Estatuto da Criança e do Adolescente Flashcards

(72 cards)

1
Q

Qual o objetivo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)?

A

Dispõe sobre a proteção integral da criança e do adolescente, visando assegurar seus direitos fundamentais.

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2
Q

Quem são considerados criança e adolescente para os fins do ECA?

A

Considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

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3
Q

O que acontece em casos excepcionais onde o ECA é aplicado a pessoas com idade superior a 18 anos?

A

Nos casos expressos em lei, o ECA é aplicado excepcionalmente às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

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4
Q

Quais os direitos fundamentais assegurados à criança e ao adolescente pelo ECA?

A

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando-se-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

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5
Q

Quem são os responsáveis primários pela efetivação dos direitos da criança e do adolescente?

A

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

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6
Q

O que significa a “prioridade absoluta” na efetivação dos direitos da criança e do adolescente?

A

A prioridade absoluta implica em:

  • Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública.
  • Precedência de formulação e execução de políticas sociais públicas específicas.
  • Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas à proteção da infância e juventude.
  • Prioridade no atendimento da demanda de vagas em programas e serviços.
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7
Q

Qual o direito à liberdade da criança e do adolescente, conforme o ECA?

A

O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

  • Ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais.
  • Opinião e expressão.
  • Crença e culto religioso.
  • Brincar, praticar esportes e divertir-se.
  • Participar da vida familiar e comunitária sem discriminação.
  • Buscar refúgio, auxílio e orientação.
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8
Q

O que engloba o direito ao respeito da criança e do adolescente?

A

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

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9
Q

Quais os direitos da criança e do adolescente em relação à educação, cultura, esporte e lazer?

A

Têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
É assegurado:

  • Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
  • Direito de ser respeitado por seus educadores.
  • Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores.
  • Direito à organização e participação em entidades estudantis.
  • Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
  • É dever do Estado assegurar ensino fundamental obrigatório e gratuito.
  • Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.
  • Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística.
  • Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador.
  • Apoio técnico-pedagógico e financeiro aos estabelecimentos de ensino públicos.
  • Acesso às manifestações culturais, artísticas, esportivas e de lazer.
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10
Q

Quais as responsabilidades dos pais ou responsáveis em relação à educação dos filhos?

A

Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino e zelar pela sua frequência.

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11
Q

Qual a importância da convivência familiar e comunitária para a criança e o adolescente?

A

A criança e o adolescente têm direito a ser criados e educados no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

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12
Q

Quais as formas de colocação em família substituta?

A

As formas de colocação em família substituta são:
- guarda,
- tutela e
- adoção.

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13
Q

Quais os princípios a serem seguidos na colocação em família substituta?

A

A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, observados os seguintes princípios:

  • Manutenção da criança ou adolescente no seio de sua família de origem, sempre que possível.
  • Integração em família substituta quando esgotados os recursos de manutenção na família de origem.
  • Preparação da criança ou adolescente para a colocação em família substituta.
  • Atendimento prioritário às crianças e adolescentes que estejam em situação de vulnerabilidade, como os que estão em programas de acolhimento institucional ou familiar.
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14
Q

O que é a Guarda, segundo o ECA?

A

A guarda implica a total responsabilidade para com a criança e o adolescente, atribuindo-lhes a condição de dependentes, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários e até se opor a terceiros, mesmo que sejam os pais.

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15
Q

Quais as finalidades da Guarda?

A

Destina-se a regularizar a posse de fato, conferir à criança ou adolescente a condição de dependente para fins previdenciários e assistenciais, e a possibilitar o direito de se opor a terceiros, inclusive aos pais.

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16
Q

O que é a Tutela, conforme o ECA?

A

A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 anos incompletos e pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar, além de implicar necessariamente o dever de guarda.

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17
Q

Quais os requisitos para a decretação da Tutela?

A

A tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar.

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18
Q

O que é a Adoção, de acordo com o ECA?

A

A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa.

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19
Q

Quais os efeitos da Adoção?

