TUT 6 - HDA/Úlcera Péptica - Objetivas Flashcards
(67 cards)
Questão 1
Paciente masculino de 65 anos dá entrada no pronto-socorro com quadro de melena, queda da pressão arterial ao se levantar e frequência cardíaca de 105 bpm. Refere dor epigástrica recente e uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para artrite. Apresenta-se pálido e com hemoglobina de 7,8 g/dL. Qual a conduta inicial mais adequada?
A. Realizar endoscopia digestiva alta de urgência, independentemente do estado hemodinâmico
B. Administrar inibidor da bomba de prótons por via oral e observar evolução
C. Iniciar ressuscitação com cristaloides por dois acessos calibrosos e considerar transfusão
D. Solicitar biópsia gástrica para confirmação de H. pylori antes de qualquer intervenção
E. Aplicar fator VIIr empiricamente para estancar o sangramento ativo
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – A endoscopia deve ser feita preferencialmente após estabilização hemodinâmica. Em instabilidade, prioriza-se a ressuscitação antes do exame.
B. Incorreta – A administração de IBP oral não é suficiente em um cenário de HDA com instabilidade e sangramento ativo.
C. Correta – A estabilização hemodinâmica com cristaloides por acessos calibrosos e transfusão se necessário é a prioridade inicial em quadros de choque hipovolêmico por HDA.
D. Incorreta – Embora a identificação de H. pylori seja relevante, ela não precede a estabilização hemodinâmica.
E. Incorreta – O fator VIIr é reservado para pacientes com uso de varfarina e sangramento ativo. O uso indiscriminado não é indicado inicialmente.
Questão 2
Um paciente é internado com hematêmese volumosa e apresenta sinais de choque hipovolêmico. Após estabilização inicial, é submetido à endoscopia que revela úlcera gástrica sangrante com vaso visível. Qual a melhor abordagem terapêutica nesse momento?
A. Infusão contínua de omeprazol EV por 72h associada a terapia endoscópica combinada
B. Omeprazol VO 20 mg/dia e alta hospitalar imediata
C. Injeção de adrenalina isolada durante a endoscopia
D. Uso de sucralfato via oral como única terapia medicamentosa
E. Observação clínica e repetição da endoscopia em 7 dias
Gabarito: A
Justificativas:
A. Correta – A combinação de tratamento endoscópico (injeção + clipe/spray hemostático) e infusão contínua de IBP EV por 72h é o padrão ouro para úlcera com alto risco de ressangramento.
B. Incorreta – O uso de IBP VO está indicado apenas em casos de baixo risco.
C. Incorreta – A injeção de adrenalina isolada é insuficiente e deve ser complementada com outro método.
D. Incorreta – O sucralfato é adjuvante e não substitui a terapia de escolha.
E. Incorreta – A conduta deve ser imediata e ativa; a espera pode ser fatal nesse contexto.
Questão 3
Homem de 58 anos com antecedentes de etilismo crônico e hepatopatia apresenta hematêmese em jato e melena. Está ictérico e com ascite. Endoscopia mostra varizes esofágicas calibrosas. Qual fator abaixo é mais fortemente associado ao risco de sangramento das varizes?
A. Tempo de protrombina
B. Tamanho das varizes
C. Consumo recente de álcool
D. Nível sérico de amônia
E. Nível de hemoglobina
Gabarito: B
Justificativas:
A. Incorreta – A coagulopatia pode agravar o sangramento, mas não prediz diretamente o risco de ruptura.
B. Correta – O tamanho das varizes é um dos principais preditores de sangramento varicoso.
C. Incorreta – Embora o etilismo esteja relacionado com a causa da hipertensão portal, ele não é preditor imediato de sangramento.
D. Incorreta – A amônia elevada está mais associada à encefalopatia hepática do que à hemorragia.
E. Incorreta – A hemoglobina reflete o grau de sangramento, não o risco iminente de ruptura.
Questão 4
Durante a triagem de um paciente com dor epigástrica, hematêmese e hipotensão postural, você suspeita de sangramento secundário à úlcera péptica. Qual exame laboratorial é mais importante para estimar a gravidade do sangramento e guiar transfusão?
