Sepse Flashcards

(2 cards)

1
Q

Sepse

A

Perfeito, Caio! Abaixo vai a explicação completa, aprofundada e didática do slide que tu mandou, cobrindo 100% das informações, sem uso de tabelas, conforme tu pediu:

🧠 PROTOCOLO DE SEPSE

🔹 Definição de Sepse

Sepse é caracterizada pela presença de uma infecção associada a disfunção orgânica. O organismo, ao tentar combater o agente infeccioso, gera uma resposta inflamatória desregulada, que acaba danificando os próprios órgãos do paciente.

🔹 Fisiopatologia
• Ocorre uma resposta descontrolada do hospedeiro, resultando em:
• Vasodilatação (por inativação de íons vasoconstrictores)
• Aumento da permeabilidade vascular → edema
• Tempestade de citocinas (IL-1, IL-6, TNF-α, etc.)
• Hipercoagulabilidade (com risco de coagulação intravascular disseminada – CID)
• Hipoperfusão tecidual → falência orgânica progressiva
• Evolui de um estado de hiperinflamação inicial para uma imunossupressão tardia

🩸 SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica)

A SIRS pode ser usada como critério de alerta precoce, embora hoje seja preferido o uso de qSOFA. Os critérios são:
1. Temperatura corporal maior que 38°C ou menor que 36°C
2. Frequência cardíaca acima de 90 bpm
3. Frequência respiratória acima de 20 rpm ou PaCO₂ abaixo de 32 mmHg
4. Leucócitos acima de 12.000 ou abaixo de 4.000 ou com mais de 10% de bastões (formas imaturas)

Se houver dois ou mais desses critérios em um paciente com suspeita de infecção, a sepse deve ser fortemente considerada.

🧠 Disfunção Orgânica e qSOFA

Indicadores simples e rápidos que aumentam a suspeita de sepse com disfunção orgânica são:
• Queda da pressão arterial sistólica
• Taquipneia (frequência respiratória ≥ 22 rpm)
• Alteração do estado mental (rebaixamento de consciência)

🔍 INVESTIGAÇÃO

A investigação deve ser ampla e rápida, considerando exames laboratoriais inespecíficos, mas úteis para avaliar a gravidade. Os principais pontos abordados são:
• Plaquetopenia: indica disfunção hematológica e risco de coagulopatia
• Disfunção hematológica geral, elevação de lactato sérico: marcador de hipoperfusão tecidual
• Função hepática: bilirrubinas elevadas indicam disfunção hepática
• Função renal: creatinina elevada sugere injúria renal aguda
• Avaliação neurológica: Escala de Glasgow
• Função respiratória: gasometria arterial, RX de tórax
• Hemograma completo e culturas (sangue, urina, secreções, líquor, etc.)

Outros achados laboratoriais importantes:
• Leucocitose ou leucopenia
• Hipoglicemia (em pacientes não diabéticos)
• PCR e procalcitonina elevadas (sugestivas de inflamação/infeção)
• Distúrbios hidroeletrolíticos e acidose metabólica

Observação clínica:
• No início, a pele pode estar vermelha e quente (vasodilatação compensatória)
• Depois pode evoluir para fria, pálida ou cianótica, TEC aumentado e extremidades frias → sinais de choque séptico
• Presença de sangue ou secreções purulentas em locais específicos deve ser valorizada como possível foco infeccioso

⚠️ CHOQUE SÉPTICO

O choque séptico é definido como:
• Presença de sepse
• Lactato ≥ 2 mmol/L (indicando hipoperfusão)
• Hipotensão refratária: pressão arterial sistólica menor que 65 mmHg após reposição volêmica adequada
• Necessidade de uso de vasopressores para manter perfusão adequada

🛠️ MANEJO DA SEPSE

O manejo inicial deve ser realizado nas primeiras 3 horas, preferencialmente na primeira hora (“golden hour”):
1. Oxigenoterapia e monitoramento
• Administração de oxigênio
• Oximetria de pulso contínua
• Monitorização da perfusão
2. Acesso venoso
• De preferência calibroso ou central
• Deve ser obtido até 3 horas após início do atendimento
3. Hidratação
• Administrar 30 mL/kg de cristaloide (soro fisiológico ou Ringer Lactato) em bônus rápido
• Atenção: avaliar clinicamente a resposta e sinais de edema pulmonar (pode contraindicar reposição agressiva)
4. Antibioticoterapia
• Empírica e de amplo espectro
• Iniciar o quanto antes, idealmente dentro da 1ª hora
• Ajustar conforme culturas e sensibilidades
5. Vasopressores
• Utilizar se houver hipotensão persistente após hidratação
• Noradrenalina (norepinefrina) é o vasopressor de primeira linha
• Se necessário, pode-se associar vasopressina ou adrenalina como segunda droga
6. Transfusão de hemácias
• Considerar se a hemoglobina estiver abaixo de 7 g/dL
• Exceções para transfusão com valores maiores:
• Choque hemorrágico
• Isquemia miocárdica

