Patologia: Trombose, Embolia, Isquemia e Infarto Flashcards
(34 cards)
Hemostasia.
Processo fisiológico de controle de sangramento quando ocorre lesão vascular.
Trombose.
- Solidificação dos constituintes normais do sangue, dentro do sistema cardiovascular, no indivíduo vivo.
- Trombo é diferente de coágulo.
Coagulação.
- Em casos de lesão do vaso, as células endoteliais deixam de ter ação anticoagulante e passam a ter ação de coagulação, para tamponamento local.
- A homeostase dos fatores pró-trombóticos e anti-trombóticos é que não torna o sangue uma massa que ocuparia todo o conteúdo dos vasos sanguíneos.
- Quando o vaso é lesado e as células endoteliais morrem, o colágeno subendotelial fica exposto e ativa a agregação plaquetária e a cascata de coagulação.
Processo para a coagulação.
- As plaquetas se aderem ao colágeno desnudo através de fator de von Willebrand (fator VII), degranulam e liberam tromboxano e outros fatores ativadores de plaquetas, o qual recruta mais plaquetas para o local.
- Essas plaquetas vão aderir uma as outras, formando uma massa. Entretanto, essas plaquetas não são suficientes para manter o tampão, porque suas ligações são muito fracas.
- Então, também é estimulada a cascata de coagulação, em que as proteínas formam uma rede filamentosa (rede de fibrina) em cima das plaquetas, segurando o tampão hemostático para dar tempo de a parede vascular se restabelecer.
Etiopatogenia da trombose.
- Resulta da ativação patológica do processo normal de coagulação sanguínea.
- A trombose é uma consequência de 3 tipos de alterações (“Tríade de Virchow”): lesão endotelial, fluxo sanguíeo anormal e hipercoagulabilidade.
Lesão endotelial na trombose.
- Aumento na síntese de fatores de coagulação (ex: fator III) e de fatores ativadores de plaquetas (ex: TxA2 e ADP).
- Redução na capacidade anticoagulante (ex: diminuição da expressão da antitrombina).
- Perda do revestimento contínuo dos vasos, de modo que o endotélio passa a ter ações pró-coagulante: expõe o colágeno subendotelial, sobre a qual as plaquetas se aderem e são ativadas, iniciando a formação do trombo.
- Agressão endotelial pode ocorrer por lesão direta, afetando a estrutura da célula e culminando em morte celular, como ocorre em casos de traumatismos, agressões inflamatórias etc.
- Ocorre a morte da célula endotelial e exposição do colágeno subendotelial, que irá ativar patologicamente a agregação plaquetária e a cascata de coagulação.
- A célula endotelial também sofrer alterações funcionais por meio da ação de agentes físicos, químicos e entrar em disfunção, ativando a cascata de coagulação e agregação plaquetária em um vaso intacto, culminando na formação de trombo.
Fluxo sanguíneo anormal na trombose.
- Pode-se dever a fatores sistêmicos, como insuficiência cardíaca, ou locais, como a compressão de vasos.
- Normalmente, as células ficam na corrente axial e o plasma fica na corrente marginal: quando há congestionamento, como na hiperemia e aneurisma, as hemácias chocam com as células endoteliais, causando lesão nessas células (ativação da cascata de coagulação).
- Estase leva à redução da remoção de fatores pró-coagulantes e da chegada de fatores anticoagulantes.
- No caso de obstáculo de fluxo sanguíneo, o sangue perde a capacidade da sua organização axial e marginal, formando um fluxo turbulento e causando choque entre as células do sangue e células endoteliais: as células lesadas vão expor o colágeno, possibilitando a ativação da cascata de coagulação.
Causas da hipercoagulabilidade na trombose.
- Defeitos genéticos: podem resultar em aumento do número de plaquetas (trombocitose) e fatores pró- coagulantes e redução dos inibidores da coagulação.
- Inflamações: citocinas estimulam o endotélio e o tornam pró-coagulante.
- Cirurgias extensas, grandes queimaduras, traumatismos ou agressões teciduais: liberação de tromboplastina (também conhecida como “fator tecidual”; quando exposto, como após uma lesão no endotélio, ela atua juntamente ao fator VII, ativando a cascata de coagulação), que ativa a via extrínseca da coagulação. Além, provoca estase devido à diminuição dos movimentos musculares, o que predispõe à formação de trombos.
