Aula 11 Flashcards

(44 cards)

1
Q

O que são atos preparatórios? Em regra, eles são puníveis?

A

São atos necessários à pratica do crime.

Em regra, não são puníveis.

A preparação, por si só, não é punível, mas há exceções.

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2
Q

Cite exceções à impossibilidade de punição de atos preparatórios

A

Lei Anti-Terrorismo (Lei nº 13.260/2016)

Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito:

Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.

§ 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo:

I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou

II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.

§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços.

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3
Q

O que é crime obstáculo?

A

Trata-se da situação em que o legislador cria um tipo autônomo para um ato preparatório.

Exemplos:

1) porte ilegal de arma de fogo

2) petrechos para falsificação de moeda

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4
Q

É correto afirmar que a fase dos atos executórios, em regra, inicia a punibilidade no Direito Penal?

A

Sim.

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5
Q

O que é um ato de execução?

A

É aquele em que o agente inicia/pratica a realização do núcleo do tipo penal.

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6
Q

Por que se diz que os atos executórios devem ser idôneos e inequívocos?

A

Ato idôneo - O ato é capaz de ofender o bem jurídico

Ato inequívoco - O ato se dirige à lesão do bem jurídico

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7
Q

Segundo a teoria subjetiva, quando há a transição da fase preparatória para a fase executória?

A

Para essa teoria, importa a vontade do agente.

Se ele quer praticar o crime, ele já está o praticando.

Não difere claramente ato preparatório e ato executório.

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8
Q

Segundo as teorias objetivas, quando há a transição da fase preparatória para a fase executória?

A

No momento em que o agente dá início à realização do tipo penal.

Não basta a vontade de cometer o crime. Deve-se iniciar a realização do tipo.

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9
Q

No que consiste a teoria da hostilidade ao bem jurídico?

A

Trata-se de uma das teorias objetivas da transição da fase preparatória para a fase executória.

Segundo essa teoria, ato de execução é aquele em que o agente ataca o bem jurídico.

Enquanto o bem jurídico estiver em “estado de paz” (sem ataque) não terá tido início a fase executória.

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10
Q

No que consiste a teoria objetivo-formal ou lógico-formal?

A

Trata-se de uma das teorias objetivas da transição da fase preparatória para a fase executória.

Teoria criada por Fraz Von Liszt. É A PREFERIDA NO BRASIL.

Segundo essa teoria, ato de execução é aquele em que o agente começa a realizar o NÚCLEO DO TIPO.

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11
Q

No que consiste a teoria objetivo-material?

A

Trata-se de uma das teorias objetivas da transição da fase preparatória para a fase executória.

Segundo essa teoria, ato de execução é aquele em que o agente realiza o núcleo do tipo bem como aqueles que lhe são imediatamente anteriores na visão de um TERCEIRO OBSERVADOR.

Exemplo: “A” passa na rua e vê “B” subindo um muro alto, com um pé de cabra nos ombros. Na visão de “A” (terceiro observador), “B” começou a furtar a casa.

Essa teoria foi criada por Reinhard Frank.

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12
Q

No que consiste a teoria objetivo-individual?

A

Trata-se de uma das teorias objetivas da transição da fase preparatória para a fase executória.

Segundo essa teoria, ato de execução é aquele em que o agente realiza o núcleo do tipo bem como aqueles que lhe são imediatamente anteriores de acordo com o plano concreto do autor.

Exemplo: “A” está com um revólver, atrás de uma árvore, esperando “B” chegar. “B” aparece do outro lado da rua. “A” mira o revólver em seu alvo e espera o melhor momento para atirar. Para essa teoria, no plano concreto do autor, já se trata de ato de execução.

Essa teoria foi criada por Hans Welzel e tem como defensor Zaffaroni.

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13
Q

Quando um crime se consuma?

A

Art. 14, inc. I, do CP:

“Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”.

O crime material se consuma quando o agente pratica a conduta e produz o resultado naturalístico.

O crime formal (crime de consumação antecipada ou resultado cortado) e o crime de mera conduta se consumam com a prática da conduta típica.

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14
Q

O que é exaurimento do crime formal?

Ele integra o “iter criminis”?

A

Exaurimento é a produção de resultado naturalístico no âmbito de crime formal.

Ele NÃO integra o “iter criminis”, porque a produção do resultado naturalístico é dispensável para a consumação do crime.

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15
Q

O que é consumação material?

A

Zaffaroni chama o exaurimento de consumação material.

O autor fala que se trata da consumação material de um crime formal.

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16
Q

O exaurimento tem relevância no Direito Penal?

A

Sim.

