Síndromes infecciosas das VAI Flashcards

(90 cards)

1
Q

Bronquite: definição?

A

Inflamação da parede brônquica.

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2
Q

Bronquite: causas?

A
  • Inflamatórias: asma.
  • Pneumopatias crônicas: displasia broncopulmonar, bronquiectasias, fibrose cística, discinesia ciliar, tráqueo e broncomalácia.
  • Doenças crônicas: desordens da deglutição, DRGE, cardiopatia congênita e imunodeficiência.
  • Malformações congênitas: anéis vasculares (compressão extrínseca de estruturas de vias aéreas) e hemangiomas (compressão intrínseca).
  • Aspiração de corpo estranho.
  • Infecções: vírus, Chlamydia, Ureaplasma, Mycoplasma pneumonia, Bordetella pertussis e Mycobacterium tuberculosis.
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3
Q

Bronquite aguda: definição e evolução?

A

Síndrome de etiologia predominantemente viral, sendo a tosse o principal sintoma, podendo ter nasofaringite associada.
- Doença autolimitada.

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4
Q

Bronquite aguda: clínica?

A

Tosse protraída, coriza, obstrução nasal, sintomas constitucionais (inespecíficos), escarro pode ser purulento por causa da descamação do epitélio. Persistem por 1 a 3 semanas.

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5
Q

Bronquite aguda: devemos afastar qual diagnóstico?

A

É fundamental afastar pneumonia bacteriana.

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6
Q

Bronquite aguda: é efetivo o uso de supressores da tosse, anti-histamínicos e expectorantes?

A

Não são indicados supressores da tosse (pois embora causam alívio temporário, aumentam o risco de supuração secundários); nem anti-histamínicos e expectorantes.

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7
Q

Bronquite crônica: definição?

A

Entidade bem definida em adultos, caracterizada por tosse produtiva por 3 meses/ano ou mais durante no mínimo 2 anos.

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8
Q

Bronquite crônica: encontrado em que perfil de crianças?

A

Na infância, os casos de bronquite crônica são encontrados na fibrose cística, displasia broncopulmonar e bronquiectasias.

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9
Q

Qual é a causa mais frequente de hospitalizações em lactentes?

A

Bronquiolite.

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10
Q

Bronquiolite: definição?

A

Doença infecciosa, de etiologia predominantemente viral, mais incidente em lactentes menores de 24 meses (principalmente os menores de 6 meses), que resulta na obstrução inflamatória das pequenas vias aéreas inferiores (bronquíolos).

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11
Q

Bronquiolite: em que idade é mais grave?

A

Entre o 1º e 3º mês de vida.

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12
Q

Bronquiolite tem caráter sazonal. Como é no Brasil?

A

É mais comum no inverno e outono.

  • Norte: fevereiro a junho.
  • Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste: março a julho.
  • Sul: abril a agosto.
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13
Q

Bronquiolite: Os lactentes apresentam condições anátomo-fisiológicas das vias aéreas que os tornam mais vulneráveis aos processos de obstrução bronquiolar -broncoespasmo- e consequente sibilância, cite e comente-os

A
  • Resistência ao fluxo de ar é inversamente proporcional à quarta potência do raio (qualquer inflamação da mucosa e acumulo de secreção nas vias respiratórias corresponde a grande aumento na dificuldade de passagem do ar).
  • Parede torácica muito complacente do lactente: durante a inspiração, a pressão negativa exercida produza um colabamento das vias aéreas e consequente atelectasia.
  • Lactentes possui número aumentado de linfócitos, neutrófilos e, principalmente, mastócitos e eosinófilos no alvéolo, logo, a produção de mediadores inflamatórios (histamina, leucotrienos e interleucinas) é mais proeminente.
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14
Q

Bronquiolite: etiologia principal?

A

Vírus Sincicial Respiratório (VSR): responsável por mais de 50% dos casos.

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15
Q

Bronquiolite: cite outras causas além do VSR.

A

Rinovírus, Influenza, Parainfluenza, Adenovírus 7 e 21, Mycoplasma pneumoniae, metapneumovírus e o bocavírus humano (isolado ou em coinfecção com o VSR).

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16
Q

Bronquiolite: pode ter causa bacteriana?

