17 – Bloqueios Subaracnóideo e Peridural Flashcards

(128 cards)

1
Q

Qual é o significado clínico das curvaturas do canal espinhal em relação à anestesia subaracnóidea e epidural?

A

Em uma vista lateral, o canal vertebral exibe quatro
curvaturas, das quais a convexidade torácica (cifose) e a
concavidade lombar (lordose) são de grande importância para a
distribuição da solução anestésica local no espaço
subaracnóideo. Por outro lado, essas curvas têm pouco efeito
sobre a dispersão de soluções anestésicas locais no espaço
epidural. A escoliose é de menor importância para a dispersão
do anestésico local, mas pode tornar a inserção da agulha mais
complicada.

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2
Q

Quais são as limitações rostral e caudal da medula espinhal?
O que explica a disparidade entre o nível vertebral e o nível da medula espinhal?

A

. A medula espinhal é contínua com a medula oblonga. No feto,
a medula espinhal se estende por todo o comprimento do canal
vertebral. No entanto, devido ao crescimento desproporcional do
tecido neural e do canal vertebral, a medula espinhal geralmente
termina em torno da vértebra L3 no nascimento e no limite
inferior da vértebra L1 em adultos. Como consequência
adicional desse crescimento diferencial, os nervos espinhais
tornam-se progressivamente mais longos e mais alinhados com
o eixo longitudinal do canal vertebral.

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3
Q

O que é a cauda equina e quais características são relevantes para a anestesia subaracnóidea?

A

A cauda equina – assim chamada devido à sua semelhança
com a cauda de um cavalo – é a união de nervos lombares e
sacros que se estendem para além do fim da medula espinhal no
canal espinhal. Cada par de nervos espinhais sai através do
forame intervertebral em seus respectivos níveis da coluna
vertebral. As raízes nervosas da cauda equina se movem de
forma relativamente livre dentro do LCR, um arranjo feliz que
faz com que elas estejam mais propensas a serem deslocadas, e
não perfuradas por uma agulha penetrante

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4
Q

Quais são as três camadas meníngeas que circundam a medula
espinhal?

A

A camada meníngea mais externa que envolve a medula
espinhal, a dura-máter, é uma membrana fibroelástica resistente
que fornece suporte estrutural. Ela se origina no forame magno
e continua caudalmente, até terminar entre S1 e S4. A membrana
aracnoide repousa de forma bastante aderente à superfície
interna da dura. Embora muito mais delicada do que a dura, a
aracnoide serve como a principal barreira farmacológica,
impedindo o movimento do fármaco do espaço epidural para o
espaço subaracnóideo. A camada mais interna das meninges da
coluna vertebral, a pia, é uma estrutura altamente vascular
justaposta à medula e que forma a margem interna do espaço
subaracnóideo.

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5
Q

Onde o líquido cefalorraquidiano (LCR) se encontra em relação às camadas meníngeas? Quais são os dois termos intercambiáveis para este espaço?

A

O LCR está contido entre as camadas meníngeas da pia e da
aracnoide. Este espaço é, portanto, denominado de espaço
subaracnóideo, mas outro termo para este compartimento é
o espaço intratecal.

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6
Q

Que estruturas formam os limites do espaço epidural?

A

O espaço epidural é delimitado cranialmente pelo forame
magno, caudalmente pelo ligamento sacrococcígeo,
anteriormente pelo ligamento longitudinal posterior,
lateralmente pelos pedículos vertebrais e posteriormente pelo
ligamento amarelo e lâmina vertebral

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7
Q

Que estruturas estão contidas no espaço epidural?

A

O espaço epidural é uma coluna irregular contendo os nervos
espinais, gordura, linfáticos e vasos sanguíneos. Não é um
espaço fechado, mas se comunica com os espaços paravertebrais
através dos forames intervertebrais.

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8
Q

Qual é o número de cada tipo de vértebra que compõe a coluna vertebral?

A

A coluna vertebral é composta de 7 vértebras cervicais, 12
vértebras torácicas e 5 vértebras lombares, bem como as 5
vértebras sacrais fundidas e 4 coccígeas fundidas.

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9
Q

Quais são os diferentes traços característicos dos processos espinhosos e lâminas das vértebras torácica e lombar? Como isso afeta o desempenho clínico dos bloqueios neuroaxiais?

A

Os processos espinhosos na área torácica são mais inclinados
para baixo, o que define o ângulo necessário para a colocação e
o avanço de uma agulha destinada a acessar o canal vertebral. O
espaço interlaminar na coluna lombar é largo, refletindo o fato
de que a lâmina ocupa apenas cerca de metade do espaço entre
as vértebras adjacentes. Por outro lado, o espaço interlaminar
tem apenas alguns milímetros de largura ao nível das vértebras
torácicas. Novamente, isso oferece menos espaço para inserir
uma agulha no espaço epidural, tornando a colocação da agulha
torácica mais difícil.

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10
Q

Como as lâminas das vértebras adjacentes estão
conectadas?

A

As lâminas das vértebras adjacentes estão ligadas pelo
ligamento amarelo. A espessura do ligamento amarelo, a
distância à dura e a distância entre a pele e a dura variam de
acordo com a área do canal vertebral.

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11
Q

Como são conectadas as pontas dos processos espinhosos das vértebras adjacentes?

A

As pontas dos processos espinhosos das vértebras
adjacentes são ligadas pelos ligamentos supraespinhosos.

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12
Q

O que passa pelos forames intervertebrais?

A

Os nervos espinhais passam pelo forame intervertebral e
abastecem um dermátomo/osteótomo/miótomo específico

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13
Q

À medida que os nervos atravessam o forame
intervertebral, eles são envolvidos pela dura, aracnoide e pia, formando quais três componentes de um nervo periférico?

A

O revestimento do nervo periférico pela dura, aracnoide e
pia estão na origem do epineuro, perineuro e endoneuro,
respectivamente.

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14
Q

Onde se originam os nervos pré-ganglionares do sistema nervoso simpático e qual é o seu percurso depois de deixar a medula espinhal?

A

. Os nervos pré-ganglionares do sistema nervoso simpático
são originários da medula espinhal nos níveis T1 a L2. A partir
daí, eles acompanham os nervos espinhais antes de se separarem
para formar a cadeia simpática em locais mais distantes, como o
plexo celíaco.

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15
Q

Descreva o suprimento de sangue da medula espinhal.
Qual área da medula é mais vulnerável a um insulto isquêmico?

A

O fornecimento de sangue da medula espinhal tem
origem em uma única artéria espinhal anterior e duas artérias
espinais posteriores pareadas. As artérias espinhais posteriores
emergem da calota craniana e alimentam a porção dorsal
(sensorial) da medula espinhal. Por estarem pareadas e
possuírem abundantes ligações anastomóticas colaterais das
artérias subclávias e intercostais, esta área da medula espinhal
está relativamente protegida do dano isquêmico. Este não é o
caso da única artéria espinhal anterior que se origina na artéria
vertebral e abastece a porção ventral (motora) da medula
espinhal. A isquemia que afeta a artéria espinhal anterior pode
resultar em “síndrome da artéria espinhal anterior”,
caracterizada por paralisia motora e perda de dor e sensação de
temperatura abaixo do nível afetado. A isquemia pode resultar
de hipotensão profunda, obstrução mecânica, vasculopatia,
hemorragia ou qualquer combinação desses fatores.

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16
Q

O que é a artéria de Adamkiewicz?

A

A artéria espinhal anterior recebe ramos das artérias
intercostais e ilíacas, mas esses ramos variam em número e
localização. A maior ligação anastomótica, a artéria de
Adamkiewicz, se origina na aorta, entre a região de T7 e L4. O
vaso é altamente variável, mas, mais comumente, está à
esquerda e entra no canal vertebral através do forame
intervertebral L1. A artéria de Adamkiewicz é fundamental para
o suprimento sanguíneo dos dois terços inferiores da medula
espinhal e, caso seja danificado, causará a síndrome da artéria
espinal anterior, conforme descrito anteriormente.

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17
Q

Descreva a drenagem venosa da medula espinhal.

A

Existem veias radiculares longitudinais e segmentares
comunicantes na medula espinhal anterior e posterior. Estas
veias drenam para o plexo vertebral interno nos componentes
medial e lateral do espaço epidural. Elas, então, drenam para o
sistema ázigo.

