Obesidade Flashcards
(19 cards)
O que é obesidade
doença crônica, complexa, de
etiologia multifatorial e que resulta de um
balanço energético positivo – associação de
fatores genéticos, ambientais e
comportamentais;
Distúrbio nutricional mais prevalente – teve um
crescimento muito grande do final do século XX
para o início do século XXI até hoje!
Fisiopatologia da obesidade
Existem componentes do corpo que contribuem para o equilíbrio energético e que regulam a composição corporal – atuam na ingesta alimentar, em gasto energético e ainda nos dois, modulando a ação;
• Leptina: secretada em proporção ao volume de
gordura corporal e age no hipotálamo – ativa vias catabólicas e inativa vias anabólicas à inibindo a ingestão alimentar e estimulando o gasto energético;
- Pessoas obesas tem índices maiores de
leptina à diminuição da sensibilidade a
substância;
- Hiperinsulinemia crônica bloqueia o
sinal de transdução da leptina;
• Neuropeptídeos orexígenos e anorexígenos:
regulam a ingestão alimentar;
- Neuropeptídeo Y (NPY) - OREXÍGENO:
estimulador da ingestão alimentar – é
secretado em situações de jejum e
hipoglicemia; sua secreção aumenta
com depleção do estoque de gordura ou
sinalização reduzida da leptina no
cérebro;
- Melanocortinas (alfa-MSH – hormônio
melanócito estimulante) -
ANOREXÍGENOS: suprimem a ingesta
alimentar;
• Colecistoquinina (CCK): estimulada pelo
consumo alimentar de proteínas e gorduras –
efeito de saciedade (término da refeição);
- Ativa receptores na região pilórica do
estômago à via vagal aferente à trato
solitário à núcleo paraventricular e
região ventromedial do hipotálamo à
diminui a ingesta alimentar;
• Grelina: regula a ingesta alimentar – aumentam
gradualmente antes das refeições e diminuem
após estas;
- Age estimulando a expressão do NPY no
hipotálamo;
- Síndrome de Prader-Will: níveis
elevados de grelina à hiperfagia e
obesidade;
• Adiponectina: efeito antidiabético,
antiteratogênico e anti-inflamatório;
o Na obesidade: deficiência de
adiponectina;
• Adipsina e proteína estimulante de acilação
(ASP): ASP é uma proteína que afeta o
metabolismo lipídico e glicídico e adpsina é seu
precursor;
- Promovem a captação de ácidos graxos
por aumento da atividade lipoproteica e síntese de triglicerídeos; além de
estimular o transporte de glicose nos
adipócitos, favorecendo a secreção
pancreática de insulina;
- Estão relacionadas com adiposidade,
resistência insulínica, dislipidemia e
doenças cardiovasculares;
• Fator de Necrose Tumoral (TNF-alfa): mediador
da resistência à insulina na obesidade;
• Interleucina 6 (IL-6): está aumentada na
obesidade e está relacionada com a intolerância
a glicose e resistência insulínica;
- Com a perda de peso a redução nos
níveis e na expressão dessa
interleucina;
• Proteína quimioatrativa de macrófagos e
monócitos (MCP-1): o tecido adiposo secreta
MCP-1, uma molécula que recruta monócitos
para áreas de inflamação;
- Em camundongos obesos, há aumento
dos níveis de MCP-1, que eleva o
número de monócitos circulantes,
promove seu acúmulo em artérias e
contribui para a formação de
aterosclerose;
- A obesidade está ligada à maior
infiltração de macrófagos no tecido
adiposo, os quais secretam TNF-alfa e
IL-6, fatores inflamatórios que
contribuem para a resistência à
insulina;
• Inibidor do ativador de plasminogênio (PAI-1):
o PAI-1 está diretamente envolvido na
angiogênese e aterogênese – preditores de risco
de diabetes tipo 2 e doença cardiovascular;
