4 - Avaliação e Preparo Pré-Anestésico Flashcards

APA + Escolha da técnica anestésica (144 cards)

1
Q

Qual é o objetivo da avaliação pré-operatória?

A
  • formulação do plano anestésico
  • avaliar o risco de
    complicações perioperatórias
  • implementar estratégias de redução de riscos e garantir qualidade da
    recuperação
    pós-operatória
  • solicitar exames ou consultas que possam ser
    indicados
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2
Q

Quais são os componentes essenciais de uma avaliação pré-
operatória completa?

A
  • Histórico médico
  • Comorbidades e medicações
  • Capacidade funcional (METs)
  • Exame físico + VIAS AÉREAS
  • Avaliar necessidade de exames ou outras avaliações individuais
  • Aplicar o termo de consentimento e orientar sobre a anestesia.
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3
Q

ASA 1

A

saudável, sem doenças (não fumante, não consome álcool, ou o consome minimamente)

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4
Q

ASA 2

A

doença sistêmica leve sem limitação funcional substancial:
- fumante atual
- bebedor de álcool social
- gravidez
- obesidade (IMC 30-40)
- diabetes melito
/hipertensão bem controlada
- doença pulmonar leve

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5
Q

ASA 3

A

doença sistêmica grave que causa limitações funcionais substanciais:
- DM / HAS mal controlada
- DPOC
- obesidade mórbida [IMC > 40]
- hepatite ativa
- dependência ou abuso de álcool
- marca-passo
implantado
- redução moderada na
fração de ejeção
- doença renal terminal em diálise regular
- histórico [> 3 meses] de infarto do miocárdio
- DAC / STENTS
- AVE / AIT

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6
Q

ASA 4

A

doença sistêmica grave que seja uma ameaça constante à vida e
limite seriamente as atividades diárias:
- infarto do miocárdio
recente [< 3 meses]
- AVE / AIT / DAC / IAM em curso ou
doença valvar grave
- redução severa na fração de ejeção
- sepse
- coagulação intravascular disseminada
- síndrome do desconforto
respiratório agudo
- doença renal terminal sem diálise)

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7
Q

ASA 5

A

pacientes moribundos que podem não sobreviver sem
cirurgia:
- rompimento de aneurismaabdominal/to rácico
- trauma maciço
- sangramento intracraniano com efeito de massa
- intestino isquêmico no contexto de doença cardíaca significativa ou disfunção múltipla de órgãos).

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8
Q

ASA 6

A

Morte cerebral que são doadores de órgãos.

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9
Q

O que é a letra ‘‘E’’ adicionada a classificação ASA?

A

A letra E é adicionada a uma classificação se o procedimento
cirúrgico for uma emergência

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10
Q

Por que é importante avaliar o estado funcional do paciente?

A

Prevê desfechos e complicações perioperatórias e orienta a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. A capacidade de atingir um nível de atividade moderado (MET ≥ 4) prevê baixo risco de complicações perioperatórias

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11
Q

Como se determina o estado funcional do paciente?

A

A capacidade funcional é medida em equivalentes metabólicos da tarefa (METs)

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12
Q

Quanto oxigênio é consumido na realização de uma atividade
correspondente a um equivalente metabólico da tarefa (MET)?

A

Um MET de atividade é equivalente ao consumo de 3,5 ml de O2/min por Kg

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13
Q

Quais são os componentes do exame das vias aéreas?

A
  • Condição dos
    dentes
  • capacidade do paciente de mover os incisivos
    mandibulares para frente
  • tamanho da língua
  • visibilidade da
    úvula
  • amígdalas
  • palato mole ou palato duro apenas (classificação de Mallampati I-IV)
  • a complacência do espaço mandibular ou oral;
  • a presença de pelos faciais;
  • a distância tireomentoniana
  • comprimento, a espessura e a amplitude de movimentos do pescoço
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14
Q

Os exames de “triagem” pré-operatórios são indicados para todos os pacientes?

A

Os exames de “triagem” pré-operatórios nunca são indicados.

Exames de “triagem” pré-operatórios solicitados sem indicações clínicas específicas raramente resultam em mudanças no manejo do paciente e não são econômicos

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15
Q

Quais são as recomendações para a obtenção de um ECG
pré-operatório?

A
  • DAC
  • Cirurgia de alto risco
  • suspeitas de anormalidades eletrolíticas
  • arritmias
  • condições
    cardíacas ativas (dispneia, dor torácica nova ou piorada, insuficiência cardíaca)
  • hipertensão pulmonar
  • uso de digoxina.
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16
Q

Qual a eficácia dos achados do ECG na antecipação de um evento cardíaco adverso maior (ECAM)?

A

Os achados pré operatórios no ECG não demonstraram prever eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM)
além dos fatores de risco clínicos e não são úteis na determinação de novos exames

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17
Q

Todas as mulheres em idade fértil necessitam de um exame de β-gonadotrofina coriônica humana (β-hCG) antes da
cirurgia?

A

Testes de gravidez devem ser oferecidos a mulheres em idade fértil.

a ASA para avaliação pré-
operatória afirma que a literatura atual não é clara sobre se a anestesia causa efeitos nocivos no início da gravidez, portanto o teste deve ser oferecido se for provocar mudança no manejo

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18
Q

Por que os exames pré-operatórios podem ser úteis na avaliação de pacientes com condições comórbidas graves e que
serão submetidos a procedimentos de risco alto ou intermediário?

A

Estabelecimento de um
diagnóstico, previsão de riscos ou orientação quanto à terapia
antes da cirurgia de risco alto ou intermediário.

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19
Q

Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um exame pré-operatório dos níveis de albumina?

A

Se o paciente tiver anasarca, doença
hepática, desnutrição ou má absorção.

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20
Q

Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um hemograma completo pré-operatório com
contagem de plaquetas?

A
  • histórico de abuso de álcool
  • anemia
  • dispneia
  • doença hepática ou renal
  • malignidade
  • desnutrição
  • histórico pessoal de hemorragia
  • baixa tolerância ao exercício
  • quimioterapia ou radioterapia recentes
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21
Q

Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um exame pré-operatório dos níveis de creatinina?

A

se o paciente tiver doença renal ou
apresentar fatores de risco para doença renal

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22
Q

Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil a realização de uma radiografia pré-operatória de tórax?

A

se o paciente apresentar um sintoma pulmonar ativo, agudo ou crônico
tal como:
-tosse
- dispneia
- achados físicos anormais inexplicados no exame de tórax
- insuficiência cardíaca descompensada
- malignidade no tórax ou
radioterapia (no tórax, mamas, pulmões)

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23
Q

Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um ECG pré-operatório?

A
  • abuso de álcool
  • condição cardíaca ativa
  • arritmia
  • cardioversor desfibrilador implantável
    (CDI)
  • apneia obstrutiva do sono (AOS)
  • marca-passo
  • hipertensão pulmonar
  • radioterapia
  • obesidade grave
  • síncope
  • uso de amiodarona ou digoxina.
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24
Q

Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um teste de eletrólitos pré-operatório?