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18
Q

Que tipos de fibras nervosas estão bloqueadas na anestesia neuroaxial e em que ordem temporal isso ocorre?

A

A velocidade do bloqueio neural depende do tamanho, área
de superfície e grau de mielinização das fibras nervosas expostas
ao anestésico local. As pequenas fibras simpáticas pré-
ganglionares (fibras B, 1 a 3 μm, minimamente mielinizadas)
são mais sensíveis ao bloqueio anestésico local. As fibras C (0,3
a 1 μm, não mielinizadas), que conduzem a sensação de frio, são
bloqueadas mais facilmente do que as fibras A-delta,
responsáveis pela sensação de picada (1 a 4 μm, mielinizadas).
As fibras A-beta (5 a 12 μm, mielinizadas), que conduzem
sensação de toque, são as últimas fibras sensoriais a serem
afetadas. As fibras motoras A-alfa (12 a 20 μm, mielinizadas)
são as mais resistentes ao bloqueio anestésico local. A regressão
do bloqueio neural segue a ordem inversa.

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19
Q

O que é bloqueio sensorial diferencial?

A

O bloqueio sensorial diferencial descreve como a altura
máxima do bloqueio na anestesia neuroaxial varia de acordo
com a modalidade sensorial. A perda de sensação ao frio
(aproxima-se do bloqueio simpático) está 1 a 2 segmentos mais
alta do que a perda de sensação de picada, que é ainda mais alta
do que a perda de sensação ao toque.

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20
Q

Qual é o nível de bloqueio do nervo simpático comparado com o bloqueio do nervo sensorial nas anestesias espinhal e epidural?

A

A simpatectomia do bloqueio neuroaxial está, tipicamente, 2
a 6 dermátomos acima do nível de bloqueio sensorial com a
anestesia subaracnóidea, mas está no mesmo nível da anestesia
epidural.

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21
Q

Qual é o efeito da anestesia neuroaxial sobre a resistência vascular sistêmica e por quê?

A

A anestesia neuroaxial geralmente causa uma diminuição da
resistência vascular sistêmica devido ao bloqueio das fibras
simpáticas periféricas (T1-L2), bem como reduções na secreção
de catecolamina medular adrenal. O grau da alteração
vasodilatadora e da alteração hemodinâmica correspondente
depende tanto do tônus simpático basal (tônus simpático maior
nos pacientes idosos resulta em maior alteração hemodinâmica)
quanto da extensão da simpatectomia (altura do bloqueio).

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22
Q

Em pacientes saudáveis e normovolêmicos, qual diminuição percentual na resistência vascular sistêmica costuma ser observada após o bloqueio neuroaxial se um débito cardíaco normal for mantido?

A

Em pacientes normovolêmicos saudáveis, a resistência
vascular sistêmica geralmente diminui em cerca de 15% a 18%
após o bloqueio neuroaxial se um débito cardíaco normal for
mantido.

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23
Q

Qual é o efeito da anestesia neuroaxial sobre o débito cardíaco e por quê?

A

O débito cardíaco é o produto da frequência cardíaca e do
volume sistólico. Geralmente é mantido, mas pode diminuir
durante a anestesia neuroaxial. A frequência cardíaca não muda
significativamente na maioria dos pacientes durante a anestesia
neuroaxial. No entanto, em uma porcentagem estimada de 10%
a 15% dos pacientes, ocorre uma bradicardia significativa. Tal
como acontece com a hipotensão, o risco de bradicardia aumenta
com o aumento dos níveis sensoriais de anestesia. Especula-se
que os mecanismos para essa bradicardia incluam o bloqueio de
fibras cardioaceleradoras provenientes de T1 a T4 e diminuição
do retorno venoso (reflexo de Bezold-Jarisch), especialmente na
presença de hipovolemia.

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24
Q

Qual é o efeito da anestesia neuroaxial no fluxo sanguíneo coronário e por quê?

A

O fluxo sanguíneo coronariano diminui quando a pressão
arterial média diminui. No entanto, pacientes com doença
cardíaca isquêmica podem se beneficiar de um bloqueio torácico
alto, com melhora na função miocárdica global e regional e
reversão de alterações isquêmicas. Isso provavelmente se deve à
diminuição da demanda de oxigênio no miocárdio e pós-carga
ventricular esquerda.

