Patologia: Morte Celular Flashcards

(34 cards)

1
Q

Conceito de morte celular.

A
  • Um processo e uma sucessão de eventos.
  • Muito difícil estabelecer qual é o fator que determina a irreversibilidade da lesão, ou seja, o chamado ponto de não retorno, uma vez que cada célula tem uma resistência intrisceca à lesão.
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2
Q

Tipos de morte celular.

A
  • Morte Cerebral, Geral ou Somática ou Clínica: afeta o indivíduo como um todo.
  • Morte celular programada (apoptose): afeta as células individualmente.
  • Morte celular regulada: há ativação de vias que podem ser reguladas por fármacos ou por manipulação genética, sem fazer parte de um contexto fisiológico.
  • Morte celular acidental: ocorre por agressões que induzem necrose ou apoptose.
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3
Q

Infarto.

A

Necrose por falta de fluxo sanguíneo.

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4
Q

Úlcera.

A

Lesão escavada que atinge tecido epitelial e conjuntivo.

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5
Q

Alterações cadavéricas abóticas mediatas ou consecutivas.

A
  • Livor mortis: hipóstase cadavérica, com decantação do sangue e tonalidade mais escura na superfície da pele devido ao acúmulo de sangue por ação da gravidade pós morte.
  • Algor mortis: frialdade cadavérica, com perda de temperatura (aproximadamente 1°C a cada 2 horas).
  • Rigor mortis: rigidez cadavérica, com fim da contração muscular por falta de ATP, levando à rigidez.
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6
Q

Conceito de necrose.

A
  • Morte celular ocorrida em organismo vivo e precedida de autólise, que consiste na degradação enzimática da célula.
  • Quando a agressão é suficiente para interromper as funções vitais (cessam a produção de energia e as sínteses celulares), os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases no seu interior e estas saem para o citosol, são ativadas pela alta concentração de Ca++ no citoplasma e iniciam a autólise.
  • Os conteúdos celulares que escampam iniciam uma reação inflamatória local no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente.
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7
Q

Características das células na necrose.

A
  • Busca sobrevivência: a célula não quer morrer, então ela primeiro tenta se adaptar à lesão.
  • Incapacidade de manutenção da homeostase.
  • Perda da integridade de membranas.
  • Organelas mal preservadas e tumefeitas.
  • Fragmentação aleatória do DNA.
  • Grande número células atingidas.
  • Autólise e extravasamento conteúdo.
  • Ativação de células inflamatórias.
  • Fagocitose.
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8
Q

Etiologia da necrose.

A
  • Qualquer agente lesivo que favoreça a liberação de enzimas lisossomais para todo o compartimento celular (anóxia, radicais livres, toxinas, lesões de membrana).
  • Agentes biológicos: vírus, bactérias, fungos, protozoários, etc.
  • Agentes químicos: quimioterápicos, antibióticos, AINEs, tóxicos, ácidos e bases fortes, etc.
  • Físicos: hipotermia, hipertermia, radiações, etc.
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9
Q

Ponto de não retorno.

A
  • Incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original.
  • Profundos distúrbios na função da membrana.
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10
Q

Patogenia da isquemia na necrose.

A
  • Isquemia causa alteração da síntese de ATP.
  • A redução do ATP provoca o acúmulo de sódio na célula, com consequente influxo de água.
  • Sem o ATP, bombas transportadoras de cálcio não mantem homeostase, levando ao aumento da a concentração do cálcio citosólico, inicialmente pela liberação de Ca2+ armazenado intracelularmente e, depois, do cálcio do influxo pela membrana plasmática, ativando enzimas, como fosfolipases e proteases.
  • Célula passa a realizar respiração anaeróbica, causando liberação de ácido lático e redução do pH da célula. Esse pH mais ácido vai causar uma condensação da cromatina, a qual, por sua vez, vai reduzir a síntese proteica.
  • Devido à condensação da cromatina, o núcleo se contrai, ficando com um aspecto chamado de picnótico.
  • Membrana se rompe e conteúdo da célula é jogado para fora, que será combatido por células de defesa, gerando inflamação local.
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11
Q

Cariorrexe.