A
  • abuso de álcool;
  • doenças cardiovasculares, hepáticas, renais ou tireoidianas;
  • diabetes
  • desnutrição
  • uso de digoxina ou diuréticos.
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25
Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um exame pré-operatório da glicemia?
Se o paciente tiver diabetes, for severamente obeso ou usar esteroides.
26
Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um teste de função hepática pré-operatório?
- abuso de álcool - doença hepática, exposição recente à hepatite ou um transtorno hemorrágico não diagnosticado
27
Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um teste pré-operatório de função tireoidiana?
- bócio - doença da tireoide - dispneia inexplicada - fadiga - palpitações ou taquicardia
28
Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um exame pré-operatório do coagulograma (RNI, TTPa, TP)
- estado hipercoagulável não diagnosticado - usar heparina não fracionada ou anticoagulantes - historia de sangramento / transtorno hemorrágico
29
Quais condições comórbidas do paciente que será submetido a procedimentos de risco alto ou intermediário podem tornar útil um exame de urina pré-operatório?
Se houver suspeita de uma infecção do trato urinário
30
Os pacientes hipertensos estão em risco de quais condições comórbidas?
Danos ao órgão final dependendo da gravidade e duração da hipertensão. Doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença cerebrovascular são comuns em pacientes hipertensos.
31
Qual o propósito de uma consulta pré-operatória?
Diagnosticar, avaliar ou melhorar uma condição nova ou mal controlada. Criação de um perfil de risco clínico, ajuda a orientação do paciente orienta o anestesiologista e o cirurgião a tomar melhores decisões de manejo
32
É adequada uma carta que declare “liberado para cirurgia” ou “baixo risco”?
Não! Um pedido de consulta procura avaliação e definição específica para ajudar no planejamento anestésico seguro.
33
A cirurgia deve ser adiada devido a hipertensão arterial alta?
Em pacientes com pressão arterial (PA) basal inferior a 180/110 mm Hg, há poucas evidências de que adiar a cirurgia melhore o desfecho. Se houver hipertensão grave pré-indução (PA sistólica superior a 200 mm Hg ou PA diastólica superior a 110 mm Hg) é um fator de risco independente para infarto do miocárdio e arritmias no pós-operatório. Recomenda-se otimizar a PA por pelo menos algumas semanas antes da cirurgia.
34
O que é hipertensão grave?
PAS > 200mmHg PAD > 110mmHg
35
Há algum risco ao se normalizar a pressão arterial (PA) em pacientes hipertensos?
Sim. Se reduzir de forma rápida e agressiva elevamos o risco de isquemia cerebral e ou isquemia coronária. A redução extrema da PA e hipotensão intraoperatória são mais perigosas do que a hipertensão.
36
Qual a recomendação ou alvo de pressão arterial em pacientes hipertensos no intra operatório?
Recomenda-se manter a PA intraoperatória dentro de 20% da PA de linha de base do paciente, para uma perfusão adequada dos órgãos.
37
Qual seria a faixa adequada para se manter a pressão arterial de um paciente com 170x85, por exemplo?
Manter até 20% 20% de 170 = 0,2 x 170 = 34 170−34=136 20% de 85 = 0,2 x 85 = 17 85 - 17 = 68 Portanto, deveriamos manter até 136x68
38
Como um paciente com doença arterial coronariana conhecida, ou para a qual apresente fatores de risco, é avaliado antes de uma cirurgia não cardíaca?
Recomendações da ACC / AHA 2014 - Indice de risco Cardiaco Revisado - www.surgicalriskcalculator.com
39
Para que serve o indice de risco cardíaco revisado?
Ferramenta para avaliar o risco de eventos cardiovasculares intraoperatórios
40
O que é avaliado no indice de risco cardíaco revisado?
(1) presença de doença cardíaca isquêmica (2) histórico de insuficiência cardíaca (3) histórico de doença cerebrovascular (4) diabetes melito tratada com insulina (5) creatinina ≥ 2 mg/dl (6) procedimentos vasculares intratorácicos, intra-abdominais ou suprainguinais. 0 = 0,5% 1 = 1,3% 2 = 4% ≥ 3 = 9% de risco de eventos cardiovasculares adversos maiores
41
Quanto tempo um paciente deve esperar após revascularização coronariana antes de se submeter a uma cirurgia eletiva não cardíaca?
ACC / AHA 2016 - Stent metálico = 1 mês de dupla terapia antiplaquetária - Stent farmacológico = 6 meses de dupla terapia antiplaquetária Se SCA ou alto risco (stents longos, sobrepostos ou trombose intra stent) = 12 meses
42
Quais são as recomendações atuais para o uso de β-bloqueio perioperatório e estatinas para a redução de riscos cardiovasculares?
Se o paciente ja toma BB = manter Não iniciar no dia da cirurgia se ele não tomava previamente As estatinas devem ser continuadas perioperatoriamente, e é razoável iniciar a terapia com estatina em pacientes que serão submetidos a cirurgia vascular. Em pacientes com indicações clínicas para o uso da estatina, considera-se a iniciação perioperatória.
43
Quais os principais tipos de insuficiência cardíaca?
As duas categorias de insuficiência cardíaca são: - disfunção sistólica (diminuição da fração de ejeção por contratilidade diminuída) - disfunção diastólica (aumento das pressões de enchimento com relaxamento anormal, mas contratilidade e fração de ejeção preservadas) Porém os pacientes podem ter a combinação das duas.
44
Quais são as causas comuns de cada tipo de insuficiência cardíaca?
Sistólica (FEr e contratilidade reduzida) = doença cardíaca isquêmica Diastólica (Aumento de pressões de enchimento) = HAS e idade avançada
45
Pacientes com insuficiência cardíaca avançada ou descompensada devem ser submetidos a anestesia?
A insuficiência cardíaca descompensada é uma condição cardíaca de alto risco, e a cirurgia eletiva deve ser adiada até que seja controlada. Pacientes com insuficiência cardíaca de classe IV podem ser submetidos a anestesia, mas os riscos e os benefícios do procedimento devem ser discutidos com um cardiologista e deve-se planejar uma técnica anestésica de menor risco. Pacientes com insuficiência cardíaca têm aproximadamente 10% de risco de eventos cardiovasculares em comparação com aproximadamente 3% em pacientes com DAC.
46
Quando um ecocardiograma pré-operatório é indicado para pacientes com insuficiência cardíaca?
Para pacientes com insuficiência cardíaca, a avaliação pré-operatória de rotina da função ventricular esquerda com ecocardiograma não é recomendada. Se os pacientes apresentarem sintomas novos ou piora dos existentes, uma mudança na condição clínica no ano anterior ou dispneia de origem desconhecida, um ecocardiograma é uma investigação razoável antes da cirurgia. Sintomas de ganho de peso recente, queixas de falta de ar, fadiga, ortopneia, dispneia paroxística noturna, tosse noturna, edema periférico, hospitalizações recentes ou mudanças na avaliação médica sugerem avaliação ecocardiográfica
47
Todos os sopros cardíacos estão associados à doença valvar?
Nem todos os sopros cardíacos são patológicos. Os sopros funcionais surgem do fluxo turbulento através dos tratos de saída aórtica ou pulmonar em estados de alto débito, tais como hipertireoidismo, gravidez ou anemia. Os sopros funcionais não estão associados a anormalidades valvares. É difícil, mesmo para cardiologistas experientes, diferenciar os sopros funcionais dos patológicos.
48
Quais tipos de sopro cardíaco são sempre patológicos?
Os sopros diastólicos são sempre patológicos e requerem avaliação.
49
Quais são alguns dos indícios clínicos que sugerem que o paciente possa ter doença valvar?
Fatores importantes para doença valvar incluem idade avançada, DAC, histórico de febre reumática, sobrecarga de volume, doença pulmonar, cardiomegalia, ECG anormal ou sopro. Os mesmos fatores de risco que predizem DAC preveem estenose ou esclerose aórtica.
50
Quando o ecocardiograma pré-operatório é indicado para um paciente com sopro cardíaco?
Para pacientes com sopro cardíaco, pode-se indicar um ecocardiograma pré-operatório se é planejada uma anestesia geral ou neuroaxial, se houver suspeita de grau moderado ou maior de estenose valvar ou regurgitação, e nenhum exame semelhante tiver sido realizado no ano anterior. Também pode ser indicado se houver uma alteração significativa no estado clínico.
51
Pacientes com doença valvar devem ser submetidos a cirurgia eletiva?
Contanto que os aspectos hemodinâmicos da anormalidade valvar forem levados em consideração, pacientes com doença moderada, estenose aórtica grave assintomática, insuficiência mitral grave assintomática ou insuficiência aórtica grave assintomática com função ventricular esquerda normal podem passar por cirurgia eletiva. É recomendado um monitoramento intraoperatório e pós-operatório apropriado, pois esses pacientes estão em risco perioperatório elevado. Se uma intervenção valvar for, de outro modo, indicada com base em sintomas ou gravidade da doença, a intervenção valvar pré- operatória antes da cirurgia eletiva não cardíaca é uma recomendação de classe I para a redução do risco perioperatório. A substituição ou o reparo podem ser indicados.