A

Bactérias não causam bronquiolite, mas podem fazer infecções concomitantes – bronquiolite viral + coqueluche.

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17
Q

Bronquiolite: fatores de risco?

A

Sexo masculino, mães que fumaram durante a gestação, idade < 6 meses, baixo peso ao nascer, prematuridade, doença pulmonar crônica (broncodisplasia), desnutrição, aglomeração, aleitamento artificial, mães adolescentes.

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18
Q

Bronquiolite: quem é a fonte de infecção geralmente? Qual a forma de transmissão?

A
  • Fonte de infecção: membro da família ou outra criança em creche.
  • Forma de transmissão: contato com secreções da pessoa contaminada ou superfície de objetos contaminados. Obs.: aerossol não é uma via de contagio importante para o VSR.
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19
Q

Bronquiolite: tempo de sobrevida do VSR?

A
  • Mão: < 1 hora.

- Estetoscópio: até 24h.

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20
Q

Bronquiolite: fisiopatologia?

A

Obstrução inflamatória dos bronquíolos (edema, muco, acúmulo de fibrina e debris celulares) resultando em sibilância e em uma obstrução valvular, -> dificulta a eliminação do ar e aumenta o volume residual, com hiperinsuflação. Se a obstrução valvular for completa, o ar aprisionado será progressivamente reabsorvido, resultando em atelectasia.
- Consequência: hipoxemia, hipercapnia e acidose respiratória.

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21
Q

Bronquiolite: manifestações clínicas?

A
  • Pródromos (3-4 dias): sintomas leves de VAS, como espirros e rinorreias.
  • Gradualmente, o quadro respiratório deteriora: tosse paroxística, dispneia, sibilância, taquipneia (interfere na aceitação da dieta), irritabilidade, temperatura normal ou febre elevada (38,5º-39ºC).
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22
Q

Bronquiolite: exame físico?

A

Presença de sibilos difusos (inspiratórios ou bifásicos, dependendo do grau de obstrução) e estertores subcrepitantes, prolongamento do tempo expiratório, taquipneia, dispneia (BAN, retrações intercostais e subcostais).

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23
Q

Bronquiolite: apneia é mais frequente em que idade?

A

Lactentes < 2 meses.

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24
Q

Bronquiolite: relação entre taquipneia x hipoxemia/hipercapnia

A

A intensidade da taquipneia não se correlaciona com o grau de hipoxemia ou hipercapnia.