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25
Qual o efeito da anestesia neuroaxial no sistema respiratório e por quê?
A anestesia neuroaxial tem pouco, ou nenhum, efeito sobre a ventilação alveolar em repouso (gases no sangue arterial inalterados). O volume de reserva expiratória diminui ligeiramente, resultando em uma diminuição da capacidade vital. Níveis elevados de anestesia motora podem produzir paralisia de músculos abdominais e intercostais e levar a uma diminuição da capacidade para tossir e expulsar secreções. Essas alterações são mais marcadas em pacientes com doença respiratória ou que são obesos. A hipoperfusão dos centros respiratórios por hipotensão grave e baixo débito cardíaco pode resultar em parada respiratória, mas esta situação é rara e se reverte quando a hemodinâmica é restaurada
26
Qual é o efeito da anestesia neuroaxial no trato gastrointestinal e por quê?
O bloqueio neuroaxial de T6 a L1 inibe a inervação do sistema nervoso simpático para o trato gastrointestinal. Isso resulta em contração intestinal, hiperperistaltismo e esfíncteres relaxados devido à atividade sem oposição do sistema nervoso parassimpático. Podem ocorrer náuseas e vômitos em até 20% dos pacientes, o que pode ser tratado com atropina se o nível de bloqueio for alto (T5).
27
Qual é o efeito da anestesia neuroaxial no sistema renal e por quê?
A anestesia neuroaxial pode diminuir o fluxo sanguíneo renal, mas isto é de pouca importância fisiológica.
28
Quais são as indicações comuns para a anestesia subaracnóidea?
A anestesia subaracnóidea é comumente utilizada para procedimentos cirúrgicos de duração conhecida que envolvem o abdome inferior, períneo e extremidades inferiores. Também pode ser indicada quando os riscos da anestesia geral são aumentados, como acontece na presença de doença respiratória grave.
29
Quais são as indicações comuns para a anestesia epidural?
A anestesia epidural, como a anestesia subaracnóidea, pode ser utilizada como anestésico principal para cirurgias que envolvem a parte inferior do abdome ou extremidades inferiores, particularmente se for necessária anestesia prolongada. A analgesia epidural é mais frequentemente utilizada como complemento à anestesia geral para procedimentos torácicos e abdominais, onde se pode obter benefício significativo da capacidade de fornecer analgesia pós-operatória contínua. Da mesma forma, a anestesia epidural contínua é muito eficaz e amplamente utilizada para controlar a dor do parto.
30
Como os efeitos hemodinâmicos da anestesia epidural se comparam com os da anestesia subaracnóidea?
Como o início do bloqueio do sistema nervoso simpático é mais gradual na anestesia epidural em comparação com a espinhal, os efeitos hemodinâmicos da anestesia epidural costumam ser menos acentuados. A dosagem incremental de um bloqueio epidural pode diminuir algumas das alterações hemodinâmicas associadas à anestesia neuroaxial.
31
Quais são as contraindicações absolutas da anestesia neuroaxial?
As contraindicações absolutas da anestesia neuroaxial incluem a recusa do paciente, infecção no local planejado para a punção com agulha, alergia a qualquer dos medicamentos a serem administrados e pressão intracraniana elevada.
32
Uma dor nas costas crônica impede a utilização de anestesia neuroaxial?
A dor nas costas crônica não impede a realização de uma anestesia neuroaxial. Um anestésico neuroaxial pode ser evitado nesses pacientes se eles perceberem uma relação entre a exacerbação pós-operatória da dor nas costas e o bloqueio, mesmo que não estejam relacionados causalmente.
33
A estenose espinhal impede a utilização de um anestésico neuroaxial?
A estenose espinhal não impede a realização de uma anestesia neuroaxial, embora haja uma associação entre a presença de estenose espinhal e lesão nervosa após técnicas neuroaxiais. A contribuição de fatores cirúrgicos e história natural de doença da coluna vertebral nestes casos é desconhecida
34
Uma cirurgia prévia da coluna vertebral impede a utilização de um anestésico neuroaxial?
A cirurgia prévia da coluna vertebral não impede a realização de uma anestesia neuroaxial, embora a realização do bloqueio neuroaxial possa ser tecnicamente mais difícil. Além disso, a dispersão do anestésico local pode ser imprevisível ou incompleta.
35
A esclerose múltipla impede a utilização de um anestésico neuroaxial?
A esclerose múltipla não impede a realização de uma anestesia neuroaxial, embora estes pacientes possam ser mais sensíveis aos anestésicos locais neuroaxiais e apresentem bloqueio motor e sensitivo prolongado.
36
A espinha bífida impede a utilização de um anestésico neuroaxial?
A espinha bífida não impede a realização de uma anestesia neuroaxial, embora o potencial de lesão por agulha na medula espinhal possa ser aumentado. Além disso, a dispersão do anestésico local pode ser marcadamente variável.
37
A estenose aórtica impede a utilização de um anestésico neuroaxial?
A estenose aórtica não impede a realização de uma anestesia neuroaxial, embora os pacientes com débito cardíaco fixo devido a estenose mitral, estenose subaórtica hipertrófica idiopática e estenose aórtica sejam intolerantes às diminuições significativas da resistência vascular sistêmica comumente associadas à anestesia neuroaxial. Embora não seja uma contraindicação absoluta, os bloqueios neuroaxiais não devam ser utilizados de forma rotineira em tais casos, e os pacientes devem ser avaliados caso a caso.
38
Anormalidades da coagulação impedem a utilização de um anestésico neuroaxial?
Um hematoma espinhal pode ser catastrófico e já ocorreu em pacientes recebendo heparina de baixo peso molecular. A decisão de inserir uma agulha no espaço intratecal ou epidural para um bloqueio neuroaxial em pacientes com coagulação anormal, seja endógena ou produzida pela administração de anticoagulantes, deve basear-se em uma avaliação do risco e dos benefícios e incluir uma discussão com o paciente e a equipe cirúrgica. As diretrizes desenvolvidas pela American Society of Regional Anesthesia (www.asra.com) são atualizadas periodicamente com base na evolução da literatura e nas mudanças nas práticas clínicas.
39
Uma infecção impede a utilização de um anestésico neuroaxial?
A infecção não impede a realização de uma anestesia neuroaxial, embora haja preocupação de que possa haver abscesso epidural ou meningite como resultado da semeadura iatrogênica durante o procedimento. A instituição de terapia antibiótica adequada e uma resposta demonstrada antes do bloqueio podem diminuir o risco de infecção. Devem-se evitar técnicas neuroaxiais em pacientes com bacteremia significativa ou choque séptico.
40
Que marcos de superfície são utilizados para determinar o nível aproximado da anestesia subaracnóidea?
Os marcos da superfície e seus respectivos níveis de dermátomos mais utilizados clinicamente são os seguintes: mamilo, T4-T5; ponta do xifoide, T7; umbigo, T10; e ligamento inguinal, T12
41
Quais são os três fatores ajustáveis que mais influenciam a distribuição da solução anestésica local no LCR após sua administração no espaço subaracnóideo?
Fatores relacionados aos fármacos, aos pacientes e aos procedimentos afetam a altura do bloqueio, mas nem todos podem ser controlados pelo anestesiologista. Os três fatores ajustáveis que mais influenciam a distribuição da solução anestésica local no espaço subaracnóideo são a dose, a baricidade da solução e a posição do paciente durante e pelos primeiros minutos após sua administração.
42
Como é definida a baricidade de uma solução anestésica local que deve ser administrada no espaço subaracnóideo? Por que isso é clinicamente importante?
A baricidade é definida como a razão entre a densidade de uma solução anestésica local e a densidade do LCR (medido convencionalmente a 37 °C, porque a densidade varia com a temperatura). Os anestésicos locais são, portanto, classificados como hipobáricos, isobáricos e hiperbáricos em relação ao LCR. A baricidade é clinicamente importante porque, em conjunto com o posicionamento do paciente e as curvaturas vertebrais, determina a direção em que a solução anestésica local se moverá após a injeção no LCR.
43
O que é adicionado aos anestésicos locais a fim de que a anestesia subaracnóidea torne a solução hiperbárica? Qual a principal vantagem das soluções hiperbáricas?
As soluções anestésicas locais são feitas hiperbáricas para a anestesia subaracnóidea pela adição de dextrose. A principal vantagem das soluções hiperbáricas é a dispersão mais previsível, se deslocando para regiões dependentes do canal da coluna vertebral. Os anestésicos locais hiperbáricos injetados em posição supina resultam em um nível maior de bloqueio do que as soluções isobáricas ou hipobáricas.
44
O que é adicionado aos anestésicos locais a fim de que a anestesia subaracnóidea torne a solução hipobárica? Qual a principal vantagem das soluções hipobáricas?
As soluções anestésicas locais são feitas hipobáricas para a anestesia subaracnóidea pela adição de água estéril. A principal vantagem das soluções hipobáricas é a sua dispersão para regiões não dependentes do canal da coluna vertebral.
45
Que papel desempenha o contorno do canal vertebral e, portanto, o nível da coluna vertebral, na distribuição do anestésico espinal hiperbárico?
O contorno do canal vertebral é crucial para a distribuição subaracnoide de soluções anestésicas locais hiperbáricas. Por exemplo, na posição horizontal supina, a cifose torácica do paciente será dependente em relação à elevação criada pela lordose lombar. Sendo assim, o anestésico administrado cefálico a esta elevação se moverá em direção à cifose torácica, que normalmente localiza-se em torno de T6-T8. Colocar o paciente em uma posição com os pés elevados (Trendelenburg) geralmente acentuará esta dispersão cefálica da solução anestésica local.