52
Para quais pacientes a profilaxia contra endocardite infecciosa é indicada? Para quais procedimentos?
A profilaxia antibiótica para endocardite infecciosa é recomendada para pacientes com válvulas cardíacas protéticas ou material protético de reparação valvar; os pacientes com endocardite infecciosa anterior; doença cardíaca congênita cianótica não reparada, defeito completamente reparado com material protético nos últimos 6 meses, ou defeito reparado com doença residual; e receptores de transplante cardíaco com válvula estruturalmente anormal e regurgitação. Nestes pacientes, apenas um número limitado de procedimentos requer profilaxia, incluindo procedimentos dentários envolvendo manipulação da gengiva ou perfuração da mucosa oral. Os procedimentos não dentários podem exigir profilaxia somente se envolver manipulação de tecido infectado ou para procedimentos no trato respiratório. Os procedimentos do trato genitourinário e gastrointestinal não exigem profilaxia antibiótica de rotina.
53
Que condições, geralmente, sugerem a colocação de um marca-passo ou de um cardioversor desfibrilador implantável (CDI)?
Os pacientes com insuficiência cardíaca, cardiomiopatias ou arritmias potencialmente letais podem ter um CDI colocado. Pacientes com bradiarritmias ou bloqueio cardíaco podem exigir marca-passos
54
Quais os desafios enfrentados com o uso perioperatório de um dispositivo cardíaco eletrônico implantável (DCEI)? Quais são os riscos potenciais para o paciente?
A interferência eletromagnética (IEM) pode interferir na função normal de um dispositivo cardíaco eletrônico implantável (DCEI), marca-passos e cardioversores desfibriladores implantáveis (CDI). A IEM é causada mais comumente por cautério monopolar (“Bovie”), radiação externa, magnetismo ou estimulação elétrica. A IEM pode ser sentida pelo marca-passo como uma atividade elétrica do coração e fazer com que o marca-passo suspenda inapropriadamente a terapia. Isso pode fazer com que o paciente dependente de marca-passo tenha episódios de bradicardia e instabilidade hemodinâmica. A IEM pode ser sentida pelo CDI como uma arritmia maligna, fazendo com que o CDI se descarregue indevidamente. Um movimento súbito inesperado do paciente durante momentos críticos de uma cirurgia delicada é potencialmente catastrófico, ou o CDI pode dar choques inadequados no miocárdio. Os DCEis devem ser configurados para “ignorar” a IEM (modo assíncrono para marca-passos e suspensão de terapias de taquiarritmia para CDIs) para evitar essas complicações. Se um DCEI for reprogramado para um procedimento cirúrgico, o dispositivo deve ser reinterrogado e reativado antes que o paciente deixe a configuração de monitorização.
55
Qual é a resposta típica de um CDI a um imã? E do marca￾passo? E em um paciente com CDI que também é dependente de marca-passo?
. Um imã, geralmente, suspende a função antitaquicárdica de um CDI e a função normal é retomada quando o magneto é removido. Um imã, geralmente, colocará um marca-passo em modo assíncrono em uma frequência cardíaca definida determinada pelo fabricante do dispositivo. Um imã irá desativar apenas o CDI, mas não terá efeito sobre a função de estimulação de um DCEI que realiza função dupla. Portanto, um paciente dependente de marca-passo com um DCEI deve ter o dispositivo reprogramado para um modo de estimulação assíncrona se a IEM for antecipada e um magneto for usado. Embora geralmente verdadeiro, esses modos de imã podem ser alterados em certos dispositivos, e a determinação da resposta a um imã é mais bem determinada pelo serviço de eletrofisiologia.
56
Existem procedimentos para os quais a interferência eletromagnética em um DCEI não é uma preocupação?
A IEM raramente é causada por procedimentos abaixo da linha umbilical. Se for utilizado cautério bipolar, o risco é reduzido.
57
Que condições clínicas são preditoras de complicações pulmonares pós-operatórias
Os preditores de complicações pulmonares pós￾operatórias (CPPs) incluem idade avançada, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, tabagismo, má saúde geral (sensório deficiente, dependência funcional) e SAOS.
58
Quais métodos são eficazes para reduzir a taxa de CPPs?
O risco de CPP é reduzido ao se maximizar o fluxo de ar em doenças obstrutivas (uso apropriado de corticosteroides e agonistas β-adrenérgicos), tratamento de infecções, tratamento de insuficiência cardíaca e uso pós-operatório de espirometria de incentivo, respiração profunda, pressão expiratória final positiva e pressão positiva contínua das vias aéreas. Regimes de exercícios pré-operatórios para aumentar a capacidade funcional dos pacientes também podem reduzir o risco.
59
Exames específicos podem prever o risco de CPP?
. Exames de rotina com teste de função pulmonar, radiografia de tórax ou gasometria arterial não antecipam ou diminuem CPPs.
60
O que é síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS)?
A SAOS é a obstrução intermitente das vias aéreas ou dessaturações significativas durante o sono
61
Quais condições comórbidas estão associadas à SAOS?
A SAOS está associada a taxas aumentadas de diabetes, hipertensão, fibrilação atrial, bradiarritmias, ectopia ventricular, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, cardiomiopatia dilatada e DAC.
62
Quais componentes do histórico médico ou exame físico do paciente podem identificar pessoas em risco de SAOS? Existe algum questionário que prevê o diagnóstico da SAOS?
O questionário STOP-BANG pode ser usado para identificar pacientes em risco de SAOS. As questões abordam ronco, fadiga diurna, apneias observadas durante o sono, tratamento da pressão arterial alta, IMC de 35 ou mais, idade igual ou superior a 50 anos, circunferência do pescoço superior a 40 cm (15,7 polegadas) e sexo masculino. Os pacientes correm alto risco de SAOS se responderem sim a três ou mais itens.
63
Qual é o impacto da SAOS sobre a anestesia?
A ventilação com máscara, laringoscopia direta, intubação endotraqueal e visualização das vias aéreas com fibra óptica são mais difíceis em pacientes com SAOS. Os pacientes com SAOS podem apresentar obstrução perioperatória das vias aéreas, hipoxemia, atelectasias, isquemia, pneumonia, necessidade de reintubação pós-operatória e hospitalizações prolongadas.
64
Pacientes que se submeterão a anestesia devem levar seus dispositivos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) para o hospital?
Se o CPAP for usado em casa, o paciente deve trazer o dispositivo CPAP doméstico no dia do procedimento para uso perioperatório.
65
Quais são as recomendações publicadas da American Society of Anesthesiologists (ASA) quanto aos cuidados perioperatórios de pacientes com SAOS?
A ASA recomenda que pacientes com SAOS tenham diagnóstico e tratamento pré-operatório. A adequação da cirurgia ambulatorial deve ser revisada, uma vez que pacientes com SAOS apresentam maior risco de complicações perioperatórias e hospitalização prolongada do que pacientes sem SAOS.
66
Qual índice de massa corporal (IMC) define obesidade extrema?
Um IMC superior a 40 define obesidade extrema.
67
Quais condições comórbidas estão associadas à obesidade?
A obesidade está associada a SAOS, insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensão, hipertensão pulmonar, manejo difícil das vias aéreas e diminuição da oxigenação arterial.
68
. Quais efeitos fisiológicos a hiperglicemia crônica pode ter sobre os órgãos?
A hiperglicemia crônica pode resultar em insuficiência renal, acidentes vasculares cerebrais, neuropatias periféricas, deficiência visual e doenças cardiovasculares.
69
Que complicações perioperatórias podem ser derivadas da hiperglicemia crônica?
A hiperglicemia crônica contribui para a má cicatrização de feridas, infecções no local cirúrgico e infecções sanguíneas.
70
Se um paciente diabético apresentar hiperglicemia pré- operatória, a cirurgia deve ser cancelada? Existe algum benefício em diminuir agudamente o nível glicêmico?
Desde que o paciente não apresente sinais de cetose ou desidratação, não há evidência para apoiar o cancelamento da cirurgia de um paciente com hiperglicemia pré-operatória. Não é provável que o controle rigoroso da glicose no período perioperatório imediato tenha um impacto substancial nos resultados em pacientes que passarão por cirurgia. Não há dados que corroborem o cancelamento de procedimentos para qualquer aumento do nível de glicose no sangue. No entanto, o controle pré-operatório ótimo da glicemia deve ser o objetivo de uma cirurgia eletiva de maior risco. A diabetes mal controlada está associada ao aumento das infecções perioperatórias e à cicatrização insatisfatória de feridas. Medir a HbA1c é uma maneira precisa de avaliar o controle em longo prazo e prevê os níveis perioperatórios de glicose no sangue. Evitar a hipoglicemia perioperatória é fundamental.
71
Qual é a significância clínica de uma doença renal para o paciente pré-operatório?
