Doenças Neuromusculares 3 Flashcards
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O que é a junção neuromuscular e qual sua importância clínica?
A junção neuromuscular é a sinapse entre o neurônio motor inferior e a célula muscular estriada esquelética. É um ponto crítico para a contração muscular voluntária e está envolvida em várias doenças neurológicas como a miastenia gravis e a síndrome miastênica de Eaton-Lambert.
Qual é o componente pré-sináptico da junção neuromuscular e qual neurotransmissor ele libera?
O componente pré-sináptico da junção neuromuscular é o neurônio motor inferior, que libera o neurotransmissor acetilcolina.
Qual é a célula pós-sináptica da junção neuromuscular e o que ela faz ao receber acetilcolina?
A célula pós-sináptica é a célula muscular estriada esquelética. Quando a acetilcolina se liga a seus receptores nessa célula, ocorre a contração muscular.
Quais são os dois elementos essenciais para a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular?
A liberação de acetilcolina depende da entrada de cálcio pelos canais de cálcio voltagem-dependentes do tipo P/Q e da atuação das proteínas do grupo SNARE, que promovem a fusão da vesícula com a membrana.
Qual a função das proteínas do grupo SNARE na junção neuromuscular?
As proteínas SNARE ancoram a vesícula com acetilcolina à membrana do neurônio motor inferior, permitindo a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica via exocitose.
O que ocorre com a acetilcolina após ser liberada na fenda sináptica?
A acetilcolina liga-se aos receptores na membrana da célula muscular, desencadeando a contração muscular. Em seguida, é degradada pela enzima acetilcolinesterase.
Qual a função da enzima acetilcolinesterase na junção neuromuscular?
A acetilcolinesterase degrada a acetilcolina na fenda sináptica após sua liberação, encerrando a sinalização colinérgica e impedindo estimulação contínua do músculo.
Onde é sintetizada a acetilcolinesterase e qual sua importância clínica?
A acetilcolinesterase é sintetizada pela célula muscular. É um alvo farmacológico no tratamento de doenças como a miastenia gravis, por ser responsável pela degradação da acetilcolina.
O que ocorre na síndrome miastênica de Eaton-Lambert relacionada à transmissão neuromuscular?
Na síndrome miastênica de Eaton-Lambert, o paciente desenvolve anticorpos contra os canais de cálcio tipo P/Q, o que impede a entrada de cálcio e compromete a liberação de acetilcolina.
Qual o mecanismo da toxina botulínica na junção neuromuscular?
A toxina botulínica degrada as proteínas do grupo SNARE, bloqueando a liberação de acetilcolina e, consequentemente, a contração muscular.
Quais são os sete pontos essenciais para compreender a fisiologia da junção neuromuscular?
- Neurônio pré-sináptico: neurônio motor inferior.
- Célula pós-sináptica: célula muscular.
- Neurotransmissor: acetilcolina.
- Liberação de acetilcolina: depende de cálcio (canais P/Q) e proteínas SNARE.
- Receptor: na membrana da célula muscular.
- Degradação: por acetilcolinesterase.
- Síntese da acetilcolinesterase: pela célula muscular.
O que é a miastenia gravis e qual sua relevância clínica?
A miastenia gravis é a principal doença da junção neuromuscular, caracterizada por fraqueza muscular flutuante. Tem pico de incidência bimodal: é mais comum em mulheres entre 2ª e 3ª décadas de vida, e em homens entre 6ª e 8ª décadas.
Qual é o tipo de alteração imune envolvida na miastenia gravis?
A miastenia gravis é uma doença autoimune causada por autoanticorpos contra estruturas da membrana da célula muscular na junção neuromuscular, ou seja, é uma doença da porção pós-sináptica.
Qual é o principal alvo dos anticorpos na miastenia gravis?
Em cerca de 80% dos casos, o anticorpo é dirigido contra a subunidade alfa do receptor nicotínico de acetilcolina (anticorpo anti-AChR), o que leva, na maioria das vezes, à destruição desses receptores.
O que é a miastenia gravis soronegativa e quais são seus principais anticorpos associados?
A miastenia gravis soronegativa ocorre quando os anticorpos anti-AChR são negativos. Nesses casos, cerca de 50% possuem anticorpos anti-MuSK (muscle-specific kinase – 8% dos casos) e 1% apresentam anticorpos anti-LRP4 (receptor da lipoproteína de baixa densidade).
Qual é o principal aspecto clínico da miastenia gravis e como ele se manifesta?
A miastenia gravis se manifesta por fraqueza muscular com fatigabilidade, ou seja, a força muscular piora com o uso contínuo de um grupo muscular. Um clássico da doença é a “piora ao final do dia.”
A miastenia gravis afeta quais regiões do corpo?
Pode afetar de forma isolada ou combinada: musculatura ocular, bulbar, membros, musculatura cervical e músculos respiratórios, podendo levar a insuficiência respiratória tipo 2.
Qual a forma de apresentação mais comum da miastenia gravis?
A forma ocular pura é a mais comum, presente em cerca de metade dos pacientes. Oitenta por cento dos pacientes terão envolvimento ocular em algum momento da doença.
Quais manifestações compõem o quadro ocular da miastenia gravis?
Ptose palpebral e diplopia, geralmente assimétricas, não seguem padrão de pares cranianos. O músculo ocular mais afetado é o reto medial. O teste de Simpson evidencia ptose ao manter o olhar fixo para cima.
Como se apresenta a miastenia gravis com acometimento bulbar?
Disartria, disfagia e disfonia, geralmente com fadiga progressiva da voz durante o discurso. Pode causar engasgos e perda de fôlego.
Qual o sinal clínico clássico da miastenia gravis com acometimento cervical?
Síndrome da cabeça caída: o paciente não consegue manter a cabeça ereta, ficando com o rosto voltado para o solo.
Como se apresenta o acometimento dos membros na miastenia gravis?
A fraqueza é simétrica e de predomínio proximal. Dificuldade para pentear o cabelo, subir escadas, digitar, etc. As manobras deficitárias (como a de Mingazzini) são positivas.
Quais os sinais de acometimento respiratório na miastenia gravis?
Dispneia, ortopneia, uso de musculatura acessória, taquipneia, hipercapnia e, em casos graves, hipoxemia e insuficiência respiratória tipo 2 (hipercápnica).
O que é a crise miastênica e qual sua gravidade?
É uma complicação grave da miastenia gravis, caracterizada por insuficiência respiratória tipo 2. Ocorre por fadiga dos músculos respiratórios ou obstrução de vias aéreas por fraqueza de língua e palato mole. Tem alta morbimortalidade.