A
  • Fragilidade das membranas, de forma que pode ocorrer a ruptura da carioteca, o que causa a distribuição irregular da cromatina.
  • Danos à membrana: redução da síntese de fosfolipídeos (pela falta de ATP), aumento da degradação dos fosfolipídios (pela elevação dos níveis de Ca++ citosólicos), alterações do citoesqueleto, radicais livres, etc.
  • À medida que ocorre dissolução total da cromatina, se passa a não conseguir ver mais o núcleo, aspecto chamado de cariólise.
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12
Q

Microscopia da necrose.

A
  • Cariopicnose: redução de volume e aumento da basofilia (fica mais corado) pela perda de RNA, com homogeneização do núcleo.
  • Cariorrexe: ruptura em vários fragmentos e posterior desintegração em grupos amorfos com perda de limites nucleares.
  • Cariólise ou cromatólise: digestão da cromatina que faz desaparecer a afinidade tintorial dos núcleos, não mais se podendo distingui-los nas colorações de rotina.
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13
Q

Necrose de coagulação (isquêmica).

A
  • Associado a isquemia grave e repentina, com bloqueio da proteólise celular.
  • Ocorrência: órgãos em situação de tipo terminal (só é irrigado por uma artéria): rim, coração, baço.
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14
Q

Microscopia da necrose de coagulação (isquêmica).

A
  • Perda das estruturas nucleares com preservação da forma celular básica.
  • Os restos células permanecem no local onde havia a célula, porque, durante a digestão enzimática, o pH ficou tão ácido, que as enzimas digestivas pararam de agir por um tempo, deixando esses restos celulares lá.
  • Tecido mantem seu arcabouço e adquire coloração clara (acidófilo).
  • Os leucócitos são recrutados para o sítio da necrose e suas enzimas lisossômicas digerem as células mortas.
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15
Q

Macroscopia da necrose de coagulação (isquêmica).

A
  • Reconhecimento dos contornos celulares e arquitetura do tecido: o órgão assume coloração pálida, mas o redor dele há um hilo escuro (chamado de halo hiperêmico), que tenta compensar a isquemia ocorrida.
  • Área necrótica em forma de cunha: o ápice voltado para o hilo (por onde chegam os vasos cuja irrigação teria sido interrompida) e a base para a superfície do órgão.
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16
Q

Necrose caseosa.

A
  • Presente em determinados tipos de infecções (tuberculose, paracoccidiomicose, micoses profundas, tularemia).
  • Área necrosada com aspecto de caseína de queijo envolvida por parede inflamatória granulomatosa: aparência amarelada.
  • Lesão associada a processos imunitários específicos (macrófagos e linfócitos T).
  • Microscopia: diferentemente da necrose de coagulação, a arquitetura do tecido é completamente obliterada, e os contornos celulares não podem ser distinguidos.
  • Áreas eosinofílicas de aspecto amorfo.
17
Q

Necrose liquefativa (coliquativa).

A
  • Ação de enzimas lisossomais hidrolíticas, fazendo com que o tecido adquira consistência amolecida ou semifluida.
  • Pode ocorrer devido à infecção por bactérias ou fungos.
  • Há uma migração de neutrófilos para região, com degranulação, seguido de morte e liquefação (pus) e formação de abscessos.
  • Também pode ocorrer por destruição isquêmica em tecidos moles (cérebro, suprarrenal, mucosa gástrica).
  • No SNC, a morte celular seguida de rápida degradação enzimática, causa uma dissolução do parênquima: pouco tecido conectivo fibroso, gerando malacia.
18
Q

Necrose gordurosa (esteatonecrose).

A
  • Refere-se a áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultantes da liberação de lipases pancreáticas ativadas na substância do pâncreas e na cavidade peritoneal.
  • Ocorre na emergência abdominal conhecida como pancreatite aguda.
  • Nesse distúrbio, as enzimas pancreáticas que escapam das células acinares e dos ductos liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio, e as lipases dividem os ésteres de triglicerídeos contidos nessas células.
  • Os ácidos graxos liberados combinam com o cálcio, produzindo áreas brancas gredosas macroscopicamente visíveis (saponificação da gordura).
  • Morfologia: presença de depósitos esbranquiçados ou manchas com aspecto macroscópico de pingo de vela.
19
Q

Necrose lítica.