46
O que é um “bloqueio em sela”?
Um bloqueio em sela envolve a injeção intratecal de uma baixa dose de solução anestésica local hiperbárica com o paciente sentado e esta posição sentada vertical é mantida por até 30 minutos para restringir deliberadamente a dispersão. Isso resulta em anestesia sacral, denominada “bloqueio em sela”, que reflete a anestesia sensorial da área que estaria em contato com uma sela.
47
Que situações podem justificar o uso de uma solução hipobárica?
Os anestésicos locais hipobáricos são menos utilizados na prática clínica. Eles podem vir a ser utilizados em pacientes submetidos a procedimentos perineais na posição “prona em canivete”, ou, mais comumente, em pacientes submetidos a cirurgia de quadril eletiva ou de emergência, onde o anestésico pode “flutuar” para o sítio cirúrgico não dependente. No caso de uma fratura do colo do fêmur, isso significa que o paciente não precisa se deitar por cima da fratura dolorosa durante a inserção de uma agulha espinal na posição de decúbito lateral. A bupivacaína pura à temperatura ambiente é ligeiramente hipobárica.
48
Como os fatores de altura, peso e idade do paciente afetam a difusão da anestesia subaracnóidea e, portanto, os níveis espinais que são anestesiados (altura do bloqueio)?
Na faixa normal de altura do paciente adulto, os níveis espinhais de anestesia não são influenciados pela altura do paciente. O volume de LCR pode diminuir em pacientes obesos com aumento da massa abdominal, o que pode aumentar a altura do bloqueio resultante. A idade avançada está associada ao aumento da altura do bloqueio, bem como à intensificação da sensibilidade das raízes nervosas aos anestésicos locais.
49
Quanto tempo após a administração do anestésico local intratecal a posição do paciente afeta a altura do bloqueio?
A dispersão do anestésico local após a sua injeção intratecal parece parar após 20 a 25 minutos. A posição do paciente durante este período pode afetar a altura do bloqueio, mas especialmente nos primeiros minutos após a injeção intratecal.
50
Como o tipo de agulha espinal, a orientação da agulha, o nível de injeção, a taxa de injeção e a barbotagem (aspiração e reinjeção repetidas de LCR) afetam a altura do bloqueio das soluções isobáricas e hiperbáricas?
O tipo de agulha espinal, orientação da agulha, taxa de injeção e barbotagem (aspiração e reinjeção repetidas de LCR) de soluções isobáricas e hiperbáricas não parecem afetar a altura do bloqueio. No entanto, o tipo e a orientação da agulha espinhal podem afetar a qualidade do bloqueio. O nível de injeção não afeta a altura do bloqueio com soluções hiperbáricas, mas com soluções isobáricas, a altura do bloqueio geralmente é mais alta quanto mais cefálica é a injeção
51
Quais são os fatores que mais influenciam a duração de uma anestesia subaracnóidea?
Os fatores que mais influenciam a duração de um anestésico espinhal são o anestésico local selecionado, a dose e o uso de aditivos.
52
Como os anestésicos locais para anestesia subaracnóidea costumam ser classificados? Quais são os anestésicos comuns em cada grupo?
Embora os anestésicos locais possam ser classificados por estrutura farmacológica (isto é, éster ou amida), é a duração da ação que é mais comumente usada como meio de classificação. Os anestésicos locais de ação curta e intermediária incluem lidocaína, cloroprocaína, prilocaína e mepivacaína. Os anestésicos locais de ação prolongada incluem a bupivacaína e a ropivacaína.
53
Qual é a preocupação a respeito do uso de lidocaína para a anestesia subaracnóidea?
A lidocaína tem sido associada à lesão permanente do nervo e, em até um terço dos pacientes que recebem este anestésico para anestesia subaracnóidea, ao desenvolvimento de sintomas neurológicos transitórios (SNT) (dor ou disestesia nas costas, nádegas e extremidades inferiores). O uso de lidocaína para a anestesia subaracnóidea entrou em declínio.
54
Que anestésicos locais podem ser adequados para a anestesia subaracnóidea em regime ambulatorial?
A cloroprocaína é um éster de ação ultracurta que é rapidamente metabolizado pela pseudocolinesterase com efeitos sistêmicos ou fetais mínimos. Podem ocorrer SNT, mas com uma frequência menor que a lidocaína. A prilocaína tem curta atuação e, raramente, está associada a SNT, mas em doses elevadas pode causar meta-hemoglobinemia. A mepivacaína também tem duração intermediária, e os SNT são menos frequentes com a preparação isobárica em comparação com a hiperbárica. Doses mais baixas de bupivacaína podem ser usadas na anestesia subaracnóidea “seletiva” ou “unilateral”. Ao utilizar a baricidade e o posicionamento do paciente, é possível usar uma dose baixa de bupivacaína para proporcionar uma anestesia de curta duração, com recuperação e tempo de mobilização mais rápidos.
55
Que anestésicos locais podem ser adequados para procedimentos cirúrgicos de longa duração (1-3 horas)?
A bupivacaína, a ropivacaína e a tetracaína (com um aditivo) podem ser utilizadas para a anestesia subaracnóidea para procedimentos cirúrgicos de longa duração. A bupivacaína é semelhante à ropivacaína em seu início lento e duração de ação de 2,5 a 3 horas, e raramente está associada a SNT. A ropivacaína tem menos bloqueio motor do que a bupivacaína, tem recuperação mais rápida e é menos cardiotóxica.
56
Quais são os efeitos potencialmente úteis derivados da adição de um opioide ao anestésico local usado para a anestesia subaracnóidea? Qual é seu mecanismo de ação?
Opioides são comumente adicionados a soluções de anestesia local intratecal para intensificar a duração e a qualidade da anestesia cirúrgica e fornecer analgesia pós￾operatória. Os opioides intratecais exercem seu efeito, em grande parte, no corno dorsal da medula espinhal. A lipossolubilidade dos opioides afeta o início, a duração da ação e a absorção nos vasos sanguíneos. Os opioides lipofílicos em particular, como o fentanil, também são absorvidos rapidamente para os vasos sanguíneos com um efeito sistêmico resultante. O tempo de início do fentanil intratecal é de 10 a 20 minutos e a duração da ação é de 4 a 6 horas. O fentanil é usado para procedimentos cirúrgicos curtos, e sua administração não impede a alta hospitalar no mesmo dia. Outros fármacos hidrofílicos, como a morfina livre de conservantes, têm menos absorção sistêmica e, portanto, se dispersam ainda mais além no LCR. A morfina sem conservante pode proporcionar controle efetivo da dor pós-operatória por aproximadamente 24 horas, mas a dispersão rostral dentro do LCR em direção ao tronco encefálico necessita de monitoramento intra-hospitalar quanto a uma possível depressão respiratória tardia.
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Qual o propósito de adicionar um vasoconstritor à solução anestésica local usada para a anestesia subaracnóidea? Qual é seu mecanismo de ação?
Vasoconstritores adicionados às soluções de anestesia subaracnóidea podem aumentar a duração da anestesia subaracnóidea. Isto é mais comumente alcançado pela adição de adrenalina ou fenilefrina. Acredita-se que a duração prolongada da anestesia resulte da vasoconstrição mediada por α1- adrenérgico, o que diminui a absorção do anestésico local. A própria adrenalina também pode contribuir diretamente para a analgesia através da ativação do receptor α2-adrenérgico. A fenilefrina está associada a SNT.
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Quais medicamentos além dos vasoconstritores podem prolongar a anestesia subaracnóidea?
A clonidina e a dexmedetomidina intratecal atuam em receptores-α2 pré-juncionais e pós-juncionais no corno dorsal da medula espinhal. A clonidina prolonga o bloqueio sensorial e motor em aproximadamente 1 hora e melhora a analgesia, com menos retenção urinária do que a morfina. No entanto, a clonidina pode causar hipotensão e sedação que duram até 8 horas. A dexmedetomidina é cerca de 10 vezes mais seletiva para α2 do que a clonidina e pode prolongar o bloqueio motor e sensorial sem comprometimento hemodinâmico
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Como são classificadas as agulhas espinhais?
As agulhas de anestesia subaracnóidea são classificadas pelo tamanho em calibre e na forma da ponta. Os dois formatos básicos da ponta da agulha são (1) uma agulha de extremidade aberta (ponta chanfrada ou cortante) ou (2) uma agulha fechada ponta de lápis de ponta cônica com uma porta lateral.
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Quais características de uma agulha espinal resultarão na menor incidência de cefaleia pós-punção dural?
A incidência de cefaleia pós-punção dural diminui à medida que o tamanho da agulha se torna menor. A incidência também é menor quando se usa uma agulha ponta de lápis (Whitacre® ou Sprotte®) em vez de uma agulha de ponta chanfrada (Quincke®), porque se acredita que a agulha ponta de lápis divulsione a dura, em vez de cortá-la. Consequentemente, agulhas ponta de lápis de calibre 25 a 27 costumam ser selecionadas quando a anestesia subaracnóidea é realizada.
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Qual é a vantagem da realização de anestesia subaracnóidea em um paciente acordado?
A vantagem de realizar a anestesia subaracnóidea em um paciente acordado é que um paciente acordado pode fornecer respostas caso a agulha esteja próxima do tecido nervoso, relatando dor ou parestesia. As diretrizes de consenso atuais afirmam que os bloqueios neuroaxiais devem ser realizados com o paciente acordado, exceto quando o risco supera o benefício.
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Quais são as posições comuns em que os pacientes são colocados para a administração de um anestésico espinhal?
