28 – Hemostasia e Anticoagulação Flashcards
(153 cards)
O que é hemostasia primária?
Hemostasia primária se refere à deposição inicial de
plaquetas, ou “tampão plaquetário”, no local da lesão vascular.
Isso é resultante da adesão, ativação e agregação plaquetária.
O que ativa as plaquetas para formar o tampão plaquetário inicial na hemostasia primária?
As plaquetas não aderem à superfície endotelial em condições
normais, pois as substâncias trombogênicas são separadas das
plaquetas pelo endotélio intacto. Quando a matriz subendotelial
é exposta após lesão vascular, a adesão de plaquetas é resultante
de integrinas ativadas presentes na superfície das plaquetas que
se ligam a vários tipos de ligantes, incluindo o fator de von
Willebrand (vWF), colágeno, fibrinogênio, fibronectina e
vitronectina. Isso promove a aderência das plaquetas ao
endotélio, tornando-as ativadas.
Qual é o papel do fibrinogênio na formação do tampão
plaquetário?
Uma vez ativadas, as plaquetas recrutam e ativam plaquetas
adicionais no local da lesão vascular, onde ocorre a agregação
plaquetária. Isto é conseguido pela degranulação de plaquetas
ativadas que, por sua vez, induzem uma alteração na forma das
plaquetas, tornando-as extremamente aderentes
Qual é o papel das plaquetas ativadas na formação do tampão plaquetário?
O fibrinogênio tem um papel primário na agregação
plaquetária e na formação dos tampões. As plaquetas ativadas
induzem uma mudança conformacional na glicoproteína IIb/IIIa
em sua superfície, que possui alta afinidade pelo fibrinogênio. O
fibrinogênio faz ligações cruzadas com a glicoproteína IIb/IIIa
em plaquetas ativadas para formar pontes entre as plaquetas,
agregando e ligando plaquetas para formar o tampão plaquetário.
Este é o último passo da hemostasia primária.
Qual é o papel do fator tecidual na formação do coágulo?
Hemostasia secundária se refere à formação de fibrina
reticulada insolúvel no tampão plaquetário para estabilizá-lo e
formar um coágulo. Isso ocorre por uma interação de
mecanismos, incluindo a ativação e amplificação de fatores de
coagulação e a propagação da formação de coágulos. Isso é
comumente referido como cascata de coagulação.
O que é hemostasia secundária?
O fator tecidual é o principal iniciador da cascata de
coagulação. O fator tecidual fica exposto quando o endotélio é
rompido e se liga ao fator VII ativado (fator VIIa) circulante no
local da lesão vascular. Este complexo prossegue, ativando os
fatores X e IX e propagando ainda mais a cascata de coagulação.
Qual é o papel da trombina na formação do coágulo?
O fator X ativado forma um complexo com o fator V e o ativa,
formando o complexo protrombinase, que converte uma
pequena quantidade de protrombina em trombina. A trombina
criada amplifica ainda mais a cascata, ativando os fatores V,
VIII, XI e plaquetas. O fator IXa e VIIIa formam o complexo
tenase que ativa mais fatores X, criando, assim, uma produção
aumentada de protrombinase e trombina.
Quais são os fatores envolvidos na produção de trombina?
A trombina quebra a fibrina para formar o fibrinogênio,
quando níveis suficientes de trombina estiverem disponíveis. A
fibrina ativa o fator XIII para a ligação cruzada dos monômeros
de fibrina em uma matriz de fibrina, formando um coágulo estável.
Quais são as três principais moléculas reguladoras que ajudam a encerrar a cascata de coagulação?
A antitrombina, o inibidor da via do fator tecidual (TFPI) e a
proteína C ativada (PCA) são as três principais moléculas
reguladoras que ajudam a encerrar a cascata da coagulação. A
antitrombina inibe a trombina e muitos dos outros fatores de
coagulação ativados. O TFPI inibe diretamente o fator Xa e se
liga ao fator Xa para inibir o complexo TF-VIIa. A PCA inativa
os fatores Va e VIIIa, inativando, assim, os complexos
protrombinase e tenase
Qual é o papel da heparina endógena no controle da
coagulação?
A heparina endógena se liga à antitrombina e acelera sua
ação em mais de 100 vezes. A heparina endógena é encontrada
em células endoteliais normais e impede a formação espontânea
de coágulos nas superfícies endoteliais normais. Isso ajuda a
limitar o processo de coagulação ao endotélio danificado.
Qual é o papel da proteína S no controle da coagulação?
A proteína S aumenta consideravelmente a atividade da
proteína C ativada, que atua para encerrar a cascata de
coagulação.
Como a fibrinólise é regulada? Qual é o efeito clínico
potencial da fibrinólise sistêmica?
O ativador do plasminogênio tecidual (tPA), que é secretado
pelo endotélio lesionado, ativa o plasminogênio em plasmina. A
plasmina degrada a fibrina em produtos solúveis, tais como os
dímeros D (fibrinólise). Este processo é altamente regulado e,
normalmente, localizado na área do coágulo.