A doença renal está associada a hipertensão, doenças cardiovasculares, sobrecarga de volume intravascular, anormalidades eletrolíticas, acidose metabólica e, muitas vezes, à necessidade de alterar os tipos ou quantidades de fármacos anestésicos administrados
72
A insuficiência renal é um fator de risco para complicações perioperatórias?
A insuficiência renal com nível de creatinina acima de 2 mg/dl é um critério do RCRI para risco de MACE.
73
Quando o paciente com doença renal terminal deve receber diálise antes da cirurgia?
A diálise é mais bem realizada dentro de 24 horas antes da cirurgia, mas não imediatamente antes, para evitar depleção aguda de volume e alterações eletrolíticas
74
A cirurgia deve ser cancelada se o paciente em diálise apresentar um nível de potássio pré-operatório de 5,8 mEq/dl?
Os pacientes com elevações crônicas de potássio toleram hipercalemia leve. Se o nível de potássio for inferior a 6 mEq/dl e dentro da faixa dos níveis estabelecidos pelo paciente, a hipercalemia crônica não precisa ser corrigida
75
O meio de radiocontraste piora a função renal em pacientes normais?
O meio de radiocontraste diminui transitoriamente a taxa de filtração glomerular (TFG) na maioria dos pacientes, mas os pacientes com diabetes ou insuficiência renal estão em maior risco.
76
O risco de lesão renal pode ser reduzido em pacientes que recebem radiocontraste?
. O risco de lesão renal por radiocontraste pode ser reduzido com hidratação simples em pacientes com TFG inferior a 60 ml/kg/min e manutenção de pressão arterial média adequada.
77
A anemia é um prognóstico para riscos de morbidade e mortalidade perioperatória?
A anemia é um marcador de risco aumentado de morte perioperatória. Tanto a anemia quanto transfusões de sangue preveem riscos de morbidade e mortalidade perioperatórios.
78
Um paciente com anemia requer uma avaliação adicional para identificar sua causa antes de cirurgia eletiva?
Para um procedimento eletivo, a anemia deve ser avaliada pré-operatoriamente. Os esforços devem ser direcionados para corrigir a anemia e evitar transfusões. A administração de eritropoietina é indicada em certos pacientes (p. ex., insuficiência renal, anemia por doença crônica, recusa de transfusão) se for antecipada uma perda de sangue significativa. Se um paciente é assintomático com anemia crônica e está passando por um procedimento de baixo risco, a transfusão não é indicada, a menos que a hemoglobina esteja abaixo de 6 g/dl. Se um paciente tiver DAC ou uma perda significativa de sangue for prevista, a transfusão para alcançar um nível mais alto de hemoglobina pode ser indicada. Se a causa da anemia for desconhecida, uma avaliação é indicada. Um paciente com doença falciforme deve ser avaliado por um hematologista perioperatoriamente para orientar a terapia.
79
Qual é a significância clínica da idade avançada no paciente pré-operatório?
Os pacientes com idade avançada são mais propensos a ter doenças comórbidas, incluindo artrite, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e insuficiência renal. Eles também podem responder de forma diferente aos fármacos, e a dosagem dos medicamentos pode precisar ser alterada.
80
Pacientes idosos apresentam maior risco de internação hospitalar após cirurgia ambulatorial?
Pacientes com idade superior a 85 anos com antecedentes de internação hospitalar nos últimos 6 meses estão em risco de internação pós-operatória após cirurgia ambulatorial
81
Como um paciente com ordem de não ressuscitação (DNR) é transferido da enfermaria para a sala cirúrgica?
O paciente tem direito à autodeterminação no período perioperatório. As políticas de DNR (não ressuscitação) devem ser revisadas com o paciente ou com o representante do paciente antes da cirurgia e modificadas conforme necessário para manter os desejos do paciente. Existem três partes para o DNR perioperatório. A escolha A é uma tentativa completa de ressuscitação. Esta escolha exige suspensão total das diretivas existentes durante o período anestésico e pós-operatório imediato, consentindo o uso de quaisquer procedimentos de ressuscitação para tratar eventos clínicos durante esse período. A escolha B é uma tentativa limitada de ressuscitação, definida em relação a procedimentos específicos, que podem aplicar ou rejeitar certas medidas específicas de ressuscitação (p. ex., compressões torácicas, desfibrilação, intubação traqueal). A escolha C é uma tentativa limitada de ressuscitação definida em relação aos objetivos do paciente. Esta escolha permite que o anestesiologista e a equipe cirúrgica usem o discernimento clínico para determinar quais procedimentos de ressuscitação são apropriados no contexto da situação e os objetivos declarados do paciente.
82
Quais são alguns dos fatores relacionados ao paciente, procedimento e logística que o anestesiologista considera ao escolher uma técnica anestésica?
Muitos fatores influenciam a escolha pelo anestesiologista da técnica anestésica ideal. Os fatores relativos ao paciente incluem doenças coexistentes do paciente, risco de aspiração, idade, cooperação do paciente, facilidade antecipada de manejo das vias aéreas, estado de coagulação, resposta prévia à anestesia e preferências expressas do paciente. Os fatores relacionados ao procedimento incluem local da cirurgia, técnica cirúrgica, posição do paciente durante a cirurgia e duração prevista da cirurgia. Os fatores logísticos incluem disposição pós￾operatória, plano de analgesia e disponibilidade de equipamentos para a técnica desejada.
82
Que efeitos colaterais da anestesia geral são comumente divulgados aos pacientes?
Com a anestesia geral, os efeitos colaterais que ocorrem com frequência, mas têm consequências mínimas, incluem danos orais ou dentários, dor de garganta, rouquidão, náuseas/vômitos pós-operatórios, sonolência/confusão e retenção urinária. Os efeitos colaterais da anestesia geral que ocorrem com pouca frequência, mas têm consequências graves, incluem despertar intraoperatório, perda de visão, aspiração, insuficiência de órgãos, hipertermia maligna, reações medicamentosas, ausência de despertar/recuperação e morte
82
Que efeitos colaterais da anestesia regional são comumente divulgados aos pacientes?
Com a anestesia regional, os efeitos colaterais que ocorrem com frequência, mas com impacto mínimo, incluem dormência/fraqueza prolongada, cefaleia pós-punção dural e falha na técnica. Os efeitos colaterais da anestesia regional que ocorrem com pouca frequência, mas com consequências graves, incluem sangramento, infecção, dano/paralisia nervosa, dormência/fraqueza persistente, convulsões, coma e morte.
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Por que uma avaliação de riscos precisa é importante?
Uma avaliação precisa dos riscos fornece uma linguagem comum para a comunicação entre paciente e cirurgião, especialmente quanto à recomendação de adiar ou cancelar um procedimento. A avaliação de riscos ajuda na comparação de resultados, alocação de recursos e compensação. Também é essencial para obter o consentimento informado do paciente.
84
Quais ferramentas de avaliação de riscos estão disponíveis?
O estado físico da ASA é um método sólido e simples para estratificar os pacientes quanto ao risco, embora não considere os riscos inerentes ao procedimento. O Programa Nacional de Melhoria da Qualidade Cirúrgica (NSQIP) do American College of Surgeons (ACS), que é facilmente acessado on-line em www.riskcalculator.facs.org, fornece uma estimativa abrangente dos riscos relativos aos procedimentos e aos pacientes.
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. Como o consentimento informado é obtido?
O consentimento informado é obtido quando um paciente concorda em prosseguir após ouvir e entender as indicações para o tratamento, bem como as alternativas. Tanto os riscos quanto os benefícios das opções de tratamento são discutidos em termos de fácil compreensão para leigos. Como os pacientes, geralmente, estão sob considerável estresse logo antes de um procedimento, uma atitude calma e reconfortante ajudará a aliviar a ansiedade, que pode impedir o processo de consentimento informado
86
Todos os medicamentos devem ser continuados perioperatoriamente?
Os medicamentos perioperatórios devem ser avaliados caso a caso. As condições comórbidas do paciente e a natureza do procedimento devem ser consideradas. Geralmente, medicamentos cardíacos, medicamentos anti-hipertensivos e diuréticos que não da alça tomados para hipertensão são continuados pré-operatoriamente. Se os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRAs) forem continuados, as doses de indução e outros medicamentos anestésicos podem ser alterados e vasopressores devem estar disponíveis para prevenir ou mitigar a hipotensão.
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Bloqueadores β-adrenérgicos devem ser continuados pré- operatoriamente?
. Existem recomendações de classe I de que os β- bloqueadores devem ser continuados pré-operatoriamente em pacientes que os tomam para tratar angina, arritmias sintomáticas ou hipertensão arterial.