A. Dosagem de gastrina
B. Prova de urease
C. Coagulograma completo
D. Hemoglobina seriada
E. Pesquisa de sangue oculto nas fezes
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – A gastrina pode estar alterada em síndromes específicas, mas não avalia gravidade ou transfusão.
B. Incorreta – A prova de urease detecta H. pylori, mas não quantifica perda sanguínea.
C. Incorreta – O coagulograma é útil se houver suspeita de coagulopatia, mas não como parâmetro primário de gravidade.
D. Correta – A hemoglobina seriada é essencial para monitorar a perda de sangue e definir a necessidade de transfusão.
E. Incorreta – Sangue oculto é útil para sangramentos crônicos, não em HDA com hematêmese.
Questão 5
Paciente de 72 anos apresenta-se com melena e instabilidade hemodinâmica. Após estabilização e tratamento endoscópico, o médico inicia omeprazol 8mg/h em bomba de infusão contínua. Qual a principal justificativa para essa conduta?
A. Reduzir a secreção de bile
B. Promover erradicação do H. pylori
C. Evitar a necessidade de cirurgia imediata
D. Diminuir risco de ressangramento após hemostasia endoscópica
E. Acelerar a cicatrização das lesões gástricas benignas
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – IBPs não interferem diretamente na secreção biliar.
B. Incorreta – O tratamento do H. pylori exige antibióticos específicos além do IBP.
C. Incorreta – A cirurgia é evitada por múltiplos fatores, e não apenas pelo uso do IBP.
D. Correta – A infusão contínua de IBP reduz acidez gástrica e o risco de ressangramento após hemostasia.
E. Incorreta – A cicatrização é um efeito desejado, mas a prioridade imediata é evitar novo sangramento.
Questão 6
Homem de 63 anos, com histórico de AINEs crônicos para osteoartrite, é admitido com melena e hipotensão postural. Após estabilização hemodinâmica e endoscopia digestiva alta, é identificado vaso visível em úlcera gástrica, sendo realizada injeção de adrenalina e aplicação de clipes hemostáticos. O médico prescreve omeprazol EV em bolus seguido de infusão contínua. Qual o principal objetivo da infusão contínua de IBP e como ela deve ser administrada?
A. Neutralizar o ácido gástrico por alcalinização direta do conteúdo gástrico, em infusão de 20 mg/h por 24h
B. Reduzir o volume gástrico secretado, por infusão de 40 mg IV a cada 6 horas
C. Estabilizar o coágulo e manter pH gástrico >6, por infusão contínua de 8 mg/h por 72h após bolus de 80 mg
D. Atuar como antibiótico local contra H. pylori, por infusão contínua de 8 mg/h até resultado da biópsia
E. Evitar formação de novas úlceras por redução aguda da motilidade gástrica, em dose contínua de 4 mg/h por 48h
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – A ação dos IBPs não se dá por alcalinização direta do conteúdo gástrico, e a dose citada é incorreta e não recomendada.
B. Incorreta – A administração intermitente de 40 mg IV 6/6h pode ser usada em outros contextos, mas não é o regime preferido em pacientes com úlcera de alto risco após hemostasia.
C. Correta – A infusão contínua de omeprazol após um bolus inicial de 80 mg visa manter o pH gástrico acima de 6, condição que favorece a estabilidade do coágulo e reduz significativamente o risco de ressangramento. A dose padrão é de 8 mg/h por 72 horas.
D. Incorreta – O IBP não tem ação antibiótica contra H. pylori. O tratamento de erradicação envolve antibióticos específicos em associação ao IBP, e não se faz por infusão contínua.
E. Incorreta – O efeito principal dos IBPs não está na motilidade gástrica, e a dose mencionada não corresponde ao regime usado em úlceras com alto risco de ressangramento.