A anestesia subaracnóidea pode ser realizada com o paciente em decúbito lateral, sentada ou, raramente, em decúbito ventral. Se possível, a coluna vertebral deve estar flexionada, com o paciente se inclinando na altura da cintura e com o queixo na direção do tórax para abrir o espaço interespinhoso. A posição escolhida deve otimizar a dispersão da solução anestésica local para fornecer anestesia ao local cirúrgico.
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Quais são algumas das vantagens e desvantagens da posição sentada durante a realização de uma anestesia subaracnóidea em relação ao decúbito lateral?
A posição sentada para a anestesia subaracnóidea facilita o reconhecimento da linha média, o que pode ser particularmente útil em um paciente obeso. A posição de decúbito lateral pode ser mais confortável e mais adequada para os enfermos ou frágeis. A posição lateral também facilita a administração de sedação. Síncope vasovagal e hipotensão podem ser mais prováveis na posição sentada.
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Por que aplicar anestesia espinhal em um nível abaixo da vértebra L2?
A limitação caudal da medula espinhal em um adulto geralmente encontra-se entre as vértebras L1 e L2. Por este motivo, a anestesia subaracnóidea não é normalmente realizada acima do interespaço L2-L3. No entanto, alguns riscospermanecem porque a medula espinhal se estende até a terceira vértebra lombar em aproximadamente 2% dos adultos. Além disso, os nervos cauda equina também estão presentes no saco dural abaixo do nível de L2.
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Qual nível vertebral é atravessado por uma linha traçada através das costas do paciente ao nível da parte superior das cristas ilíacas? Quais intervalos estão localizados diretamente acima e abaixo desta linha?
Normalmente, considera-se uma linha desenhada atravessando as costas do paciente ao nível do topo das cristas ilíacas para identificar o nível vertebral de L4. O interespaço palpado diretamente acima desta linha seria L3-L4, e o interespaço palpado diretamente abaixo desta linha seria L4-L5. No entanto, isso pode variar e, não raro, o uso dessa linha conceitual resultará em estimativas que exibem até 2 intervalos de erro.
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Quais são os planos teciduais que serão percorridos à medida que a agulha avança em direção ao espaço subaracnóideo na linha média?
À medida que a agulha espinhal avança em direção ao espaço subaracnóideo, ela atravessa a pele, tecido subcutâneo, ligamento supraespinhoso, ligamento interespinhoso, ligamento amarelo e espaço epidural até alcançar e perfurar a dura/aracnoide.
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O que explica o “pop” que o anestesista pode sentir ao inserir uma agulha espinhal no espaço subaracnóideo?
O anestesiologista pode sentir “pop” um característico logo antes de acessar o espaço subaracnóideo à medida que a agulha espinhal está sendo avançada. Este estalo é produzido pela agulha espinhal passando pela dura-máter.
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Como é confirmada a colocação subaracnóidea da agulha espinhal?
A colocação subaracnóidea da agulha espinhal é confirmada pelo aparecimento de LCR translúcido no conector da agulha espinhal.
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Depois que a seringa contendo a solução anestésica local para administração no espaço subaracnóideo é fixada à agulha espinhal, como pode ser confirmado o posicionamento subaracnoide contínuo da agulha espinhal?
Após a seringa contendo a solução anestésica local para administração no espaço subaracnóideo ser conectada à agulha espinhal, o anestesiologista geralmente aspira com a seringa para confirmar a colocação subaracnoide contínua da ponta da agulha espinhal. A confirmação é feita pelo redemoinho característico na seringa quando o LCR entra nela e se mistura com a solução anestésica local. A solução anestésica local pode, então, ser depositada no espaço subaracnóideo a uma taxa de aproximadamente 0,2 ml/seg. Após a conclusão da deposição da solução anestésica local no espaço subaracnóideo, o LCR pode novamente ser aspirado para verificar a aplicação do anestésico. A agulha espinhal e a seringa devem ser removidas em conjunto, como uma unidade única
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Como a abordagem paramediana se compara à abordagem da linha média para a anestesia subaracnóidea? Quais são suas vantagens e desvantagens relativas?
A anestesia subaracnóidea pode ser realizada usando uma abordagem da linha média ou paramediana. A abordagem da linha média é tecnicamente mais fácil, e a agulha passa através de estruturas menos sensíveis, exigindo, assim, menor infiltração de anestésico local para assegurar o conforto do paciente. No entanto, a abordagem paramediana é mais adequada às circunstâncias desafiadoras, como quando há estreitamento do interespaço, dificuldade de flexão da coluna vertebral ou ligamentos interespinhosos calcificados. Na abordagem paramediana, o introdutor e a agulha espinal são angulados de 10 a 15 graus do plano sagital e “passados sobre” a lâmina. Com esta abordagem, a agulha não passando através dos ligamentos supraespinhosos e interespinhosos
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Quais são algumas das vantagens e desvantagens de uma técnica espinhal contínua?
A inserção de um cateter no espaço subaracnóideo (técnica espinal contínua) permite a dosagem incremental e, possivelmente, maior estabilidade hemodinâmica do que uma técnica de injeção única, com dose mais alta. Um cateter também permite administração repetida de fármacos e anestesia para operações prolongadas. O uso de agulhas epidurais e cateteres de grande calibre para anestesia subaracnóidea contínua apresenta risco significativo de cefaleia pós-punção dural. Microcateteres estão disponíveis, mas podem ser mais difíceis de inserir e, infelizmente, foram associados ao desenvolvimento da síndrome da cauda equina
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Qual foi o mecanismo provável da síndrome da cauda equina após técnicas espinhais contínuas?
É provável que a lesão associada ao uso de microcateteres de alta resistência e baixo fluxo tenha resultado da distribuição incorreta da solução anestésica local devido ao acúmulo no saco sacral dependente. A alta concentração anestésica local resultante no saco sacral pode levar à neurotoxicidade da cauda equina.
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Após a injeção intratecal de anestésico local, qual sensação é testada para uma indicação precoce do nível de anestesia subaracnóidea?
Após a injeção intratecal de anestésico local, a perda de sensação de frio geralmente ocorre primeiro e pode ser testada usando-se gelo ou álcool. A perda da sensação de picada vem a seguir, e depois a perda de sensação ao toque e, finalmente, a perda da força. A ordem de dermátomos de bloqueio produzido por um anestésico espinhal, do mais alto ao mais baixo, é simpática, sensorial e, depois, motora.
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O que é a escala de Bromage?
A escala de Bromage pode ser utilizada para testar a extensão do bloqueio motor das fibras lombossacrais. Nesta escala, a intensidade do bloqueio motor é avaliada pela capacidade do paciente de mover as extremidades inferiores
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Como os anestésicos espinhais regridem durante a recuperação da anestesia subaracnóidea?
A regressão da anestesia subaracnóidea começa no dermátomo mais alto, seguindo uma direção caudal. Além disso, as fibras motoras se recuperam primeiro, seguidas pelas sensoriais.
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Que fatores relativos aos fármacos afetam a dispersão da anestesia epidural?
Fatores relacionados aos medicamentos, fatores relacionados aos pacientes e fatores relacionados ao procedimento afetam a dispersão do anestésico local epidural. Os principais fatores relacionados aos medicamentos que afetam a dispersão da anestesia epidural são a dose e o volume da solução anestésica local administrada (dose = volume × concentração). O volume é importante porque uma dose equivalente em uma concentração mais baixa (isto é, maior volume) pode provocar uma maior difusão. Como princípio geral, 1 a 2 ml de solução devem ser injetados por segmento a ser bloqueado. Os aditivos anestésicos locais e a baricidade não afetam a propagação do anestésico epidural
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Que fatores relativos ao paciente afetam a dispersão da anestesia epidural?
A distribuição do anestésico local no espaço epidural é maior em pacientes quando o espaço epidural apresenta pequeno calibre e complacência reduzida. A dispersão também é aumentada quando há diminuição do vazamento do anestésico local através do forame intervertebral (p. ex., estenose medular e paciente idoso) e aumento da pressão do espaço epidural (p. ex., gravidez). A altura do corpo só parece ser importante nos extremos da faixa e o peso não se correlaciona bem com a altura do bloqueio.
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Que fatores relativos ao procedimento afetam a dispersão da anestesia epidural?