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As estatinas devem ser continuadas pré-operatoriamente?
As estatinas devem ser continuadas pré-operatoriamente, pois demonstraram reduzir a duração da internação e o risco de AVC, disfunção renal, IM e até mesmo morte. A interrupção da administração de estatinas está associada a um risco aumentado.
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Os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRAs) devem ser continuados pré-operatoriamente?
Continuar IECAs ou BRAs antes da cirurgia pode contribuir para a hipotensão sob anestesia, embora nenhum dano derivado desses eventos tenha sido estabelecido. Pacientes com insuficiência cardíaca ou DAC podem estar em risco aumentado com a descontinuação de IECAs ou BRAs. Esses medicamentos podem ser descontinuados de 12 a 24 horas antes da cirurgia, se tomados apenas para hipertensão e se o procedimento cirúrgico for demorado, houver perda significativa de sangue ou deslocamento de fluidos, ou se houver uma administração planejada de anestesia geral
90
Como a aspirina é administrada perioperatoriamente? Deve sempre ser interrompida?
A administração perioperatória da aspirina é determinada de acordo com o risco de sangramento versus o risco de complicações trombóticas com a descontinuação. Geralmente, se a aspirina é tomada para prevenção primária (sem antecedentes de acidente vascular cerebral, stents ou IM), ela pode ser interrompida com segurança de 5 a 7 dias antes da cirurgia. Em pacientes de alto risco (histórico de stents ou doença vascular), a aspirina é continuada, a menos que o risco de hemorragia em um espaço fechado com cirurgia seja muito alto (intracraniano ou intraespinhal).
91
Como os agentes antiplaquetários são administrados para a anestesia regional ou neuroaxial?
A administração de agentes antiplaquetários para a anestesia regional/neuroaxial é orientada por recomendações da American Society of Regional Anesthesia (ASRA). Em 2015, as diretrizes foram atualizadas para estratificar os procedimentos de acordo com o risco de sangramento, incluindo baixo risco (p. ex., bloqueios de nervos periféricos), risco intermediário (p. ex., bloqueios paravertebrais) e alto risco (p. ex., instrumentação epidural). Embora os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) sejam interrompidos por 5 meias-vidas do medicamento apenas para procedimentos de alto risco, o clopidogrel é interrompido durante 7 dias para procedimentos de risco intermediário e alto risco. A aspirina, se for usada para prevenção primária, é interrompida por 6 dias apenas em procedimentos de alto risco
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Como os anticoagulantes são administrados para a anestesia regional ou neuroaxial?
A administração de anticoagulantes para a anestesia regional/neuroaxial é orientada por diretrizes da ASRA. A heparina intravenosa é interrompida por 4 horas antes de qualquer procedimento, e a heparina subcutânea é interrompida por 8 a 10 horas. A heparina de baixo peso molecular (HBPM) é interrompida por 12 horas para doses profiláticas e 24 horas para administração terapêutica. A varfarina é interrompida por 5 dias antes dos procedimentos de risco alto ou intermediário. Anticoagulantes mais recentes, como a dabigatrana (4 a 5 dias), a rivaroxabana (3 dias) e a apixabana (3 a 5 dias), são descontinuadas antes de procedimentos de risco alto ou intermediário.
93
Para quais pacientes a ponte com anticoagulante é indicada?
A ponte de anticoagulante com HBPM está indicada para pacientes com alto risco (> 10% anualmente) de complicações trombóticas. Este grupo inclui pacientes com válvulas cardíacas mecânicas específicas (prótese mitral, válvula de disco basculante e válvula tipo bola e gaiola, e derrame/AIT nos últimos 6 meses); fibrilação atrial e um escore CHADS2 de 5 ou 6, acidente vascular cerebral/AIT nos últimos 3 meses, doença valvar reumática; tromboembolismo venoso nos últimos 3 meses ou trombofilia grave (p. ex., deficiência de proteína C ou S, deficiência de antitrombina, anticorpos antifosfolipídicos). O uso de ponte de anticoagulante não é recomendado para pacientes de baixo risco.
94
Se a varfarina for interrompida antes da cirurgia, por quantos dias deve ser suspensa?
Se o IIN for de 2 a 3, a administração de varfarina é interrompida 5 dias antes da maioria das cirurgias (a menos que o procedimento seja menor, tal como uma cirurgia de catarata) para permitir que o IIN diminua para menos de 1,5.
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Quando a heparina de baixo peso molecular (HBPM) deve ser interrompida antes da cirurgia?
A HBPM é interrompida 12 horas se for a dose profilática de 0,5 mg/kg/dia ou 24 horas se for a dose terapêutica de 1 mg/kg/dia antes de procedimentos com risco de hemorragia ou anestesia neuroaxial planejada.
96
O que deve ser feito se o índice internacional normalizado (IIN) estiver alto perto do dia da cirurgia?
. Se o IIN for medido um dia ou dois antes da cirurgia e for maior que 1,8, uma pequena dose de vitamina K (1-5 mg por via oral ou subcutânea) pode reverter a anticoagulação.
97
Para quais pacientes a HBPM é contraindicada?
A HBPM é tipicamente contraindicada em pacientes com depuração de creatinina inferior a 40 ml/min, peso corporal superior a 150 kg, alergia porcina, trombocitopenia induzida por heparina ou histórico de complicações hemorrágicas com a HBPM.
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Como a dosagem de insulina para diabéticos tipo 1 e tipo 2 deve ser administrada pré-operatoriamente?
A HBPM é tipicamente contraindicada em pacientes com depuração de creatinina inferior a 40 ml/min, peso corporal superior a 150 kg, alergia porcina, trombocitopenia induzida por heparina ou histórico de complicações hemorrágicas com a HBPM
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Uma insulina de ação ultralonga, tal como a glargina, deve ser continuada no dia da cirurgia?
Uma insulina de ação ultralonga, como a glargina, continua no dia da cirurgia, mas a dose não deve exceder 1 unidade/kg ou mais
100
Quais medicamentos devem ser descontinuados para a realização da cirurgia?
Os suplementos fitoterápicos e não vitamínicos são descontinuados 7 a 14 dias antes da cirurgia. A administração de AINEs deve ser interrompida 48 horas antes da cirurgia, a menos que a anestesia neuroaxial seja planejada, para a qual recomenda-se o uso de AINEs por pelo menos 5 meias-vidas. Cremes tópicos, pomadas e medicamentos para disfunção erétil são interrompidos 24 horas antes da cirurgia. A sildenafila só deve ser continuada perioperatoriamente se for tomada por insuficiência cardíaca direta ou hipertensão pulmonar. Vitaminas, minerais e ferro não devem ser tomados no dia da cirurgia.
100
A metformina precisa ser interrompida no dia da cirurgia? A cirurgia deve ser cancelada se o paciente tiver tomado metformina?
A metformina é administrada no dia da cirurgia. No entanto, não causará hipoglicemia durante os períodos de jejum de 1 a 2 dias e não há risco de acidose láctica com metformina em pacientes com fígado e rins em funcionamento, portanto a cirurgia não precisa ser cancelada se o paciente tiver tomado metformina
100
Os medicamentos hipoglicemiantes orais devem ser interrompidos no dia da cirurgia?
Para evitar hipoglicemia potencial em pacientes em jejum de alguns agentes orais, os hipoglicemiantes orais geralmente são interrompidos no dia da cirurgia.
100
Quais medicamentos devem ser continuados no dia da cirurgia?
No dia da cirurgia, os pacientes devem continuar com medicamentos para asma, pílulas anticoncepcionais, medicamentos cardíacos, triamtereno e hidroclorotiazida, se utilizados para hipertensão (enquanto os diuréticos da alça são, geralmente, interrompidos), colírios para olhos, medicamentos de refluxo gastrointestinal, medicamentos para convulsões, esteroides (oral ou inalado), medicamentos para tireoide e medicamentos autoimunes como o metotrexato. Etanercepte, infliximabe e adalimumabe geralmente são descontinuados, mas deve-se verificar com os médicos prescritores e cirurgiões. Os pacientes podem continuar compostos de estrogênio quando usados para controle de natalidade ou terapia contra o câncer e opioides para dor ou dependência
101
Que medicamento fitoterápico não deve ser descontinuado abruptamente antes da cirurgia?
A valeriana é um depressor do sistema nervoso central, que pode causar uma abstinência semelhante à dos benzodiazepínicos quando interrompida abruptamente. É mais seguro diminuir esta medicação.
102
A anestesia neuroaxial é contraindicada para pacientes que tomam medicamentos fitoterápicos?
A terapia fitoterápica por si só não é uma contraindicação absoluta à anestesia neuroaxial ou regional de acordo com as diretrizes da ASRA. No entanto, para procedimentos eletivos que envolvem alto risco de sangramento, recomenda-se a interrupção de agentes que potencializem o sangramento durante 7 dias (alho, dong quai, danshen, ginkgo biloba, ginseng). As mesmas recomendações são seguidas para procedimentos de risco baixo ou médio em pacientes com outros fatores de risco (idade avançada, disfunção renal/hepática, histórico de hemorragia grave com procedimentos)
