após uma injeção em bólus?
O tempo de latência até o pico de efeito (cinética front-end de um bólus) de opioides intravenosos comuns após a administração de um bólus é influenciado pela ionização e pela lipossolubilidade dos opioides. Os opioides que não são ionizados, não ligados e possuem alta lipossolubilidade rapidamente se equilibram no local efetor. O tempo para o pico de efeito também é influenciado pela quantidade de fármaco administrado no bólus inicial.
93
Como o remifentanil difere de outros opioides quando utilizado como infusão contínua?
Como o remifentanil se equilibra rapidamente no local de efeito, ele pode ser iniciado como uma infusão sem bólus e atinge uma concentração de estado de equilíbrio no local efetor em um período de tempo eficiente sem continuar a aumentar sua concentração. As infusões de outros narcóticos exigem a administração de um bólus para alcançar mais rapidamente o estado de quase equilíbrio e as concentrações podem aumentar durante horas com uma infusão contínua. Por esse motivo, o remifentanil frequentemente é escolhido para a anestesia intravenosa total (TIVA).
94
O que é meia-vida contexto-dependente (MVCD)? Quais são algumas das implicações clínicas da MVCD?
A meia-vida contexto-dependente (MVCD) é definida como o tempo necessário para uma diminuição de 50% na concentração do fármaco após a interrupção de uma infusão no estado de equilíbrio. A MVCD prevê o término do efeito do medicamento ou a cinética “de back-end da infusão”. Ela tem muitas utilidades clínicas. Em primeiro lugar, para a maioria dos fármacos, a MVCD muda com a duração da infusão. Após uma curta duração de infusão, a cinética de back-end prevista para os vários medicamentos não difere muito (o remifentanil é uma exceção). Mas se a duração da infusão aumentar, as MVCDs variarão de acordo com os diferentes opioides. Em segundo lugar, fármacos de ação mais longa ou mais curta devem ser escolhidos dependendo da duração do efeito opioide desejado após sua descontinuação. Por fim, as formas dessas curvas não são iguais, de modo que existe um grau diferente de declínio da concentração – por exemplo, uma diminuição de 20% ou 80% na concentração. É importante notar que a MVCD não considera os metabólitos ativos
94
Indique um exemplo clínico de como o tempo de latência de um bólus de opioide até o pico de efeito influenciaria a dosagem da analgesia controlada pelo paciente (PCA).
A cinética front-end do fentanil torna-o adequado para o uso na analgesia controlada pelo paciente (PCA). Em contraste com a morfina, o pico de efeito de um bólus de fentanil se manifesta antes que um período de bloqueio típico da PCA tenha passado, mitigando, assim, o problema de “empilhamento de dose”.
95
Quais são alguns dos efeitos terapêuticos dos opioides?
O alívio da dor é o principal efeito terapêutico dos analgésicos opioides. Atuando nos receptores μ da coluna vertebral e do cérebro, os opioides atenuam o trânsito nociceptivo da periferia e alteram a sensação afetiva central da dor. Além disso, no contexto cirúrgico, os efeitos dos opioides de sonolência, diminuição da irritabilidade das vias aéreas e atenuação do reflexo de tosse são considerados benefícios terapêuticos.
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Quais são os efeitos dos opioides no sistema cardiovascular?
Os opioides podem alterar a fisiologia cardiovascular por vários mecanismos. Em comparação com outros anestésicos, no entanto, os opioides produzem efeitos cardiovasculares mínimos. Os derivados de fentanil são conhecidos por causar aumento do tônus vagal, o que pode levar à bradicardia. A depressão induzida por opioides dos centros vasomotores no tronco encefálico e vasos periféricos pode levar à diminuição da pré-carga e pós-carga. Reduções na pressão arterial são mais prováveis em pacientes que dependem de alto tônus simpático, como os pacientes com insuficiência cardíaca congestiva.
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Quais são os efeitos dos opioides na ventilação?