Fatores que influenciam na obesidade infantil
• Ingesta calórica excessiva;
• Sedentarismo – a ingesta calórica excessiva
está relacionada à baixo gasto calórico pelo
sedentarismo;
• Genética: pré-disposição para obesidade –
herança poligênica;
- Epigenética: condições ambientais ou
extrínsecas que leva a ativação de
alguns genes – predispõe a uma série de
doenças;
§ PIG;
§ GIG;
§ RN de mãe diabética;
• Alimentação familiar: pais obesos –
compartilham a dieta com a criança;
- Estilo parental – compartilham
preferências, sinais de fome e
saciedade;
§ Ex: comer assistindo televisão –
não se atenta ao sinal de
saciedade;
- Maneiras com que lida com a comida;
• Conhecimento materno sobre a nutrição:
- Preocupação materna na prevenção de
doenças:
§ + frutas e verduras;
§ - ingesta de gorduras;
• Desmame precoce: antes de 6 meses de vida
retira-se o aleitamento materno exclusivo;
- Criança exposta a alimentos mais
açucarados e gordurosas;
• Alimentação complementar incompleta:
introdução inadequada de alimentos;
- Ex: crianças que comeram doces muito
cedo;
§ Açúcar deve ser introduzido
depois dos 2 anos de idade;
• Influência sobre a regulação da fome: a fome é
naturalmente baseada na necessidade;
- Alimentar o bebê toda vez que ele chora
= associação alimentar negativa –
stress;
- Precisa ensinar a criança a reconhecer a
sensação de fome e saciedade;
§ E os pais precisam saber
também; O controle/restrição excessiva de
alimentação também pode ser
prejudicial para a criança à quando ela
puder comer, ela come excessivamente
por causa da restrição (ignora o sinal de
saciedade);
§ Consumo associado a
momentos de recompensa à
estimula o consumo quando a
restrição é retirada;
• Ex: se tiver bom comportamento, ganha um doce;
• Comunidade social e familiar:
- Características sociais – escolas com
poucas atividades físicas, bairros
perigosas que não pode brincar na rua;
- Condições econômicas – alimentos
saudáveis são mais caros ou dinheiro
para pagar por atividades físicas;
- Segurança;
• Velocidade de crescimento e sexo:
- Quanto maior a velocidade de
crescimento em relação ao ganho
ponderal – menor o IMC;
- A velocidade de crescimento está
relacionada ao sexo;
Diagnóstico obesidade
• Ferramentas:
- Tomografia computadorizada, US, RNM
e absormetria de Rx de Dupla Energia
(DEXA);
- Bioimpedâncias;
- Circunferência abdominal e pregas
cutâneas;
• Na criança o mais importante é o IMC (índice de massa corporal);
• 0 a 5 anos:
0,1th < IMC < 3th à magreza;
3th < IMC < 85th à eutrófico;
85th < IMC < 97th à risco de sobrepeso;
97th < IMC < 99,9th à sobrepeso;
> 99,9th à obesidade;
OBS: é menos rigoroso de 0 a 5 anos pois a família pode ser muito restritiva e isso terá consequências negativas na criança;
• Entre 5 e 10 anos:
3th < IMC < 85th à eutrófico;
85th < IMC < 97th à sobrepeso;
97,7th < IMC < 99,9th à obesidade;
> 99th à obesidade grave;
Diagnósticos diferencias par obesidade
• Endocrinopatias (< 1%):
Hipotireoidismo;
Hipercortisolismo;
Deficiência de GH;
• Síndromes Genéticas:
Prader-Willi;
Bardet-Biedl;
Laurence-Moon;
Tunner;
Complicações obesidade
• Alterações neurológicas;
• Problemas cardiovasculares – hipertensão e
coagulopatia (trombofilias), dislipidemia;
• Alterações gastrointestinais – esteatose
hepática;
• Diabetes e outros distúrbios endócrinos;
• Pneumopatias – restrição da ventilação por
causa da gordura abdominal;
• Piora de quadro asmático;
Sd metabólica
Associação de 4 fatores:
- Obesidade – IMC ou circunferência
abdominal;