103
Medicamentos psiquiátricos devem ser continuados pré- operatoriamente?
Os medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e psiquiátricos, incluindo inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), continuam pré-operatoriamente. O manejo da anestesia pode precisar ser alterado para pacientes que tomam IMAOs
104
Os inibidores da monoamina oxidase (IMAOs) devem ser descontinuados antes da cirurgia?
Os IMAOs têm uma longa duração de ação, aproximadamente 3 semanas. A interrupção das IMAO pode causar depressão grave ou causar suicídio. A alternativa mais segura é continuar os IMAOs e ajustar o plano anestésico.
105
Narcóticos, ansiolíticos ou terapias de reposição de nicotina devem ser interrompidos antes da cirurgia?
Os pacientes podem continuar o uso de narcóticos para dor para prevenir sintomas de abstinência e desconforto. Os ansiolíticos também são continuados. As substâncias usadas para tratamento de vício, tais como a metadona ou terapias de substituição de nicotina, também são continuadas
106
Os pacientes que usam esteroides orais devem tomar o esteroide no dia da cirurgia?
Pacientes que tomam esteroides orais devem tomar a dose habitual no dia da cirurgia
107
Quanto cortisol um paciente produz tipicamente em um dia?
. Uma produção adrenal diária normal de cortisol é de 30 mg, o que equivale a 5 a 7,5 mg de prednisona
108
uais pacientes estão em risco de insuficiência adrenal?
O eixo hipotálamo-hipófise (EHH) pode ser suprimido em pacientes que tomam de 5 a 20 mg/dia de prednisona ou seu equivalente por mais de 3 semanas. O EHH geralmente é suprimido com mais de 20 mg/dia de prednisona por mais de 3 semanas. O risco de insuficiência adrenal permanece por até 1 ano após a cessação de doses elevadas de esteroides. Um paciente com EHH suprimido pode precisar de esteroides perioperatórios complementares se seu EHH não consegue aumentar a produção de glicocorticoides durante o período de cirurgia, trauma ou infecção.
109
Quais são os riscos associados aos esteroides em altas doses?
Os esteroides de alta dose estão associados a infecções, psicose, má cicatrização de feridas e hiperglicemia.
110
Como os glicocorticoides perioperatórios (p. ex., esteroides em dose de estresse) podem ser administrados para um paciente que toma esteroides de forma crônica?
Os pacientes que tomam esteroides de forma crônica devem ter sua dose perioperatória de glicocorticoide guiada pelo estresse e duração da cirurgia. Para um procedimento menor (p. ex., herniorrafia inguinal), o equivalente de hidrocortisona alvo é de 25 mg/dia, de modo que uma suplementação adicional não é necessária e o paciente deve apenas tomar a dose diária usual de esteroides. Para um procedimento cirúrgico de estresse moderado (ressecção do cólon, artroplastia total, revascularização das extremidades inferiores), o equivalente de hidrocortisona alvo é de 50 a 75 mg/dia por 1 a 2 dias. O paciente toma a dose diária habitual de esteroides, recebe 50 mg de hidrocortisona intraoperatória, depois 20 mg de hidrocortisona a cada 8 horas após o primeiro dia pós-operatório e, em seguida, retoma a administração domiciliar de esteroides. Se uma grande cirurgia é planejada (pancreatoduodenectomia, esofagectomia), então o equivalente de hidrocortisona alvo é de 100 a 150 mg/dia durante 2 a 3 dias. O paciente deve tomar a dose diária habitual de esteroides, receber 50 mg de hidrocortisona intraoperatória e continuar com 50 mg de hidrocortisona a cada 8 horas no segundo dia do pós-operatório. Após o segundo dia do pós￾operatório, o paciente retoma a dose domiciliar do esteroide.
111
Que medicamentos podem ser oferecidos pré- operatoriamente para pacientes com histórico de severas náuseas e vômitos no pós-operatório (NVPO)?
Pacientes com risco de NVPO podem receber escopolamina transdérmica de 2 a 4 horas antes da cirurgia. A escopolamina está contraindicada em pacientes com glaucoma de ângulo fechado.
112
Quem está em risco de aspiração pulmonar e como esses pacientes devem ser pré-medicados?
Os pacientes com maior risco de aspiração pulmonar incluem mulheres em trabalho de parto, pacientes com massas intra-abdominais, indivíduos sem jejum e pacientes com esfíncter esofágico inferior incompetente com refluxo, hérnia hiatal sintomática, diabetes melito, distúrbios da motilidade gástrica, vias aéreas difíceis antecipadas, obstrução intestinal e ascite. A alteração do conteúdo gástrico para aumentar o pH e limitar a gravidade da aspiração pulmonar potencial pode ser alcançada com antagonistas de histamina-2 (H2), inibidores da bomba de prótons e antiácidos não particulados. O esvaziamento gástrico pode ser estimulado com agentes procinéticos.
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Quais são as diretrizes para ingestão de alimentos e líquidos para pacientes adultos antes de cirurgia eletiva?
A ASA divulgou diretrizes de prática para o jejum pré- operatório. Até 8 horas antes da cirurgia, qualquer alimento ou fluido pode ser consumido. Para pacientes sem fatores de risco de aspiração pulmonar, aplica-se o seguinte: até 6 horas antes da cirurgia, o paciente pode fazer uma refeição leve (torrada e dieta líquida clara), fórmula infantil ou leite não humano; até 4 horas antes da cirurgia, o leite materno pode ser consumido; até 2 horas antes da cirurgia, o paciente pode receber dieta líquida clara sem leite, polpa ou álcool. Durante as 2 horas anteriores à cirurgia, nenhum sólido ou líquido pode ser ingerido por via oral. Se o paciente tiver fatores de risco de aspiração pulmonar, nenhum alimento ou líquido deve ser consumido nas 8 horas anteriores à cirurgia. O consumo pré-operatório de dieta líquida clara com carboidratos tem vantagens e deve ser fortemente encorajado em indivíduos com baixo risco de aspiração. (
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Quais são as três principais categorias de técnica anestésica?
A técnica anestésica é, muitas vezes, agrupada em três categorias principais: anestesia geral, anestesia regional e cuidados anestésicos monitorados. Um procedimento cirúrgico (p. ex., cirurgia de extremidade) pode ser suscetível a mais de um tipo de anestesia.
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Quais os quatro componentes que fazem parte da definição clinicamente aceita de anestesia geral?
Os quatro componentes da anestesia geral incluem imobilidade, amnésia, analgesia e ausência de danos ao paciente. O conceito de ausência de danos foi desenvolvido devido aos efeitos potencialmente perigosos dos anestésicos gerais, como depressão respiratória e hipotensão. A abordagem moderna da anestesia geral envolve a administração de vários medicamentos, muitas vezes direcionados a um componente específico da anestesia geral (p. ex., fentanil para analgesia).
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Quais são os quatro níveis de sedação definidos pela American Society of Anesthesiologists? Descreva-os em termos de responsividade do paciente, capacidade de manter uma via aérea patente e ventilação espontânea e capacidade de manter a homeostase cardiovascular.
A American Society of Anesthesiologists (ASA) define os seguintes quatro níveis no contínuo de sedação: o Sedação superficial: o paciente responde vivamente ao estímulo verbal, e as funções respiratórias e cardiovasculares não são afetadas. o Sedação moderada: o paciente responde propositadamente aos estímulos verbais ou táteis, e as funções respiratórias e cardiovasculares geralmente são mantidas. o Sedação profunda: é necessário estímulo repetido ou doloroso para que o paciente responda. A ventilação espontânea pode ser inadequada e pode ser necessária a intervenção nas vias aéreas. A função cardiovascular é geralmente mantida. o Anestesia geral: a característica da anestesia geral é ausência de resposta do paciente, mesmo com estímulo doloroso. A intervenção nas vias aéreas geralmente é necessária, pois a ventilação espontânea geralmente é inadequada. A homeostase cardiovascular pode estar prejudicada pelos medicamentos necessários para induzir a anestesia geral.
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Qual dos quatro níveis de sedação um anestesiologista pode encontrar durante os cuidados anestésicos monitorados?
Ao atender um paciente que recebe cuidados anestésicos monitorados, um anestesiologista deve estar preparado para todos os graus de sedação, desde a sedação mínima até uma anestesia geral “não planejada” caso o procedimento cirúrgico não possa ser realizado de forma segura com a sedação. Devem estar disponíveis medicamentos apropriados e equipamentos para as vias aéreas para a anestesia geral do paciente que recebe cuidados anestésicos monitorados.
