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1
Q

🔹 DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS – NA, K e OSMOLARIDADE

A

Excelente, Caio! Agora vamos revisar detalhadamente o conteúdo do slide sobre Distúrbios Hidroeletrolíticos, com foco em sódio (Na), potássio (K) e oscilação de osmolaridade plasmática. Cada linha será explicada com base em livros como Harrison, UpToDate, e Tratado de Clínica Médica da USP, com reforço fisiopatológico e clínico. Vamos por partes:

🔹 DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS – NA, K e OSMOLARIDADE

🔸 Fórmula de Osmolaridade (OSM):

OSM estimada = (2 × Na) + (glicose/18) + (ureia/6)
Normal: 285–295 mOsm/kg

⚠️ HIPONATREMIA (Na⁺ < 135 mEq/L)

➤ Classificação pela OSM:
1. Hiperosmolar (> 295):
• Causa principal: hiperglicemia.
• A glicose atrai água do intra para o extracelular → diluição do sódio.
• Tratamento: corrigir glicemia (insulina).
2. Isosmolar (~285-295):
• Falso quadro de hiponatremia por hiperlipidemia ou paraproteinemia (ex: mieloma múltiplo).
• O sódio é normal no soro, mas a leitura laboratorial é falsa.
• Tratamento: tratar causa de base.
3. Hiposmolar (< 275) – mais comum:
• Aqui sim é uma hiponatremia verdadeira → deve ser analisada pela volemia do paciente:

🔹 Hipovolêmica:
• Causa: perda de sódio e água, com perda maior de sódio (ex: desidratação, vômitos, diarreia, diuréticos).
• Se Na urinário < 20 → perda extrarrenal.
• Se Na urinário > 20 → perda renal (diuréticos).
• Tratamento: reposição com soro fisiológico 0,9%.

🔹 Normovolêmica:
• Causa: SIADH, polidipsia primária, pós-operatório.
• O volume corporal total está normal, mas há retenção de água.
• Tratamento: restrição hídrica.

🔹 Hipervolêmica:
• Causa: ICC, cirrose, síndrome nefrótica (retenção de água e sódio, mas a água é desproporcional).
• Tratamento: restrição hídrica e furosemida.

➤ Clínica:
• Aguda (<48h): cefaleia, confusão, náusea, risco de edema cerebral.
• Crônica (>48h): geralmente assintomática (o SNC se adapta).

➤ Tratamento da hiponatremia aguda sintomática:
• Solução salina hipertônica 3%.
• Meta: elevar Na em no máximo 6–10 mEq/L nas primeiras 24h (risco de mielinólise).
• Controle a cada 6h:
• 6 mEq/L em 6h → ok.
• 10 mEq/L em 24h → limite.

🔸 HIPERNATREMIA (Na⁺ > 145 mEq/L)

➤ Conceito:
• Indica perda de água corporal maior que perda de sódio.

➤ Causas:
• Déficit de água: desidratação, hipodipsia, perdas insensíveis (febre, queimadura).
• Déficit de ADH:
• Central: Diabetes insipidus central (hipotálamo/pituitária).
• Nefrogênico: resistência renal ao ADH.

➤ Clínica:
• Letargia, cefaleia, irritabilidade, convulsão, coma.

➤ Tratamento:
• Soro glicosado 5% (água livre).
• Corrigir lentamente:
• Na > 12 mEq/L em 24h = risco.
• Usar DDAVP (ADH sintético) em casos de diabetes insipidus.

🔹 DISTÚRBIOS DE POTÁSSIO (K⁺)

⚠️ HIPOCALEMIA (K⁺ < 3,5 mEq/L)

➤ Causas:

  1. Entrada de K⁺ no intracelular (sem perda total):
    • Alcalose
    • β2 agonistas (salbutamol)
    • Insulina
    • Vitamina B12 (mobiliza K⁺ para síntese celular)
  2. Perda aumentada (renal ou digestiva):
    • Diuréticos (tiazídicos, de alça)
    • Hiperaldosteronismo
    • Vômitos, diarreia
    • Anfotericina B

➤ Clínica:
• Fraqueza muscular
• Íleo paralítico
• Arritmias: onda T achatada, onda U proeminente, depressão do ST

➤ Tratamento:
• Se K⁺ entre 3 e 3,5 → KCl VO 6%, 3x/dia.
• Se K⁺ < 3 com ECG alterado → KCl EV 10–20 mEq/h (cuidado com necrose).
• Se refratário → repor magnésio (Mg estabiliza membrana celular e ajuda na retenção de K⁺).