Qual é o papel do ativador do plasminogênio tecidual (tPA) no encerramento da coagulação?
A fibrinólise é altamente regulada para ocorrer apenas no
local do trombo. O ativador do plasminogênio tecidual se liga à
fibrina no coágulo; assim, a geração de plasmina é localizada na
superfície do coágulo de fibrina. Em condições normais, a
plasmina circulante que não está ligada ao coágulo de fibrina é
inibida pela α2-antiplasmina. No entanto, se a ativação da
plasmina não for controlada, ocorrerá fibrinólise sistêmica,
podendo ocasionar hemorragia profunda.
Quais são alguns dos sinais e sintomas históricos que podem indicar que o paciente sofre de um distúrbio hemorrágico?
Alguns sinais e sintomas históricos que podem indicar que
um paciente possui distúrbio hemorrágico incluem hematomas
fáceis, hemorragia da mucosa, epistaxe, sangramento
prolongado após procedimentos dentários e metrorragia
Que valor laboratorial da contagem de plaquetas indica a possibilidade de sangramento intraoperatório não controlado?
As contagens de plaquetas de 50.000 células/μL ou menos
podem estar associadas a sangramento intraoperatório não
controlado.
Que porcentagem de fatores de coagulação deve estar
presente para evitar o sangramento intraoperatório não
controlado?
Em geral, 20% a 30% dos fatores de coagulação devem estar
presentes para evitar o sangramento intraoperatório não
controlado
Quais fatores são deficientes em cada uma das doenças
hereditárias hemofilia A e hemofilia B?
Tanto a hemofilia A quanto a hemofilia B são doenças
recessivas ligadas ao cromossomo X. A hemofilia A é uma
deficiência do fator VIII e ocorre em, aproximadamente, 1 em
cada 5.000 meninos nascidos vivos. A hemofilia B é uma
deficiência do fator IX e ocorre em 1 em cada 30.000 meninos
nascidos vivos.
Que porcentagem de atividade dos fatores define a hemofilia A e B como doença grave?
A doença grave na hemofilia A e hemofilia B é definida
como a presença de menos de 1% de atividade dos fatores. Isso
ocorre em, aproximadamente, dois terços dos pacientes com
hemofilia A e metade dos pacientes com hemofilia B
Que anormalidades na análise laboratorial são observadas em pacientes com hemofilia A e B?
As anormalidades laboratoriais observadas em pacientes
com hemofilia A e B incluem tempo de tromboplastina parcial
ativada (TTPa) prolongado que se corrige em provas de mistura,
com contagem de plaquetas e tempo de protrombina (TP)
normais. É importante salientar que muitos pacientes com
hemofilia A (até 25%) e alguns com hemofilia B
(aproximadamente 3% a 5%) desenvolverão anticorpos
inibitórios como resposta ao fator exógeno. Nestes casos, o
TTPa não é corrido.
Qual exame laboratorial pode ser usado para distinguir a
hemofilia A da doença de von Willebrand?
Para distinguir a hemofilia A (deficiência do fator VIII) da
doença de von Willebrand, pode-se medir os níveis plasmáticos
do antígeno do fator de von Willebrand (VWF:Ag). O VWF:Ag
é normal na hemofilia
Quais pacientes são mais propensos a desenvolver
deficiências de fator adquiridas?
As deficiências de fator adquiridas são causadas por
autoanticorpos. Pacientes que podem desenvolver deficiências
de fator adquiridas incluem aqueles que receberam infusões de
concentrados de fatores, pacientes grávidas, que têm doença
sistêmica subjacente, tal como artrite reumatoide ou lúpus
eritematoso, ou como uma reação a medicamentos
Quais fatores são mais comumente afetados nas deficiências de fator adquiridas? Quais são as manifestações clínicas de cada uma?
O fator VIII é a deficiência de fator adquirida mais comum
e manifesta-se clinicamente como sangramento. Outros fatores
associados à deficiência adquirida incluem os fatores XI
(sangramento), XII (coagulação) e XIII (hemorragia tardia após
hemostasia).
Qual é o distúrbio hemorrágico hereditário mais comum? Qual é a sua prevalência estimada na população geral?
A doença de Von Willebrand é o distúrbio hemorrágico
hereditário mais comum. A prevalência estimada é de 1% da
população geral; no entanto, a verdadeira prevalência pode ser
maior devido ao gene de von Willebrand altamente polimórfico
e aos fenótipos variáveis do distúrbio
Cite duas funções hemostáticas importantes do fator de
von Willebrand.
Na hemostasia normal, o fator de von Willebrand (FvW)
se liga às plaquetas e à matriz extracelular no local da lesão
endotelial, contribuindo, assim, para a hemostasia primária,
facilitando a adesão plaquetária. O FvW também desempenha
um papel na cascata de coagulação e na formação dos coágulos
de fibrina, atuando como uma proteína carreadora do fator VIII,
aumentando sua concentração e prolongando sua meia-vida.