Questão 7
Paciente de 58 anos é admitido com dor epigástrica e melena. Após estabilização, realiza endoscopia digestiva alta que identifica uma úlcera duodenal com leito limpo, sem sangramento ativo. O paciente está hemodinamicamente estável e com hemoglobina de 12 g/dL. Qual é a melhor conduta em relação à terapia com IBP neste caso?
A. Manter omeprazol em infusão contínua de 8 mg/h por 72h, pois qualquer úlcera sangrante é considerada de alto risco
B. Suspender o IBP imediatamente, pois o sangramento cessou e o leito está limpo
C. Trocar para IBP oral imediatamente após a endoscopia, pois o risco de ressangramento é baixo
D. Realizar nova endoscopia em 12 horas para reavaliar o leito da úlcera antes de definir o tratamento
E. Manter IBP EV intermitente por 14 dias, pois é a forma mais eficaz de cicatrização em casos estáveis
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – A infusão contínua de IBP é reservada para pacientes com úlceras de alto risco (ex: vaso visível, sangramento ativo, coágulo aderido). Leito limpo caracteriza baixo risco.
B. Incorreta – O IBP não deve ser suspenso, pois ainda é necessário para cicatrização, mas pode ser trocado para a via oral.
C. Correta – Em pacientes com baixo risco de ressangramento, como neste caso (leito limpo, estabilidade clínica, Hb normal), o IBP pode ser administrado por via oral imediatamente após a endoscopia.
D. Incorreta – Não há necessidade de repetir a endoscopia em curto prazo se o leito da úlcera for limpo e o paciente estiver estável.
E. Incorreta – IBP EV intermitente por 14 dias não é superior ao uso oral em pacientes estáveis com baixo risco. A via oral é preferida por ser eficaz, segura e mais prática.
Questão 8
Mulher de 60 anos, previamente saudável, é levada ao pronto-socorro com dor abdominal súbita, intensa e difusa, iniciada há 2 horas. Relata que a dor começou bruscamente enquanto jantava. Ao exame, está taquicárdica, com abdome rígido, dor à palpação difusa e hipertimpanismo no hipocôndrio direito. Qual o diagnóstico mais provável e o sinal físico descrito?
A. Pancreatite aguda – sinal de Cullen
B. Úlcera péptica perfurada – sinal de Jobert
C. Isquemia mesentérica – sinal de Blumberg
D. Apendicite perfurada – sinal de Rovsing
E. Obstrução intestinal – sinal de Murphy
Gabarito: B
Justificativas:
A. Incorreta – O sinal de Cullen (equimose periumbilical) é associado à pancreatite hemorrágica, que tem dor mais insidiosa e geralmente localizada em epigástrio.
B. Correta – A tríade clássica da perfuração de úlcera inclui dor súbita, taquicardia e rigidez abdominal. O sinal de Jobert (hipertimpanismo no hipocôndrio direito por ar subdiafragmático) é característico de perfuração de víscera oca.
C. Incorreta – A dor da isquemia mesentérica costuma ser desproporcional ao exame físico. O sinal de Blumberg indica irritação peritoneal, mas não é específico para essa condição.
D. Incorreta – O sinal de Rovsing está relacionado à irritação peritoneal por apendicite, e a localização da dor geralmente é em quadrante inferior direito.
E. Incorreta – O sinal de Murphy é típico de colecistite aguda, com dor em hipocôndrio direito à inspiração profunda, não se aplica ao caso.
Questão 9
Homem de 66 anos, com histórico de úlcera péptica mal controlada, apresenta queixas de náuseas persistentes, vômitos pós-prandiais com restos alimentares, saciedade precoce, distensão abdominal e perda de peso progressiva nas últimas semanas. No exame físico, o abdome apresenta som de sucção audível após palpação epigástrica. Qual é a complicação mais provável e a conduta inicial?
A. Penetração de úlcera gástrica – iniciar antibioticoterapia de amplo espectro
B. Obstrução da saída gástrica – descompressão nasogástrica e suporte nutricional
C. Perfuração gástrica – cirurgia de emergência imediata
D. Gastrite erosiva – iniciar IBP oral e alta precoce
E. Neoplasia gástrica – iniciar quimioterapia neoadjuvante
Gabarito: B
Justificativas:
A. Incorreta – Penetração causa dor mais intensa e persistente, podendo cursar com sintomas por fístulas, mas vômitos alimentares tardios e distensão epigástrica são mais sugestivos de obstrução.