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Quais os principais fatores que influenciam a escolha da técnica anestésica?
O profissional responsável pela anestesia deve pesar vários fatores ao decidir a técnica anestésica, incluindo as demandas do tipo de procedimento cirúrgico, as doenças coexistentes do paciente e as preferências dos pacientes. Conciliar os requisitos e os riscos inerentes ao procedimento cirúrgico e à patologia que se destina a tratar (p. ex., apendicite aguda, que se apresenta para apendicectomia laparoscópica) com o paciente no qual ocorre a doença (p. ex., um paciente de 5 anos sem um acesso intravenoso naquele momento) e projetar um plano anestésico seguro e efetivo é um dos desafios mais importantes para o profissional da anestesia.
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Quais são algumas das funções perioperatórias do bloqueio do nervo periférico e da anestesia neuroaxial além da analgesia cirúrgica?
O bloqueio do nervo periférico ou anestesia neuroaxial pode ser usado em combinação com anestesia geral para fornecer analgesia pós-operatória, reduzir as taxas de dor crônica pós￾operatória e, talvez, até mesmo reduzir a perda sanguínea intraoperatória. Por exemplo, considere o desenvolvimento do protocolo de atendimento “recuperação pós-cirúrgica acelerada” (p. ex., para ressecção intestinal laparoscópica eletiva), que enfatiza o uso de analgesia neuroaxial parcial através de um cateter epidural tanto intraoperatório como pós-operatório. Nesta situação, um cateter epidural pode ser utilizado, apesar do requisito de bloqueio neuromuscular profundo e ventilação controlada para facilitar a cirurgia laparoscópica, o que requer anestesia geral durante o procedimento cirúrgico propriamente dito
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Como é definida a “analgesia preventiva”?
A analgesia preventiva é definida como analgesia com duração superior a 5,5 meias-vidas de um medicamento analgésico.
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O que é a pré-oxigenação? Por que é realizada antes da indução da anestesia?
Realizada antes da indução de anestesia para um anestésico geral, a pré-oxigenação – também chamada de desnitrogenação – é a substituição do nitrogênio na capacidade residual funcional do paciente pela inalação de oxigênio a 100% pela máscara facial. A pré-oxigenação adequada pode reduzir ou eliminar a hipoxemia que ocorre entre a indução anestésica e a instituição da ventilação controlada. Isso ocorre ao se fornecer um reservatório de oxigênio nos pulmões, que é gradualmente absorvido mesmo durante períodos de apneia. Há dois regimes que geralmente conseguem a substituição de 80% da capacidade residual funcional com oxigênio: o * Permitir que o paciente faça oito respirações de capacidade vital de oxigênio a 100% ao longo de 60 segundos. o * Permitir a respiração corrente normal com oxigênio a 100% por 3 minutos.
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Por quais vias de administração de fármacos a indução de anestesia geral pode ocorrer?
A indução anestésica pode ser realizada por uma técnica inalatória usando gases anestésicos voláteis ou por técnica intravenosa. Em alguns casos, ambas as técnicas são usadas simultaneamente. Por exemplo, um método comum de indução anestésica no paciente pediátrico é realizar uma indução inalatória buscando a imobilidade (sedação profunda ou anestesia geral) enquanto se obtém o avesso venoso; então, para garantir a profundidade adequada da anestesia para intubação, administra-se uma dose adicional de hipnótico intravenoso (p. ex., propofol) antes da instrumentação da via aérea
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Qual é o gás anestésico volátil de alta potência mais comum empregado para a indução inalatória de anestesia e por quê?
Para a indução de anestesia inalatória, o sevoflurano é mais comumente usado por causa de sua alta potência, pouco pungente e lipossolubilidade relativamente baixa, resultando na desejável velocidade de indução. O desflurano é muito pungente e provoca irritabilidade nas vias aéreas que se manifesta por tosse, broncoespasmo ou laringoespasmo; é mal tolerado como agente para indução inalatória. O isoflurano é menos pungente do que o desflurano, mas devido à sua elevada lipossolubilidade, não pode ser utilizado para induzir a anestesia geral como agente único rapidamente
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Quando é utilizada uma técnica de indução em sequência rápida (ISR)? O que diferencia uma ISR de uma indução intravenosa padrão?
A indução em sequência rápida (ISR) é empregada para os pacientes com risco de aspiração de conteúdo gástrico. Este grupo inclui pacientes com estômago cheio, tempo de jejum desconhecido, doença do refluxo gastroesofágico clinicamente significativa ou esvaziamento gástrico lentificado. O objetivo da ISR é minimizar o tempo entre o início da inconsciência e a intubação traqueal. A marca registrada da ISR é a administração de um fármaco bloqueador neuromuscular de início rápido em “sequência rápida” com um hipnótico de escolha. Após a pré- oxigenação, administra-se uma dose de intubação de um hipnótico, seguida imediatamente por uma dose de intubação de fármacos bloqueadores neuromusculares. A intubação traqueal ocorre logo que as condições de intubação são alcançadas, sem o uso de ventilação via máscara. Caso seja realizada a pressão na cricoide, ela é aplicada imediatamente após a perda de responsividade e somente liberada após a confirmação da colocação correta do tubo endotraqueal.
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Por que a ventilação via máscara não é realizada em uma ISR verdadeira? O que define uma ISR modificada?
Durante a ISR, geralmente se evita a ventilação via máscara porque ela pode resultar em insuflação gástrica, aumentando o risco de aspiração do conteúdo gástrico. Em uma ISR “modificada”, pode-se tentar, de forma criteriosa, a ventilação suave com pressão positiva com pressões inferiores a 20 cm H2O. Teoricamente, a ventilação com pressão positiva com baixos níveis de pressão reduz o risco de insuflação gástrica em comparação com a ventilação padrão via máscara e pode ser usada para reduzir o risco de hipoxemia antes da intubação traqueal.
126
Como é realizada a pressão na cricoide? Qual a eficácia da pressão na cricoide?
A pressão na cricoide é conseguida aplicando-se uma força de 30 newtons (cerca de 3 quilos) de pressão na cartilagem cricoide. Acredita-se que isso cause a oclusão do esôfago que está podteriomente e diminua o risco de aspiração do conteúdo gástrico. Embora a aplicação de pressão na cricoide para a ISR tenha sido o padrão de atendimento há décadas, uma metanálise recente não demonstrou que seu uso tenha tido um impacto mensurável nos resultados clínicos durante a ISR.
126
Qual técnica de manejo da via aérea é considerada mais segura em um paciente cooperativo com alto risco de intubação difícil ou impossível?
A intubação por fibra ótica no paciente desperto costuma ser realizada nos pacientes com alto risco de uma situação conhecida como “impossível intubar, impossível ventilar”. A característica principal desta técnica é a manutenção da consciência e, portanto, de uma via aérea patente com ventilação espontânea adequada, até que a colocação do tubo traqueal seja confirmada. Administram-se hipnóticos de indução até depois da intubação traqueal.
126
Quais são as desvantagens dos anestésicos voláteis potentes?
Os anestésicos voláteis potentes têm desvantagens quanto à manutenção da anestesia. Eles aumentam o risco de náuseas e vômitos. O despertar da anestesia está associado a um estado de hiper-reatividade paradoxal, que pode se manifestar clinicamente como hiper-reatividade das vias aéreas (broncoespasmo e laringoespasmo) e tosse. Os anestésicos voláteis também deprimem a contratilidade cardíaca e causam vasodilatação periférica, o que pode se manifestar como hipotensão clinicamente significativa
127
Qual é a técnica utilizada para a intubação traqueal em um paciente em risco de aspiração de conteúdo gástrico e intubação difícil ou impossível?
A intubação por fibra ótica no paciente desperto pode ser escolhida para um paciente com alto risco tanto de aspiração quanto de intubação difícil ou impossível. A técnica de ISR depende da intubação traqueal rápida para evitar a hipoxemia, que pode progredir para parada cardíaca caso não seja possível fornecer a ventilação assistida. Assim, uma intubação traqueal por fibra ótica no paciente acordado pode ser realizada para (1) manter a capacidade consciente do paciente de expelir o conteúdo gástrico regurgitado dos pulmões e (2) manter uma via aérea patente e a ventilação espontânea até que a colocação do tubo endotraqueal seja confirmada
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Que vantagens os anestésicos voláteis potentes oferecem como medicamento de manutenção?