- Uso de anticoncepcionais orais (estrogênio está associado ao aumento de protrombina e fibrinogênio).
- Síndrome nefrótica: ocorre perda urinária da antitrombina III (fator anti-trombótico).
- Aumento da viscosidade sanguínea: anemia falciforme (diminuição da flexibilidade das hemácias), policitemia, desidratação, queimaduras.
Classificação da trombose quanto à composição.
- Trombos vermelhos ou de coagulação ou de estase: rico em hemácias, fibrina e leucócitos, frequentes em veias, onde o fluxo sanguíneo é mais lento (Flebotrombose).
- Trombos mistos: são os mais comuns, formados por estratificações fibrinosas (brancas; contém fibrina), alternadas com partes cruóricas (vermelhas; acumulam hemácias). Mais frequentes em capilares e em regiões onde há variação do fluxo sanguíneo.
- Trombos brancos ou de conglutinação: constituídos basicamente de plaquetas e fibrina, estão geralmente associados às alterações endoteliais, sendo mais frequentes em artérias.
- Trombos hialinos: constituídos principalmente de fibrina, associados a alterações na composição sanguínea, sendo mais frequentes em capilares.
Linhas de Zahn.
- O trombo cresce na medida que o componente do sangue cresce na malha de fibrina, tendo cores diferentes.
- Plaquetas e fibrinas: áreas mais eosinofílica (rosa).
- Hemácias e leucócitos: áreas mais claras.
- Cabeça: trombo branco, pequeno, fixado no endotélio.
- Colo: porção estreita intermediária, na qual se configuram as “linhas de Zahn”.
- Cauda: trombo vermelho.
Classificação da trombose quanto ao efeito de interrupção do fluxo sanguíneo.
- Oclusivos/ocludentes: obstruem totalmente a luz do vaso.
- Murais, parietais ou semi-ocludentes: o trombo ocupa só uma parte da parede.
Características macroscópicas das tromboses.
- Venosos: geralmente vermelhos e oclusivos, de aspecto úmido e gelatinoso (como esses trombos se formam na circulação venosa lenta, eles tendem a conter hemácias emaranhadas).
- Cardíacos: brancos (secos, friáveis, inelásticos, associados a alterações no endocárdio) ou vermelhos.
- Arteriais: geralmente brancos e mistos, oclusivos ou semi ocludentes.
Características microscópicas dos trombos.
- Trombos brancos: apresentam lamelas amorfas, granulosas, desprovidas de células e levemente eosinofílicas. São formadas por plaquetas conglutinadas e desintegradas e se bifurcam com infiltrado de neutrófilos.
- Trombos vermelhos: constituídos de rede de fibrina com conglomerados plaquetários nos pontos nodais, retendo em suas malhas leucócitos e hemácias (lembrando um coágulo (a diferença entre os dois são as lamelas plaquetárias dos trombos).
Consequências de trombos.
- Ocludentes arteriais: hipóxia abrupta (necrose isquêmica).
- Ocludentes ou semi-ocludentes venosos: hiperemia passiva (congestão) ou edema.
- Semi-ocludentes venosos e arteriais: hipóxia não abrupta, gerando degeneração e Necrose isquêmica ou atrofia.
- Embolização pulmonar.
Evolução dos trombos.
- Dissolução: podem sofrer lise pelo próprio sistema fibrinolítico do organismo.
- Organização (“conjuntivização”): acontece por meio da ação de fagócitos, os quais irão englobar as células do coágulo para fazer a digestão da fibrina.
- Fagócitos irão secretar fatores de crescimento e quimiocinas para atração e ativação das células que irão dar origem ao tecido de granulação (tecido cicatricial jovem), o qual promove a incorporação do trombo na parede dos vasos e coração.
- Canalização: logo após o processo de organização, no local em que o trombo se adere a parede vascular ou do coração, ocorre proliferação das células endoteliais, permitindo o reestabelecimento parcial da circulação, isto é, ocorre a recanalização do trombo.