O nível de injeção do anestésico epidural é o mais importante fator relativo ao procedimento que afeta a altura do bloqueio epidural. As injeções epidurais lombares produzem difusão cefálica preferencial, possivelmente devido à pressão intratorácica negativa transmitida ao espaço epidural, combinada com a resistência à dispersão caudal criada pelo estreitamento do espaço epidural na junção lombossacra. Por outro lado, as injeções na porção média do tórax tendem a produzir anestesia simétrica e também podem resultar em maior dispersão pelos dermátomos para uma determinada dose de anestésico local. Este último efeito resulta, em parte, do menor volume do espaço epidural torácico. Na região cervical superior, o anestésico local se espalha principalmente caudal ao local da injeção. O nível ao qual a solução anestésica local é injetada no espaço epidural também define a área do efeito anestésico máximo, que diminui com o aumento da distância a partir do local da injeção. A posição do paciente durante a realização de um bloqueio epidural é menos importante do que com um bloqueio espinal, mas a porção dependente do corpo ainda pode manifestar anestesia mais intensa do que o lado não dependente. Isso não se aplica a posições sentadas ou supinas. A direção do bisel da agulha e a velocidade de injeção não afetam a difusão epidural
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Por que a procaína e a tetracaína raramente são usadas para a anestesia epidural?
O principal lugar de ação das soluções anestésicas locais aplicadas no espaço epidural é a raiz dos nervos espinhais, onde a dura é relativamente fina.
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Por que a procaína e a tetracaína raramente são usadas para a anestesia epidural?
A procaína raramente é utilizada para a anestesia epidural porque o bloqueio pode ser pouco confiável e de má qualidade. A tetracaína também não é confiável e tóxica em doses maiores
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Quais são as características da prilocaína epidural quando administrada em concentrações mais baixas e quando administradas em grandes doses?
A prilocaína epidural, quando administrada em concentrações mais baixas (solução a 2%), produz um bloqueio sensorial com bloqueio motor mínimo. Em doses maiores, a prilocaína está associada à meta-hemoglobinemia.
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Como a cloroprocaína, a lidocaína e a mepivacaína se comparam no tempo de início e duração da ação após a administração da epidural?
Após a administração epidural, a cloroprocaína tem um curto tempo de início e uma curta duração de ação. A mepivacaína e a lidocaína apresentam curto tempo de início e uma duração de ação intermediária similares.
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A lidocaína epidural causa sintomas neurológicos transitórios (SNT)?
Ao contrário da lidocaína para a anestesia subaracnóidea, a lidocaína epidural não causa SNT.
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Como a bupivacaína e a ropivacaína se assemelham e diferem entre si após a administração da anestesia epidural?
Após a administração epidural, a bupivacaína e a ropivacaína apresentam um tempo de início e duração de ação semelhantes. A ropivacaína difere da bupivacaína na medida em que proporciona menos bloqueio motor, um maior limiar de convulsão e menos cardiotoxicidade.
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Quais são algumas das vantagens potenciais da adição de adrenalina à solução anestésica local usada para anestesia epidural?
As vantagens de adicionar adrenalina à solução anestésica local utilizada para anestesia epidural incluem diminuição da absorção vascular e anestesia e analgesia prolongadas, principalmente com anestésicos locais de ação curta e intermediária. A adrenalina também pode servir como um marcador de injeção intravascular que pode ocorrer com a canulação de uma veia epidural. Por fim, a adrenalina pode apresentar alguns efeitos analgésicos diretos por meio da ativação do receptor-α2 do corno dorsal. A fenilefrina é menos eficaz do que a adrenalina no prolongamento do efeito anestésico epidural e não é tão amplamente utilizada.
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Quais são algumas vantagens potenciais da adição de opioides à solução anestésica local usada para anestesia epidural?
As vantagens de adicionar opioides à solução anestésica local utilizada para anestesia epidural incluem aumento sinérgico de efeitos analgésicos sem prolongamento do bloqueio motor e redução dos efeitos adversos relacionados à dose, tanto do opioide quanto do anestésico local. Uma injeção em bólus pode levar a um efeito analgésico que excede a duração do bloqueio epidural.
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Como a natureza lipofílica de um opioide afeta seu mecanismo de ação quando administrado no espaço epidural?
Os opioides epidurais atravessam a membrana da dura e da aracnoide para atingir o LCR e o corno dorsal da medula espinhal. Os opioides lipofílicos, como fentanil e sufentanil, dividem-se entre a gordura epidural mais prontamente e são mais rapidamente absorvidos na circulação sistêmica (que pode ser um dos mecanismos principais de ação). Os opioides hidrófilos, como a morfina e a hidromorfona, são mal absorvidos em gordura e permanecem em grande parte dentro do espaço epidural e têm uma duração de ação mais longa.
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Quais são algumas das potenciais vantagens da adição de clonidina ou dexmedetomidina à solução anestésica local usada para anestesia epidural?
As vantagens da adição de clonidina à solução anestésica local utilizada para anestesia epidural incluem o prolongamento do bloqueio sensorial em relação ao motor e uma redução nos requisitos de anestésicos epidurais locais e opioides. A clonidina também pode diminuir o estresse imune e a resposta às citocinas. Os efeitos colaterais da clonidina epidural incluem hipotensão, bradicardia, boca seca e sedação. As vantagens da adição de dexmedetomidina à solução anestésica local incluem redução dos requisitos nos requisitos de anestésicos locais e opioides, analgesia pós-operatória intensificada e prolongamento do bloqueio motor e sensorial.
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Quais são algumas das potenciais vantagens da adição de bicarbonato à solução anestésica local usada para anestesia epidural?
A adição de bicarbonato à solução anestésica local utilizada para anestesia epidural aumenta o pH da solução e, portanto, a porção de base livre não ionizada do anestésico local. Contudo, dados sugerem que não há vantagem clínica na velocidade de início ou qualidade do bloqueio.
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Quais marcos na superfície podem ser usados para identificar interespaços específicos do processo espinhoso da coluna vertebral e guiar a colocação de uma agulha epidural?
Os marcos de superfície são usados para ajudar a estimar o nível dos interespaços espinais. A linha intercristas geralmente atravessa o interespaço L4-L5. O processo espinhoso de C7 (vértebra proeminente) pode ser reconhecido como uma saliência óssea na extremidade inferior do pescoço e uma linha desenhada entre os limites inferiores da escápula correlaciona￾se aproximadamente com o corpo vertebral de T7.
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Quais são as vantagens e desvantagens dos cateteres epidurais com múltiplos orifícios laterais perto da ponta em vez de um único orifício distal na ponta?
A ponta de um cateter epidural pode ter um único orifício terminal na ponta ou múltiplos orifícios laterais perto da ponta. Os cateteres de múltiplos orifícios tendem a produzir uma distribuição mais uniforme da solução anestésica local e a melhorar a analgesia, mas podem aumentar o risco de canulação da veia epidural em parturientes.
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É aceitável aplicar uma injeção epidural após a indução de anestesia geral?
Embora a experiência da parestesia durante a colocação da agulha no paciente acordado não seja sensível nem específica para lesão do nervo, claramente não há oportunidade para que um paciente adormecido possa reconhecer ou relatar quaisquer sintomas adversos durante o procedimento. As diretrizes de consenso atuais sobre lesão neurológica, portanto, afirmam que, como com a anestesia subaracnoidea, as injeções epidurais em adultos devem ser realizadas no paciente acordado, a menos que o médico sinta que os benefícios da anestesia ou de sedação forte superam os riscos. Também não há evidências de que a anestesia epidural na área lombar ou torácica seja mais ou menos segura em um paciente anestesiado. As mesmas considerações não se aplicam à anestesia pediátrica, onde um paciente consciente provavelmente não traria nenhum benefício, mas sim aumentaria substancialmente os riscos.
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Quais são as vantagens de se usar ar ou solução salina durante a técnica de perda de resistência?
Segundo relatos, o ar é menos confiável do que o soro fisiológico na identificação do espaço epidural quando se utiliza a técnica de perda de resistência. Isso pode resultar em uma maior probabilidade de bloqueio incompleto e pode causar pneumoencéfalo e até embolia gasosa venosa em raros casos. O fluido inserido através da agulha epidural antes da inserção do cateter também pode reduzir o risco de canulação da veia epidural pelo cateter. Uma desvantagem do soro fisiológico é que ele pode dificultar a detecção de uma punção dural acidental.
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O que é a técnica de “perda de resistência”?
Com a técnica de “perda de resistência”, uma seringa contendo soro fisiológico, ar ou ambos é presa à agulha e a agulha avança lentamente enquanto a resistência à injeção é avaliada. Uma vez que a ponta da agulha atinja o ligamento amarelo e esteja devidamente encaixada nele, torna-se difícil injetar o soro ou a bolha de ar, e o êmbolo da seringa retornará à sua posição original. Ao avançar ainda mais, uma perda abrupta de resistência à injeção sinaliza a passagem através do ligamento amarelo e para dentro do espaço epidural, momento em que o conteúdo da seringa pode ser aplicado sem resistência.
