Aula 4 Flashcards

Lei penal no espaço, lei penal em branco e lei penal no tempo (30 cards)

1
Q

Explique os conceitos de territorialidade, extraterritorialidade e intraterritorialidade.

A

Territorialidade - Aplicação da lei brasileira ao crime cometido em território nacional

Extraterritorialidade - Aplicação da lei brasileira ao crime cometido no exterior

Intraterritorialidade - Aplicação da lei estrangeira, em detrimento da brasileira, em relação a crimes praticados em território nacional

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Q

Defina, de forma simples, o que é o território de um Estado.

A

O território de um Estado é o espaço em que ele exerce a sua soberania política.

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3
Q

O que é o território brasileiro por extensão?

A

CP, art. 5º, § 1º:

“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional

1) as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza PÚBLICA ou a serviço do governo brasileiro ONDE QUER QUE SE ENCONTREM,

bem como

2) as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade PRIVADA, que se achem, respectivamente, no ESPAÇO AÉREO correspondente ou em ALTO-MAR”.

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4
Q

Por que se diz que o direito penal brasileiro adota uma territorialidade mitigada ou temperada?

A

Porque, embora a territorialidade seja a regra, há exceções, quais sejam, hipóteses de extraterritorialidade e de intraterritorialidade.

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5
Q

No âmbito do estudo da lei penal no espaço, o que é o princípio da personalidade ativa? E o princípio da personalidade passiva?

A

PERSONALIDADE ATIVA - Agente é brasileiro e pratica crime no exterior.

PERSONALIDADE PASSIVA - Vítima é brasileira e o crime é praticado contra ela no exterior

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6
Q

No que consiste o princípio da defesa real (ou da proteção)?

A

Tal princípio pressupõe a aplicação da lei brasileira ao crime cometido no exterior que ofenda bens jurídicos especialmente relevantes para o Estado brasileiro.

Por força de tal princípio, incidem as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada.

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7
Q

No que consiste o princípio da representação?

A

Também chamado de “princípio da bandeira”, “princípio subsidiário” , “princípio da substituição” ou “princípio do pavilhão”.

A partir desse princípio, pode-se aplicar a lei brasileira a crimes praticados no exterior, dentro de aeronaves e embarcações brasileiras de propriedade privada, quando tais crimes não sejam julgados no exterior.

Código Penal

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: […]

II - os crimes: […]

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. […]

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8
Q

Quais são as quatro hipóteses previstas pelo inciso I do art. 7º do CP de extraterritorialidade incondicionada?

A

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

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9
Q

Quais são as três hipóteses de extraterritorialidade condicionada arroladas pelo inciso II do art. 7º do CP?

Não cite as hipóteses de extraterritorialidade hipercondicionada do § 3º do art. 7º.

A

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: […]

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

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10
Q

No que tange às três hipóteses de extraterritorialidade condicionada arroladas pelo inciso II do art. 7º do CP, quais são as CINCO condições para a aplicação da lei brasileira?

A

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: […]

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

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11
Q

Qual é a hipótese de extraterritorialidade hipercondicionada prevista pelo § 3º do art. 7º do CP?

Quais são as duas condições adicionais para a aplicação da lei brasileira nesse caso?

A

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

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12
Q

Verdadeiro ou falso?

Para se provar a reincidência, não será necessário que a sentença penal estrangeira seja homologada no Brasil. Basta provar que a condenação definitiva (trânsito em julgado) existe.

A

Verdadeiro.

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13
Q

Verdadeiro ou falso?

A sentença estrangeira homologada pelo STJ constitui título executivo extrajudicial.

A

Falso.

CPC/2015:

Art. 515. São títulos executivos JUDICIAIS, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: […]

VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça […]

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14
Q

Qual é a regra da contagem do prazo no direito penal material?

A

Conta-se o dia do começo e exclui-se o do fim. Nas penas, desprezam-se as frações.

CP:

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

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15
Q

Analise as duas situações abaixo:

1) Agente X começa a cumprir pena privativa de liberdade em 02/02/2025 às 23h55.

2) Agente Y começa a cumprir pena privativa de liberdade em 02/03/2025 às 00h01.

Se, em ambos os casos, a pena privativa de liberdade é de um mês, quando as penas serão cumpridas?

O fato de fevereiro ter 28 dias - enquanto março tem 31 - influencia a contagem?

A

A pena do Agente X estará cumprida em 01/03/2025.

A pena do Agente Y estará cumprida em 01/04/2025.

Ou seja, embora a pena de ambos fosse de 1 mês, o Agente Y ficará mais tempo preso.

Essa “injustiça” é justificada pela segurança jurídica, porque seria inviável impor ao Estado a obrigação de contar a pena dia a dia.

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16
Q

No que consiste o princípio da convivência das esferas autônomas?

A

Trata-se de princípio consagrado pelo art. 12 do CP:

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.

Em síntese, o princípio consiste na aplicabilidade das normas gerais do CP às leis especiais, se não houver conflito. Em caso de conflito, prevalece a disposição da lei especial.

17
Q

Toda norma penal incriminadora apresenta um preceito primário e um preceito secundário.