⚠️ HIPERCALEMIA (K⁺ > 5,5 mEq/L)

➤ Causas:

  1. Saída de K⁺ do intracelular:
    • Acidose metabólica (H⁺ entra e K⁺ sai)
    • Rabdomiólise
    • Betabloqueadores
  2. Redução da excreção renal:
    • Insuficiência renal
    • Hipoaldosteronismo
    • IECA (enalapril)
  3. Outras causas: hemólise, catabolismo, tumores

➤ Clínica:
• Fraqueza muscular
• Arritmias potencialmente fatais (onda T apiculada, QRS largo, BAV, FV)

➤ Tratamento:

Se alterações no ECG:
• GLUCONATO DE CÁLCIO 10% → estabiliza membrana (efeito imediato, dura 30 min).
• Insulina + Glicose: empurra K⁺ para dentro da célula.
• β2-agonista inalatório (fenoterol, salbutamol)
• Bicarbonato de sódio (se acidose)
• Furosemida (eliminação renal)
• Sorcal ou resinas de troca: eliminam K⁺ pelo intestino.
• Em casos graves ou refratários: diálise.

Se quiser, Caio, posso agora montar questões de prova PUCRS baseadas nesses conteúdos ou seguir para mais slides. Só dizer!

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Q

🔹 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA)

A

Excelente, Caio! Agora vamos revisar com profundidade e didática total o slide sobre Síndrome Coronariana Aguda (SCA), incluindo todos os conceitos, diagnósticos e tratamentos conforme o que cai em provas e o que está descrito nas melhores fontes de Clínica Médica como Harrison (20ª ed.), UpToDate e Tratado da USP.

🔹 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA)

🔸 CONCEITO GERAL

Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da redução súbita do fluxo sanguíneo para o miocárdio, geralmente causada por rompimento de placa aterosclerótica + trombose coronariana.

Tríade clínica típica:
• Dor torácica (opressiva, em queimação ou constritiva)
• Irradiação (MMSS, mandíbula)
• Sensação de morte iminente

🔸 CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA

  1. Angina instável (AI):
    • Dor torácica nova, recente (<2 meses), progressiva ou em repouso
    • Duração < 30 minutos
    • Sem elevação de troponina
    • ECG pode mostrar alterações inespecíficas ou ser normal
  2. IAMssST (IAM sem supradesnivelamento do ST) – “trombo branco”:
    • Troponina elevada
    • Sem supra de ST no ECG
    • Obstrução parcial da artéria
  3. IAMcsST (IAM com supra de ST) – “trombo vermelho”:
    • Supra de ST em ECG
    • Obstrução total e súbita da coronária
    • Não se espera troponina para tratar!

🔸 DIAGNÓSTICO

  1. Marcadores de necrose miocárdica:
    • Troponina (alta sensibilidade): marcador mais específico e sensível
    • CK-MB: menos específico, pode ser usado para avaliar reinfarto

Troponina com curva (variação significativa entre medidas): indica necrose aguda.
Sem curva (<20% de variação): indica cronicidade (ex: ICC, doença renal crônica).

  1. ECG:
    • IAMcsST:
    • Supra de ST ≥ 1 mm em 2 derivações contíguas (ou ≥ 2,5 mm em V2–V3)
    • T apiculada (“hiperaguda”)
    • Infra de ST espelhado
    • IAMssST:
    • Sem supra de ST
    • Pode ter infradesnivelamento, inversão de T, ou ECG normal
    • Angina estável: ECG pode ser normal
  2. Diagnóstico diferencial de troponina elevada sem IAM:
    • Não é sempre isquemia!
    • ICC, miocardite, endocardite, pericardite
    • TEP, sepse, AVC, HSA
    • Trauma, exercício extremo, Takotsubo
    • Quimioterapia, insuficiência renal

🔸 TRATAMENTO

IAMssST (sem supra de ST):
• Tratamento anti-isquêmico:
• Nitrato sublingual
• Morfina (se dor intensa)
• Betabloqueador
• IECA
• Tratamento anti-trombótico:
• AAS + Clopidogrel
• Heparina
• Estabilização da placa:
• Estatinas

IAMcsST (com supra de ST):
• EMERGÊNCIA MÉDICA: prioridade é a reperfusão.