- Resistência a insulina/DM-2;
- Dislipidemia – alta de TGC e baixo HDL;
- HAS;
• Em crianças com menos de 10 anos, não é
possível diagnosticar síndrome metabólica
porque não há corte para diagnosticar a
síndrome -> mas pode ter diagnostico de
obesidade com HAS, DM;
Tratamento obesidade
• Objetivos do tratamento:
- Mudança do estilo de vida – inserir
atividades físicas;
- Reeducação alimentar – retirar
alimentos gordurosos e açucarados;
- Reduzir as comorbidades;
• A redução de peso não é um objetivo imediato
pois a criança está em crescimento – o
importante é reduzir comorbidade pois a criança
pode reduzir o peso com o crescimento;
- Se a criança já está iniciando a parada
no crescimento, pode começar a reduzir
o peso;
- Se a criança tem muitas comorbidades
associadas, pode-se pensar em reduzir
o peso;
• A criança que vai para o tratamento
medicamentoso é aquela que passou pelos três de MEV e já desenvolveu comorbidades
Prevenção obesidade
• A base é: alimentação adequada e atividade
física;
• A prevenção da obesidade é mais barata e mais
eficiente do que o tratamento de suas
morbidades;
Prevenção em relação a alimentação na obesidade
• Problemas mais comuns:
- Tamanho de porção;
- Comer entre as refeições;
-> O problema é ficar comendo
coisas aleatórias antes e
depois das refeições;
-Consumo diário de bebidas
açucaradas;
- Dieta pouco variada;
- Falta de estrutura nos padrões
alimentares – comer devagar, longe da
TV e sem recompensas;
- Pular refeições;
• Soluções:
- Melhorar a qualidade da alimentação –
1º passo;
- Porções pequenas e refeições únicas
(servir uma única vez);
- Envolver toda a família;
-> Não adianta a família comer
pizza e a criança comer
brócolis;
- Horários regulares das refeições e em
ambiente adequado;
- Estimular as percepções da criança:
-> Fome;
-> Saciedade;
-> “Desejo”;
-> Prazer;
- Evitar guloseimas – não deve ter em
casa, mas não deve ser proibido para
não gerar compulsão alimentar;
DIETAS RESTRITIVAS
• Não devem ser feitas de rotina;
• Reduz massa muscular e ritmo de crescimento;
• Influenciam em distúrbios nutricionais – bulimia
e anorexia;
• Uso de adoçantes aumentam a quantidade de
sódio;
• Não fazer:
- Cortar total alguns alimentos;
- Cortar refeições, não respeitar a fome;
- Trocas absurdas de alimentos;
Seguimento do tratamento da obesidade
• Reduzir a velocidade de ganho ponderal:
- Perdas rápidas ou acentuadas – sempre
investigar outras patologias (infecção e
neoplasia);
• Não se deve reduzir a velocidade de crescimento – ou está tendo muita restrição ou tem patologia associadas;
Problemas em relação ao tratamento obesidade
• Custo da alimentação saudável –
ultraprocessados são muito mais baratos em
relação a alimentos saudáveis;
• Segurança – a criança não pode brincar na rua
pois é perigoso;
• Social – questões culturais de tamanho de
porções;
• Educacional – conhecer os riscos da obesidade;
• Hábitos da família;
• Mídia;
• Tempo de tela – deve ser evitada até os 18
meses e está muito associada ao sedentarismo;
- Academia Americana: começar a partir
dos 2 anos e de 2 a 5 anos:
Até 1 hora por dia;
Programas de alta qualidade;
Assistir junto;
Aplicando no mundo ao redor;
Impor limites;
Zonas livres de tela – refeições,
carro, encontros familiares;
- Academia Britânica: evitar até os 3
anos;
Sem tela no quarto e monitorar
o uso;
3 a 7 anos – 30’ até 1h;
7 a 12 anos – 1h/dia;
12 a 15 anos – 1h30/dia;
> 16 anos – 2h/dia;
Qual a principal causa de Obesidade nas
crianças e adolescentes?