A

Denominação que se dá à necrose de hepatócitos em hepatites virais, os quais sofrem lise ou esfacelo (necrose por esfacelo).

20
Q

Necrose gomosa.

A
  • Trata-se de uma variedade de necrose por coagulação na qual o tecido necrosado assume aspecto compacto e elástico como borracha (goma), ou fluido e viscoso como a goma-arábica.
  • É encontrada na sífilis tardia (goma sifilítica).
21
Q

Regeneração da necrose.

A
  • Quando o tecido que sofreu necrose tem capacidade regenerativa, os restos celulares são reabsorvidos por meio da resposta inflamatória que se instala.
  • Fatores de crescimento liberados por células vizinhas e por leucócitos exsudados induzem multiplicação das células parenquimatosas.
  • Se o estroma é pouco alterado, há regeneração completa.
22
Q

Cicatrização da necrose.

A
  • Trata-se do processo pelo qual o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial.
  • A cicatrização ocorre tipicamente quando a lesão é extensa e, sobretudo, se as células afetadas não têm capacidade regenerativa.
  • Com a destruição tecidual, são liberados DAMP, que induzem a liberação de mediadores que iniciam as alterações vasculares e a exsudação celular necessárias à reabsorção dos restos celulares, surgindo uma reação inflamatória.
  • Os leucócitos migrados para a área digerem os restos teciduais. Por ação de citocinas, liberando estímulos para a proliferação vascular e do tecido conjunto que irá formar a cicatriz.
23
Q

Encistamento da necrose.

A
  • Quando o material necrótico não é absorvido por ser muito volumoso ou por causa de fatores que impedem a migração de leucócitos, a reação inflamatória com exsudação de fagócitos desenvolve-se somente na periferia da lesão.
  • Esse fato causa proliferação conjuntiva e formação de uma cápsula que encista o tecido necrosado, o qual vai sendo absorvido lentamente, permanecendo em seu interior material progressivamente mais líquido.
24
Q

Eliminação da necrose.