1ª opção: angioplastia (ICP primária) se disponível < 120 minutos
2ª opção: fibrinólise (se < 12h e sem contraindicações)
Após 48h: não fazer se paciente assintomático

🔸 Tratamento imediato para todos os casos (MOVE + 7 passos):
1. Monitor cardíaco
2. Oxímetro
3. Veia periférica
4. DEA disponível

•	

1.	Oxigênio se SatO₂ < 90%
2.	Analgésico (morfina) se dor intensa
3.	Nitrato
4.	Betabloqueador + IECA
5.	Estatina
6.	AAS + Clopidogrel
7.	Heparina

🔸 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA

Após evento coronariano, o paciente deve permanecer em uso de:
• AAS + Clopidogrel
• Estatina
• IECA
• Betabloqueador

🔸 SUBTIPOS DE IAM (classificação universal):
1. Tipo 1: ruptura de placa + trombose
2. Tipo 2: desbalanço oferta x demanda (ex: anemia, taquiarritmia)
3. Tipo 3: morte súbita
4. Tipo 4: IAM relacionado a angioplastia
5. Tipo 5: IAM após cirurgia de revascularização miocárdica

Se quiser, posso criar questões PUCRS desse tema ou seguir para o próximo slide. Tá ficando show essa revisão, Caio!

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Q

🔹 SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR (SVCS)

A

Perfeito, Caio! Agora vamos revisar completamente o conteúdo deste slide sobre emergências oncológicas e associadas, explicando cada palavra e integrando os conceitos com o que os principais livros como UpToDate, Tratado de Clínica Médica da USP e Harrison (20ª ed.) trazem. Vamos seguir a ordem da imagem:

🔹 SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR (SVCS)

➤ Clínica:
• Tosse e dispneia intensa: compressão extrínseca da veia cava superior prejudica o retorno venoso da parte superior do corpo.
• Piora da dispneia ao deitar-se: posição supina agrava a congestão.
• Edema de face e MMSS: congestão venosa superior.
• Turgência jugular, circulação colateral e hiperemia facial são sinais clássicos.

➤ Causas:
• Compressão ou invasão tumoral da VCS por:
• Câncer de pulmão (sobretudo pequenas células)
• Linfomas
• Trombose associada a cateter venoso central

➤ Tratamento:
• Depende da causa:
• Neoplasia: iniciar quimioterapia ou radioterapia.
• Trombose: anticoagulação.
• Descompressão com corticoide ou stent em casos graves.

🔹 NEUTROPENIA FEBRIL

➤ Diagnóstico:
1. Neutropenia: < 1.000 neutrófilos/mm³ (grave se < 500).
2. Temperatura > 38,3°C (pico) ou > 38,0°C mantida por ≥ 1h.
3. Surgimento geralmente entre 7–10 dias após quimioterapia (fase nadir).
• Neutrófilos caem após 7–10 dias do ciclo (principal célula de defesa inata).

➤ Clínica:
• Fisiologicamente, o paciente não consegue produzir pus nem febre típica.
• Infecções atípicas são comuns.
• Raios-X pode sugerir foco pulmonar mesmo com poucos sintomas.

➤ Tratamento:
• Início de antibiótico de amplo espectro nas primeiras 1 hora (tempo é vida!).
• Fatores estimuladores de colônia de granulócitos (ex: G-CSF) podem ser iniciados para ajudar na recuperação da medula no próximo ciclo.
• Procurar e retirar focos de infecção (ex: cateter, sonda, acesso).

🔹 COMPRESSÃO MEDULAR

➤ Definição:
• Invasão ou colapso vertebral com compressão do canal medular por tumor metastático.
• Urgência oncológica.

➤ Clínica:
• Dor lombar ou torácica persistente (pior à noite).
• Déficits neurológicos progressivos: paresias, parestesias, anestesia em “sela”, retenção urinária.
• A compressão deve ser revertida em menos de 24–48h para evitar sequela.

➤ Diagnóstico:
• RM de coluna: exame de escolha.
• LCR branco = compressão extrínseca (sem invasão meníngea).
• Os sintomas variam de acordo com o nível do dermátomo acometido.
• Neoplasias mais associadas: câncer de próstata (aumento de PSA, cintilografia óssea) e mama.