Todos os opioides agonistas do receptor μ produzem uma depressão da ventilação que é dependente da dose. Isso se reflete em um aumento na PaCO2 em repouso, um aumento no limiar de apneia, uma diminuição na capacidade de resposta aos efeitos estimulantes ventilatórios do dióxido de carbono e uma diminuição do impulso ventilatório hipóxico. A administração de opioides também afeta a frequência de respiração e o volume corrente. A frequência respiratória normalmente fica mais lenta e insuficientemente compensada por um aumento no volume corrente. Consequentemente, a ventilação minuto diminui. Acredita-se que o mecanismo pelo qual ocorrem esses efeitos dos opioides na ventilação seja a depressão direta dos centros respiratórios medulares.
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Quais são os efeitos dos opioides no sistema nervoso central?
A administração de opioides resulta em vários efeitos no SNC. Os opioides são incapazes de produzir uma depressão geral relacionada à dose do SNC, típica de outros anestésicos gerais. Em vez disso, os opioides têm um efeito teto que não é superado pelo aumento da dose administrada do mesmo fármaco. Os opioides contribuem para a concentração alveolar mínima (CAM) da anestesia administrada e diminuem a quantidade de agente volátil necessário para atingir uma determinada profundidade anestésica. Entretanto, os opioides não são considerados verdadeiros anestésicos, devido à sua incapacidade de produzir inconsciência de forma confiável, mesmo em doses elevadas. Por fim, a administração de opioides causa miose através da estimulação cortical do núcleo de Edinger-Westphal do nervo oculomotor. Há pouca tolerância à miose produzida pelos opioides, o que a torna um indicador clínico útil da exposição aos opioides.
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Quais são os efeitos dos opioides nos músculos toracoabdominais? Como eles podem ser tratados?
A administração de opioides pode resultar em aumento do tônus muscular toracoabdominal, o que pode resultar em rigidez na parede torácica. Essa síndrome do “tórax rígido” pode interferir na ventilação. Embora o mecanismo exato para esta rigidez muscular não seja conhecido, ela parece ocorrer com maior frequência quando grandes bólus rápidos de congêneres do fentanil são administrados inicialmente. Essa rigidez pode impossibilitar a ventilação com balão e máscara durante a indução anestésica devido à rigidez e ao fechamento simultâneos das cordas vocais. A interrupção da rigidez para permitir a ventilação pode ser realizada pela administração de um fármaco bloqueador neuromuscular ou de um antagonista de opioides, como a naloxona. A profilaxia contra esta rigidez muscular pode ser feita pela administração de uma dose preparatória de um bloqueador neuromuscular não despolarizante e pela administração lenta e intermitente de opioides.
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Quais são os efeitos dos opioides no sistema gastrointestinal?
Entre os vários efeitos que os opioides têm no sistema gastrointestinal estão aqueles sobre a motilidade gastrointestinal, esvaziamento gástrico e o tônus da musculatura lisa biliar. Os receptores de opioides são encontrados em todo o plexo gastrointestinal entérico. A estimulação desses receptores provoca contração gastrointestinal tônica, diminui o peristaltismo e causa íleo. Os opioides também retardam o esvaziamento gástrico, por meio de seus efeitos centrais e periféricos. Centralmente, esse efeito é mediado pelo nervo vago. Perifericamente, a ligação de um opioide aos receptores de opioides no plexo mioentérico e aos terminais nervosos colinérgicos inibe a liberação de acetilcolina nestes terminais nervosos. Os opioides também aumentam o tônus do esfíncter pilórico, contribuindo ainda mais para um retardo no esvaziamento gástrico. Os opioides podem causar espasmos no músculo liso biliar, aumentando a pressão do ducto biliar. Os opioides também aumentam o tônus do esfíncter de Oddi. Nos pacientes que recebem colangiografia intraoperatória, aproximadamente 3% dos que receberam opioides têm espasmo induzido por opioides do esfíncter de Oddi. O médico pode distinguir entre a dor por cólica biliar induzida por opioides e a isquemia miocárdica pela administração de naloxona. A naloxona pode aliviar a dor da cólica biliar, mas não tem efeito sobre a dor causada pela isquemia miocárdica. O glucagon também reverte o espasmo biliar causado por opioides. A nitroglicerinaresultou em alívio da dor em ambas as circunstâncias, dificultando o diagnóstico.