B. Correta – A obstrução da saída gástrica cursa com vômitos alimentares tardios, saciedade precoce, distensão e perda de peso. O tratamento inicial inclui descompressão por sonda nasogástrica e correção hidroeletrolítica, seguido de avaliação cirúrgica.
C. Incorreta – A perfuração cursa com dor súbita, sinais peritoneais e rigidez abdominal. Esse quadro é mais arrastado.
D. Incorreta – Gastrite erosiva não causa obstrução, e o quadro clínico descrito é mais grave e progressivo.
E. Incorreta – Neoplasias podem cursar com sintomas semelhantes, mas a abordagem inicial frente a obstrução mecânica é suporte clínico e descompressão, não quimioterapia imediata.
Questão 10
Mulher de 68 anos, com histórico de úlcera gástrica, relata dor epigástrica intensa e persistente, com irradiação para região lombar. Refere halitose, perda de peso e episódios de diarreia fétida logo após refeições. Qual das complicações abaixo melhor explica esse quadro clínico?
A. Perfuração livre da úlcera com peritonite difusa
B. Penetração de úlcera em árvore biliar com fístula gastrobiliar
C. Penetração com formação de fístula gastrocólica
D. Obstrução de piloro por estenose cicatricial
E. Dispepsia funcional com hipermotilidade gástrica
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – A perfuração livre causa dor aguda, difusa, sinais peritoneais. Aqui, o quadro é subagudo e com sintomas sugestivos de fístula.
B. Incorreta – Fístula gastrobiliar pode ocorrer, mas causaria icterícia, hemobilia, ou colúria, não halitose nem diarreia fecalóide.
C. Correta – A penetração em estruturas adjacentes como o cólon pode gerar fístula gastrocólica, caracterizada por halitose, diarreia pós-prandial, perda de peso e vômitos feculentos.
D. Incorreta – Estenose do piloro causaria vômitos alimentares tardios, não diarreia fétida.
E. Incorreta – Dispepsia funcional não causa sintomas tão graves nem perda ponderal com esse padrão.
Questão 11 –
Paciente de 55 anos com dor epigástrica súbita e intensa é diagnosticado com úlcera duodenal perfurada. Ele evolui nas horas seguintes com sinais de choque, queda abrupta da hemoglobina e dor lombar. Qual complicação grave deve ser considerada neste caso?
A. Formação de fístula pancreática com pancreatite secundária
B. Hemorragia por penetração em vaso sanguíneo adjacente
C. Obstrução intestinal por aderência peritoneal precoce
D. Infecção urinária complicada por refluxo vesicoureteral
E. Rotura de aneurisma de aorta abdominal como causa primária
Gabarito: B
Justificativas:
A. Incorreta – A fístula pancreática causa hipermiliasemia e dor persistente, mas não choque hemorrágico.
B. Correta – A penetração de úlcera em vasos adjacentes pode causar hemorragia exsanguinante. A dor lombar e o choque com queda de Hb sugerem sangramento retroperitoneal.
C. Incorreta – A obstrução por aderência é tardia, não explica o quadro agudo.
D. Incorreta – ITU não se relaciona com úlcera perfurada e não causa choque hemorrágico.
E. Incorreta – Embora rotura de aneurisma possa causar dor lombar e choque, o diagnóstico confirmado foi úlcera perfurada.
Questão 12 –
Paciente de 70 anos apresenta quadro de dor epigástrica crônica, icterícia intermitente e vômitos biliosos. Tem história de úlcera duodenal recorrente. Endoscopia mostra úlcera duodenal com bordas irregulares. Suspeita-se de penetração em estrutura biliar. Qual achado laboratorial ou clínico reforça essa hipótese?