➤ Tratamento:
• Corticoide em altas doses (ex: dexametasona) para reduzir edema medular.
• Cirurgia descompressiva ou radioterapia conforme o caso.

🔹 SÍNDROME DA LISE TUMORAL (SLT)

➤ Definição:
• Liberação maciça de conteúdo intracelular após lise de células neoplásicas (espontânea ou induzida por quimioterapia).
• Resulta em alterações metabólicas graves, com risco de lesão renal aguda (LRA) e morte.

➤ Clínica:
• Náuseas, vômitos
• Letargia, fraqueza, cãibras
• Palpitações (alterações eletrolíticas → arritmias)

➤ Laboratoriais:
• Hiperuricemia
• Hiperfosfatemia
• Hipercalemia
• Hipocalcemia (precipitação com fosfato)
• Aumento de LDH
• ECG: bloqueios, FV, FA

➤ Fatores de risco:
• Tumores altamente proliferativos (ex: linfoma de Burkitt, leucemias)
• Doença renal pré-existente
• Volume tumoral elevado

➤ Diagnóstico (critério do Cairo-Bishop):
• ≥ 2 alterações laboratoriais (urato, fósforo, potássio, cálcio)
OU
• 1 alteração clínica (arritmia, convulsão, LRA, morte)

➤ Tratamento:
• Hidratação vigorosa
• Alopurinol: bloqueia xantina-oxidase → reduz formação de ácido úrico
• Rasburicase (quando disponível): degrada diretamente o ácido úrico
• Monitorização eletrolítica intensa
• Diálise em casos graves com IRA refratária

Se quiser, posso seguir com questões PUCRS ou continuar com os próximos slides! Só avisar, Cadu Maverick tá contigo até o fim!

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Q

🧠 Introdução – Cirrose Hepática

A

Perfeito, Caio! Vou começar agora a explicação didática e aprofundada de todo o conteúdo dos slides sobre Complicações da Cirrose Hepática, usando como base o artigo citado da Lancet (2021), além dos principais livros como Harrison, Goldman-Cecil, UpToDate e diretrizes das sociedades hepatológicas. Vamos seguir slide por slide, respeitando a ordem, explicando cada termo, cada ponto, como tu pediu.

🧠 Introdução – Cirrose Hepática

“A cirrose é uma doença mórbida e multissistêmica, associada a altas taxas de internações e morbimortalidade. Substituição do parênquima por tecido fibrótico e nódulos regenerativos.”

•	Cirrose hepática: condição crônica e irreversível em que o fígado, cronicamente lesionado (por álcool, vírus, gordura, etc.), desenvolve fibrose extensa e nódulos regenerativos — o que desorganiza completamente a arquitetura normal do fígado.
•	Doença multissistêmica: os efeitos da cirrose não se limitam ao fígado — há impacto renal, pulmonar, hematológico, neurológico e metabólico.
•	Alta morbimortalidade: é uma das principais causas de internação hospitalar, principalmente por descompensações como ascite, encefalopatia hepática, hemorragia digestiva alta e infecções (ex: PBE).
•	Fisiopatologia básica: lesão contínua → inflamação → fibrose → hipertensão portal + falência hepatocelular.

⚠️ Etiologias Comuns da Cirrose

“Pode ser consequência de diferentes causas: etilismo, MAFLD, hepatites B/C, doenças autoimunes, colestáticas, sobrecarga de ferro/cobre.”

•	Etilismo (álcool): principal causa em países ocidentais. O metabolismo do etanol gera radicais livres que danificam os hepatócitos.
•	MAFLD (doença hepática gordurosa não alcoólica): associada à obesidade, resistência à insulina e síndrome metabólica. Evolui de esteatose → esteato-hepatite (NASH) → cirrose.
•	Hepatites virais crônicas (B e C): causam inflamação crônica e fibrose. A hepatite C, especialmente, é uma causa relevante em populações mais idosas.
•	Doenças autoimunes: como hepatite autoimune, colangite biliar primária (CBP) e colangite esclerosante primária (CEP).
•	Sobrecarga de ferro (hemocromatose) e de cobre (doença de Wilson): doenças metabólicas que causam dano hepático progressivo.