- Calcificação: podem evoluir para uma calcificação distrófica, a qual irá formar concreções principalmente em veias dos membros inferiores
- Colonização: bactérias ou fungos podem colonizar o trombo, causando diversas lesões nos vasos e no coração, como a tromboflebite, endocardite valvar, endocardite mural, e endarterite.
Embolização de trombos.
- Fragmentação ou deslocamento de trombos inteiros, formando êmbolos.
- Consequências gerais: trombos arteriais levam a isquemia do local, e trombos venosos levam a congestão sanguínea.
Trombose de veias profundas (TVP) da perna.
- Advem da estase venosa, que dificulta a remoção de fatores pró-coagulantes e reduz a chegada de fatores anticoagulantes; além disso, leva à hipóxia (já que reduz a chegada de sangue arterial nos tecidos), o que causa lesão tecidual e, consequentemente, ativação da coagulação.
- Circulação pode ser compensada por circulação colateral.
- Embolização pulmonar: o êmbolo é um trombo não aderido à parede, que podem atingir o pulmão (veias > coração > pulmão > infarto pulmonar).
- Comum em pacientes com cirurgias recentes (a pessoas fica muito tempo sem se movimentar direiro), imobilização prolongada (como em viagens longas), etc.
Embolia.
- Obstrução vascular decorrente da presença de êmbolos na circulação sanguínea e/ou linfática.
- Êmbolo é qualquer substância estranha na circulação e/ou linfática de diâmetro igual ou menor ao do vaso ocluído.
Êmbolos sólidos.
- São os mais frequentes (90%) dos casos.
- A maioria provém de fragmentos de trombos e tecidos, massas neoplásicas ou bacterianas, fragmentos de ateromas ulcerados, larvas e ovos de parasitos, fragmentos teciduais (traumatismos).
Embolias gordurosas.
- Embolias gordurosas: consiste na presença de gotículas de lipídios na circulação sanguínea.
- Provocadas por: infusão inadequada de substâncias oleosas na corrente sanguínea, esmagamento do tecido adiposo em politraumatizados, exposição da medula óssea amarela e procedimentos de lipoaspiração ou lise de hepatócitos com esteatose.
- Os componentes lipídicos, como ácidos graxos, lesam o endotélio, ativam a coagulação sanguínea, induzem a formação de microtrombos e causam consumo dos fatores de coagulação.
Embolia de líquido amniótico.
- Resulta das contrações uterinas que forçam a passagem do líquido para interior das veias uterinas expostas durante o trabalho de parto.
- O líquido amniótico tem atividade pró-coagulante, o que desencadeia a formação de microtrombos disseminados e dano alveolar.
Êmbolos gasosos.
- Podem ocorrer devido injeção de ar nas contrações uterinas durante o parto, perfuração torácica com ruptura de veias, veias abertas em cirurgias, transfusão de sangue e injeção, descompressões súbitas (aviadores, astronautas).
- Síndrome de Descompressão: quando um indivíduo submerso em grande profundidade retorna à superfície, o nível de solubilização dos gases sanguíneos (oxigênio, hidrogênio, nitrogênio) cai devido à redução subta de pressão atmosférica, e então eles voltam à sua forma gasosa e formam bolhas capazes de obstruir os vasos da microcirculação.
Embolia gasosa venosa.
- O ar chega ao coração direito e ramos da artéria pulmonar, e se mistura ao sangue e forma espuma.
- A espuma forma barreira de ar que se expande na diástole e compromete função do VD, com bolhas de ar pequenas passando para veias pulmonares.
- Ocorre obstrução do fluxo e lesão do endotélio, com contato do ar com o sangue que ativa a coagulação sanguinea (fibrina, agregados plaquetários e microtrombos).
- Oclusão dos vasos pulmonares gera edema.
Embolia gasosa arterial.
- Queda brusca da pressão atmosférica (mergulhadores com retorno rápido à superfície; despressurização em cabines de avião…).
- Ocorre expansão dos gases dissolvidos no sangue e tecido adiposo, formando microbolhas gasosas.
- Gera-se obstrução dos capilares, formando fibrina, agregação plaquetaria e ativação sistemica de leucocitos e sistema do complemento.