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25
Bronquiolite: evolução?
- Quadro é autolimitado, com resolução em 5-7 dias. Mas a tosse pode durar por até 2 semanas. - Algumas crianças apresentam episódios recorrentes de sibilância e desconforto respiratório por até 6 meses – síndrome pós-bronquiolite.
26
Bronquiolite: quem representa o grupo de risco?
Prematuros (≤ 36 semanas), baixo peso ao nascer, broncodisplásicos, cardiopatas, lactentes < 3 meses, defeito anatômico de via aérea, imunodeficiência, doença neurológica, e aqueles com SatO2 < 95% em repouso e FR > 70 irpm. Fatores externos/sociais: pais tabagistas, frequentador de berçário, gemelar, presença de irmão mais velho que frequenta escola. *Tem maior chance de evoluir com bronquiolite grave.
27
Bronquiolite: diagnóstico?
Clínico.
28
Bronquiolite: se complicações, é importante solicitar exames lab e de imagem. Cite e comente os achados.
- Radiografia de tórax: sinais de hiperinsuflação (aumento do diâmetro anteroposterior do tórax, retificação dos arcos costais e do diafragma e aumento da transparência pulmonar), infiltrados reticulonodulares e áreas de atelectasia. - Leucograma: não demonstra alterações geralmente, mas pode haver DE mesmo na ausência de infecções bacterianas (principalmente nas infecções por adenovírus). - Gasometria arterial: hipoxemia e hipercapnia. - Testes para vírus (imunofluorescência direta, PCR, cultura): a vantagem na identificação do vírus como agente etiológico é a redução da introdução de antibióticos nesses casos.
29
Bronquiolite: cite os diagnósticos diferenciais.
- Asma (principal); - Coqueluche; - Fibrose cística; - Cardiopatias congênitas (hiperfluxo pulmonar); - DRGE; - Pneumonia bacteriana (febre elevada e presença de consolidação no RX a sugerem); - Aspiração de corpo estranho, malformações vasculares (anéis, hemangiomas), trauma, queimaduras, tumores, etc.
30
Bronquiolite x Asma: qual dos 2 é a principal causa de sibilância durante os 3 primeiros anos de vida?
Bronquiolite (infecção por VSR). | - Diagnóstico de asma antes dos 3 anos de idade é difícil.
31
Bronquiolite x Asma: qual a relação entre eles?
A infecção por VSR pode contribuir para o desenvolvimento de hiper-responsividade das vias aéreas (característica da asma). Mas é incerto se são os episódios recidivantes de bronquiolite na infância que predipõem asma no futuro, OU se a predisposição genética à asma que deixa o indivíduo vulnerável na lactância a tantos episódios de broncoespasmo.
32
Bronquiolite: cite os 3 modelos de bebê chiadores e sua frequência.
- Grupo dos chiadores precoces transitórios (19,9%). - Grupo dos chiadores persistentes (13,7%): - Grupo dos chiadores tardios (15%). - A outra metade nunca terá nenhum episódio de broncoespasmo.
33
Grupo dos chiadores precoces transitórios: características?
São aqueles que tem no mínimo 1 episódio de broncoespasmo antes de 3 anos e depois nunca mais apresentarão sibilância.
34
Grupo dos chiadores persistentes (13,7%): características?
São aqueles que apresentam episódios recorrentes de sibilância antes dos 3 anos e, aos 6 anos, continuam sibilando.
35
Grupo dos chiadores tardios (15%): características?
São aqueles que não apresentaram broncoespasmo antes dos 3 anos, mas o fazer após os 6 anos.
36
Bronquiolite x Fibrose cística: o que diz a favor de fibrose cística?
- Os sintomas de sibilância forem persistentes e refratários ao tratamento broncodilatador; - Houver dificuldade de ganho ponderal; - Sintomas de má absorção; - Anormalidade hidroeletrolíticas; - Baqueteamento digital, denotando doença pulmonar crônica.
37
Bronquiolite: tratamento? - (6 medidas indicadas 6 não indicadas)
É controverso, saber tudo p/ prova! 1- Suporte: controle da temperatura, aporte hídrico e nutricional, limpeza das VAS com salina fisiológica, oxigenoterapia. a) Postura: cabeceira a 30º. b) Oxigenoterapia: em caso de hipóxia (SatO2 < 92%), com oxigênio umificado e aquecido. c) Nutrição: VO com cautela, se taquidispneia moderada -> sonda orogástrica/enteral; taquidispneia grave -> dieta 0 + hidratação EV. d) Hidratação EV. e) Antiviral (Ribavirina): indicada nos lactentes com cardiopatia congênita e naqueles com doença pulmonar crônica da prematuridade. 7- Nebulização com salina hipertônica: pode haver algum benefício. 8- Nebulização com beta-agonista: não está indicado. MAS, Nelson diz: pode fazer teste terapêutico se melhora, manter. 9- Nebulização com adrenalina: não indicado. 10- Corticoides inalatórios/orais: não indicado (afinal, se houver boa resposta pensaria em asma). 11- Antibióticos sistêmicos: não indicado, a menos que haja forte suspeita de coinfecção bacteriana. 12- Fisioterapia respiratória: não indicada.