🧩 Evolução Clínica da Cirrose

“Fase assintomática (cirrose compensada) → Fase sintomática (descompensada)”

•	Cirrose compensada: o fígado mantém a função. Paciente pode não apresentar sintomas.
•	Cirrose descompensada: quando surgem complicações clínicas, como:
•	Ascite
•	HDA (hemorragia digestiva alta) por varizes
•	Encefalopatia hepática
•	Icterícia
•	PBE (peritonite bacteriana espontânea)
•	SHR (síndrome hepatorrenal)
•	Insônia, prurido, cãibras, disfunção sexual: sintomas neuro-hormonais
•	Infecções frequentes: por disfunção imune da cirrose

Esses eventos definem a transição para cirrose descompensada e marcam pior prognóstico.

🔄 Mecanismo Comum: Hipertensão Portal

A hipertensão portal é o mecanismo fisiopatológico central da maioria das complicações.

•	O fluxo sanguíneo portal encontra resistência na fibrose hepática → aumento da pressão no sistema porta.
•	Consequências:
•	Varizes esofagogástricas
•	Ascite
•	SHR
•	Shunts porto-sistêmicos espontâneos (como a encefalopatia hepática)

💧 1) Ascite

“Acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. Principal causa de internação. Paracentese diagnóstica sempre.”

•	Mecanismo: hipertensão portal + hipoalbuminemia + retenção renal de sal/água.
•	Paracentese diagnóstica:
•	Sempre indicada em toda primeira internação com ascite.
•	PBE pode ser oligossintomática → risco se não for detectada.
•	Análise do líquido ascítico:
•	GASA > 1,1 (gradiente albumina soro-ascite): sugere transudato típico da hipertensão portal.
•	Polimorfonucleares (PMN) >250 = sugestivo de PBE.
•	Cultura e proteínas totais também devem ser avaliadas.

⚖️ Tratamento da Ascite

“Restrição de sal, diuréticos (espironolactona + furosemida), paracentese com reposição de albumina.”

•	Restrição de sódio: 2g/dia.
•	Diuréticos:
•	Espironolactona: 100–400 mg/dia
•	Furosemida: 40–160 mg/dia
•	Paracentese terapêutica: indicada quando volume importante.
•	Se retirada de >5L → repor albumina (6–10g por litro drenado).
•	Monitorar: função renal, eletrólitos, sinais de encefalopatia.

🧫 PBE – Peritonite Bacteriana Espontânea

“Ascite + febre + dor abdominal → paracentese. PMN >250 = diagnóstico. Iniciar ATB precoce.”

•	É uma infecção espontânea do líquido ascítico.
•	Clínica pode ser leve ou ausente.
•	Diagnóstico:
•	PMN > 250/mm³
•	Cultura positiva (em ~60%)
•	Tratamento:
•	Cefalosporina de 3ª geração (ex: cefotaxima)
•	Albumina: dias 1 (1,5g/kg) e 3 (1g/kg)
•	Suspender diuréticos temporariamente
•	Reavaliar em 48h; repetir paracentese se sem melhora
•	Falha da ATB empírica em até 25% dos casos

Perfeito, Caio! Vamos continuar a explicação completa dos slides, agora com os tópicos a partir da profilaxia da PBE, passando por HDA, encefalopatia hepática, e depois as condutas gerais na abordagem do paciente com cirrose. Tudo de forma bem didática, aprofundada e estruturada.

🛡️ PBE – Profilaxia (Prevenção)

🔹 Profilaxia primária: para prevenir a primeira PBE

Indicada quando:
• Proteína total do líquido ascítico < 1,5 g/dL E um dos seguintes:
• CHILD-PUGH ≥ 9
• Bilirrubina total ≥ 3 mg/dL
• Disfunção renal (creatinina ≥ 1,2 mg/dL ou sódio ≤ 130 mEq/L)

Conduta:
• Norfloxacino 400 mg/dia VO por tempo indeterminado (até transplante ou regressão da indicação)
• Em pacientes com HDA (hemorragia digestiva alta) → norfloxacino ou ceftriaxona IV por 7 dias

🔹 Profilaxia secundária: após episódio de PBE
• Iniciar na alta hospitalar
• Norfloxacino por tempo indeterminado (ou até transplante hepático)

🧠 Importância: a recorrência de PBE é comum e altamente letal. A profilaxia é essencial.

🩸 2) Hemorragia Digestiva Alta (HDA)

Sangramento mais comum em cirróticos: varizes esofágicas ou gástricas devido à hipertensão portal.