A

A adoção confere à criança ou adolescente a condição de filho, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

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20
Q

O que abrange o conceito de Prevenção no ECA?

A

A Prevenção trata de processos, políticas públicas, capacitações de profissionais, ações, campanhas educativas e promoções que visem prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente, atribuindo-a como um dever de todos.

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21
Q

Como funciona o processo de entrega voluntária para adoção de um filho?

A

A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude.

Após a manifestação, deverá ser realizada a busca da família extensa em um prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período, caso não tenha pedido o sigilo.

Depois do nascimento da criança, a vontade da entrega deve ser manifestada em audiência, com prazo de 10 dias para a desistência.

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22
Q

Como deve ser exercido o poder familiar?

A

O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe. Isso se aplica a todos os deveres e responsabilidades e não pode ocorrer só pela falta ou carência de recursos materiais.

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23
Q

Quando as medidas de proteção a crianças e adolescentes são aplicadas?

A

As medidas de proteção são aplicadas sempre que os direitos das crianças e adolescentes forem ameaçados ou violados.
Isso pode ocorrer por:

  • Ação ou omissão da sociedade ou do Estado.
  • Falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável.
  • Em razão da própria conduta da criança ou adolescente.
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24
Q

Qual o foco das medidas protetivas?

A

O foco das medidas protetivas não é penalizar ninguém, mas sim proteger a criança e o adolescente de ameaças ou situações de desproteção

