Transtornos Bipolares Flashcards
(12 cards)
Definição de transtornos bipolares e classificação (DSM-5)
Grupo de transtornos do humor caracterizados por episódios alternados de elevação e rebaixamento do humor, com comprometimento do funcionamento social, profissional ou familiar.
Classificação (DSM-5): Transtorno Bipolar Tipo I, Transtorno Bipolar Tipo II, Transtorno Ciclotímico
Critérios de definição para episódio maníaco
Definição (DSM-5):
Período de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, com aumento da energia e atividade, por ≥ 1 semana, na maior parte do dia, quase todos os dias.
Pelo menos 3 (ou 4, se humor for apenas irritável):
• Aumento da autoestima (grandiosidade)
• Redução da necessidade de sono
• Fala excessiva (pressão da fala)
• Fuga de ideias
• Distratibilidade
• Aumento de atividades com risco (ex: gastos, sexo)
Deve causar prejuízo grave (ex: internação, psicose ou risco à segurança)
TAB tipo 1
Pelo menos 1 episódio maníaco, podendo ou não haver episódios depressivos.
Episódio maníaco é suficiente para o diagnóstico. Com ou sem sintomas psicóticos
TAB tipo 2 e diferença da mania
Pelo menos 1 episódio hipomaníaco, e pelo menos 1 episódio depressivo maior
Diferença da mania: Hipomania dura ≥ 4 dias. Não há prejuízo grave, psicose ou necessidade de internação
Transtorno Ciclotimico
Oscilações crônicas de humor com sintomas hipomaníacos e depressivos, que não preenchem critérios para episódios completos. De duração: ≥ 2 anos (≥ 1 ano em crianças)
Caracteristicas do episódio depressivo no transtorno bipolar
• Os sintomas são semelhantes ao Transtorno Depressivo Maior
• Alerta importante: o uso de antidepressivos sem estabilizador do humor pode precipitar mania
Porque o uso de antidepressivos sem estabilizadores de humor no TAB pode precipitar episódio maniaco ?
O Transtorno Bipolar envolve uma disregulação das vias neuroquímicas do humor, especialmente da dopamina, serotonina e noradrenalina. Durante episódios depressivos, há uma redução geral da atividade neuronal e da neurotransmissão, especialmente nos circuitos do humor e recompensa.
Os antidepressivos, particularmente os ISRS, aumentam rapidamente os níveis de serotonina (e outros neurotransmissores), levando a uma elevação do humor.
O que acontece:
• O uso isolado de antidepressivo pode quebrar o equilíbrio do cérebro do paciente bipolar.
• Ao “forçar” uma elevação do humor, ativa-se demais a via dopaminérgica mesolímbica, facilitando sintomas como: Euforia, Grandiosidade, Redução da necessidade de sono, Impulsividade, Fuga de ideias
Diagnostico diferencial dos transtorno bipolares
Diferenciar de:
• Transtorno Depressivo Maior (avaliar história de mania ou hipomania)
• Transtorno de Personalidade Borderline (instabilidade emocional mais rápida e crônica)
• Transtornos psicóticos (ex: esquizofrenia com sintomas de humor)
Tratamento farmacológico de Transtornos Bipolares
Estabilizadores do humor:
• Lítio: ouro padrão para mania e prevenção
• Anticonvulsivantes: valproato, carbamazepina, lamotrigina
• Antipsicóticos atípicos: quetiapina, olanzapina, risperidona (especialmente em fases agudas)
Antidepressivos:
• Devem ser usados com muita cautela, sempre junto com estabilizadores
• Risco de virada maníaca
Psicoterapia de suporte:
Importante para adesão ao tratamento e prevenção de recaídas
Murilo, 28 anos, engenheiro
Murilo foi trazido à emergência por sua esposa, que relatou mudança súbita no comportamento há 6 dias. Ele passou a dormir apenas 2 a 3 horas por noite, dizendo que “o cérebro está muito rápido para perder tempo com sono”. Está muito expansivo, com fala acelerada, ideias grandiosas (“vou abrir uma empresa em 3 dias e revolucionar a tecnologia no Brasil”), fazendo gastos excessivos no cartão de crédito.
Ele entrou em discussões com colegas de trabalho, tentando “dar ordens” ao chefe, e foi afastado. Na entrevista, está eufórico, desinibido, com vestes extravagantes, expressividade aumentada e comportamento inadequado (tentou abraçar a médica da triagem). Nega alucinações, mas apresenta delírios de grandiosidade.
História passada: Um episódio depressivo leve há 2 anos. Sem uso atual de substâncias.
Episódio maníaco clássico: humor elevado, pouca necessidade de sono, fuga de ideias, comportamento impulsivo e risco social/profissional. A presença de delírios de grandiosidade indica gravidade. Basta um episódio de mania para o diagnóstico de TAB I, mesmo que isolado.
Aline, 23 anos, estudante de letras
Aline procurou atendimento ambulatorial queixando-se de instabilidade emocional há anos. Refere que, frequentemente, passa alguns dias muito animada, com aumento de energia, fala mais rápida, sensação de criatividade, sono reduzido e aumento do desejo sexual. No entanto, logo depois, entra em fases de tristeza, falta de energia e desânimo. Nega prejuízo funcional grave nos episódios, mas relata que já perdeu provas por estar “sem ânimo nenhum” e que em outras semanas “acha que vai dominar o mundo”.
Nega episódios de mania intensa, nunca foi internada, e não apresenta sintomas psicóticos. Não faz uso de drogas, mas tem história familiar de “transtornos do humor” no pai.
Flutuações de humor crônicas, com sintomas hipomaníacos e depressivos que não preenchem critérios completos para nenhum dos dois episódios. A duração referida (anos) e ausência de funcionalidade gravemente comprometida são compatíveis com Transtorno Ciclotímico.
Diferença entre Ciclotimia e TPB
O Transtorno Ciclotímico envolve oscilações crônicas de humor entre sintomas leves de hipomania e depressão, com duração de dias a semanas. As mudanças são espontâneas, sem gatilhos externos claros, e a identidade e os relacionamentos são estáveis. Não há impulsividade grave nem medo de abandono.
Já o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é marcado por instabilidade emocional intensa, mudanças rápidas de humor (em horas), forte impulsividade, medo de abandono, sentimentos crônicos de vazio e relacionamentos caóticos. Os sintomas são reativos ao ambiente e fazem parte de um padrão de personalidade desadaptado.
Resumo prático:
Ciclotimia: oscilação de humor leve e espontânea, com preservação da identidade.
TPB: instabilidade emocional reativa + impulsividade + medo de abandono.