A. Aumento de amilase e lipase com esteatorreia acentuada
B. Melena e distensão abdominal sem febre
C. Aumento de bilirrubinas e fosfatase alcalina com icterícia flutuante
D. Leucocitose com anemia microcítica e hipocrômica
E. Dosagem elevada de urease fecal positiva
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – Elevação de amilase e esteatorreia sugerem envolvimento pancreático, não biliar.
B. Incorreta – Esses achados são inespecíficos, podendo ocorrer em diversas complicações.
C. Correta – A penetração da úlcera duodenal em estrutura biliar pode formar uma fístula coledocoduodenal, levando a icterícia intermitente, aumento de bilirrubinas e FA.
D. Incorreta – Esses achados sugerem sangramento crônico, mas não indicam fístula biliar.
E. Incorreta – Testes de urease são utilizados para H. pylori, não ajudam a diagnosticar fístulas.
Questão 13 –
Paciente de 48 anos é atendido por queixa de dor epigástrica recorrente. Nega uso de álcool ou tabaco, mas relata uso frequente de diclofenaco por dores lombares. Endoscopia mostra úlcera gástrica ativa. Qual o principal mecanismo fisiopatológico envolvido nesse caso?
A. Aumento da secreção ácida por hiperplasia de células parietais
B. Redução da produção de muco por destruição direta pela bile
C. Supressão da secreção de bicarbonato por lesão da camada muscular
D. Inibição da produção de prostaglandinas pelas células da mucosa gástrica
E. Aumento da motilidade gástrica com refluxo de conteúdo duodenal
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – Embora aumento da secreção ácida possa estar presente, o diclofenaco atua principalmente sobre os mecanismos protetores.
B. Incorreta – A bile pode irritar a mucosa, mas não é o principal fator nesse cenário.
C. Incorreta – A camada muscular não é diretamente envolvida na secreção de bicarbonato.
D. Correta – Os AINEs inibem a produção de prostaglandinas, que são fundamentais para a manutenção da integridade da mucosa gástrica. Isso compromete a produção de muco protetor e bicarbonato.
E. Incorreta – Esse mecanismo está mais relacionado a refluxo, não à formação de úlceras.
Questão 14 –
Homem de 42 anos, previamente saudável, apresenta dispepsia. Endoscopia revela úlcera duodenal. Biópsia confirma infecção por Helicobacter pylori. Qual dos mecanismos abaixo mais corretamente explica a formação da úlcera nesse contexto?
A. Ação citotóxica direta do H. pylori sobre a submucosa gástrica
B. Inibição da secreção ácida pelas células parietais
C. Hiperplasia de células G e hipergastrinemia devido à colonização antral
D. Redução do tônus do esfíncter pilórico com refluxo biliar
E. Colonização duodenal com aumento da produção de prostaglandinas
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – O H. pylori causa inflamação, mas não age por citotoxicidade direta profunda.
B. Incorreta – A secreção ácida está aumentada no contexto da colonização antral.
C. Correta – Quando o H. pylori coloniza predominantemente o antro, há hiperplasia das células G e aumento de gastrina, levando à hipercloridria, favorecendo a formação de úlceras duodenais.
D. Incorreta – Esse mecanismo está mais relacionado a refluxo gastroduodenal.
E. Incorreta – A presença do H. pylori reduz a produção de prostaglandinas, e a colonização ocorre no estômago, não no duodeno.
Questão 15 –
Paciente de 35 anos refere dor epigástrica em queimação, de início 3 horas após as refeições, com melhora ao se alimentar novamente. Os sintomas pioram durante a madrugada. Qual o diagnóstico mais provável e a explicação para esse padrão de dor?
A. Gastrite erosiva – inflamação contínua da mucosa com piora noturna por refluxo
B. Úlcera gástrica – dor pós-prandial precoce por aumento de ácido
C. Dispepsia funcional – hipersensibilidade visceral sem padrão definido
D. Úlcera duodenal – dor em jejum por ausência do tampão alimentar
E. Esofagite de refluxo – dor associada a decúbito e consumo de álcool
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – A gastrite costuma ter dor contínua ou mais inespecífica, sem padrão tão característico.