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25
Quais são as prioridades e como as medidas protetivas podem ser aplicadas?
As medidas protetivas priorizam o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, pois o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes devem ocorrer primariamente na família. Elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, e podem ser substituídas a qualquer tempo que se fizer necessário.
26
Quais princípios são levados em conta na aplicação das medidas protetivas?
Na aplicação das medidas protetivas, são levadas em conta as necessidades pedagógicas da criança e do adolescente e os seguintes princípios: - Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos. - Proteção integral e prioritária. - Responsabilidade primária e solidária do poder público. - Interesse superior da criança e do adolescente. - Privacidade (respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da vida privada). - Intervenção precoce (imediatamente após a situação de perigo ser conhecida). - Intervenção mínima (exercida exclusivamente por autoridades e instituições indispensáveis). - Proporcionalidade e atualidade (intervenção necessária e adequada à situação de perigo no momento da decisão). - Responsabilidade parental (a intervenção deve fazer com que os pais assumam seus deveres). - Prevalência da família (prevalência a medidas que mantenham ou reintegrem na família natural ou extensa, ou promovam a integração em família adotiva). - Obrigatoriedade da informação (crianças e adolescentes, pais ou responsáveis devem ser informados dos direitos, motivos e processamento da intervenção, respeitando o estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão). - Oitiva obrigatória e participação (direito a ser ouvido e participar nos atos e na definição da medida, com opinião devidamente considerada).
27
Quais são as medidas de proteção que a autoridade competente pode determinar?
Se verificada ameaça ou violação dos direitos, a autoridade competente pode determinar, entre outras, as seguintes medidas: - Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade. - Orientação, apoio e acompanhamento temporários. - Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental. - Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente. - Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial. - Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos. - Acolhimento institucional (medida excepcional). Inclusão em programa de acolhimento familiar (preferível ao acolhimento institucional). - Colocação em família substituta (por meio de guarda, tutela ou adoção)
28
O acolhimento institucional e familiar implicam privação de liberdade?
Não, o acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, e não implicam privação de liberdade. Elas são formas de transição para reintegração familiar ou, se não for possível, para colocação em família substituta.
29
Qual a competência para o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar?
O afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária, com procedimento judicial contencioso que garante contraditório e ampla defesa aos pais ou responsável legal.
30
O que é a Guia de Acolhimento e o que ela deve conter para encaminhamento de crianças e adolescentes a programas de acolhimento institucional?
Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária. Ela deve conter, obrigatoriamente: - Sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos. - O endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência. - Os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda. - Os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar.
31
O que é o Plano Individual de Atendimento (PIA) e qual o seu objetivo?
Imediatamente após o acolhimento, a entidade responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar deve elaborar um Plano Individual de Atendimento (PIA), visando à reintegração familiar, ou seja, o retorno da criança ou adolescente acolhido ao seu núcleo de origem. Se a reintegração não for possível, o PIA deve contemplar a colocação em família substituta (guarda, tutela ou adoção).
32
O que deve constar no PIA?
No PIA devem constar, entre outras coisas: - Os resultados da avaliação da equipe interdisciplinar. - Os compromissos assumidos pelos pais ou responsável. - A previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, visando à reintegração familiar ou, se vedada judicialmente, as providências para sua colocação em família substituta, sob supervisão da autoridade judiciária.
33
Onde deve ocorrer o acolhimento familiar ou institucional?
Deverá ocorrer no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável, para que a criança ou o adolescente possam preservar a convivência familiar e comunitária, exceto em casos de risco à integridade física ou psíquica.
34
O que acontece se o responsável pelo programa de acolhimento constatar a possibilidade de reintegração familiar?
Deverá comunicar imediatamente à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público por cinco dias, e terá o mesmo prazo para decidir pelo desacolhimento.
35
O que ocorre se a reintegração à família de origem não for possível?
Mesmo após encaminhamento a programas de apoio, a equipe enviará relatório fundamentado ao Ministério Público, recomendando a destituição do poder familiar, tutela ou guarda. O Ministério Público terá 15 dias para ingressar com a ação de destituição, salvo se precisar de estudos complementares.
36
Quais informações devem constar em um cadastro sobre crianças e adolescentes acolhidos, e quem pode acessá-lo?
Cada comarca ou foro regional deve manter um cadastro com informações atualizadas e detalhadas sobre a situação jurídica de cada criança e adolescente acolhido, e as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta. Podem acessar esse cadastro: - Ministério Público. - Conselho Tutelar. - Órgão gestor da Assistência Social. - Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social.
37
O que as medidas de proteção serão acompanhadas e o que acontece se a paternidade não for definida?
As medidas de proteção serão acompanhadas da regularização do registro civil da criança. Caso a paternidade ainda não esteja definida, será deflagrado um procedimento específico para sua averiguação, se a criança for para adoção.
