Doença Diarreica Aguda Flashcards

(21 cards)

1
Q

Definição e classificação de doença diarreia aguda

A

Definição: aumente no volume ou frequência de
evacuações – três ou mais evacuações
amolecidas ou líquidas nas últimas 24h;
• Início abrupto – autolimitada;
o Inferior a 17 dias – geralmente 7 dias de
duração;
• Presumível origem infecciosa;
• Classificação:
o Aguda à até 14 dias;
o Persistente à mais de 14 dias;
• Disenteria: diarreia com sangramento (lesão na
mucosa intestinal);

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2
Q

Etiologia doença diarreica aguda

A

• Viral: rotavírus, coronavírus e adenovírus;
• Bacteriana:
o E. coli:
§ Enteropatogênica;
§ Enterotoxigênica;
§ Enterohemorrágica;
§ Enteroinvasiva;
o Shigella e Salmonella;
o Campylobacter jejuni;
o Vibrio cholerae;
• Parasitas: Giardia e Entamoeba;
OBS: agentes de pacientes imunossuprimidos, com
uso de ATB prolongado e amplo espectro à
Klebsiella, Pseudomonas, Clostridium difficile;

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3
Q

Rotavírus na doença diarreica aguda

A

Mais comum em 6 meses a dois anos;
• Principal causador de diarreia grave em < 2 anos;
• Fisiopatologia: tropismo por enterócitos
maduros no topo das vilosidades à substituição
por enterócitos imaturos;
o Não produzem lactase de maneira
adequada – aumento de açúcar à
aumento da osmolaridade – diarreia
osmótica de grande volume de perda à
desidratação;
• Recuperação em 3 a 5 dias;

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4
Q

E. Coli na doença diarreica aguda

A

30 a 40% dos casos;
• ETEC: compromete absorção de Na+ e aumenta
a secreção de Cl- à diarreia hiponatrêmica e
hipoclorêmica;
• EIEC/EHEC: presença de uma citotoxina
(O157:H7) à causa síndrome hemolítica
urêmica;
o Anemia hemolítica microangiopática;
o Trombocitopenia;
o IRA;

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5
Q

Shigella na doença diarreica aguda

A

Principal causadora de disenteria – 60%;
• Invasão e lesão da mucosa à citotoxina que
causa destruição celular;
• Complicações:
o Síndrome hemolítica urêmica;
o Convulsões;

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6
Q

Salmonella na doença diarreica aguda

A

Associada a bacteremia;
• Risco de doença sistêmica à bacteremia
associada;
o Ossos, fígado e SNC;

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7
Q

Campylobacter na doença diarreica aguda

A

Presente em países desenvolvidos;
• Tem uma toxina semelhante aos gangliosídeos
de mielina;
• Paralisia flácida por reação cruzada de
anticorpos à Guillain-Barré;

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8
Q

Parasitas na doença diarreica aguda

A

< 10% dos casos;
• Giardia à mais encontrada;
• Cryptosporidium à maior causador
(microepidemias);
• Entamoeba à maiores de 5 anos;

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9
Q

Fisiopatologia diarreia osmotica

A

• Esse mecanismo de produção de diarreia ocorre
quando o conteúdo da luz intestinal exerce uma
força osmótica em relação ao meio interno;
• Os agentes infecciosos que alcançam as
porções mais apicais das vilosidades do
intestino delgado podem provocar alterações
anatômicas e/ou funcionais da mucosa
intestinal, dentre as quais, a redução da
atividade das enzimas localizadas nas
microvilosidades do enterócito (borda estriada),
com prejuízo da digestão e/ou absorção de
nutrientes;
OBS: o mecanismo osmótico até recentemente era
considerado o principal mecanismo produtor de
diarreia associado ao rotavírus; trabalhos
experimentais demonstraram que a proteína NSP4
do rotavírus induz à diarreia do tipo secretor, sendo
então considerada a primeira toxina viral descrita

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10
Q

Fisiopatologia na diarreia secretora

A

• O mecanismo secretor ocorre quando há o
aumento da secreção ativa de ânions,
principalmente do Cl- e HCO3-, pelas células
das criptas do intestino delgado;
• Esse aumento pode ser desencadeado por
agentes que atuam como verdadeiros
secretagogos, e o exemplo clássico desse tipo
de diarreia é aquela induzida por enterotoxinas
bacterianas;

