Delirium Flashcards

(3 cards)

1
Q

Delirium

A

Perfeito, Caio! Abaixo vai a explicação completa, didática e aprofundada do slide sobre Delirium, com base no DSM-5-TR, Kaplan & Sadock, Tratado de Clínica Médica e diretrizes práticas de geriatria e psiquiatria. Escrevi tudo com foco em clareza e objetividade, respeitando tua preferência por formato textual completo, sem tabelas.

🧠 DELIRIUM

🔹 Visão Geral
• Delirium é um transtorno orgânico agudo da consciência e atenção, muito comum em idosos, especialmente no ambiente hospitalar.
• Costuma ser reversível, mas é associado a alta mortalidade se não tratado adequadamente.
• Representa emergência médica e psiquiátrica.

🧾 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (DSM-5-TR)

Para o diagnóstico de delirium, é necessário que estejam presentes TODOS os seguintes critérios:

A. Distúrbio na atenção e consciência:
O paciente tem dificuldade em manter o foco, se distrai facilmente e mostra rebaixamento do nível de consciência.

B. Instalação aguda e curso flutuante:
Os sintomas se desenvolvem rapidamente (em horas a dias) e flutuam ao longo do dia, piorando geralmente à noite.

C. Perturbação na cognição:
Pode envolver memória recente, linguagem, orientação, percepção e pensamento.

D. Os sintomas não são melhor explicados por outro transtorno neurocognitivo maior ou menor (ex: demência) e não ocorrem durante coma.

E. Evidência clínica de que o delirium é consequência direta de uma condição médica, intoxicação, abstinência, exposição a toxinas ou múltiplas causas combinadas.

🔹 SINTOMAS ASSOCIADOS

Distúrbios do ciclo sono-vigília:
Inversão do sono, sonolência diurna, agitação noturna, insônia ou hipersonolência.

Perturbações perceptivas:
Delírios, ilusões, alucinações (principalmente visuais).

Alterações emocionais:
Oscilação rápida de humor, com ansiedade, medo, raiva, tristeza ou euforia transitória.

⚡ ETIOLOGIA

O delirium surge como consequência de alterações fisiológicas agudas, sendo desencadeado por:
• Hipóxia, hipoglicemia, sepse, febre, distúrbios eletrolíticos, retenção urinária, dor, privação de sono
• Intoxicação ou abstinência de substâncias (álcool, benzodiazepínicos, opioides)
• Polifarmácia (muito comum em idosos hospitalizados)

Subtipos de delirium:
• Hiperativo: agitação, agressividade, alucinações — mais reconhecido.
• Hipoativo: lentidão, apatia, prostração, confusão — muitas vezes confundido com depressão; é o subtipo mais subdiagnosticado.
• Misto: alternância entre os dois tipos.

🚨 FATORES DE RISCO

Individuais:
• Demência prévia
• AVC
• Parkinson
• Idade avançada

Desencadeantes (fatores precipitantes):
• Polifarmácia
• Infecções (ITU, pneumonia)
• Desidratação
• Imobilidade
• Dor não tratada
• Cateter vesical
• Cirurgia recente
• Mudanças de ambiente (ex: internação hospitalar)

Dependência química:
• Pacientes em uso crônico de álcool, benzodiazepínicos ou outras drogas apresentam comportamentos de busca, como ficar “fuçando” gavetas, e desenvolvem delirium por abstinência.

Delírios típicos:
• Delírios com elementos visuais vívidos, como ver animais, insetos ou pessoas estranhas.

⚠️ DELIRIUM TREMENS (forma grave da abstinência alcoólica)
• Ocorre em pacientes com abstinência alcoólica abrupta, após uso crônico intenso.
• Inicia geralmente de 48 a 72 horas após interrupção do álcool.
• Quadro clássico: agitação, alucinações visuais táteis e auditivas, confusão, sudorese, taquicardia, hipertensão e tremores.
• Pode evoluir para crise convulsiva, coma e morte se não tratado.

Conduta:
• Contenção mecânica: apenas se houver risco iminente de auto ou heteroagressão.
• NÃO usar antipsicóticos como rotina: podem aumentar o risco de crise convulsiva.
• Exceção: haloperidol em doses baixas e situações específicas (como alucinações graves sem risco convulsivo).
• Tratamento de escolha são benzodiazepínicos (ex: diazepam, lorazepam, oxazepam), com doses tituladas conforme gravidade.
• O uso é mantido até o paciente ficar assintomático, o que pode levar até 15 dias em casos graves.
• Monitorar sinais autonômicos e falas incoerentes.

✅ RESUMO PRÁTICO DE DELIRIUM
• Agudo, flutuante, reversível
• Afeta atenção, cognição e consciência
• Fatores precipitantes são clínicos e iatrogênicos
• Sempre excluir causas clínicas e metabólicas primeiro
• Evitar antipsicóticos de forma indiscriminada
• Usar benzodiazepínicos apenas em abstinência

Se quiser, posso montar agora 3 questões estilo PUCRS sobre delirium com foco clínico, diagnóstico diferencial e conduta. Quer?

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Q

✅ QUESTÃO 1 – DIAGNÓSTICO DE DELIRIUM

Homem de 80 anos, internado há 3 dias após fratura de fêmur, passa a apresentar rebaixamento do nível de consciência, desorientação temporal, alucinações visuais e inversão do ciclo sono-vigília. Os sintomas flutuam ao longo do dia, piorando à noite. Exame neurológico sem déficits focais. Glasgow = 14.

Qual a hipótese diagnóstica mais provável?