38
Bronquiolite: critérios de admissão hospitalar (SBP)? (7)
- Sinais de toxemia, baixa ingesta alimentar, letargia e desidratação. - Desconforto respiratório moderado e/ou severo com pelo menos 1 destes sinais: BAN, retração intercostal, subcostal ou supraesternal, FR > 60 irpm, dispneia, cianose e SatO2 < 92% em AA. - Apneia. - Hipoxemia (SatO2 < 95%) com ou sem hipercapnia. - Incapacidade de tratamento domiciliar – indicação social. - Idade menor que 3 meses. - Presença de comorbidades – cardiopatia, fibrose cística, etc.
39
Bronquiolite: critérios de admissão em UTI (SBP)?
- Crianças que, apesar de estarem recebendo oxigênio a 50% tem paO2 < 60mmHg, paCO2 > 50 mmHg e pH < 7,25. - Crianças que, mesmo em uso de oxigênio a 50%, apresentam apneias associadas a SatO2 < 90%. - Crianças com episódios muito frequentes e rápidos de apneia – especialmente se menores de 6 meses.
40
Bronquiolite: qual o período mais crítico e que complicações podemos ter nele?
São as primeiras 48-72 horas, quando pode ocorrer acidose metabólica, hipoxemia e falência respiratória.
41
Bronquiolite: complicações da fase aguda?
Insuficiência respiratória, pneumotórax, atelectasias, infecção bacteriana secundária (otite média aguda, pneumonia), desidratação, pneumonia aspirativa.
42
Bronquiolite: taxa de fatalidade é alta?
É < 1%.
43
Bronquiolite: medidas de controle da transmissão?
Isolamento de casos confirmados e suspeitos, higiene das mãos, EPI.
44
Bronquiolite: medidas de controle da infecção no ambiente hospitalar?
- Desinfecção de estetoscópios e outros equipamentos; restrição das visitas; detecção oportuna de agentes etiológicos, coortes de isolamento. - RNs com quadro respiratório sugestivo: coloca-los em precaução de contato e gotícula.
45
Bronquiolite: prevenção - imunização passiva - CITE?
Anticorpo monoclonal humanizado (Palivizumab – Synagis): somente este é comercialmente disponível. - Imunoglobulina hiperimune contra o VSR (RespiGam).
46
Bronquiolite: Palivizumab - dose e forma de aplicação (regiões do Brasil)?
Dose: 15 mg/kg, IM, aplicar mensalmente (total de 5 doses), iniciando-se 1 mês antes da estação associada a maior sazonalidade para infecção pelo VSR (Brasil -> Norte = entre janeiro a junho; Nordeste/Centro-Oeste/Sudeste = fevereiro a julho; Sul = março a agosto).
47
Bronquiolite: Palivizumab - é fornecido gratuitamente pelo MS para os grupos de risco. Quem são?
1- Lactentes nascidos com IG de ≤ 28 semanas e 6 dias, no 1º ano de vida, durante a primeira sazonalidade do VSR. Obs.: SBP recomenda estender a profilaxia para prematuros que nasceram com 29 a 31 semanas e 6 dias. 2- Lactentes de até 1 ano, 11 meses e 29 dias, com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia broncopulmonar) ou cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica. 3- Lactentes no 1º ano de vida portadores de anormalidade pulmonares ou neuromusculares que alterem a capacidade de clareamento das secreções das VAS. 4- Menores de 24 meses que estão ou estarão com imunossupressão e/ou imunodeficiência profunda durante a sazonalidade do VSR.
48
Bronquiolite: prevenção - imunização ativa?
NÃO HÁ VACINA para imunização ativa contra o VSR.
49
Bronquiolite: prevenção - cite outras medidas além de Palivizumab.
Lavagem de mão, evitar locais fechados e aglomerados e creche nos primeiros meses de vida; evitar tabagismo passivo; aleitamento materno (passa anticorpos).
50
Bronquiolite obliterante: definição? É comum?
- É a obstrução crônica dos bronquíolos e pequenas vias aéreas. - É rara, e na infância é provocada por fibrose de bronquíolos após um insulto infeccioso agudo.
51
Bronquiolite obliterante: etiologia?