Os anestésicos voláteis potentes têm várias vantagens para a manutenção da anestesia. Eles são fáceis de titular, suprimem a resposta autonômica à estimulação nociva e fornecem um grau moderado de relaxamento muscular em doses clinicamente relevantes, o que pode facilitar a exposição cirúrgica. O monitoramento da concentração de gás anestésico ao final da expiração proporciona uma medida de substituição para a profundidade da hipnose, que é tão eficaz para prevenir a consciência intraoperatória quanto os monitores de eletroencefalograma processado feitos especialmente para este fim.
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O que diferencia o óxido nitroso dos anestésicos voláteis potentes?
Existem diferenças fundamentais entre o óxido nitroso e os anestésicos voláteis potentes. O óxido nitroso proporciona relativamente menos vasodilatação e depressão cardíaca do que os anestésicos voláteis potentes. Ele também tem propriedades analgésicas, e devido à sua baixa solubilidade no sangue também tem início e término rápidos. No entanto, a concentração alveolar mínima necessária para suprimir o movimento em resposta a um estímulo doloroso é maior do que pode ser administrado na pressão atmosférica, portanto, ele não pode ser usado como agente único para garantir a hipnose
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Quais são as vantagens e desvantagens do propofol como medicamento de manutenção anestésica, em comparação com os anestésicos voláteis potentes?
O propofol possui vantagens e desvantagens distintas em comparação com os anestésicos voláteis. O propofol reduz as taxas de náuseas e vômitos no pós-operatório, e o despertar está associado a menor risco de tosse e laringoespasmo. A liberação não depende de ventilação controlada, por isso ele pode ser mais favorável para procedimentos abertos nas vias aéreas (p. ex., broncoscopia, cirurgia laríngea com ventilação intraoperatória por jato). O propofol não suprime os sinais de potencial evocado somatossensorial e motor de forma tão importante quanto os anestésicos voláteis e, portanto, pode facilitar o monitoramento neurológico intraoperatório. No entanto, o propofol requer um local confiável de administração intravenosa; não há uma maneira clinicamente disponível para medir as concentrações séricas de propofol, e o medicamento pode estar associado a taxas mais altas de consciência intraoperatória devido à interrupção inadvertida da administração intravenosa. O monitoramento da profundidade da hipnose por meio de eletroencefalografia ou potenciais evocados auditivos pode proteger contra a consciência intraoperatória, particularmente se for utilizado bloqueio neuromuscular simultaneamente.
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Cite alguns dos requisitos relacionados ao procedimento e ao paciente para uma anestesia regional bem-sucedida como a única técnica anestésica.
Para fornecer anestesia regional bem-sucedida, existem importantes requisitos a serem considerados em relação ao procedimento e ao paciente, incluindo os seguintes: o Procedimento: a localização do procedimento deve ser compatível com anestesia regional, por exemplo, as extremidades distais no caso de bloqueio do nervo periférico ou o tronco inferior e pernas no caso da anestesia neuroaxial. Não é necessário bloqueio neuromuscular sistêmico e ventilação controlada. o Paciente: para uma anestesia regional bem-sucedida, é necessário um paciente cooperativo que forneça o consentimento informado para quaisquer intervenções planejadas.
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Por que a anestesia regional ou neuroaxial pode ser particularmente desejável para pacientes com doença sistêmica grave?
Para um paciente com doença sistêmica grave, existem aspectos distintos das técnicas de anestesia regional que podem ser benéficas para o paciente. A anestesia cirúrgica pode, teoricamente, ser alcançada sem sedação sistêmica, presumindo￾se que foi feita uma seleção apropriada do procedimento. Isso evita complicações potenciais da sedação profunda e anestesia geral, incluindo depressão cardíaca em pacientes com função cardíaca marginal, liberação difícil ou impossível da ventilação controlada em pacientes com doença pulmonar subjacente grave ou efeitos farmacocinéticos imprevisíveis ou indesejáveis de insuficiência de órgãos (renal ou hepática) por medicamentos sistêmicos
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Quais são algumas das opções disponíveis para o anestesiologista caso se faça a tentativa de um bloqueio do nervo periférico, mas não seja suficiente para a anestesia?
Se a anestesia cirúrgica não for alcançada com bloqueio do nervo periférico, seja porque foi difícil ou porque o bloqueio resultante foi inadequado, estão disponíveis várias opções para o anestesiologista, dependendo da situação clínica. O bloqueio pode ser complementado com infiltração anestésica local, analgésicos e/ou sedativos intravenosos podem ser administrados, a cirurgia pode ser adiada e novas tentativas de bloqueio podem ser feitas em um momento posterior ou pode ser administrada anestesia geral.
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Liste alguns métodos farmacológicos e não farmacológicos para proporcionar sedação e ansiólise durante os cuidados anestésicos monitorados.
Embora muitos pensem primeiro em medicamentos como o meio para se fornecer sedação e ansiólise durante o cuidado anestésico monitorado, os métodos não farmacológicos também têm um papel importante na garantia da segurança e do conforto do paciente. As opções farmacológicas comumente utilizadas incluem propofol, opioides e medicamentos hipnóticos (mais comumente benzodiazepínicos). Os métodos não farmacológicos incluem distração com vídeo ou áudio e tranquilização verbal. Os métodos não farmacológicos evitam efeitos colaterais indesejáveis (p. ex., depressão respiratória, agitação paradoxal ou uma duração de ação mais longa que a exigida para o procedimento). Esses métodos podem proporcionar conforto suficiente para pacientes bem selecionados que desejam evitar medicamentos.
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Quais são as manifestações comuns de depressão respiratória por excesso de sedação?
A depressão respiratória é comum com a sedação profunda. Os efeitos respiratórios do excesso de sedação podem se manifestar como obstrução das vias aéreas superiores (ronco, apneia obstrutiva), hipoventilação e hipoxemia. Esses riscos exigem que o anestesiologista esteja preparado para auxiliar ou assumir a ventilação conforme indicar a situação clínica. Os sedativos que têm menos probabilidade de causar hipoventilação são a cetamina e a dexmedetomidina, mas esses fármacos têm outros efeitos colaterais e podem ter efeitos sedativos sinérgicos com outros medicamentos hipnóticos.
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Qual é o impacto atmosférico dos anestésicos voláteis potentes e do óxido nitroso?
Os resíduos de gases anestésicos são tipicamente eliminados por um mecanismo de sucção da sala de cirurgia para limitar a exposição ocupacional para o pessoal trabalhando na sala de cirurgia; no entanto, o gás eliminado é frequentemente ventilado para fora da instalação, no meio ambiente. Anestésicos voláteis potentes e o óxido nitroso são gases de efeito estufa que consomem a camada de ozônio. Embora o potencial de aquecimento global por volume seja maior para o desflurano, o óxido nitroso é o mais importante anestésico inalatório causador de dano atmosférico porque é usado em concentrações relativamente altas (p. ex., 50% a 70% em volume).
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Quais são as técnicas para minimizar o impacto ambiental dos anestésicos inalatórios?
O impacto ambiental é minimizado usando-se a menor quantidade total de anestésico inalatório, seja eliminando inteiramente seu uso (e fornecendo manutenção anestésica com anestesia venosa total) ou reduzindo o fluxo de gás fresco no contexto da anestesia com baixo fluxo ou de circuito fechado. Escolher o gás anestésico volátil de menor impacto, sevoflurano ou isoflurano, dependendo das taxas aceitáveis de fluxo de gases frescos, e evitar o óxido nitroso, também minimiza o impacto. Existem sistemas de coleta de resíduos (eliminados) de gases destinados a capturar os gases anestésicos antes da liberação atmosférica e, em seguida, reprocessá-los para reutilização humana; no entanto, nenhuma dessas opções é amplamente utilizada ainda. Como o óxido nitroso (de todas as fontes, incluindo o anestésico) provavelmente será a emissão prejudicial à camada de ozônio mais significativa para o século XXI, a seleção de um regime anestésico que leve em consideração o impacto ambiental – ao mesmo tempo em que acrescenta uma camada extra de complexidade à escolha da técnica anestésica – revela um reconhecimento sofisticado por parte do anestesiologista de que, como profissionais, temos um dever não apenas para com o paciente diante de nós, mas também para com futuros pacientes