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O que é a técnica da “gota pendente”?
A técnica da “gota pendente” é um método alternativo para identificar o espaço epidural. Com esta técnica, uma pequena gota de soro fisiológico é colocada no conector da agulha epidural. À medida que a agulha passa pelo ligamento amarelo no espaço epidural, a gota de soro fisiológico é “sugada” para a agulha pela pressão negativa no espaço epidural.
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Qual é a técnica utilizada para a colocação de um cateter após a identificação do espaço epidural?
Após a identificação do espaço epidural, o cateter é suavemente avançado de 4 a 6 cm além da ponta da agulha posicionada no espaço epidural. Um avanço adicional aumenta o risco de o cateter entrar em uma veia epidural, sair por um forame intervertebral ou se enrolar em uma raiz nervosa. Menos de 4 cm podem aumentar o risco de deslocamento. A agulha epidural é retirada sobre o cateter, com cuidado para não mover o cateter.
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Como o teste de Tsui ajuda a confirmar a localização da ponta do cateter epidural?
O teste de Tsui ajuda a confirmar a localização da ponta do cateter epidural por meio do uso de um cateter especial contendo um condutor elétrico. Uma baixa corrente elétrica estimula as raízes do nervo espinhal através do cateter, e a localização da ponta é determinada avaliando quais músculos têm uma resposta de contração.
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Quando a abordagem epidural paramediana pode ser benéfica em relação à abordagem da linha média?
Na região torácica, os processos espinhosos são mais angulosos e aproximados, o que pode fazer com que a abordagem da linha média seja complexa. A abordagem paramediana pode ser útil na área torácica, seja quando a abordagem da linha média não é bem-sucedida ou como abordagem primária. A abordagem paramediana da anestesia epidural lombar também pode ser útil em pacientes que não conseguem tolerar ou não podem manter uma posição sentada.
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O que é anestesia “subaracnoide-epidural combinada”, e qual é seu uso clínico? O que é a extensão do volume epidural?
A anestesia subaracnoidea-epidural combinada é uma técnica na qual um anestésico espinal e um cateter epidural são colocados simultaneamente. Esta abordagem tira proveito do início rápido e da anestesia sensorial intensa de um anestésico espinal e da capacidade de complementar e prolongar a duração do bloqueio oferecido por um cateter epidural. A técnica é comumente usada na anestesia obstétrica, ou em qualquer caso, quando se prevê que a duração da cirurgia possa ser mais longa do que uma anestesia subaracnóidea média (2,5 a 3 horas). A utilização de um anestésico espinal de baixa dose e subsequentemente aumentando de forma gradual a altura do bloqueio através de bólus epidurais incrementais de anestesia local ou soro fisiológico pode oferecer mais estabilidade hemodinâmica em pacientes de alto risco e diminuir a dose requerida de anestésico local. Esta técnica sequencial é denominada de extensão do volume epidural.
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Qual o propósito de uma “dose de teste” para um cateter epidural?
A dose de teste é uma pequena quantidade de anestésico local administrada através do cateter epidural para excluir a colocação acidental intratecal ou intravascular do cateter. Às vezes inclui-se adrenalina na dose de teste, pois um aumento na frequência cardíaca pode indicar injeção intravascular acidental. Infelizmente, este não é um teste confiável para a colocação do cateter intravascular, e, portanto, o paciente ainda deve ser sempre monitorado quanto a sintomas e sinais de toxicidade por anestésico local intravascular. Se, após vários minutos, não houver um bloqueio sensorial ou motor significativo perto do nível de inserção do cateter e não houver sinais de toxicidade por anestésico local, o restante da dose planejada de anestésico pode ser injetada de forma incremental.
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Quais são algumas das indicações para a anestesia caudal?
A anestesia caudal é mais popular na anestesia pediátrica porque a dispersão do anestésico caudal local em adultos é imprevisível. Para adultos, a anestesia caudal é mais comumente usada na dor crônica e no tratamento da dor por câncer, mas também pode ser usada quando a abordagem lombar não é possível.
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Como a abordagem da anestesia caudal se compara à da anestesia epidural em relação à dose anestésica local, posição e técnica?
A abordagem da anestesia caudal é semelhante à da anestesia epidural. Os mesmos anestésicos locais são utilizados, embora o dobro da dose lombar seja necessário na anestesia caudal para obter um bloqueio semelhante. A posição do paciente pode ser lateral ou mesmo pronada com joelho no peito. A técnica de perda de resistência é utilizada para confirmar a entrada no espaço epidural e uma dose de teste deve ser administrada antes da administração com anestésico local a fim de excluir a aplicação intratecal ou intravascular da agulha.
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Como o hiato sacral é identificado?
O hiato sacral, a abertura entre a lâmina não fundida da quarta e quinta vértebras sacrais, pode ser identificado por palpação. O ligamento sacrococcígeo, uma extensão do hiato do ligamento amarelo, se sobrepõe ao hiato sacral entre os dois cornos sacrais
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Descreva a técnica para anestesia caudal.
Após a preparação estéril e infiltração local acima do hiato, a agulha é introduzida em um ângulo de 45 graus em relação ao sacro e avançada através da pele, do ligamento sacrococcígeo (geralmente percebido como um estalo bastante claro) e, mais adiante, até que o sacro seja tocado. A agulha é então ligeiramente retirada, o ângulo é reduzido e a agulha é avançada novamente não mais que 1 a 2 cm no canal epidural caudal. O posicionamento adequado da ponta da agulha é confirmado pela injeção de 5 ml de ar ou solução salina através da agulha enquanto a pele sobre o canal caudal é palpada. Crepitação subcutânea ou inchaço da linha média indica que a agulha está posicionada posterior ao sacro ósseo e precisa ser recolocada. Pode ocorrer injeção subaracnoide se a agulha for avançada cefalicamente demais no canal sacral.
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Onde o saco dural termina?
O saco dural normalmente termina no nível de S2, mas se estende além de S2 em aproximadamente 10% dos indivíduos.
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Quais são as possíveis complicações que devem ser discutidas com o paciente antes de prosseguir com uma anestesia subaracnóidea ou epidural?
Complicações que devem ser discutidas com o paciente antes de prosseguir com um anestésico espinal ou epidural incluem (1) aquelas que são raras, mas graves, incluindo danos nos nervos, sangramento e infecção, e (2) aquelas que são comuns, mas de menor importância, como uma cefaleia pós￾punção dural e náuseas e vômitos. A possibilidade de uma falha no bloqueio também deve ser discutida e os pacientes devem ser tranquilizados de que, em tais circunstâncias, técnicas alternativas de anestesia serão fornecidas para garantir seu conforto
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Quais são os fatores associados à paraplegia após a anestesia neuroaxial?
A paraplegia é uma complicação extremamente rara, mas grave, da anestesia neuroaxial. Podem ocorrer lesões diretas por trauma de agulha, mas o material injetado também pode ser neurotóxico. Conservantes em anestésicos locais ou aditivos foram considerados responsáveis no passado por aracnoidite adesiva e síndrome da cauda equina. A hipotensão profunda que provoca a síndrome da artéria espinal anterior também pode resultar em paralisia. Um hematoma epidural pode causar compressão isquêmica da medula espinhal.
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Quais são os fatores associados à síndrome da cauda equina após a anestesia neuroaxial?
A ocorrência de síndrome da cauda equina após a anestesia neuroaxial tem sido associada à exposição direta de grandes doses de anestésico local, seja como uma única injeção altamente concentrada (p. ex., lidocaína a 5%) ou por exposição prolongada ao anestésico local através de um cateter de pequeno calibre contínuo.
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Quais são os fatores de risco associados ao hematoma epidural após a anestesia neuroaxial?
Fatores de risco associados a um hematoma epidural após anestesia neuroaxial incluem inserção difícil ou traumática de agulha ou catéter, coagulopatia, idade avançada e sexo feminino.
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Quais são alguns dos sinais e sintomas de um hematoma epidural?
Os sinais e sintomas de um hematoma epidural incluem dor radicular nas costas, bloqueio motor inesperado e prolongado e disfunção da bexiga ou do intestino. A lesão que ocupa espaço no canal vertebral pode causar compressão isquêmica da medula espinhal e causar déficit neurológico permanente se não for deslocada rapidamente. Essas características devem motivar uma ressonância magnética de emergência.
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Quais são os fatores associados à lesão do nervo após a anestesia neuroaxial?
Os fatores associados a uma lesão do nervo após a anestesia neuroaxial incluem dor radicular ou parestesia que ocorrem durante o procedimento e anestesia epidural ou espinal e epidural combinada para fins de anestesia perioperatória ou analgesia.