1) Relevante para fixação da pena-base (circunstância judicial desfavorável - consequência do crime)

2) Por vezes, funciona como qualificadora do crime.

Exemplo:

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

3) Por vezes, funciona como causa de aumento da pena.

Exemplo:

Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

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17
Q

Qual é o conceito de tentativa?

A

Tentativa é o início de execução de um crime, que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Art. 14, inc. II, do CP:

“Art. 14 - Diz-se o crime:

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”.

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18
Q

Cite alguns nomes utilizados para se referir à tentativa.

A
  • Conatus
  • Crime imperfeito
  • Crime incompleto
  • Crime manco
19
Q

Quais são os três elementos que caracterizam a tentativa?

A

São três os elementos da tentativa:

● Início da execução do crime

● Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente

● Dolo de consumação

20
Q

No que consiste a teoria subjetiva da punibilidade da tentativa?

A

Também conhecida como voluntarística ou monista.

Para essa teoria, não há diferença entre a tentativa e a consumação, pois o que vale é o aspecto subjetivo do agente.

A vontade do agente (dolo) no crime tentado é a mesma do crime consumado.

Crime tentado e crime consumado devem ter a mesma pena.

21
Q

No que consiste a teoria sintomática da punibilidade da tentativa?

A

A teoria sintomática, no âmbito da punibilidade da tentativa, argumenta que a punição da tentativa se justifica pela manifestação da PERICULOSIDADE do agente através de seus atos exteriores.

A punição do agente deve ser dosada de acordo com o maior ou menor grau de periculosidade.

22
Q

No que consiste a teoria objetiva da punibilidade da tentativa?

A

Também conhecida como realística ou dualista.

Para essa teoria, a punição da tentativa deve ser mais branda do que a punição do crime consumado.

Se o dano ao bem jurídico na tentativa é menor, a pena também deve ser menor.

23
Q

Qual teoria da punibilidade da tentativa é adotada pelo Código Penal?

A

Em regra, adota-se a teoria objetiva. Mas há exceções.

CP, art. 14, §único: “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.

24
Q

Como regra geral, o CP determina que o crime tentado deve ser punido com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Como deve ser determinada a fixação dessa diminuição?

A

O juiz deve levar em conta a maior ou menor proximidade da consumação.

Quanto mais perto da consumação, menor a diminuição.