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11
Q

Avaliacao de diarreia aguda

A

• De acordo com a OMS, a anamnese da criança
com doença diarreica deve contemplar os
seguintes dados: duração da diarreia, número
diário de evacuações, presença de sangue nas
fezes, número de episódios de vômitos,
presença de febre ou outra manifestação
clínica, práticas alimentares prévias e vigentes,
outros casos de diarreia em casa ou na escola;
• História bem detalhada + exame físico
minucioso;
o Hidratação: observar mucosas (olhos) e
presença de saliva;
§ Depressão de fontanela;
§ Baixo turgor da pele;
o Redução de débito urinário;
o Nível de consciência: alerta ou
rebaixado, com sede ou não – distúrbios
hidroeletrolíticos;
o Sinais vitais – PA elevada;
o Perda ponderal – por perda de líquido;
o Capacidade de ingerir líquidos;
o Sinais de choque;
o Turgor elástico – prega cutânea;
• Complicações:
o Desidratação;
o Distúrbios hidroeletrolíticos;
o Choque hipovolêmico;
o Desnutrição e anemia;
• Avaliação da perda ponderal:
o Até 5% - leve à 50mL/kg;
o 5 a 10% - moderada à 50 a 100mL/kg;
o > 10% - grave à > 100mL/kg;

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12
Q

Terapia de hidratação na diarreia PLANO A

A

SEM SINAIS DE DESIDRATAÇÃO
PLANO B: COM DESIDRATAÇÃO
• Ingestão líquida maior que a habitual para
prevenir a desidratação;
• Água, soro caseiro, leite, sopa – o que a criança
estiver habituada;
OBS: não usar refrigerantes e não adoçar o suco ou
chá;
• SRO (sais de reidratação oral) após cada
evacuação diarreica;
o SRO = Pedialyte®;
o < 1 ano: 50 a 100mL;
o 1 a 10 anos: 100 a 200mL;
o > 10 anos: quantidade que o paciente
aceitar;
• Manter alimentação habitual – não fazer dieta
obstipante;
• Repor zinco – 10 a 14 dias;
o Até 6 meses: 10mg/dia;
o Maiores de 6 meses de idade: 20mg/dia;
• Procurar serviço de saúde se:
o Sem melhora após 48h;
o Sinais de alerta;
§ Piora da diarreia;
§ Vômitos recorrentes;
§ Sede intensa;
§ Recusa de alimentos;
§ Sangue nas fezes;
§ Diminuição da diurese;

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13
Q

Terapia de hidratação na diarreia PLANO B

A

COM DESIDRATAÇÃO
O tratamento é VO na UBS ou local que possa ser
monitorada;
OBS: os pacientes deverão permanecer na unidade
de saúde até a reidratação completa e reinício da
alimentação;
• SRO padrão;
o Apenas como orientação inicial, o
paciente deverá receber de 50 a
100mL/kg para ser administrado no
período de 4-6 horas;
• Até desaparecerem os sinais de desidratação;
o Aguardar diurese;
o Se melhorar à seguir o plano A em
casa;
o Se não melhora à SRO por gastróclise
(sonda nasogástrica);
• Evolução para desidratação grave à PLANO C;

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14
Q

Terapia de hidratação na diarreia PLANO C

A

DESIDRATAÇÃO GRAVE
• Hidratação IV hospitalar;
• Iniciar SRO assim que possível;
• Interromper hidratação IV somente quando
aceitação VO for suficiente;
• Precisa observar pelo menos 6 horas;
• 2 fases: Expansão e Reposição/Manutenção;

• Expansão – fase rápida em < 5 anos;
o Objetivo: expandir a volemia;
o SFO 0,9%;
o Alíquotas de 20mL/kg;
§ 10mL/kg em RNs e cardiopatas;
o Em até 30 minutos;
o Até a reidratação;
• Expansão – fase rápida em > 5 anos;
o 30mL/kg de SF 0,9% por 30 minutos;
o 70mL/kg de Ringer lactato por 2h30;
• Reposição;
o Soro ao meio – SG 5% + SF 0,9%;
§ 1:1;
§ Até 50mL/kg/dia de acordo com
perdas;
• Manutenção: igual para todas as faixas etárias;
o Holliday-Segar – fórmula para estimar
necessidade hídricas e calóricas;
• Necessidade de reavaliações constantes:
o Sinais vitais – FC, FR e PA;
o Pulso e perfusão periférica;
o Débito urinário;
o Nível de consciência;
OBS: outras indicações de IV à íleo adinâmico e
abdome agudo, alterações do nível de consciência,
convulsões e choque;

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15
Q

Tratamento disenteria

A

Terapia de hidratação: A, B ou C;
• ATB profilaxia: Ciprofloxacina e Ceftriaxone;

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16
Q

Diagnósticos diferenciais diarreia

A

• APLV – alergia a proteína do leite de vaca;
• Intolerância a lactose;
• Intussuscepção intestinal;
• Apendicite aguda;
• Intoxicações;

• Causas sistêmicas:
o Pneumonia;
o Otite;
o Amigdalite;
o Faringite;
o ITU;
• Outros:
o Imunodeficiências;
o Doenças inflamatórias intestinais;
o Síndrome do intestino irritável;
o Fibrose cística;
o Hipertireoidismo;

17
Q

Explique a classificação da diarreia aguda
com base na duração e nos sintomas,
destacando a diferença entre diarreia aguda,
persistente e disenteria.