- Adenovírus é o principal (sorotipos 3, 7, 21). - Influenza, parainfluenza, sarampo, VSR, varicela, Mycoplasma pneumonia e B. pertussis. - Outras causas: pós-transplante de medula-óssea; doenças do tecido conjuntivo (AR juvenil, LES, esclerodermia, SD de Sjogren), inalação de fumaça tóxica (NO2 e NH3), aspiração (DRGE, corpos estranhos), drogas (penicilinamina e cocaína).
52
Bronquiolite obliterante: fisiopatologia?
Após a inflamação aguda, ocorre processo de reparo anormal do epitélio respiratório com obstrução do lúmen dos bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios e ductos alveolares
53
Bronquiolite obliterante: clínica e exame físico?
- Episódios de recorrência de dispneia, tosse crônica e produção de escarro. - Exame físico: sibilos, estertores e hipoxemia.
54
Bronquiolite obliterante: padrão-ouro para diagnóstico? Achados ao RX e espirometria?
- Padrão-ouro: Biópsia pulmonar. - Radiografia de tórax: áreas irregulares de hipertransparência associadas à bronquiectasia (melhor definidas através da TC de tórax). - Espirometria: distúrbio ventilatório obstrutivo crônico.
55
Bronquiolite obliterante: tratamento?
Uso prolongado de corticoides, imunomoduladores como sirulimus, tacrolimus e ciclosporina em aerossol podem ser usados. Mas não há terapia definitiva.
56
Coqueluche: definição?
É uma infecção respiratória bacteriana que afeta as VAS, traqueia e brônquios, cuja marca clínica é a tosse paroxística. É uma doença de notificação compulsória
57
Coqueluche: como é a taxa de transmissibilidade e índices de morbimortalidade?
Possui alta taxa de transmissibilidade e elevados índices de morbimortalidade, especialmente entre crianças pequenas (é uma das 10 causas mais comuns de óbito em < 1 ano).
58
Coqueluche: agente etiológico?
Bordetella pertussis: maior parte dos casos. É um bacilo Gram negativo. Obs.: B. parapertussi é um agente ocasional.
59
Pq houve aumento dos casos de coqueluche em adultos? E lactentes?
- Nem a doença natural, nem a vacinação completa garantem a imunidade duradoura e permanente. Após 3-5 anos da vacinação, os títulos de anticorpos protetores começam a declinar e após 10 anos, são praticamente inexistentes. Isso + a falta de “booster” natural (com a eficácia da vacina, a bactéria começou a circular menos, então o estímulo natural para produção de anticorpos deixou de existir) fez com que houvesse aumento dos surtos de coqueluche em idosos, adolescentes, adultos. - Perda da imunidade nas mães + redução da transferência de anticorpos via placentária = aumento na incidência de coqueluche nos lactentes (política pública: dTpa na gestação).
60
Coqueluche: em que idade é mais grave?
Nos primeiros 6 meses de vida, com destaque para prematuros e lactentes não imunizados.
61
Coqueluche: como é a transmissão?
Contato com gotículas de orofaringe eliminados pela fala, tosse e espirro do indivíduo contaminado.
62
Coqueluche: período de incubação e de transmissibilidade?
- Incubação: 7-21 dias. - Período de transmissibilidade: desde o 5º dia após o contato com o doente até a 3ª semana do início da crise paroxística, podendo chegar a 6 semanas nos lactentes < 6 meses.
63
Coqueluche: em qual fase temos o período de maior transmissibilidade?
Fase catarral.
64
Coqueluche: patogênese?
B. pertussis entra em contato com a mucosa respiratória do hospedeiro e se adere ao epitélio ciliado. A seguir, elimina toxinas e enzimas que irão deflagar a resposta imunológica do hospedeiro e provocar sintomas, elas paralisam os cílios do epitélio respiratório, causando diminuição na eliminação das secreções. Ocorre lesão do epitélio respiratório com destruição celular, hemorragias focais, edemas e infiltrando peribrônquico.
65
Coqueluche: clínica - cite as 3 fases.
1) Fase catarral. 2) Fase paroxística. 3) Fase de convalescença.
66
Coqueluche: Fase catarral - período? Características?
- 1-2 semanas. - Sintomas leves como febre baixa, rinorreia, espirros, tosse e lacrimejamento (semelhante a resfriado). *Obs.: fase de maior transmissibilidade; e nesta fase há intensa leucocitose (15.000 a 100.000 céls/mm³) com linfocitose.
67
Coqueluche: Fase paroxística - período? Características?