A) Demência de Alzheimer
B) Delirium hipoativo
C) Delirium
D) Depressão maior com características psicóticas
E) Síndrome confusional por uso de benzodiazepínico

✅ QUESTÃO 2 – CONDUTA NO DELIRIUM TREMENS

Homem de 50 anos, etilista crônico, é internado após parada súbita do consumo de álcool. No segundo dia de internação, apresenta agitação psicomotora intensa, tremores, alucinações visuais e taquicardia. Não há história de epilepsia prévia.

Qual a conduta mais adequada?

A) Iniciar diazepam em dose titulada conforme gravidade
B) Administrar haloperidol como primeira escolha
C) Realizar contenção mecânica prolongada como tratamento
D) Observar clinicamente sem intervenção medicamentosa
E) Usar antipsicótico atípico (ex: risperidona) para controle de agitação

✅ QUESTÃO 3 – FATORES DE RISCO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Sobre o delirium, assinale a alternativa correta:

A) Delirium é caracterizado por instalação progressiva e curso estável.
B) Delirium é mais comum em jovens com histórico de psicose.
C) A alucinação visual é um sintoma típico, mais frequente do que auditiva.
D) O subtipo hipoativo é mais facilmente reconhecido na prática clínica.
E) O uso de benzodiazepínicos é recomendado em todos os tipos de delirium.

A

🟨 GABARITO COMENTADO

Questão 1: Letra C
Comentário: paciente idoso com instalação aguda, curso flutuante, distúrbio da atenção, alucinações visuais e alterações do sono → quadro clássico de delirium. O subtipo parece misto, com episódios de agitação e sonolência. Não é demência (evolução crônica) nem depressão (quadro apático e estável).

Questão 2: Letra A
Comentário: trata-se de delirium tremens (forma grave de abstinência alcoólica). O tratamento de escolha são benzodiazepínicos, como o diazepam, com doses ajustadas conforme sintomas autonômicos e neuropsiquiátricos. Antipsicóticos devem ser evitados como primeira escolha.

Questão 3: Letra C
Comentário: as alucinações visuais são as mais comuns no delirium, especialmente no tipo hiperativo. O hipoativo é mais difícil de detectar e frequentemente confundido com depressão ou apatia. O quadro se instala agudamente e tem curso flutuante, principalmente em idosos hospitalizados.

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Q

Extra

A

Excelente pergunta, Caio. O conteúdo do teu slide e a explicação que a gente construiu cobrem muito bem os pontos fundamentais de delirium, especialmente pra prova da PUCRS, que costuma focar em diagnóstico clínico, fatores de risco e conduta prática.

Mas se tua meta é ficar à prova de pegadinha ou questão discursiva mais exigente, aqui vão alguns complementos estratégicos que valem a pena saber, mesmo que não estejam no teu material:

🔺 1. Delirium vs. Demência (diagnóstico diferencial)

Esse é muito cobrado, e entender bem a diferença pode te garantir um ponto importante.

Característica Delirium Demência
Início Súbito (horas a dias) Insidioso (meses a anos)
Curso Flutuante ao longo do dia Progressivo e estável
Atenção Marcadamente prejudicada Relativamente preservada nas fases iniciais
Alucinações Comuns, especialmente visuais Incomuns nas fases precoces
Reversibilidade Frequentemente reversível Irreversível na maioria dos casos

👉 Em caso de dúvida na prova: atenção prejudicada + curso flutuante + início agudo = DELIRIUM.

🔺 2. Abordagem sistemática ao paciente com delirium

Sempre que se suspeita de delirium, tua conduta deve seguir 3 pilares:
1. Identificar e tratar a causa subjacente: infecção, hipoxemia, hipoglicemia, abstinência, dor, constipação, retenção urinária.
2. Oferecer ambiente seguro: iluminação adequada, reduzir ruído, evitar contenções desnecessárias.
3. Evitar uso de medicamentos de alto risco: benzodiazepínicos (exceto em abstinência), anticolinérgicos, opioides em excesso.

🔺 3. Medidas não farmacológicas (caem cada vez mais!)

Essas são primordiais na prevenção e tratamento do delirium, principalmente em idosos hospitalizados:
• Manter orientação temporal e espacial: relógios, janelas, visitas frequentes, nome do profissional visível.
• Mobilização precoce (sair da cama o quanto antes).
• Hidratação e nutrição adequadas.
• Evitar cateteres e sondas desnecessárias.
• Revisar medicações todos os dias.

Essas medidas reduzem até 40% a incidência de delirium hospitalar.

🔺 4. CAM – Confusion Assessment Method

Ferramenta validada e muito usada na prática clínica para triagem de delirium. Considera:
1. Início agudo e curso flutuante
2. Déficit de atenção
3. Pensamento desorganizado
4. Alteração do nível de consciência

Diagnóstico: precisa ter os dois primeiros + pelo menos um dos dois últimos.

Essa ferramenta costuma cair mais em provas de residência, mas pode ser útil se a PUCRS fizer uma questão mais clínica.

🔺 5. Delirium em UTI e uso de escalas
• Na UTI, usa-se frequentemente a escala RASS (Richmond Agitation-Sedation Scale) para monitorar nível de consciência e risco de delirium.
• Delirium na UTI (delirium hiporreativo) é subdiagnosticado e preditor de mortalidade e internação prolongada.

✅ CONCLUSÃO

Teu material cobre:

✅ Diagnóstico
✅ Subtipos
✅ Fatores de risco
✅ Delirium tremens
✅ Conduta farmacológica

E com esses complementos, tu cobre:

🔁 Diagnóstico diferencial com demência
📉 Prevenção e abordagem prática no hospital
🧪 Ferramentas clínicas (CAM, RASS)
📋 Medidas não farmacológicas

Se quiser, posso montar mais 3 questões focadas nesses pontos “refinados”, tipo CAM, prevenção e diagnóstico diferencial com demência. Só dar o sinal!

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