B. Incorreta – A úlcera gástrica piora com a alimentação, pois o alimento estimula secreção ácida.
C. Incorreta – A dispepsia funcional tem padrão variável e sem alívio característico com alimentação.
D. Correta – A úlcera duodenal geralmente causa dor em jejum ou de madrugada, quando há secreção ácida sem alimento para tamponar. A dor melhora ao se alimentar.
E. Incorreta – A esofagite causa pirose e regurgitação, e a dor geralmente é retroesternal.
Questão 16 –
Homem de 64 anos é atendido por quadro de melena há dois dias. Nega hematêmese. Ao passar da posição deitada para em pé, apresenta queda de 15 mmHg na pressão arterial sistólica e aumento da frequência cardíaca em 12 bpm. Qual a interpretação mais provável desse achado?
A. Hipotensão postural por neuropatia autonômica diabética
B. Hiperestimulação vagal associada à síndrome do cólon irritável
C. Resposta ortostática normal em idosos com dispepsia funcional
D. Sinal indireto de perda de volume sanguíneo de pelo menos 1 litro
E. Efeito adverso do uso de IBP oral em jejum prolongado
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – A hipotensão por neuropatia diabética é crônica e sem aumento de FC.
B. Incorreta – A síndrome do cólon irritável não está associada a sinais ortostáticos ou hipovolemia.
C. Incorreta – A resposta ortostática normal tem variações discretas. Quedas acima de 10 mmHg e aumento de FC > 10 bpm indicam hipovolemia significativa.
D. Correta – O material afirma que queda de PAS >10 mmHg ou aumento de FC >10 bpm na ortostase indica perda de >1 litro de sangue, comum na HDA.
E. Incorreta – IBPs não causam hipotensão postural.
Questão 18 –
Paciente de 60 anos com hematêmese e melena é internado com suspeita de úlcera péptica sangrante. Está hemodinamicamente estável após reposição com cristaloides. O médico indica endoscopia digestiva alta precoce. Qual medida farmacológica pode ser adotada previamente para facilitar o exame, e qual sua dose?
A. Sucralfato 1g VO antes da endoscopia, para proteção da mucosa e melhor visibilidade
B. Ranitidina 50 mg EV, para reduzir o pH e dissolver coágulos
C. Eritromicina 3 mg/kg ou 250 mg EV, 20 a 90 minutos antes da endoscopia, para esvaziar o estômago
D. Omeprazol 20 mg VO 1 hora antes da endoscopia, para aumentar a motilidade gástrica
E. Dimenidrinato 30 mg IM, para prevenir náuseas durante o exame
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – O sucralfato não melhora a visibilidade e é contraindicado antes de EDA por formar barreira aderente.
B. Incorreta – A ranitidina reduz acidez, mas não melhora motilidade gástrica nem facilita visualização.
C. Correta – O material recomenda eritromicina 3 mg/kg ou 250 mg EV, 20–90 min antes da EDA, para aumentar a motilidade e facilitar a visualização ao esvaziar o estômago.
D. Incorreta – O omeprazol tem efeito antissecretório, mas não melhora motilidade gástrica e seu uso oral não tem efeito imediato.
E. Incorreta – Dimenidrinato é antiemético, mas não tem papel no preparo para EDA.
Questão 17
Paciente de 50 anos com melena há 48h, apresenta-se em bom estado geral. Ao exame físico, presença de telangiectasias em lábios e língua. Toque retal revela sangue. Qual o diagnóstico mais provável associado a esse achado mucocutâneo?
A. Sangramento de pólipos adenomatosos do cólon
B. Hemorragia digestiva alta por síndrome de Peutz-Jeghers
C. Sangramento por angiodisplasias intestinais
D. HDA associada à síndrome de Osler-Weber-Rendu
E. Neoplasia gástrica com infiltração vascular difusa
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – Pólipos adenomatosos geralmente sangram em HDB.