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Quais são os efeitos dos opioides no sistema genitourinário?
Os opioides podem diminuir o tônus do detrusor da bexiga e aumentar o tônus do esfíncter urinário. Isso pode levar à retenção urinária em alguns pacientes, particularmente em homens e quando o opioide é administrado por via intratecal ou epidural. Quando isso ocorre, pode haver a necessidade de cateterizar a bexiga do paciente para drená-la. Esses efeitos são, em parte, mediados centralmente, embora os efeitos periféricos também provavelmente se devam à presença generalizada de receptores de opioides no trato genitourinário.
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Qual é o mecanismo pelo qual os opioides podem causar náuseas e vômitos?
Existem vários mecanismos pelos quais os opioides podem causar náuseas e vômitos. O mecanismo primário parece se dar através da estimulação direta da zona de gatilho quimiorreceptora na área postrema no assoalho do quarto ventrículo no cérebro. Além disso, os opioides também aumentam as secreções gastrointestinais, diminuem a motilidade do trato gastrointestinal e prolongam o tempo de esvaziamento gástrico.
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Como os opioides modulam a função imune?
Os opioides administrados e endógenos (p. ex., endorfinas) deprimem a imunidade celular. Por exemplo, demonstrou-se que os opioides inibem a transcrição da interleucina 2 em células T ativadas. Diferentes opioides podem diferir no mecanismo e na extensão de seus efeitos imunomoduladores. Alguns possíveis resultados adversos devido ao comprometimento da imunidade celular podem incluir cicatrização prejudicada de feridas, infecções perioperatórias e recorrência de câncer. Esses efeitos ainda não são completamente compreendidos.
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Dê um exemplo de uma interação medicamentosa farmacocinética dos opioides.
Uma interação medicamentosa farmacocinética é aquela na qual a administração de um medicamento influencia a concentração de outro medicamento administrado. Um exemplo disso ocorre quando opioides são administrados concomitantemente com uma infusão contínua de propofol. As concentrações de opioides podem ser mais altas quando administradas com uma infusão contínua de propofol do que quando a mesma dose é administrada isoladamente. Isso pode se dar, em parte, pelas mudanças hemodinâmicas induzidas pelo propofol.
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Quais são algumas das considerações sobre o uso de opioides em pacientes com insuficiência renal?
A insuficiência renal pode ter efeitos clínicos na administração de opioides, dependendo do opioide. A insuficiência renal tem maior relevância clínica quando são usadas morfina e meperidina. Dois metabólitos da morfina, a morfina-3-glicuronídeo e a morfina-6-glicuronídeo (M3G e M6G), são excretados através do rim. O M3G é inativo, mas o M6G é um analgésico cuja potência se aproxima da morfina. Depressão respiratória potencialmente fatal, como resultado de níveis muito elevados de M6G, pode desenvolver-se em pacientes com insuficiência renal e que receberam morfina. A normeperidina é o principal metabólito da meperidina e é excretada através do rim. A normeperidina possui efeitos analgésicos e excitatórios do sistema nervoso central (SNC). Níveis crescentes de toxicidade do SNC por normeperidina incluem ansiedade, tremor, mioclonia e crises epilépticas manifestas. Portanto, a acumulação de normeperidina é particularmente preocupante em pacientes com insuficiência renal. Para a maioria dos outros opioides, a insuficiência renal tem importância clínica mínima. O remifentanil, que é metabolizado por meio da hidrólise do éster, não é afetado pela doença renal.
105
Quais são algumas das considerações sobre o uso de opioides em pacientes com insuficiência hepática?
Com a exceção do remifentanil, o fígado é o órgão principal responsável pelo metabolismo dos opioides. A fase anepática do transplante hepático ortotópico é a única situação em que as concentrações de opioides podem ser acumuladas. Além disso, a insuficiência hepática geralmente não é suficientemente grave para ter um grande impacto nas concentrações de opioides. Clinicamente, os pacientes com doença hepática grave, como aqueles com encefalopatia hepática, podem ser mais sensíveis aos efeitos sedativos dos opioides.