A

A diarreia é definida como aumento no volume ou
frequência das evacuações (três ou mais
evacuações com fezes amolecidas ou líquidas nas
últimas 24h; tem início abrupto e geralmente é
autolimitada; é classificada em aguda ou persistente
a depender da duração (mais ou menos de 14 dias);
tem presumível origem infecciosa; a disenteria é a
presença de muco e/ou sangue nas fezes que é
causada por lesão da mucosa intestinal;

18
Q

Descreva as principais etiologias da diarreia
aguda, abordando as diferenças entre
infecções virais, bacterianas e parasitárias.
Dê exemplos de patógenos relacionados a
cada categoria.

A

A etiologia da diarreia pode ser viral, bacteriana e
parasitária; as virais são mais comuns em crianças
de 6 meses a 2 anos, seu principal agente etiológico
é o rotavírus; as bacterianas são as mais comuns,
tendo a E. coli como a sua principal representante
(além da Shigella, Salmonella, Campylobacter e
Vibrio), as variantes EIEC/EHEC da E. coli estão
relacionadas com a síndrome hemolítica urêmica e a
ETEC causa uma diarreia hiponatrêmica e
hiperclorêmica; já a Shigella e Salmonella tem
tropismo pelas células M do intestino e liberam
toxinas que levam a disenteria; as causadas por
parasitas representam 10% das diarreias e suas
representantes são a Giardia e a Entamoeba; em pacientes imunossuprimidos e que fizeram uso de
ATB prolongado e de amplo espectro podem ser
encontrados fungos, Klebsiella e Pseudomonas;

19
Q

Analise o impacto do rotavírus na diarreia
aguda em crianças, considerando seu
tropismo por enterócitos, os efeitos na
absorção de nutrientes e os sintomas típicos.

A

O rotavírus é o principal causador viral de diarreia em
menores de 2 anos; ele tem um tropismo pelos
enterócitos maduros do topo das vilosidades
intestinais, esses enterócitos são substituídos por
enterócitos imaturos; essa imaturidade leva a uma
diarreia osmótica em que o lúmen fica mais
concentrado, causando uma grande perda de água →
desidratação; com isso, além da diarreia a criança
pode apresentar vômitos;

20
Q

Explique os métodos de avaliação do grau de
desidratação em pacientes com diarreia
aguda, detalhando os sinais clínicos usados
para distinguir entre desidratação leve,
moderada e grave.

A

O paciente sem sinais de desidratação apresenta os
seguintes achados: bom estado geral/alerta, olhos
úmidos, presença de lágrimas, sem sede excessiva,
sinal de prega cutânea desaparece rapidamente e o
pulso é cheio;
O paciente que tem 2 ou mais dos seguintes sinais
pode se considerar desidratado: irritado e em regular
estado geral, olhos fundos, lágrimas ausentes, com
muita sede, o sinal da prega desaparece lentamente
e o pulso é rápido e fraco;
O paciente que apresenta uma desidratação grave
apresenta os seguintes achados: mau estado
geral/comatoso ou hipotônico, olhos fundos e
secos, lágrimas ausentes, tem sede, mas não
consegue beber água; o sinal da prega é duradouro e
demora para desaparecer e o pulso está fraco e até
ausente;

21
Q

Discuta os planos de tratamento para diarreia
aguda (A, B e C), explicando quando cada um é
indicado e as principais estratégias
terapêuticas associadas.

A

Plano A é indicado para pacientes sem sinais de
desidratação - ingestão líquida maior que a habitual
+ SRO após cada evacuação (< 1 ano é 50/100mL, 1
até 10 anos é 100/200mL e maiores de 10 anos é o
quanto a criança tolerar) + manter dieta habitual (não
fazer dieta obstipante) + repor zinco de 10 a 14 dias;
procurar serviço se não tiver sinais de melhora em
48h ou presença de sinais de alerta - piora da
diarreia, vômitos recorrentes, sede intensa, recusa
alimentar, sangue nas fezes e diminuição da diurese;
Plano B é indicado para pacientes com sinais de
desidratação - deve ser feito na UBS ou outro local
que consiga monitorar, sendo liberado após
desaparecimento dos sinais de hidratação e reinício
da alimentação - SRO de 50 a 100ml/kg administrado
no período de 4-6h; se o paciente melhorar pode
seguir com o plano A em casa, se não melhorar pode-
se tentar SRO por gastróclise; se persistir em não
melhora → plano C;
Plano C é para crianças que tenham desidratação
grave - hidratação IV hospitalar e iniciar SRO assim
que possível, observar por pelo menos 6h; 2 fases de
tratamento, expansão em < de 5 anos é feito com SF
0,9% (20mL/kg) até a reidratação, já em > de 5 anos
é feito com SF 0,9% na alíquota de 30mL/kg por 30
minutos + ringer lactato 40mL/kg por 2h30; a 2ª fase
é a reposição feita com soro 1:1 de SF 0,9% + SG 5%;
esse paciente precisa de reavaliação constante de
sinais vitais, pulso e perfusão periférica e nível de
consciência;