🔹 Condutas na fase aguda:
1. Estabilização hemodinâmica: hidratação e transfusão se necessário.
2. Agentes vasoativos:
• Terlipressina ou Octreotide: vasoconstrição esplâncnica → reduz fluxo portal.
3. Antibiótico empírico obrigatório (mesmo sem PBE):
• Ceftriaxona 1g/dia por 7 dias → reduz mortalidade e risco de PBE e septicemia.
4. EDA em até 12h: para diagnóstico e tratamento (ligadura elástica, escleroterapia).

🔹 Fisiopatologia – Gradientes de Pressão Portal:
• Varizes se formam com pressão portal >10 mmHg
• Alto risco de sangramento se >12 mmHg

🛡️ Profilaxia da HDA

🔸 Profilaxia primária (paciente nunca sangrou):
• Betabloqueador não seletivo (BBNS) (propranolol, nadolol) OU
• EDA com ligadura elástica das varizes

🔸 Profilaxia secundária (após episódio de HDA):
• BBNS + EDA com ligadura seriada
• Se refratários:
• Balão esofágico
• TIPS (shunt portossistêmico intra-hepático transjugular)
• Cirurgia (em casos muito selecionados)

🧠 3) Encefalopatia Hepática (EH)

Quadro reversível que envolve alterações neurológicas — de discreta confusão até coma profundo.

🔹 Fisiopatologia:
• Acúmulo de toxinas intestinais, principalmente amônia, que não são metabolizadas pelo fígado.
• Mecanismos:
• Insuficiência hepatocelular
• Shunts porto-sistêmicos (naturais ou TIPS)
• Inflamação e estresse metabólico

🔹 Diagnóstico clínico:
• Alterações no nível de consciência
• Asterixis (flapping tremor): batida de asas ao estender mãos
• Alterações cognitivas sutis, lentificação, desorientação

🔹 Fatores precipitantes comuns:
• Constipação
• Diuréticos (hipocalemia, hiponatremia)
• Infecções (PBE, ITU, pneumonia)
• Hemorragia digestiva
• Desidratação, alcalose metabólica

🔹 Conduta terapêutica:
1. Identificar e corrigir fatores precipitantes
2. Lactulose: laxativo osmótico → reduz absorção de amônia
• Alvo: 2-3 evacuações amolecidas por dia
3. Rifaximina: antibiótico não absorvível que reduz flora bacteriana formadora de amônia (uso em EH recorrente)
4. Evitar sedativos, opióides, e excesso de diuréticos

🧪 Condutas Gerais na Cirrose Hepática

  1. Rastreamento para CHC (carcinoma hepatocelular):
    • Ultrassom abdominal + Alfafetoproteína (AFP) a cada 6 meses
  2. Vacinação:
    • Influenza
    • Pneumococo
    • Hepatite A e B
  3. Triagem para uso de álcool:
    • Reforço da abstinência — fundamental para qualquer etiologia
  4. Avaliação nutricional:
    • Encaminhamento precoce para nutricionista
    • Não restringir proteínas!
    • Restrição de sal: 2g/dia
    • Para MAFLD ou DM: ajuste calórico e de carboidratos
  5. Manejo da dor:
    • 1ª linha: paracetamol até 2g/dia (seguro)
    • Opioides com cautela (risco de EH)
    • Evitar AINES: risco elevado de insuficiência renal
  6. Acompanhar peso diariamente: monitorar retenção de líquidos e resposta à diureticoterapia
  7. Acesso facilitado à paracentese: melhora desfechos e conforto do paciente
  8. Monitoramento de sintomas: reconhecer precocemente sinais de descompensação
  9. Encaminhamento precoce para transplante:
    • Sempre que cirrose descompensada
    • Avaliar MELD, Child-Pugh, e critérios sociais/comportamentais
  10. Cuidados paliativos:
    • Importantes em cirróticos graves
    • Reduzem procedimentos fúteis, respeitam desejos do paciente

📌 Resumo das Profilaxias (final do slide)
• PBE:
• Primária: se líquido ascítico <1,5g/dL + disfunção hepática/renal
• Secundária: após episódio de PBE
• HDA:
• Primária: BB ou ligadura
• Secundária: BB + ligadura
• SHR:
• Prevenção com albumina:
• Na PBE: dias 1 (1,5g/kg) e 3 (1g/kg)
• Pós paracentese de >5L: 6–10g de albumina/L drenado

Caio, com isso, todas as informações do slide foram explicadas 100% de forma detalhada e aprofundada. Se quiser, posso montar um resumo final por tópicos ou montar questões estilo prova sobre isso pra te testar. Quer que eu prepare alguma dessas coisas?