105
Dê um exemplo de uma interação medicamentosa farmacodinâmica dos opioides
Uma interação medicamentosa farmacodinâmica é aquela em que a administração de um medicamento influencia o efeito de outro medicamento administrado. A interação medicamentosa farmacodinâmica mais comum e mais importante de opioides é seu efeito sinérgico quando administrado com sedativos. Os opioides também reduzem de forma sinérgica a CAM quando administrados com anestésicos voláteis. A redução na CAM da anestesia pode ser substancial, de até 75% ou mais.
105
O gênero tem alguma influência na farmacologia dos opioides?
O gênero pode ter uma influência na farmacologia de opioides. A morfina é mais potente nas mulheres, mas tem um início de ação mais lento
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A idade tem alguma influência na farmacologia dos opioides?
A idade tem uma influência importante na farmacologia de opioides. Por exemplo, o fentanil é mais potente no paciente mais velho. Alterações farmacocinéticas, como reduções na depuração e no volume de distribuição central em pacientes idosos, desempenham um papel menos importante. As diferenças farmacodinâmicas são principalmente responsáveis pela diminuição da dose necessária em pacientes idosos (> 65 anos de idade). As doses de opioides, incluindo o remifentanil, devem ser reduzidas em pelo menos 50% ou mais nos pacientes idosos.
106
Como os opioides devem ser dosados em pacientes obesos?
A depuração dos opioides parece estar mais intimamente relacionada à massa corporal magra (MCM), de modo que os pacientes obesos não requerem uma dose tão alta como seria sugerida pelo seu peso corporal total (PCT). Por este motivo, a MCM deve ser utilizada para calcular a dose de opioide administrada. As simulações farmacocinéticas utilizadas para calcular a dosagem de remifentanil com base no PCT ou MCM em pacientes obesos e magros apresentaram concentrações significativamente mais altas de opioides quando o PCT foi utilizado em pacientes obesos
106
Como o fentanil se compara com a morfina no que diz respeito ao seu tempo de equilíbrio no local efetor? Qual é a potência do fentanil em relação à morfina?
. O fentanil administrado por via intravenosa tem início mais rápido e menor duração da ação do que a morfina. Isso reflete sua maior lipossolubilidade. O tempo de equilíbrio no local efetor do fentanil é de cerca de 6,5 minutos. Sua duração de ação mais curta reflete sua rápida redistribuição para os locais de tecido inativos, levando a uma rápida diminuição da concentração plasmática do fentanil. O fentanil é 75 a 125 vezes mais potente do que a morfina
107
Qual é o composto ativo da codeína?
A morfina é o composto ativo da codeína. A conversão de codeína em morfina é mediada no fígado pelo gene CYP2D6. Curiosamente, 10% da população caucasiana não possui esse gene e não exibe efeito terapêutico da codeína.
107
Como o tempo de início de ação da morfina se compara com os outros opioides? Quais são algumas das possíveis desvantagens da administração de morfina?
A morfina é o opioide com o qual outros opioides são comparados. Devido à sua baixa lipossolubilidade e à sua forma quase totalmente ionizada em pH fisiológico, a morfina tem um tempo prolongado até o pico de efeito, penetração lenta no SNC e menos depressão respiratória inicial do que outros opioides. Infelizmente, sua farmacologia predispõe os pacientes a depressão respiratória tardia, bem como a possibilidade de acúmulo de doses (dose-stacking). Outras possíveis desvantagens da morfina incluem a liberação de histamina e possível hipotensão associada à sua injeção intravenosa e o potencial acúmulo do metabólito M6G ativo em pacientes com insuficiência renal
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Quais são algumas das vias para a administração de fentanil?
O fentanil pode ser administrado de várias maneiras. Além da via intravenosa, as vias transdérmica, transmucosa, transnasal e transpulmonar são eficazes para a administração do fentanil. A aplicação transmucosa oral do citrato de fentanil permite que se alcancem mais rapidamente níveis de pico mais elevados do que quando a mesma dose é deglutida.
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Como os efeitos do fentanil são suspensos? Como a MVCD do fentanil se compara com outros opioides?