B. Incorreta – A síndrome de Peutz-Jeghers cursa com manchas pigmentadas na mucosa bucal, não com telangiectasias.
C. Incorreta – Angiodisplasias causam sangramentos, mas não cursam com telangiectasias visíveis em mucosa oral.
D. Correta – A síndrome de Osler-Weber-Rendu apresenta telangiectasias mucocutâneas, inclusive em lábios e língua, associadas a sangramentos gastrointestinais.
E. Incorreta – Neoplasias podem causar sangramento, mas não explicam as telangiectasias.
Questão 26
Paciente de 77 anos, com história de desnutrição crônica e uso de varfarina, apresenta hematêmese. Exames mostram INR de 2,5. Qual das condutas abaixo é mais apropriada para correção da coagulopatia neste contexto?
A. Administrar vitamina K 5–10 mg por via intravenosa para reversão da coagulopatia por deficiência
B. Utilizar ácido tranexâmico 1g EV para reversão do INR aumentado
C. Transfundir concentrado de hemácias sem necessidade de outros produtos
D. Administrar vitamina K via oral, dose única de 2 mg, com monitoramento laboratorial
E. Iniciar eritropoetina SC para estimular reposição da coagulação endógena
Gabarito: A
Justificativas:
A. Correta – O material orienta que a vitamina K deve ser administrada por via intravenosa, em dose de 5 a 10 mg, nos casos de coagulopatia por deficiência, especialmente em pacientes em uso de varfarina.
B. Incorreta – O ácido tranexâmico é antifibrinolítico, não atua sobre o INR elevado por deficiência de vitamina K.
C. Incorreta – A transfusão de CH não corrige coagulopatia.
D. Incorreta – A via oral é inadequada em sangramentos agudos e sua absorção é lenta.
E. Incorreta – A eritropoetina estimula a produção de hemácias, não tem papel na reversão de coagulopatia.
Questão 19
Paciente de 68 anos é admitido com melena e queda do estado geral. Está taquicárdico (FC 112 bpm), hipotenso (PAS 90 mmHg) e com hemoglobina de 7,5 g/dL. Qual a conduta diagnóstica mais adequada para esse caso?
A. Adiar a endoscopia por 48h e repetir hemograma após hidratação venosa
B. Solicitar cintilografia com hemácias marcadas para localização precisa
C. Iniciar IBP oral e realizar endoscopia após 7 dias
D. Realizar endoscopia digestiva alta em até 12h após estabilização inicial
E. Realizar tomografia de abdome com contraste e repetir após 24h
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – A EDA deve ser precoce em pacientes de alto risco. Adiar por 48h pode ser perigoso.
B. Incorreta – A cintilografia é usada quando a endoscopia não localiza a origem do sangramento.
C. Incorreta – IBP oral e observação podem ser suficientes em baixo risco, o que não é o caso aqui.
D. Correta – O paciente apresenta instabilidade hemodinâmica e anemia importante, critérios que indicam EDA precoce, idealmente em até 12h após a estabilização inicial.
E. Incorreta – A tomografia pode ser útil em perfuração ou massa, mas não é o exame de escolha para HDA.
Questão 21 –
Paciente de 74 anos, com antecedentes de insuficiência cardíaca e uso de AAS, apresenta hematêmese. Está lúcido, com hemoglobina de 8,1 g/dL. Após estabilização, realiza EDA que identifica úlcera gástrica com coágulo aderido. Qual escore auxilia na estimativa de mortalidade e ressangramento nesse paciente, considerando dados pré e pós-endoscopia?
A. Escore de Rockall
B. Escore de Child-Pugh
C. Escore de Apache II
D. Escore de MELD
E. Escore de Blatchford modificado
Gabarito: A
Justificativas:
A. Correta – O escore de Rockall inclui idade, comorbidades, choque, diagnóstico endoscópico e estigmas de sangramento para estimar risco de mortalidade e ressangramento após HDA.