- 2-6 semanas. - Inicia-se com a intensificação da tosse e desaparecimento dos sintomas catarrais. Tosse é seca, irritativa e intermitente ou paroxística (ocorre em acessos ou crises – 5 a 10 tossidas em uma única expiração). É uma criança aparentemente e que subitamente inicia acessos de tosse e durante isso o paciente coloca a língua para fora, fica com a face avermelhada ou cianótica pelo esforço, podendo ser acompanhadas por petéquias na face e pescoço, seguida por apneia ou vômitos. A seguir, ocorre inspiração forçada com a glote parcialmente fechada, o que gera um som de “guincho”. - Os paroxismos de tosse podem ocorrer até 30 vezes em 24 horas, principalmente à noite.
68
Coqueluche: Fase de convalescença - período? Características?
- 2-6 semanas. - Desaparecimento dos paroxismos de tosse e aparecimento da tosse comum, que pode prolongar-se por até 3 meses. - Nesse período, pode ocorrer exacerbação do quadro com novos paroxismos caso o paciente adquira alguma infecção respiratória concomitante.
69
Coqueluche: Lactentes < 3 meses não apresentam as fases clássicas da doença. Como é a clínica?
- Fase catarral pode durar poucos dias. - No lugar da tosse paroxística pode haver engasgos, dificuldade de respirar e pletora facial. - Pode ocorrer apneia e cianose sem tosse. - A tosse e o guincho podem se tornar mais típicos na fase de convalescença.
70
Coqueluche: diagnóstico (MS) - casos suspeitos (< 6m; ≥ 6m; todos)?
1- Menores que 6 meses: independente do estado vacinal, qualquer criança que apresente tosse há mais de 10 dias associadas a pelo menos 1 dos demais: tosse paroxística – de 5 a 10 tosses curtas numa mesma expiração –, “guincho” inspiratório, engasgos, cianose, apneia e vômitos pós-tosse. 2- ≥ 6 meses: independente do estado vacinal, qualquer indivíduo com tosse de qualquer tipo há mais de 14 dias associada a pelo menos 1 dos demais: tosse paroxística – de 5 a 10 tosses curtas numa mesma expiração –, “guincho” inspiratório e vômitos pós-tosse. 3- Todo indivíduo: que apresente tosse por qualquer período com história de contato face a face com um caso confirmado pelo critério laboratorial.
71
Coqueluche: diagnóstico (MS) - casos confirmados - critérios clínicos (< 6m; ≥ 6m); critérios clínico-epidemiológicos; critérios laboratoriais?
1- Critérios Clínicos: a) Menores que 6 meses: independente do estado vacinal, qualquer criança que apresente tosse há mais de 10 dias associada a pelo 1 dos demais: tosse paroxística, “guincho” inspiratório, engasgos, cianose, apneia e vômitos pós-tosse. b) ≥ 6 meses: independente do estado vacinal, qualquer indivíduo com tosse de qualquer tipo há mais de 14 dias associada a pelo menos 1 dos demais: tosse paroxística, “guincho” inspiratório e vômitos pós-tosse. 2) Critérios clínico-epidemiológicos: Contato de um caso confirmado por cultura ou PCR no período de transmissibilidade. 3) Critérios laboratoriais: Isolamento da B. pertussis por cultura da secreção da nasofaringe (após 3 semanas do início da tose, pode ser negativa) -> padrão-ouro ou identificação por PCR em tempo real.
72
Coqueluche: qnd é útil o uso de testes sorológicos? Qnd surge IgG?
- Útil na fase tardia da doença. | - IgG contra a toxina pertussis surge depois de 2 semanas do início da tosse.
73
Coqueluche: qual o achado altamente sugestivo no hemograma?
Leucocitose com linfocitose (“reação leucemóide”). Obs.: - Linfocitose absoluta (> 10.000): associado à positividade da cultura. - Leucocitose acentuada (> 60.000): se associa a maior gravidade.
74
Coqueluche: achados na radiografia de tórax?
- Pode ser normal em casos não complicados. - Lactentes internados pode ter infiltrado peri-hilar com aspecto de asa de borboleta (descrito como “coração borrado” ou “coração franjado”), espessamento peribrônquico ou atelectasias.
75
Coqueluche: diagnósticos diferenciais?
- Bronquiolite viral aguda, traqueobronquites, laringites. | - Síndrome “coqueluchoide”.
76
Coqueluche: Síndrome “coqueluchoide” é causada por agentes que geram uma SD clinicamente similar à coqueluche. Cite-os.
Bordetella parapertussis, Mycoplasma pneumonia, Chlamydia trachomatis, Chlamydia pneumoniae e Adenovírus (1, 2, 3, 5)
77
Coqueluche: cite as principais complicações.
- Pneumonia é a principal, atelectasias, insuficiência respiratória. - Convulsões, encefalopatia aguda, hemorragias intracerebrais. - Hemorragias subconjuntivais, otite média, hérnias, desidratação, desnutrição.