A
  • Se a zona de necrose atinge a parede de uma estrutura canalicular que se comunica com o meio externo, o material necrosado é lançado nessa estrutura e daí eliminado, originando uma cavidade.
  • Uma área de necrose pode também calcificar-se.
  • Esse fenômeno é comum na tuberculose pulmonar, em que o material caseoso é eliminado pelos brônquios, o que forma as chamadas cavernas tuberculosas.
25
Gangrena seca.
- Desidratação da região atingida, especialmente quando em contato com o ar, tomando a área lesada aspecto de pergaminho, semelhante ao observado em tecidos de múmias (o processo é também conhecido pelo nome de mumificação). - A gangrena seca ocorre, preferencialmente, nas extremidades de dedos, de artelhos e da ponta do nariz, na maioria das vezes em consequência de lesões vasculares como as que ocorrem no diabetes melito. - A zona de gangrena seca tem cor escura, azulada ou negra, devido à impregnação por pigmentos derivados da hemoglobina, sendo comum a existência de uma linha nítida (reação inflamatória) no limite entre o tecido morto e o não lesado. - É fisiológica no cordão umbilical.
26
Gangrena úmida.
- Resulta de invasão da área necrosada por microrganismos anaeróbios produtores de enzimas que tendem a liquefazer os tecidos mortos e a produzir gases de odor fétido que se acumulam em bolhas juntamente com o material liquefeito: ocorre aumento de volume (edema). - Esse tipo de gangrena é comum em necroses do tubo digestivo, dos pulmões e da pele, nos quais as condições de umidade favorecem. - A absorção de produtos tóxicos da gangrena pode provocar reações sistêmicas fatais, induzindo choque do tipo séptico: por isso, em casos de gangrena úmida a amputação é necessária.
27
Gangrena gasosa.
- É secundária à contaminação do tecido necrosado com bactérias aneróbicas do gênero clostridium, produtoras de gás. - A gangrena gasosa é comum em feridas infectadas e foi muito frequente na Primeira Guerra Mundial, quando, geralmente, era fatal.
28
Conceito apoptose.
- Conhecida como morte celular programada, é a lesão em que a célula é estimulada a acionar mecanismos que culminam em sua morte. - Diferentemente da necrose, não ocorre exposição do conteúdo celular. - Não induz inflamação. - A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se alvos atraentes para os fagócitos.
29
Etiopatogenia da apoptose: lesão do DNA.
- A radiação, as drogas citotóxicas anticâncer, os extremos de temperatura e mesmo a hipóxia podem lesar o DNA diretamente ou através da produção de radicais livres. - Nessas situações, a eliminação da célula pode ser melhor alternativa do que arriscar em mutações no DNA lesado, o que pode progredir para uma transformação maligna. - A indução de apoptose em células cancerosas é um efeito desejado dos agentes quimioterápicos, muitos dos quais funcionam danificando o DNA.
30
Etiopatogenia da apoptose: acúmulo de proteínas mal dobradas.
- As proteínas impropriamente dobradas podem surgir de mutações nos genes que codificam essas proteínas ou devido a fatores extrínsecos, como a lesão causada por radicais livres. - O acúmulo excessivo dessas proteínas no RE leva a uma condição conhecida como estresse do RE, que culmina em morte apoptótica das células.
31
Etiopatogenia da apoptose: lesão celular em infecções (virais).
A perda de células infectadas é devida em grande parte à morte apoptótica que pode ser induzida pelo vírus (como nas infecções por adenovírus e vírus da imunodeficiência humana) ou pela resposta imune do hospedeiro (como na hepatite viral).
32
Morfologia da apoptose.
- Célula encolhe-se por eliminação de eletrólitos e água através de canais específicos, incluindo aquaporinas, e o citoplasma fica mais denso. - Cromatina torna-se condensada e disposta em grumos junto à membrana nuclear, criando imagens descritas ao ML como núcleos em meia-lua, em pata de cavalo, em lança e em gaveta. - Núcleo se fragmenta (cariorrexe), ao mesmo tempo em que a membrana citoplasmática emite projeções e forma brotamentos que contêm fragmentos do núcleo (corpos apoptóticos). - Corpos apoptóticos aparecem como pequenos corpúsculos intensamente basófilos com grande fragmento nuclear, ou fortemente acidófilos.
33
Via intrínseca da apoptose (via mitocondrial).
- As mitocôndrias contêm uma série de proteínas que são capazes de induzir apoptose, essas proteínas incluem o citocromo c e outras proteínas que neutralizam inibidores endógenos da apoptose. - Quando as células são privadas de fatores de crescimento e outros sinais de sobrevivência ou são expostas a agentes que lesam o DNA ou acumulam quantidades inaceitáveis de proteínas anormalmente dobradas, um grupo de sensores é ativado. - Dano ao DNA causa ativação da p53, que, por sua vez, para o ciclo celular. - Dois membros pró-apoptóticos das famílias chamadas Bax e Bak, formando canais através dos quais o citocromo c e outras proteínas mitocondriais extravasam para o citosol. - O citocromo c, em conjunto com alguns cofatores, ativa as caspases: o resultado final é a ativação da cascata de caspases, levando à fragmentação nuclear. - Os fragmentos celulares, então, são envolvidos por uma membrana, que serão fagocitados, de modo que não haverá resposta inflamatória.
34
Via extrínseca da apoptose (via receptor).
- Muitas células expressam moléculas de superfície, chamadas receptores de morte, que disparam a apoptose. - Os receptores de morte prototípicos são do tipo TNF I e Fas. - O ligante de Fas (Fas-L) é uma proteína de membrana expressa, principalmente, em linfócitos T ativados. - Quando essas células T reconhecem os alvos que expressam Fas, as moléculas Fas são ligadas em reação cruzada pelo Fas-L e proteínas de ligação adaptadoras via domínio de morte. - Estas, por sua vez, recrutam e ativam a caspase 8. - Em muitos tipos celulares, a caspase 8 pode clivar e ativar um membro pró-apoptótico da família Bcl-2, chamado de Bid, portanto dentro da via mitocondrial. - A ativação combinada de ambas as vias lança um golpe letal para a célula.