Infecção em Cirurgia -> AB e Profilaxia Flashcards
(2 cards)
Classificação das Cirurgias Quanto ao Risco de Infecção
- Cirurgias Limpas:
a. Envolvem áreas sem contaminação natural, geralmente superficiais, onde os
únicos germes presentes são da pele (Gram-positivos, especialmente
Staphylococcus aureus).
b. Exemplos: cirurgias plásticas, de tireoide/paratireoide, de varizes.
c. A microbiota é controlável com medidas simples de preparo pré-operatório,
como:
i. Tratar infecções urinárias
ii. Controlar diabetes
iii. Parar de fumar
iv. Tratar feridas superficiais
d. Risco de infecção: cerca de 5% (idealmente até 2%).
e. Não se recomenda uso rotineiro de antibiótico profilático, exceto nos
seguintes casos:
i. Cirurgia oftalmológica
ii. Cirurgia neurológica eletiva
iii. Cirurgia vascular
iv. Justificativa: nesses casos, uma infecção pode levar a complicações
graves, como perda da visão ou amputação. - Cirurgias Potencialmente Contaminadas:
a. Cirurgias eletivas feitas rotineiramente, com risco de exposição à microbiota
interna, mesmo com técnica adequada.
b. Exemplos: gastrectomia, hepatectomia, esplenectomia, colecistectomia.
c. Risco de infecção: cerca de 12%.
d. Conduta: uso de antibiótico profilático reduz esse risco. - Cirurgias Contaminadas:
a. Situações em que o órgão afetado já apresenta sinais de inflamação e pode
evoluir para infecção.
b. Exemplos: feridas traumáticas com menos de 4 horas, lesões do TGI,
abertura do trato biliar
c. Risco de infecção: entre 18 e 20%.
d. Conduta: usar antibiótico em dose terapêutica, iniciado logo no atendimento
inicial ou durante a indução anestésica - Cirurgias Infectadas (Sujas):
a. O paciente já apresenta um quadro infeccioso instalado, como um abdômen
agudo, com pus e fibrina na cavidade abdominal
b. Exemplo: feridas traumáticas com mais de 4 horas.
c. Risco de infecção: entre 50 e 60%.
d. Conduta: uso de antibiótico em dose terapêutica, com o objetivo de tratar a
infecção.
Antibioticos na Cirurgia
Uso de Antibióticos em Cirurgia:
- Quanto menor o uso de antibióticos, melhor — seu uso deve ser criterioso
- A escolha entre antibióticos profiláticos, terapêuticos, empíricos ou direcionados
deve considerar:
- Prevenção de resistência bacteriana
- Evitar o surgimento de microrganismos multirresistentes
Antibioticoprofilaxia:
- Objetivo: utilizar o antibiótico apropriado para prevenir infecção no período
perioperatório, considerando a microbiota do local operado.
- Características desejáveis do antibiótico:
- Baixa toxicidade e poucos efeitos adversos
- Custo acessível
- Baixo potencial de induzir resistência bacteriana
- Esquema de administração:
- Iniciar o antibiótico 1 a 2 horas antes da cirurgia
- Continuar durante a cirurgia
- Interromper nas primeiras 24 horas após o procedimento
- Exceções: pode-se considerar o uso por até 48 horas em algumas situações
específicas
- Durante cirurgias longas, é necessário:
- Repetir a dose conforme a farmacocinética e farmacodinâmica da
droga
- Garantir que se mantenha a concentração inibitória mínima no soro e
nos tecidos
- Caso o antibiótico seja iniciado muito antes da cirurgia, pode ser
necessário reforçar a dose (2–3x) no momento da indução anestésica
- Antibióticos mais usados na profilaxia:
- Cefalosporinas de 1ª geração, como: Cefazolina, Cefalotina, Ambas têm
meia-vida de 2 a 3 horas.
Antibioticoterapia (Uso Terapêutico de Antibióticos):
Em cirurgias contaminadas:
- Início da antibioticoterapia: no momento da admissão do paciente, com base
no tipo de flora que se deseja cobrir e na gravidade do quadro.
- Durante a cirurgia: o cirurgião avalia a necessidade de continuar ou
suspender os antibióticos, conforme a presença ou ausência de infecção
evidente
Em cirurgias infectadas:
- Pacientes com síndrome de abdômen agudo: avaliação clínica e início de
antibióticos com espectro adequado (cobertura para Gram-negativos e
anaeróbios).
- Se o paciente estiver grave, iniciar antibióticos de amplo espectro
(Gram-positivos, Gram-negativos e anaeróbios) imediatamente
- Se não houver sinais de infecção, trata-se apenas a causa cirúrgica
(ex: apendicite, colecistite, úlcera perfurada), mantendo o antibiótico
inicial e repetindo a dose conforme o tempo cirúrgico.
- Se houver presença clara de infecção (ex: pus), realiza-se terapia
agressiva com antibióticos