Capítulo 08 Flashcards
Testes de Suscetibilidade aos Antimicrobianos (Antibiograma). (18 cards)
Por que os testes de suscetibilidade aos antimicrobianos (antibiograma) são fundamentais no tratamento de infecções?
Porque indicam se o patógeno é suscetível, intermediário ou resistente a determinado antibiótico, orientando o médico a escolher a terapia mais eficaz e reduzindo tanto o uso ineficaz de fármacos quanto a seleção de cepas resistentes.
Qual o princípio do método de difusão em disco (Kirby-Bauer)?
Discos de papel impregnados com antimicrobianos são colocados sobre ágar Mueller-Hinton semeado com uma suspensão padrão do microrganismo. O antibiótico difunde-se radialmente durante a incubação, formando um halo de inibição se a bactéria for suscetível.
Quais as vantagens e limitações do método de difusão (Kirby-Bauer)?
Vantagens:
* Simples
* Barato
* Adequado para a maioria das bactérias de crescimento rápido.
Limitações:
* Não fornece valor exato de CIM
* Resultados podem variar com pH, densidade do inóculo e qualidade do meio.
Como funciona o método de diluição para determinar a suscetibilidade?
Emprega-se uma série de tubos ou micropoços contendo concentrações crescentes de um antibiótico. Inocula-se o microrganismo em cada diluição. Após incubação, observa-se em qual concentração ocorre inibição total do crescimento (CIM).
Diferencie a macrodiluição em caldo da microdiluição em caldo.
Macrodiluição:
* Usa tubos com volumes maiores (ex.: 2 mL), sendo menos frequente na rotina.
Microdiluição:
* Em placas de 96 poços, podendo ser manual ou automatizada (ex.: Vitek, MicroScan), fornecendo a CIM de várias drogas simultaneamente.
Cite uma vantagem e uma desvantagem dos métodos de diluição.
Vantagem:
* Obtém-se o valor exato da Concentração Inibitória Mínima (CIM).
Desvantagem:
* Maior custo e mão de obra
* Exige padronização rigorosa do inóculo e condições de incubação.
O que é a CIM (Concentração Inibitória Mínima) e como ela se relaciona à susceptibilidade?
A CIM é a menor concentração de antibiótico capaz de inibir o crescimento visível do patógeno em 16–20h de incubação. Esse valor é comparado a pontos de corte (breakpoints) para definir se o microrganismo é suscetível (S), intermediário (I) ou resistente (R).
Em que situações clínicas conhecer a CIM exata do patógeno pode mudar a conduta terapêutica?
Em infecções graves (sepse, endocardite, meningite) quando se cogita aumentar a dose ou ajustar o regime (ex.: beta-lactâmicos em infusão prolongada, vancomicina com metas de níveis séricos) para garantir eficácia suficiente contra microrganismos com CIM mais alta.
Quais diretrizes o CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute) fornece para os testes de suscetibilidade?
O CLSI define métodos padronizados (difusão, diluição), breakpoints de halos e CIM para inúmeras combinações (microrganismo x antibiótico) e recomendações de controle de qualidade. É amplamente adotado em muitos laboratórios, inclusive no Brasil.
O que diferencia o EUCAST (European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing) do CLSI?
Ambos fornecem breakpoints e diretrizes, mas o EUCAST é de origem europeia e, em alguns casos, tem pontos de corte diferentes do CLSI. Muitos laboratórios adotam seu protocolo na Europa.
Explique o conceito de “laudo em cascata” no antibiograma.
É um relato seletivo que mostra apenas os antibióticos mais relevantes e de menor espectro a que o patógeno é suscetível. Evita-se listar antimicrobianos de “reserva” de amplo espectro se há opções eficazes menos agressivas.
Qual o objetivo do laudo em cascata para o controle de resistência antimicrobiana?
Estimular o uso racional de antibióticos, evitando a prescrição imediata de fármacos de último recurso (ex.: carbapenêmicos, polimixinas). Assim, desencoraja-se a seleção de cepas multirresistentes.
Cite quatro mecanismos de resistência bacteriana a antibióticos.
Enzimas inativadoras (ex.: beta-lactamases, carbapenemases)
Alterações de alvos (modificações em PBPs ou ribossomos)
Bombeamento ativo (efflux pumps)
Permeabilidade reduzida (fechamento de porinas em Gram-negativos).
Por que a resistência microbiana tem grande impacto nas instituições de saúde?
Pode levar a falhas terapêuticas e aumento da mortalidade em infecções graves
Gera surtos hospitalares por patógenos multirresistentes (ESBL, KPC, MRSA, VRE)
Eleva custos pela necessidade de antibióticos de última geração e prolonga internações.
Como o antibiograma auxilia no uso racional de antibióticos e no controle de resistência?
Identifica antimicrobianos efetivos para o patógeno isolado, evitando o uso empírico de fármacos de amplo espectro e preservando drogas de “reserva” para casos específicos. Assim, reduz a pressão seletiva para resistência.
Quando o laboratório deve realizar testes fenotípicos ou moleculares específicos para confirmar resistência?
Em situações de suspeita de ESBL, carbapenemases, resistência à vancomicina em enterococos ou estafilococos, ou quando há comportamento atípico no antibiograma, necessitando de confirmação e tipagem de resistência.
Resuma quatro pontos principais sobre os testes de suscetibilidade (antibiograma) debatidos no capítulo.
Métodos de Difusão e Diluição são complementares, cada qual com vantagens e limitações
Interpretação de CIM segue breakpoints (CLSI, EUCAST) para classificar S, I ou R
Laudos em Cascata ajudam a conter resistência, priorizando antibióticos de menor espectro
Resistência Microbiana impacta mortalidade, custos e dificulta manejo de infecções graves, tornando o antibiograma essencial para decisões terapêuticas.
Por que o antibiograma permanece crucial mesmo com avanços em testes moleculares rápidos?
Porque o antibiograma demonstra a resistência fenotípica real, confirmando se o gene de resistência se expressa ou não e orientando adequadamente o tratamento, ao passo que um gene pode não estar plenamente expresso.