Transtornos De Personalidade Flashcards
(9 cards)
Transtorno de personalidade: critérios para diagnósticos DSM-5
Critérios gerais (DSM-5)
Para se diagnosticar um transtorno de personalidade, é necessário:
• Padrão persistente e inflexível de comportamento
• Início precoce (adolescência/início da vida adulta)
• Prejuízo funcional ou sofrimento clínico
• Não explicado por outra condição médica ou substância
Divisão de grupos dos transtornos de personalidade (A, B, C)
Os transtornos de personalidade são agrupados em três clusters (grupos):
• Grupo A (excêntricos ou estranhos): paranoide, esquizoide, esquizotípico
• Grupo B (dramáticos, emocionais ou erráticos): borderline, histriônico, narcisista, antissocial
• Grupo C (ansiosos ou temerosos): evitativo, dependente, obsessivo-compulsivo
Grupo A: Paranoide, Esquizoide e Esquizotipico
- Paranoide:
Desconfiança e suspeita injustificada dos outros, interpretações maliciosas de intenções alheias, hipervigilância. - Esquizoide:
Distanciamento social, frieza emocional, falta de interesse em relações interpessoais. - Esquizotípico:
Pensamento mágico, discurso e comportamento excêntricos, ideação paranoide leve; pode evoluir para esquizofrenia.
Grupo B: Antissocial, Borderline, Histriônico, Narcisista
- Antissocial:
Desrespeito por normas e direitos alheios, comportamento impulsivo e agressivo; diagnóstico após 18 anos com histórico de transtorno de conduta antes dos 15. - Borderline:
Instabilidade emocional, relacionamentos intensos e instáveis, medo de abandono, impulsividade, comportamentos autolesivos. - Histriônico:
Busca excessiva por atenção, teatralidade, emoções superficiais, hiperssexualização. - Narcisista:
Grandiosidade, necessidade de admiração, falta de empatia, comportamentos arrogantes.
Grupo C: Evitativo, Dependente, Obsessivo-Compulsivo
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🧷 FLASHCARD 6 – Grupo C (personalidades ansiosas)
- Evitativo (esquiva):
Timidez extrema, hipersensibilidade à crítica, evita relações por medo de rejeição. - Dependente:
Necessidade excessiva de ser cuidado, medo de separação, dificuldade de tomar decisões sem apoio externo. - Obsessivo-Compulsivo (TPOC):
Preocupação com ordem, perfeccionismo, rigidez, controle excessivo; diferente do TOC (transtorno de ansiedade).
Diagnósticos diferenciais importantes de TP: Borderline X Bipolar e TP Obsessivo-Compulsivo X TOC
• Borderline × Bipolar: no borderline, as oscilações de humor são reativas, rápidas e ligadas a eventos externos; no TAB, há episódios mais duradouros e espontâneos.
• TP Obsessivo-Compulsivo × TOC: no TP obsessivo, não há obsessões ou compulsões típicas; é um padrão rígido de personalidade.
Tratamento
• Psicoterapia é o tratamento de escolha, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia Dialética Comportamental (para borderline).
• Medicamentos são usados apenas para sintomas associados (depressão, ansiedade, impulsividade, etc.).
O paciente borderline é manipulativo?
O paciente borderline não manipula de forma intencional e fria como alguém com Transtorno de Personalidade Antissocial.
Seus comportamentos extremos refletem instabilidade emocional e desespero frente à ideia de rejeição ou abandono.
Pessoas com TPB têm medo profundo e constante de serem abandonadas.
• Quando se sentem ameaçadas ou rejeitadas, podem adotar comportamentos extremos — como ameaças de suicídio, automutilação ou acusações — para tentar evitar a separação ou testar vínculos.
• Esses comportamentos podem parecer “manipulativos”, mas são, na verdade, expressões de dor emocional desregulada, e não fruto de frieza calculada.
Camila, 21 anos, universitária, comparece ao pronto-socorro acompanhada da mãe, após episódio de autolesão superficial com lâmina de barbear no antebraço.
Relato da mãe: “Foi depois que ela discutiu com o namorado. Ele disse que talvez precisasse de um tempo, e em minutos ela se trancou no banheiro.”
Anamnese com Camila:
Ela relata sentir que “ninguém nunca fica” com ela, que “é muito intensa” e que “se odeia”. Diz que “quando sente que vai perder alguém, parece que vai morrer por dentro”.
Admite ter feito os cortes “para ele ver o quanto estava doendo”, mas nega intenção de suicídio naquele momento.
Refere outros episódios semelhantes no último ano, sempre associados a conflitos interpessoais. Tem histórico de relações intensas e curtas, impulsividade em compras e sexo, sentimentos frequentes de vazio, e crises de raiva.
Exame psíquico:
Humor disfórico, labilidade afetiva, autoimagem instável. Sem sintomas psicóticos.
Comportamento impulsivo e autolesivo em resposta ao medo de abandono, sem frieza ou cálculo, e com evidências de sofrimento emocional intenso.
O comportamento da paciente não deve ser rotulado como “manipulador”, mas sim entendido como uma estratégia desorganizada de lidar com a dor emocional.
Ela preenche critérios diagnósticos para TPB:
• Esforços desesperados para evitar abandono
• Instabilidade afetiva
• Impulsividade
• Comportamento autolesivo
• Sentimentos crônicos de vazio