78
Complete: | "90% das mortes por coqueluche ocorrem nos pacientes menores de _ meses de vida, por ______. ".
90% das mortes por coqueluche ocorrem nos pacientes menores de 6 meses de vida, por insuficiência respiratória.
79
Coqueluche: local de tratamento em < 1 ano/> 1 ano.
- Menores de ano: ambiente hospitalar (risco de insuficiência respiratória). - Maiores de 1 ano: pode ser domiciliar.
80
Coqueluche: tratamento?
- Suporte: oxigenoterapia, hidratação e fisioterapia respiratória. - Droga de escolha: Azitromicina 1x/dia, por 5 dias. - Salbutamol VO, solução, não nebulização, nas 2 primeiras semanas do paroxismo e prednisolona durante 7 dias reduzem a intensidade dos acessos de tosse.
81
Coqueluche: 2ª e 3ª opção terapêutica? Opção se intolerância aos macrolídeos?
- 2ª opção: claritromicina 12/12h, por 7 dias. E, na sua ausência, eritromicina, 6/6h, por 7-14 dias. - Se intolerância aos macrolídeos: sulfametoxazol-trimetoprima. Mas ele é contraindicado em < 2 meses.
82
ATB na fase catarral da coqueluche controlam a doença por completo, já quando o quadro de tosse já está bem estabelecido (paroxístico), os ATB pouco mudam o curso da doença, mas ainda assim são recomendados, porque?
Pois reduzem a transmissão.
83
Julgue a afirmativa abaixo como correta ou incorreta: "Mulheres no último mês de gravidez, puérperas e RN que tiveram contato com caso suspeito ou confirmado de coqueluche e que tiveram tosse por mais de 5 dias devem ser tratados independentemente da situação vacinal".
Correto.
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Coqueluche: características dos paroxismos típicos que NÃO conferem risco de vida?
Duração < 45 segundos, rubor mas NÃO cianose, taquicardia, bradicardia (NÃO < 60 bpm em lactentes), dessaturação de oxigênio que se resolve espontaneamente, guincho ou esforço para autorrecuperação ao final do paroxismo, exaustão pós-tosse NÃO é acompanhada de perda de consciência.
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Coqueluche: sinais de alarme (4)?
Taquipneia (FR > 60 irpm), bradicardia (FC < 50 bpm), leucócitos > 50.000 células/mm³, hipóxia persistente após paroxismos.
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Coqueluche: qual é a principal estratégia de prevenção?
Vacina.
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Coqueluche: como é a vacinação em crianças? Gestante? Cite as vacinas disponíveis.
- Penta aos 2, 4 e 6 meses de vida, com 1º reforço (DTP) aos 15 meses e 2º reforço entre os 4 anos e 6 meses. - Gestantes: MS orienta que deve receber 1 dose de dTpa a cada gestação a partir da 20ª semana de gestação ou vacinação no puerpério (até 45 dias após o parto). -> estimula booster para produção de Ac que serão passados para o RN. - Vacinas são: DTP (células inteiras), DTPa (acelular tipo infantil -> tem menor reatogenicidade) e dTpa (acelular tipo adulto).
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Coqueluche: DTP (células inteiras) está contraindicada a quem? (6)
- Crianças com quadro neurológico em atividade; - Reação anafilática a doses anteriores; - Hipersensibilidade aos componentes da vacina; - Encefalopatia nos primeiros 7 dias após a aplicação de um dose anterior; - Convulsões até 72h após a administração da vacina; - Colapso circulatório, com choque ou episódio hipotônico-hiporresponsivo até 48h após a administração da vacina.
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Coqueluche: prevenção - como deve ser o isolamento para: 1- Pacientes internados com coqueluche? 2- Crianças e profissionais com coqueluche? 3- Nos casos em que não foram usados antibióticos?
1- Pacientes internados com coqueluche: isolamento por gotículas até 5 dias após o início do antibiótico. 2- Crianças e profissionais com coqueluche: deverão se ausentar de escolas e creches por 5 dias após o início do antibiótico. 3- Nos casos em que não foram usados antibióticos: o isolamento deve ser de 3 semanas a contar do início da tosse.
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Coqueluche: prevenção - quimioprofilaxia: para quem é indicada? Como deve ser feita?
- Conforme TABELA (FOTO). | - Deve ser feita como o tratamento (macrolídeo).