B. Incorreta – O escore de Child-Pugh é específico para gravidade da cirrose, não para HDA.
C. Incorreta – O Apache II é usado em pacientes críticos de UTI, mas não é específico para HDA.
D. Incorreta – O MELD é para transplante hepático e gravidade da doença hepática.
E. Incorreta – Não existe escore de Blatchford “modificado” no protocolo do material.
Questão 20 –
Homem de 56 anos procura atendimento por melena sem instabilidade hemodinâmica. Apresenta ureia elevada, hemoglobina de 9 g/dL, PAS 105 mmHg e FC 102 bpm. Qual a utilidade do escore de Glasgow-Blatchford neste caso?
A. Confirmar presença de varizes esofágicas
B. Avaliar risco de perfuração por úlcera gástrica
C. Estimar necessidade de cirurgia de urgência
D. Prever necessidade de intervenção endoscópica precoce
E. Indicar presença de H. pylori e risco de recidiva
Gabarito: D
Justificativas:
A. Incorreta – O escore não foi criado para diagnóstico de varizes.
B. Incorreta – Não é um escore voltado para perfuração, mas sim para sangramento.
C. Incorreta – Ele não estima risco cirúrgico direto.
D. Correta – O escore de Glasgow-Blatchford é usado para predizer a necessidade de endoscopia urgente, com base em fatores como ureia, hemoglobina, PAS, FC, presença de melena, síncope, insuficiência hepática ou cardíaca.
E. Incorreta – O escore não tem relação com H. pylori.
Questão 22 –
Homem de 58 anos chega ao pronto-socorro com melena, FC 118 bpm, PAS 90 mmHg, extremidades frias e tempo de enchimento capilar aumentado. Qual a conduta inicial mais apropriada quanto à reposição volêmica?
A. Iniciar hidratação oral e manter paciente em observação por 24h
B. Administrar 1L de solução de glicose 5% EV rápida por acesso calibroso
C. Iniciar cristaloide EV com 500 mL em 30 minutos por dois acessos venosos periféricos de calibre 18G
D. Transfusão imediata de 4 concentrados de hemácias sem avaliação laboratorial
E. Utilizar solução salina hipertônica 3% em infusão contínua até normalização da PA
Gabarito: C
Justificativas:
A. Incorreta – Hidratação oral é contraindicada em instabilidade hemodinâmica.
B. Incorreta – Glicose 5% não é solução expansora de volume; é hiposmolar e não adequada para choque.
C. Correta – O protocolo indicado no material é cristaloide 500 mL em 30 min por 2 acessos calibrosos (18G ou maior) para estabilização hemodinâmica inicial.
D. Incorreta – Transfusão deve ser guiada por hemoglobina e resposta clínica. A infusão imediata de 4 CHs pode causar sobrecarga.
E. Incorreta – Solução salina hipertônica é usada em casos específicos (como TCE), não em choque hipovolêmico da HDA.
Questão 24 –
Paciente de 70 anos, com HDA por úlcera gástrica sangrante, foi submetido à hemostasia endoscópica. Qual o tratamento farmacológico de escolha para prevenção de ressangramento nesse contexto?
A. Omeprazol 20 mg VO 1x/dia por 4 semanas
B. Omeprazol 8 mg/h EV em bomba de infusão contínua por 72h, após bolus de 80 mg EV
C. Ranitidina 50 mg EV de 8/8h por 5 dias
D. Sucralfato 1 g VO de 6/6h como terapia isolada
E. Pantoprazol 40 mg VO antes das refeições por 14 dias
Gabarito: B
Justificativas:
A. Incorreta – A dose oral em baixa intensidade está indicada apenas em casos sem alto risco.
B. Correta – A conduta padrão para pacientes com alto risco de ressangramento após EDA é omeprazol 80 mg EV em bolus seguido de infusão contínua a 8 mg/h por 72h, como citado no documento.
C. Incorreta – Ranitidina não é mais a droga de escolha e tem eficácia inferior aos IBPs.
D. Incorreta – O sucralfato pode ser adjuvante, mas nunca terapia isolada em úlceras com risco de ressangramento.
E. Incorreta – Pantoprazol VO é opção em casos estáveis e sem risco alto, o que não é o caso.