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Q

HIV

A

Perfeito, Caio! Vou montar um material extremamente completo, aprofundado, didático e focado em tudo que costuma cair nas provas de faculdade de medicina, residência e concursos na parte de Clínica Médica e Infectologia.

HIV: Diagnóstico, Clínica, Complicações e Tratamento

Principais Referências:
• Harrison’s Principles of Internal Medicine (21ª ed.)
• UpToDate (2025)
• Manual de Infectologia da USP
• Diretrizes do Ministério da Saúde (Brasil, 2024)
• CDC Guidelines
• Infectious Diseases Society of America (IDSA) Guidelines

  1. Definição e Agente Etiológico
    • HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana): Retrovírus da família Retroviridae, gênero Lentivirus, com dois subtipos principais:
    • HIV-1: Mais comum e de maior distribuição mundial.
    • HIV-2: Predominante em regiões da África Ocidental, com progressão mais lenta.

Genoma: RNA de fita simples com transcriptase reversa.

  1. Mecanismo de Infecção e Patogênese
    • Célula-alvo principal: Linfócitos CD4+ (T helper).
    • Outros alvos: Monócitos, macrófagos, células dendríticas.

Etapas da infecção:
1. Ligação do vírus ao receptor CD4 e aos co-receptores (CCR5 ou CXCR4).
2. Fusão da membrana e entrada do vírus.
3. Transcrição reversa (RNA → DNA viral).
4. Integração do DNA viral ao genoma da célula hospedeira (via integrase).
5. Produção de novas partículas virais → lise celular.

Consequência imunológica:
• Progressiva queda dos linfócitos CD4+.
• Imunossupressão progressiva.
• Risco aumentado para infecções oportunistas e neoplasias.

  1. Epidemiologia
    • Transmissão:
    • Sexual: Principal via no mundo (maior risco em relações anais receptivas > vaginais > orais).
    • Parenteral: Compartilhamento de seringas, transfusão de sangue contaminado.
    • Vertical: Mãe para filho (durante gestação, parto ou amamentação).
    • Grupos de risco:
    • HSH (homens que fazem sexo com homens).
    • Usuários de drogas injetáveis.
    • Profissionais de saúde (exposição ocupacional).
    • Prevenção:
    • Preservativo.
    • Profilaxia pré-exposição (PrEP).
    • Profilaxia pós-exposição (PEP).
    • Controle de gestantes soropositivas.

  1. História Natural da Infecção pelo HIV

Fases Clínicas:

  1. Infecção aguda (síndrome retroviral aguda):
    • Ocorre de 2 a 4 semanas após a infecção inicial.
    • Quadro semelhante a uma mononucleose infecciosa:
    • Febre, linfadenopatia, faringite, rash maculopapular, úlceras orais, mialgia.
    • Alta carga viral + queda transitória de CD4.
  2. Fase de latência clínica (assintomática):
    • Dura anos (média 8-10 anos sem tratamento).
    • Vírus continua se replicando, mas CD4 pode se manter relativamente estável por um tempo.
  3. Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida):
    • Quando o paciente apresenta:
    • CD4 < 200 células/mm³ OU
    • Qualquer doença definidora de AIDS (ex.: Pneumocystis jirovecii, esofagite por Candida, toxoplasmose cerebral, etc).

  1. Diagnóstico Laboratorial

Testes de triagem:
• Imunossorologia por 4ª geração (ELISA) → Detecta anticorpos e antígeno p24 (melhor janela diagnóstica).

Confirmatório:
• Western Blot (antigo, quase em desuso).
• Imunoblot.
• Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda:
• Teste rápido de triagem + outro teste rápido confirmatório de metodologia diferente.

Carga viral (HIV-RNA):
• Quantificação da replicação viral (via PCR).
• Serve para:
• Confirmação diagnóstica em casos duvidosos.
• Avaliação de resposta terapêutica.

CD4:
• Avalia o grau de imunossupressão.
• Critério prognóstico e de definição de início de TARV no passado (hoje se inicia tratamento para todos, independentemente da contagem de CD4).