📌 Resumo visual da conduta (tradução didática do esquema no slide):
• Se a sepse está presente com choque → administrar antibiótico imediato, fluido e iniciar vasopressores
• Se sepse está presente, mas sem choque → iniciar antibiótico e avaliar clinicamente
• Se sepse é possível → iniciar antibiótico o quanto antes, mas após avaliação
• Se sepse é improvável → fazer avaliação rápida de outras causas

Se quiser, posso montar contigo questões de prova, simulados, ou resumos em flashcards pra revisar esses pontos-chave antes da tua prova. Pode mandar o próximo slide quando quiser!

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Q

✅ QUESTÃO 1 – DIAGNÓSTICO DE SEPSE

Um homem de 67 anos, com história de DPOC, chega ao pronto-socorro com confusão mental, FR de 26 rpm, PA de 92×58 mmHg, FC de 110 bpm e febre de 38,3°C. Está sonolento, com tempo de enchimento capilar lento. O EAS mostra leucocitúria e piúria. Lactato sérico = 3,5 mmol/L.

Qual das alternativas abaixo melhor define a situação clínica do paciente?

A) Sepse grave, pois apresenta leucocitose e infecção urinária.
B) Choque séptico, pois apresenta hipotensão com lactato elevado apesar de infecção.
C) Sepse, pois há disfunção orgânica associada à provável infecção.
D) SIRS apenas, pois não há comprovação microbiológica.
E) Infecção urinária simples com desidratação.

✅ QUESTÃO 2 – MANEJO INICIAL

Em relação ao tratamento inicial da sepse, assinale a alternativa correta:

A) O antibiótico deve ser iniciado somente após confirmação do foco infeccioso por imagem.
B) A infusão volêmica deve ser feita lentamente, com até 1 L de cristaloide nas primeiras 6 horas.
C) A transfusão de hemácias deve sempre ser indicada quando a hemoglobina estiver < 10 g/dL.
D) O uso de vasopressores está indicado apenas após falha da reposição volêmica.
E) Noradrenalina é contraindicada em pacientes idosos devido ao risco de arritmia.

✅ QUESTÃO 3 – INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E CONDUTA

Mulher de 58 anos, previamente hígida, apresenta febre, taquicardia, FR de 24 rpm, PA de 70×45 mmHg após 30 mL/kg de SF 0,9% em 1 hora. Está sonolenta e com extremidades frias. A saturação de O₂ é 91% em ar ambiente e o lactato é 2,9 mmol/L.

Qual a conduta mais apropriada neste momento?

A) Administrar volume adicional em ritmo lento e observar por 2 horas.
B) Iniciar noradrenalina para suporte da pressão arterial.
C) Solicitar tomografia e aguardar resultado antes de qualquer conduta adicional.
D) Administrar transfusão de hemácias imediata.
E) Começar corticoide em altas doses antes dos antibióticos.

A

🟨 GABARITO COMENTADO

Questão 1: Letra C
Comentário: paciente com infecção + disfunção orgânica (confusão mental, FR elevada, hipotensão e lactato > 2) → isso configura sepse, mesmo sem confirmação laboratorial imediata. Não é choque séptico pois ainda não houve tentativa de reposição volêmica formal com vasopressor.

Questão 2: Letra D
Comentário: após reposição volêmica inicial adequada (30 mL/kg), vasopressores devem ser iniciados se a PAM continuar < 65 mmHg. Noradrenalina é a droga de escolha e segura, inclusive em idosos. A transfusão é indicada apenas se Hb < 7 g/dL, salvo exceções.

Questão 3: Letra B
Comentário: paciente com choque séptico refratário à reposição volêmica. Critérios: hipotensão + lactato elevado + perfusão inadequada. Indicação clara de iniciar vasopressor (noradrenalina) para manter perfusão adequada.

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