Os efeitos do fentanil são encerrados através de sua redistribuição para locais de tecido inativos, seguida pelo seu metabolismo pelo fígado. Altas doses intravenosas de fentanil ou uma infusão intravenosa contínua podem levar à saturação dos locais de tecido inativos. Isso pode resultar em redistribuição e eliminação prolongadas e efeitos farmacológicos prolongados da substância. Os efeitos medicamentosos cumulativos durante infusões intravenosas contínuas de fentanil, sufentanil, alfentanil e remifentanil foram comparados. O alfentanil e o remifentanil não parecem produzir efeitos cumulativos clinicamente significativos, e o despertar parece ser rápido com mínimos efeitos colaterais persistentes quando comparados com o fentanil.
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Quais são alguns dos efeitos clínicos sistêmicos associados à administração de fentanil?
A administração de fentanil está associada a uma diminuição da frequência cardíaca. A administração de fentanil isolado leva a pequena alteração na pressão arterial sistêmica, enquanto a sua administração após um benzodiazepínico pode levar à redução na pressão arterial. Também há efeitos sinérgicos entre o fentanil e benzodiazepínicos na sedação e depressão ventilatória.
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Quais são alguns dos usos clínicos do fentanil na prática anestésica?
Os usos clínicos do fentanil na prática anestésica incluem analgesia perioperatória, indução e manutenção da anestesia, inibição da resposta do sistema nervoso simpático à laringoscopia direta ou estimulação cirúrgica e analgesia preventiva. Os opioides são mais utilizados durante a manutenção da anestesia, como um complemento aos anestésicos inalados. Os opioides utilizados desta maneira são frequentemente administrados em pequenos bólus intravenosos ou como uma infusão contínua. Podem ser utilizadas altas doses de um narcótico, especialmente fentanil ou sufentanil, em pacientes que não podem tolerar os efeitos da depressão cardíaca que os anestésicos inalados podem produzir. A desvantagem de uma anestesia com base em opioides é o potencial de consciência do paciente.
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Qual é a potência do sufentanil em relação à morfina?
O sufentanil é o opioide mais potente atualmente em uso na prática da anestesia
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Como o remifentanil se compara com os outros opioides no que diz respeito ao seu tempo de equilíbrio no local efetor e à sua MVCD?
O remifentanil tem um tempo de equilíbrio curto no local efetor e a MVCD do remifentanil é muito mais curta do que a dos outros opioides, aproximadamente 5 minutos. Isso independe da duração da infusão contínua, que é exclusiva do remifentanil entre os opioides. A base para isso é sua estrutura, que tem uma ligação éster. A ligação éster permite a hidrólise no plasma em metabólitos inativos. Isso explica sua rápida titulação, efeitos não cumulativos e recuperação rápida.
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Quais são alguns dos usos clínicos do remifentanil?
A aplicação clínica mais comum do remifentanil é para TIVA, quando combinado com o propofol. Também é útil como uma injeção em bólus quando se desejam efeitos e recuperação rápidos, em casos cirúrgicos que apresentam requisitos anestésicos de flutuação rápida, quando uma técnica de “alta dose” de opioide é vantajosa, mas o paciente não será ventilado mecanicamente no pós-operatório ou durante cuidado anestésico monitorado com infiltração de anestésico local.
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Através de qual mecanismo os agonistas/antagonistas de opioides funcionam?
Os agonistas/antagonistas de opioides são agonistas parciais de receptores μ, enquanto servem simultaneamente como antagonistas competitivos em receptores μ e outros receptores de opioides.
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Quais são alguns usos clínicos dos agonistas/antagonistas de opioides?
Por causa de seu mecanismo, os agonistas/antagonistas de opioides são analgésicos com menor potência, um “efeito teto”, menor potencial de dependência e efeitos depressivos ventilatórios mais limitados. Eles são comumente usados para dor crônica e em populações de pacientes dependentes de opioides
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Que riscos específicos o uso do tramadol traz com base na afinidade de seu receptor?