  1. Doenças Definidoras de AIDS (CDC, 2025)

Exemplos principais:
• Pneumonia por Pneumocystis jirovecii (PCP).
• Toxoplasmose cerebral.
• Candidíase esofágica.
• Tuberculose disseminada ou extrapulmonar.
• Sarcoma de Kaposi.
• Linfoma primário de sistema nervoso central.
• Infecção por CMV (Citomegalovírus) com comprometimento de órgão.

  1. Tratamento – Terapia Antirretroviral (TARV)

Indicação:
• Para TODOS os pacientes com HIV, independentemente do CD4.

Objetivo:
• Supressão viral sustentada.
• Recuperação imunológica (elevação de CD4).
• Redução da morbimortalidade.
• Redução da transmissão.

Esquema preferencial (Brasil - 2024):
• Tenofovir (TDF ou TAF) + Lamivudina (3TC) + Dolutegravir (DTG)

Outros esquemas alternativos podem incluir:
• Abacavir + Lamivudina + Dolutegravir (cuidado com HLA-B*5701).
• Tenofovir + Emtricitabina + Efavirenz (esquema antigo, hoje menos usado).

Efeitos adversos comuns da TARV:
• Nauseas, diarreia, cefaleia, distúrbios do sono (com efavirenz).
• Toxicidade renal (com Tenofovir).
• Toxicidade hepática.
• Distúrbios metabólicos (dislipidemia, lipodistrofia).

Adesão é fundamental para evitar falha virológica e resistência!

  1. Monitoramento
    • Carga viral:
    • No início → a cada 3-6 meses.
    • Depois da supressão → pode espaçar.
    • CD4:
    • A cada 6 meses no início.
    • Pode espaçar se houver estabilidade.
    • Avaliação de efeitos colaterais:
    • Função renal.
    • Função hepática.
    • Perfil lipídico e glicêmico.

  1. Profilaxias para Infecções Oportunistas

Baseada no nível de CD4:
• CD4 < 200:
• Pneumocystis jirovecii → Sulfametoxazol + Trimetoprim (SMX-TMP).
• CD4 < 100:
• Toxoplasmose (se IgG positiva) → SMX-TMP.
• CD4 < 50:
• Micobacterium avium complex (MAC) → Azitromicina ou Claritromicina.

  1. Profilaxia Pós-Exposição (PEP)
    • Indicação:
    • Exposição sexual, ocupacional ou acidente com material biológico.
    • Esquema:
    • Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir por 28 dias.
    • Início preferencial:
    • Dentro das primeiras 2 horas (no máximo até 72h).

  1. Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
    • Indicação para populações de alto risco.
    • Esquema:
    • Tenofovir + Emtricitabina (um comprimido ao dia).

  1. Complicações a Longo Prazo
    • Disfunção imunológica persistente.
    • Síndrome de Reconstituição Imune.
    • Complicações metabólicas da TARV (diabetes, dislipidemia, lipodistrofia).
    • Risco cardiovascular aumentado.
    • Neoplasias associadas ao HIV (ex.: linfomas, câncer de colo uterino, câncer anal).

  1. HIV na Gestação
    • Objetivo: Reduzir transmissão vertical.
    • TARV durante a gestação: Sempre!
    • Indicação de parto cesáreo: Se carga viral > 1000 cópias/ml próximo ao parto.
    • Evitar amamentação: No Brasil, a orientação é não amamentar se a mãe é HIV+.

  1. HIV na Criança
    • Teste com PCR (HIV-DNA ou HIV-RNA) nos primeiros meses (pois anticorpos podem ser da mãe).
    • TARV precoce para todos os diagnosticados.

  1. O que mais cai em prova?

Perguntas clássicas:
• Diagnóstico da síndrome retroviral aguda.
• Indicações de início de TARV.
• Doenças definidoras de AIDS.
• Condutas em exposição ocupacional.
• Profilaxias conforme contagem de CD4.
• Diferença entre HIV-1 e HIV-2.
• Conduta na gestação.
• Efeitos adversos dos antirretrovirais.
• Síndrome de reconstituição imune.

Se quiser, posso te montar agora também um bloco só de questões comentadas de prova de residência e faculdade sobre HIV. Quer que eu faça? Quer algum ajuste no material acima antes?

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