O que é preceito primário? E secundário?

A

● Preceito primário: é a definição da conduta criminosa.

● Preceito secundário: é a pena cominada.

18
Q

Explique o que é a norma penal em branco homogênea (lato sensu) homovitelina e heterovitelina.

A

● Norma penal em branco homogênea (lato sensu): É aquela em que o complemento tem a mesma natureza jurídica da norma a ser complementada. Em outros termos, a lei penal é complementada por outra lei.

A norma penal em branco homogênea pode ser:

  • HOMOVITELINA - Complemento está no mesmo diploma (em outro dispositivo)
  • HETEROVITELINA - Complemento está em diploma diverso
19
Q

O preceito secundário de uma norma penal cega (em branco) pode estar previsto em ato infralegal?

A

Não, pelo princípio da reserva legal.

A pena deve estar cominada em lei em sentido estrito.

Apenas o preceito primário pode ser complementado por ato infralegal - desde que o conteúdo mínimo da conduta típica esteja descrito em lei em sentido estrito.

20
Q

Dê um exemplo de norma penal em branco homogênea homovitelina e heterovinelina.

A
  • HOMOVITELINA - Complemento está no mesmo diploma (em outro dispositivo)

Exemplo: CP, art. 304 – crime de uso de documento falso.

CP, art. 304: “Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.”

✔ Neste caso, o art. 304 do Código Penal é complementado por outra norma do próprio Código Penal.

  • HETEROVITELINA - Complemento está em diploma diverso

Exemplo: crime de apropriação de tesouro.

CP, art. 169, parágrafo único, inc. I: “quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio”.

O conceito de tesouro está no Código Civil.

21
Q

É possível que o complemento de uma norma penal em branco homogênea heterovitelina esteja em lei estadual ou municipal?

A

Excepcionalmente sim.

Tema 1246 de Repercussão geral

O art. 268 do Código Penal veicula norma penal em branco que pode ser complementada por atos normativos infralegais editados pelos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), respeitadas as respectivas esferas de atuação, sem que isso implique ofensa à competência privativa da União para legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I).

22
Q

O que é a norma penal em branco heterogênea?

A

Trata-se de norma penal em branco em que o preceito primário é complementado por ato infralegal.

23
Q

No que consiste o princípio da taxatividade da lei penal?

A norma penal em branco heterogênea representa ofensa a tal princípio?

A

Prof. Luiz Luisi: O princípio expressa a exigência de que as leis penais, especialmente as de natureza incriminadora, sejam claras e o mais possível certas e precisas”.

As normas penais não podem ser extremamente vagas, elas precisam descrever o conteúdo mínimo da conduta criminosa.

Desde que o conteúdo mínimo esteja descrito, a norma penal em branco heterogênea não representa ofensa à taxatividade (tampouco à reserva legal).

24
Q

O que é a norma penal em branco ao avesso?

A

Na norma penal em branco ao avesso, o preceito primário é completo, mas o preceito secundário depende de complementação.

Em outras palavras, há o crime, mas falta a pena.

Exemplo de norma penal em branco ao avesso: crime de genocídio, que remete às penas de outros tipos penais,

25
Cite um exemplo de norma penal em branco de fundo constitucional.
Norma penal em branco de fundo constitucional é aquela cujo complemento é uma norma constitucional. Exemplo: Art. 121, § 2º, VII, do CP: “Art. 121 - Matar alguém: § 2° Se o homicídio é cometido: VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.”
26
O que é norma penal em branco ao quadrado?
É aquela que demanda dupla complementação. Exemplo: Art. 38 da Lei 9.605/1998: “Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção”. Questão: O que é floresta de preservação permanente? O complemento está no art. 6º da Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal). Art. 6º da Lei 12.651/2012: “Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ATO DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades.” ✔ Neste exemplo, uma norma da lei de crimes ambientais é complementada pelo Código Florestal e este, por sua vez, é complementado por um ato do chefe do Poder Executivo.
27
Explique os conceitos de retroatividade e ultratividade da lei penal.
Retroatividade é a aplicação da lei penal benéfica a fatos praticados antes da sua entrada em vigor. Ultratividade é a aplicação da lei penal benéfica mesmo depois de revogada (aplicabilidade para o futuro), pois o fato foi praticado enquanto ela estava em vigor. A ultratividade pode também ocorrer na hipótese de leis temporárias/excepcionais (inclusive em prejuízo do agente/réu).
28
A abolitio criminis depende de dois requisitos. Quais são eles?
1) Revogação formal do tipo penal 2) Supressão material do fato criminoso (a conduta não é absorvida por outro tipo)
29
O que é a transmutação topográfica do tipo penal?
Ocorre quando há: 1) A revogação formal do tipo penal 2) A absorção da conduta objeto do tipo formalmente revogado por outro tipo penal (ou seja, não há supressão material)
30
Qual é a natureza jurídica da abolitio criminis?
Segundo o CP, trata-se de extinção da punibilidade: Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: [...] III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso [...] - Segundo Cléber Masson, seria mais adequado se falar em exclusão da tipicidade.