25
Cite exceções em que se adota a teoria subjetiva da punibilidade da tentativa em nosso ordenamento.
1º) Crime de evasão mediante violência à pessoa. CP, art. 352 – “Evadir-se OU TENTAR evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.” 2º) Art. 309, Código Eleitoral CE, art. 309: “Votar OU TENTAR votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Pena - reclusão até três anos
26
O que são crimes de atentado ou de empreendimento?
São aqueles em que para fins de punibilidade da tentativa se adota a teoria subjetiva. Ou seja, a tentativa é punida da mesma forma que o crime consumado.
27
O art. 14, § único, do CP dispõe: “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços". Se não houver previsão diversa específica, o juiz é obrigado a diminuir a pena?
Sim, ele é obrigado. Cuidado! No CPM o juiz não é obrigado, poderia deixar de diminuir a pena no caso de excepcional gravidade. Mas essa não é a regra geral do direito penal brasileiro. Como regra, o juiz é sim obrigado a diminuir.
28
Por que se diz que a tentativa é norma de extensão temporal?
Porque ela permite a punibilidade em um MOMENTO ANTERIOR à consumação.
29
O que é tentativa branca ou incruenta?
A tentativa incruenta é aquela em que o objeto material do crime não é atingido. A vítima não é atingida. Neste caso, a diminuição da pena deve incidir em patamar maior.
30
O que é a tentativa vermelha ou cruenta?
Tentativa cruenta ou vermelha é aquela em que o objeto material é atingido.
31
O que é tentativa perfeita? E imperfeita?
1) A TENTATIVA PERFEITA (acabada/crime falho) é aquela em que o agente ESGOTA TODOS OS MEIOS DE EXECUÇÃO que tinha ao seu alcance e, ainda assim, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: o agente possui um revólver com 6 projéteis. Ele faz todos os disparos em direção à vítima, mas não consegue matá-la. Perceba que, no exemplo, o agente esgotou todos os meios que estavam ao seu alcance e, ainda assim, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade 2) A TENTATIVA IMPERFEITA ou inacabada é também chamada de tentativa propriamente dita. Nesse caso, o agente NÃO ESGOTA OS MEIOS DE EXECUÇÃO que estavam à sua disposição e o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: o agente possui um revólver com 6 projéteis. Ele faz 1 disparo em direção à vítima, mas não consegue matá-la. Neste momento, a polícia aparece e o agente foge sem realizar os outros disparos. Perceba que, no exemplo, o agente não esgotou todos os meios que estavam ao seu alcance (existência de mais 5 projéteis).
32
O que é crime plurissubsistente? Ele costuma admitir tentativa?
É o crime em que a conduta é composta de dois ou mais atos. Em regra, admite tentativa.
33
O que é crime unissubsistente? Ele costuma admitir tentativa?
É o crime em que a conduta é composta por um único ato. Caso o crime seja unissubsistente, não caberá tentativa.
34
Há tentativa nos crimes culposos?
Há uma incompatibilidade lógica entre os crimes culposos e a tentativa. Isso porque, no crime culposo, o resultado é involuntário (apenas a conduta é voluntária). Não há dolo de consumação. Exceção: culpa imprópria. Nesse caso, há dolo, o qual é tratado como culpa por questão de política criminal.
35
Os crimes preterdolosos admitem tentativa?
Não. Crime pretedorloso é aquele em que há dolo na conduta inicial e culpa no resultado agravador. Não admite tentativa porque não há dolo de consumação no que tange ao resultado agravador.
36
Os crimes omissivos próprios admitem tentativa?
Não, porque são unissubsistentes. Não é possível fracionar o “iter criminis”.
37
Os crimes de perigo abstrato admitem tentativa?
Não, porque praticada a conduta prevista em lei, presume-se de maneira absoluta o risco ao bem jurídico. Exemplo: porte ilegal de arma de fogo. OS CRIMES DE PERIGO ABSTRATO SÃO UNISSUBSISTENTES.
38
As contravenções penais admitem tentativa?
Até poderia ocorrer tentativa de contravenção, mas ela é irrelevante para o direito penal. LCP, art. 4º: “Não é punível a tentativa de contravenção”.
39
O que são crimes condicionados? Eles admitem tentativa?
São crimes que só ocorrem se houver resultado. Portanto, não admitem tentativa.
40
O que é condição objetiva de punibilidade?
A condição objetiva de punibilidade (COP) é um requisito, exigido por lei, para que a conduta típica, ilícita e culpável se torne concretamente punível. Ou seja, mesmo que um crime esteja configurado em termos de tipo penal, ilicitude e culpabilidade, a pena só pode ser aplicada se a condição objetiva de punibilidade for verificada. Em resumo: Requisito adicional, estabelecido por lei, para que uma conduta típica, ilícita e culpável seja efetivamente punível. Exemplo: crimes falimentares. Lei 11.101/2005, art. 180: “A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei.”
41
O que são crimes habituais? Eles admitem tentativa?
Crimes habituais são aqueles que dependem da repetição de atos para serem consumados, ou seja, a prática de cada ato isoladamente não configura crime, mas a reiteração deles, com certa frequência e continuidade, caracteriza o crime. Eles são considerados como uma forma de "modo de vida criminoso". Exemplo: exercício ilegal da medicina (art. 282, CP). ✔ Historicamente, defende-se que crimes habituais não admitem tentativa. ✔ Júlio Fabbrini Mirabete apresenta uma ideologia diferente e defende que, em alguns casos, crimes habituais admitem tentativa. Exemplo: imagine que uma determinada pessoa tem um consultório, secretária, agenda de consultas cheia e, no primeiro dia de atendimento do falso médico, a polícia chega e dá um flagrante. Neste caso, há uma tentativa de exercício ilegal da medicina.
42
O crime obstáculo admite tentativa?
Não. Trata-se de um ato preparatório que se tornou tipo autônomo. Costumam ser unissubsistentes.
43
Há crimes puníveis somente na forma tentada?
Havia dois exemplos, revogados pela Lei 14.197/21: Art. 9º da Lei 7.170/1983: “Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país. Pena: reclusão, de 4 a 20 anos”. Art. 11 da Lei 7.170/1983: “Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos”. Esses dois crimes acima só admitiam tentativa porque o ordenamento sequer reconheceria a sua consumação. Caso eles se consumasse, a matéria seria discutida no âmbito do direito internacional, e não do direito penal. Atualmente, há o crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: Abolição violenta do Estado Democrático de Direito Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.
44
Qual é a natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?
1) PRIMEIRA CORRENTE - Nelson Hungria, Eugênio Raul Zaffaroni Causa pessoal de extinção da punibilidade 2) SEGUNDA CORRENTE - Hans Welzel e Claus Roxin Causa de exclusão da culpabilidade 3) TERCEIRA CORRENTE - Damásio de Jesus Causa de exclusão da tipicidade. Posição adotada no Brasil. Exclui-se a tipicidade do resultado inicialmente desejado pelo agente. O agente só responde pelos atos praticados.