O tramadol tem afinidade fraca com receptores μ, κ e δ, mas também inibe a recaptação de serotonina e noradrenalina. Devido a estes efeitos, o tramadol comporta um risco de síndrome serotoninérgica quando utilizado com outros medicamentos serotoninérgicos, nomeadamente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina. O tramadol também tem riscos de excitabilidade do SNC e convulsões
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Por que o uso pré-operatório da buprenorfina complica o manejo da dor perioperatória?
A buprenorfina é um agonista/antagonista de opioide com 25 vezes a potência da morfina e 50 vezes a afinidade para o receptor μ. Quando usada em doses elevadas para o tratamento da dor crônica, sua presença no receptor μ pode bloquear a ação de agonistas plenos, dificultando o manejo da dor perioperatória aguda no usuário crônico de buprenorfina.
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Qual o papel desempenhado pelo antagonista de opioide naloxona na prática clínica? Quais são alguns dos efeitos adversos da naloxona?
A naloxona é um antagonista opioide pleno intravenoso usado para reverter de forma emergencial a depressão ventilatória induzida por opioides. Por causa dessa ação, a naloxona foi adicionada à lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde. Em doses menores, a naloxona pode ser usada durante o despertar da anestesia para restaurar o esforço ventilatório adequado. Outro uso clínico da naloxona é para o tratamento do prurido provocado por opioides. A duração da ação da naloxona é mais curta do que a maioria dos opioides, portanto, deve-se considerar o uso repetido ao tratar uma superdosagem de opioide. Alguns dos efeitos adversos da naloxona incluem síndrome aguda de abstinência, náuseas, vômitos, taquicardia, hipertensão, convulsões e edema pulmonar.
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Qual o papel desempenhado pelo antagonista de opioides naltrexona na prática clínica?
A naltrexona está disponível por via oral como um aditivo aos opioides administrados por via oral. Ela sofre um extenso metabolismo de primeira passagem no fígado e é inativa quando administrada via oral, mas se opioides orais contendo naltrexona são esmagados e injetados por via venosa, a naltrexona atuará como um antagonista. Por esta razão, a naltrexona é usada como um bloqueador para o abuso de opioides
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Quais são algumas das indicações clínicas comuns para o uso de opioides na prática anestésica?
Os opioides têm sido utilizados em várias áreas clínicas da anestesiologia. Sua principal e mais antiga indicação é a analgesia pós-operatória. Para aumentar a segurança do uso de opioides para o controle pós-operatório da dor, eles podem ser aplicados por um aparelho de ACP. Os opioides também podem ser combinados com outros medicamentos e técnicas para diminuir a dor. Outra indicação comum para o uso de opioides é a “anestesia balanceada”. Com esta técnica, os opioides são utilizados, principalmente, por sua capacidade de diminuir a CAM, minimizando, assim, a depressão direta do miocárdio e outros efeitos hemodinâmicos adversos dos anestésicos voláteis. A cardioproteção contra isquemia (pré-condicionamento) é outra possível indicação benéfica dos opioides. A anestesia venosa total pode ser alcançada quando se administram opioides em combinação com infusão de propofol. Esta é outra indicação recente dos opioides durante a anestesia que pode resultar em euforia pós-operatória e menos náuseas e vômitos.
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Qual é a base da seleção de opioides em diferentes situações clínicas?
As diferenças farmacocinéticas entre os opioides são a principal consideração ao selecioná-los para o propósito adequado. Todos os agonistas μ são igualmente eficazes quando administrados em doses equipotentes. Entre os elementos-chave ao selecionar um opioide para administração estão o tempo desejado de início, a duração do efeito e potenciais efeitos colaterais. Os efeitos colaterais para consideração incluem sedação e depressão respiratória.
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Quais são algumas das preocupações relativas ao uso de opioides e recorrência de câncer?
Há algumas preocupações quanto aos efeitos imunossupressores demonstrados pelos opioides, o que levou a estudos retrospectivos que compararam as taxas de recorrência do câncer em pacientes que receberam tratamento padrão com opioides após cirurgia e aqueles que receberam tratamento alternativo. Os dados desses estudos retrospectivos têm resultados conflitantes. A influência do tratamento com opioides na recorrência do câncer permanece controversa.
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Principais receptores opioides?
μ, δ, κ mi, delta, kappa