38
O reconhecimento de paternidade e a certidão correspondente são gratuitos?
Sim, a averbação requerida do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a certidão correspondente são gratuitas a qualquer tempo.
39
Qual a diferença entre medidas protetivas e medidas socioeducativas quanto à sua aplicação?
Medidas protetivas são aplicadas a crianças e adolescentes. Medidas socioeducativas aplicam-se somente a adolescentes.
40
Como são consideradas as condutas de crianças e adolescentes que corresponderiam a crimes ou contravenções penais para adultos?
As condutas de crianças e adolescentes (sujeitos menores de 18 anos e inimputáveis) que corresponderiam a crimes ou contravenções penais para adultos são consideradas ato infracional, conforme o ECA.
41
Quais medidas são aplicadas quando o ato infracional é cometido por adolescente e por criança?
Quando o ato infracional é cometido por adolescente, devem ser aplicadas Medidas Socioeducativas, considerando a idade do adolescente à data do fato. Quando praticado por criança, serão aplicadas as Medidas Protetivas. Criança não responde por ato infracional.
42
Adolescentes são presos? Quando podem ser privados de sua liberdade?
Adolescentes não são presos, mas sim apreendidos. Podem ser privados de sua liberdade em flagrante de ato infracional (ocasião em que serão encaminhados à autoridade policial competente, com comunicação imediata à família/pessoa indicada) ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente
43
O que acontece na apreensão em flagrante de ato infracional se houver repartição policial especializada para adolescentes?
Na apreensão em flagrante, se houver repartição policial especializada para atendimento de adolescente e o ato infracional foi praticado em coautoria com maior de 18 anos, prevalecerá a atribuição da repartição especializada. Após as providências necessárias, o adulto será encaminhado à repartição policial própria. Se não houver unidade especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada.
44
Quais procedimentos a autoridade policial deve seguir em caso de flagrante de ato infracional cometido com violência ou grave ameaça à pessoa?
Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, a autoridade policial deve: - Lavrar auto de apreensão, ouvindo testemunhas e o adolescente. - Apreender o produto e os instrumentos da infração. - Requisitar os exames ou perícias necessárias à comprovação da materialidade e autoria da infração.
45
Nas demais situações de flagrante, o que pode substituir a lavratura do auto?
A lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.
46
O que o representante do Ministério Público pode fazer após a apresentação do adolescente?
O adolescente deve ser apresentado ao representante do Ministério Público, que poderá: - Promover o arquivamento dos autos. - Conceder a remissão. - Representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa.
47
É possível a liberação imediata do adolescente apreendido? Quando o adolescente pode ser internado antes da sentença e por quanto tempo?
Sim, a possibilidade de liberação imediata do adolescente apreendido será avaliada desde logo, sob pena de responsabilidade. Caso não seja possível a liberação imediata, o adolescente poderá ser internado em instituição socioeducativa mesmo antes da sentença, pelo prazo máximo de 45 dias. A decisão deve ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrando a necessidade imperiosa da medida.
48
Quando a autoridade judiciária nomeia defensor e designa audiência em continuação para um adolescente em caso de ato infracional grave?
Se o ato for grave, passível de medida de internação ou regime de semiliberdade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor, designando desde logo audiência em continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.
49
Quais são as medidas socioeducativas aplicáveis a adolescentes que praticam ato infracional?
- Advertência (admoestação verbal reduzida a termo e assinada). - Obrigação de reparar o dano (restituição, ressarcimento ou compensação de prejuízo da vítima, se possível; caso contrário, substituição por outra medida). - Prestação de serviços à comunidade (tarefas gratuitas de interesse geral, máximo de seis meses, em entidades assistenciais, hospitais, escolas ou programas comunitários/governamentais). As tarefas devem considerar aptidões, ter jornada máxima de oito horas semanais, e podem ocorrer aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, desde que não prejudiquem a frequência escolar ou jornada de trabalho. - Liberdade assistida (acompanhamento, auxílio e orientação por pessoa capacitada, fixada por no mínimo seis meses, podendo ser prorrogada, revogada ou substituída). - Inserção em regime de semiliberdade (não tem prazo determinado, permite atividades externas independentemente de autorização judicial; escolarização e profissionalização são obrigatórias). - Internação em estabelecimento educacional (medida privativa de liberdade, aplicada excepcionalmente, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e às necessidades de adolescentes com deficiência; permite atividades externas a critério da equipe técnica, salvo determinação judicial em contrário)
50
Em quais situações a medida de internação pode ser aplicada?
- Tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa. - Por reiteração no cometimento de outras infrações graves. - Por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
51
Qual o período máximo e a frequência de reavaliação da medida de internação?
A manutenção da internação deve ser reavaliada no máximo a cada seis meses, e o período máximo de internação não excederá a três anos.
52
O que acontece após o período máximo de internação?
O adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
53
Qual o prazo máximo para a internação-sanção (devido a descumprimento reiterado e injustificável)?
Não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal.
54
Onde a internação deve ser cumprida?
Em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração
55
Quais são os direitos obrigatórios de adolescentes internados?
- Entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público. - Peticionar diretamente a qualquer autoridade. - Avistar-se reservadamente com seu defensor. - Ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada. - Permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável. - Receber escolarização e profissionalização. - Receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. - Em nenhum caso haverá incomunicabilidade
56
O que é a remissão e quem pode concedê-la?
Remissão significa indulto ou perdão. Pode ser concedida pelo Ministério Público antes do procedimento judicial para apuração de ato infracional, o que pode levar à extinção ou suspensão do processo pela autoridade judiciária.
57
Quais medidas não podem ser aplicadas por força da remissão?
A remissão pode incluir a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto as de semiliberdade e internação.
58
O que acontece se a autoridade judiciária discordar da decisão do Ministério Público sobre a remissão?
Se o juiz discordar da decisão do Ministério Público, ele remeterá os autos ao Procurador-Geral de Justiça de forma fundamentada. O Procurador, por sua vez, poderá oferecer a representação, designar outro membro do MP para apresentá-la, ou concordar com o arquivamento ou a remissão. Nesse último caso, a autoridade judiciária será obrigada a homologar.
59
A medida aplicada por força da remissão pode ser revista judicialmente?
Sim, a medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público
60
Quais medidas o ECA prevê para os pais ou responsável da criança ou adolescente com direito ameaçado ou violado?
- Encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família. - Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos. - Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico. - Encaminhamento a cursos ou programas de orientação. - Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar. - Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado. - Advertência. - Perda da guarda. - Destituição da tutela. - Suspensão ou destituição do poder familiar.
61
Em casos de suspeita de maus-tratos, opressão ou abuso sexual, agressores podem ser afastados do lar?
Sim, agressores podem ser afastados do lar por meio de determinação judicial em casos com suspeita de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável.
62
O que é o Conselho Tutelar?
O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos no ECA.
63
Onde e com quantos membros o Conselho Tutelar deve existir?
Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal, haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto por cinco membros.
64
Como são selecionados os membros do Conselho Tutelar e qual o tempo de mandato?
Os membros são selecionados pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de escolha.
65
Quais são os requisitos para ser conselheiro tutelar?
Os requisitos são: - reconhecida idoneidade moral, - idade superior a vinte e um anos, e - residir no município.
66
Quais são os direitos dos conselheiros tutelares?
Os conselheiros tutelares têm direito a cobertura previdenciária, férias anuais remuneradas, licença-maternidade e licença-paternidade, e gratificação natalina.
67
Quem é responsável pelo processo de escolha dos conselheiros tutelares e quando ele ocorre?
O processo de escolha é responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e tem fiscalização do Ministério Público. Ocorre em data unificada em todo o território nacional a cada quatro anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial, com posse no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.
68
Quem são impedidos de servir no mesmo Conselho Tutelar?
São impedidos de servir no mesmo Conselho Tutelar: - marido e mulher, - ascendentes e descendentes, - sogro e genro ou nora, - irmãos, cunhados (durante o cunhadio), - tio e sobrinho, - padrasto ou madrasta e enteado. O impedimento também alcança a autoridade judiciária e o representante do MP da Justiça da Infância e da Juventude local.
69
Qual a competência territorial do Conselho Tutelar?
A competência do Conselho Tutelar é pelo domicílio dos pais ou responsável ou pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, na falta dos pais ou responsável.
70
Quais são algumas das principais atribuições dos Conselheiros Tutelares?
- Atender crianças e adolescentes nas hipóteses de direitos ameaçados ou violados e ato infracional, aplicando as medidas protetivas do art. 101 (todas, exceto acolhimento familiar e família substituta). - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129 (todas, exceto perda da guarda, destituição da tutela e do poder familiar). - Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar serviços públicos e representar à autoridade judiciária em casos de descumprimento injustificado de suas deliberações. - Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário. - Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação de direitos previstos na Constituição Federal. - Representar ao Ministério Público para ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou adolescente junto à família natural. - Atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, correção ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, a fim de prover orientação e aconselhamento sobre seus direitos e encaminhamentos. - Representar à autoridade judicial ou policial para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. - Representar ao Ministério Público para requerer a propositura de ação cautelar de antecipação de produção de prova em causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente. -Tomar as providências cabíveis, em sua esfera de competência, ao receber comunicação de ocorrência de ação ou omissão que constitua violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. - Receber e encaminhar, quando for o caso, informações reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de violência, uso de tratamento cruel ou degradante ou formas violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente.
71
Para quem os encaminhamentos, denúncias e representações do Conselho Tutelar são direcionados?
São direcionados ao Ministério Público, que analisará e definirá se seguirá com o processo judicial, quando cabível.
72
Quem pode revisar as decisões do Conselho Tutelar?
Somente a autoridade judiciária poderá revisar as decisões do Conselho Tutelar.