A obesidade é uma doença complexa de caráter
multifatorial que deriva de um balanço energético
positivo na criança e no adolescente; ela está
relacionada a alimentação inadequada combinado
ao sedentarismo, além de fatores intrínsecos
individuais;
Quais os principais aspectos intrínsecos e
extrínsecos que contribuem para o
desenvolvimento do sobrepeso e obesidade
na população pediátrica?
De aspectos intrínsecos pode-se citar: genética
(predisposição individual para o ganho de peso),
alterações hormonais e metabólicas;
De fatores extrínsecos têm-se: consumo excessivo
de ultraprocessados e peso inadequado das porções
alimentares, sedentarismo (que contribui para o
balanço positivo), alimentação familiar inadequada
(uma vez que a criança come a comida da casa) além
de erros comportamentais em relação a alimentação
(comer assistindo TV faz com que a criança não
tenha a noção de saciedade); estabelecer
recompensar ou exigir restrições alimentares que
podem levar a criança a comer compulsivamente;
Como é feito o diagnóstico do sobre peso e
obesidade na faixa etária pediátrica?
O diagnóstico na criança é feito a partir do cálculo do IMC (avaliando crianças do mesmo sexo e mesma faixa etária).
Em crianças de 0 a 5 anos, os parâmetros são mais flexíveis, uma vez que a criança está em fase de crescimento e tende a compensar o peso conforme o crescimento; a criança que se encontra entre o z- score +2 e +3 está com sobrepeso e a criança que se encontra no z-score +3 já pode ser considerada obesa.
Entre 5 e 10 anos, os critérios são um pouco mais rigorosos, em que z-score entre +2 e + indica obesidade e z-score +3 é compatível com obesidade grave.
Quais as principais complicações da
obesidade na criança e no adolescente?
As principais complicações da obesidade estão
atreladas a comorbidades que essa criança vai
desenvolver e vão se perpetuar durante toda a vida, como hipertensão, diabetes, dislipidemia, esteatose hepática, além da síndrome metabólica (que pode ser diagnóstica após os 10 anos);
Qual o tratamento da obesidade na criança e
adolescente?
O tratamento para criança e adolescente é baseado na mudança do estilo de vida (reeducação alimentar + exercícios físicos). A redução de peso não é um objetivo principal se a criança não apresentar nenhuma comorbidade. Tratamento medicamentoso apenas se a criança apresentar
comorbidades já estabelecidas.
Quais as principais recomendações a serem
feitas em relação à mudança da qualidade da
alimentação na pediatria?
Obesidade
A alimentação da criança é um fator muito
importante e é a principal preocupação com a
mudança da qualidade é: reduzir o consumo de
ultraprocessados, adequar o tamanhos das porções das refeições (comer uma única vez e uma (quantidade suficiente), envolver toda familiar no processo de reeducação alimentar (todos acompanham a refeição da criança), estimular a percepção de fome e saciedade. Além disso, dietas restritivas não devem ser feitas por terem como consequência o efeito rebote de criar na criança um comportamento que pode evoluir para bulimia e anorexia.
E com relação à atividade física e tempo de
tela?
Obesidade
A atividade física deve ser estimulada e inserida na
rotina da criança, seja por meio do incentivo de uma
maior participação em atividades físicas na escola,
ou brincar com colegas no bairro de casa, ou até
mesmo, se uma viabilidade econômica, matricular-
se em alguma academia ou esporte coletivo; o
tempo de tela deve ser restrito na criança e no
adolescente, pois o uso de tela está associado a um
maior sedentarismo e menos atividade física; além
disso, o uso de tela traz prejuízos na comunicação
social da criança e em sua interação com o mundo.