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Quais são os fatores associados à cefaleia pós-punção dural após a anestesia neuroaxial?
A cefaleia pós-punção dural é relativamente comum (cerca de 1% de incidência) e é uma consequência direta do furo feito na dura durante a anestesia subaracnóidea ou punção dural acidental durante a colocação da agulha epidural. Os fatores relativos ao paciente que aumentam o risco de cefaleia pós-punção dural são idade, sexo e gravidez. O risco diminui lentamente com o avanço da idade. Sexo feminino e gravidez são fatores de risco independentes. Os fatores relativos ao procedimento incluem o diâmetro da agulha, a direção do bisel durante a punção dural, múltiplas punções durais e a forma do furo provocado pela agulha. As agulhas ponta de lápis não cortantes (p. ex., Whitaker, Sprotte), que separam as fibras durais e aracnoides, reduzem o risco de cefaleia pós-punção dural.
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Qual é a causa e o início típico de uma cefaleia pós-punção dural?
A cefaleia pós-punção dural é causada por vazamento de LCR na dura, o que resulta em deslocamento do cérebro para baixo com uma tração resultante em estruturas de suporte sensíveis à dor. Os sintomas de cefaleia pós-punção dural geralmente começam dentro de 3 dias após a punção dural, com cerca de 66% nas primeiras 48 horas.
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Quais são os sinais e sintomas de uma cefaleia pós-punção dural?
A marca característica de uma cefaleia pós-punção dural é sua localização frontal ou occipital e seu componente postural; ela piora na postura vertical ou sentada e é parcial ou completamente aliviada na postura supina. Os sintomas associados podem incluir náuseas, vômitos, dor no pescoço, tonturas, zumbido, diplopia, perda auditiva, cegueira cortical, paralisias do nervo craniano e até convulsões.
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Quais são as opções de tratamento para uma cefaleia pós￾punção dural?
O tratamento inicial da cefaleia pós-punção dural costuma ser conservador e consiste em repouso, hidratação, cafeína e analgésicos orais. A resolução espontânea ocorre dentro de 7 dias na maioria dos casos. Se as medidas conservadoras forem ineficazes, pode ser realizado um tampão sanguíneo em que até 20 ml do sangue do paciente é injetado assepticamente no espaço epidural. A resolução persistente dos sintomas ocorre em mais de 60% dos pacientes após um tampão sanguíneo epidural. Um segundo tampão sanguíneo epidural pode ser realizado em 24 a 48 horas se o primeiro for ineficaz. Vale ressaltar que o tampão sanguíneo epidural profilático não é eficaz.
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O que são os sintomas neurológicos transitórios (SNT)? Quais são os fatores associados a SNT após a anestesia neuroaxial?
Os SNT são caracterizados por dor bilateral ou unilateral leve ou, às vezes, grave nas nádegas, geralmente irradiando para as pernas, e sem déficits neurológicos. Os sintomas costumam ocorrer dentro de 24 horas após a resolução de um anestésico espinal e geralmente se resolvem espontaneamente em menos de uma semana. Os SNT são mais comuns com injeção intratecal de lidocaína concentrada ou mepivacaína, adição de dextrose ou fenilefrina e osmolaridade da solução. A posição de litotomia também aumenta o risco.
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Quais são os fatores associados à hipotensão após a anestesia neuroaxial?
Os fatores associados à hipotensão após a anestesia neuroaxial incluem altura máxima de bloqueio em T5 ou superior, idade de 40 anos ou mais, pressão arterial sistólica basal inferior a 120 mm Hg, anestesia subaracnóidea e geral combinada, punção espinal em ou acima do intervalo L2-L3 e a adição de fenilefrina ao anestésico local. A hipotensão também é associada de forma independente ao alcoolismo, histórico de hipertensão, aumento do IMC e urgência da cirurgia.
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Quais são os fatores associados à bradicardia após anestesia neuroaxial?
Fatores associados à bradicardia após anestesia neuroaxial incluem frequência cardíaca basal inferior a 60 batimentos/min, idade abaixo de 37 anos, gênero masculino, estado não emergencial, bloqueio β-adrenérgico e duração prolongada da cirurgia.
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Quais são os fatores associados à parada cardíaca após anestesia neuroaxial?
Fatores associados à parada cardíaca (que é rara) após a anestesia neuroaxial incluem hipoxemia e sedação excessiva. A ocorrência de parada cardíaca é mais provável com a anestesia subaracnóidea do que a epidural.
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Quais são os fatores associados à depressão respiratória após anestesia neuroaxial?
Fatores associados à depressão respiratória após anestesia neuroaxial incluem o uso (dependente da dose) de opioides neuroaxiais. A depressão respiratória pode ocorrer durante as primeiras 24 horas após a administração de opioides intratecais ou epidurais, mediada por sua difusão rostral no LCR para os centros respiratórios no tronco encefálico. O risco aumenta com o aumento da idade e com a coadministração de sedativos sistêmicos.
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Quais são algumas das infecções que podem ocorrer após a anestesia neuroaxial e quais são alguns dos fatores associados?
Infecções após anestesia neuroaxial incluem meningite bacteriana e abscesso epidural. Felizmente, ambos são raros, mas podem ser catastróficos. As infecções estafilocócicas decorrentes da pele do paciente são umas das infecções relacionadas à epidural mais comuns, enquanto as bactérias orais como a Streptococcus viridans são uma causa comum de infecção após a anestesia subaracnóidea. Fatores associados à infecção após anestesia neuroaxial incluem a presença de uma infecção sistêmica concomitante, diabetes, estados imunocomprometidos e manutenção prolongada de um cateter epidural (ou espinal). Infecções são duas vezes mais comuns após técnicas epidurais em comparação com técnicas espinhais.
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Qual é a associação entre dor nas costas e anestesia epidural em parturientes?
Não existe associação entre nova ocorrência de dor nas costas e anestesia epidural em pacientes até 6 meses após o parto.
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Quais são os fatores associados à náusea e ao vômito após a anestesia neuroaxial?
Fatores associados à náusea e ao vômito após a anestesia neuroaxial incluem exposição direta da zona de gatilho do quimiorreceptor no cérebro para opiáceos, hipotensão e hiperperistaltismo gastrointestinal decorrente de atividade parasimpática sem oposição. Outros fatores incluem altura máxima de bloqueio da anestesia subaracnóidea em T5 ou superior, frequência cardíaca basal superior a 60 batimentos/min e histórico de mal do movimento. A morfina intratecal comporta um risco maior de náusea do que o fentanil intratecal, embora o risco de náusea em ambos seja dependente da dose
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Qual é a causa da retenção urinária após anestesia neuroaxial?
A retenção urinária após a anestesia neuroaxial pode ocorrer em até um terço dos pacientes através do bloqueio das raízes nervosas S2, S3 e S4 e enfraquecimento do músculo detrusor e sensação de urgência. Os fatores associados à retenção urinária incluem gênero masculino, idade avançada e morfina intratecal.
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Como pode ser tratado o prurido após a anestesia neuroaxial?
Prurido é um efeito colateral relacionado à injeção intratecal de opioides. Pode ser tratado com naloxona, naltrexona ou o agonista opioide parcial nalbufina. Ondansetrona e propofol também podem ser eficazes.
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Como reduzir o risco de tremores após a anestesia neuroaxial?
O risco de tremores após a anestesia neuroaxial pode ser reduzido através da adição de opioides neuroaxiais (especialmente fentanil e meperidina) à solução anestésica local, pré-aquecimento do paciente com um aquecedor de ar forçado e evitando a administração de fluidos epidurais e intravenosos frios
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Como reduzir o risco de injeção intravascular não intencional de anestésico local durante a anestesia epidural?
A injeção intravascular não intencional de anestesia local durante a anestesia epidural pode resultar em toxicidade anestésica local, que costuma se apresentar como convulsões. A injeção intravascular não intencional geralmente ocorre em uma veia epidural e é mais provável que ocorra no paciente obstétrico em quem estes vasos estão relativamente dilatados. A frequência de punção de uma veia ou cateter epidural pode atingir 10%. O risco de injeção intravascular não intencional pode ser reduzido na população obstétrica colocando o paciente na posição lateral durante a inserção da agulha e do cateter, administrando fluido através da agulha epidural antes da inserção do cateter, usando um cateter epidural de orifício único, avançando o cateter por menos de 6 cm no espaço epidural, aspiração do cateter antes da dosagem e administração incremental do anestésico local.
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Quais são as características clínicas da injeção subdural não intencional durante a anestesia epidural?
Uma injeção subdural ocorre quando o anestésico local é inadvertidamente injetado entre o espaço potencial entre a dura e a aracnoide. É relativamente incomum (<1% das injeções epidurais) e é caracterizada por uma altura de bloqueio superior ao esperado, mas com menos bloqueio motor em relação ao bloqueio sensorial.